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sábado, 1 de fevereiro de 2025

Análise do livro de Craig: In Quest of the Historical Adam- Adão Histórico

 


Este artigo tem 3 partes:

1- Resumo e teses do livro

2 Respostas paleoneorológicas, paleoantropológicas e linguisticas à teoria do Dr. Craig

3- Respostas bíblicas ao Dr. Craig

 4- Críticas, entrevistas e respostas do Dr Craig

___________________________________________________________________________________

 1- RESUMO  E TESES DO LIVRO:

 

 RESUMO

Adão era uma pessoa histórica? Se sim, quem era ele e quando ele viveu?

William Lane Craig se propõe a responder a essas perguntas por meio de uma investigação bíblica e científica. Ele começa com uma investigação sobre o gênero de Gênesis 1-11, determinando que ele pode ser mais plausivelmente classificado como mito-história - uma narrativa com valor literário e histórico. Ele então se move para o Novo Testamento, onde examina referências a Adão nas palavras de Jesus e os escritos de Paulo, concluindo que toda a Bíblia considera Adão o progenitor histórico da raça humana - uma posição que deve, portanto, ser aceita como uma premissa para os cristãos que levam a sério a verdade inspirada da Escritura.

Trabalhando a partir dessa base da verdade bíblica, Craig embarca em uma pesquisa interdisciplinar de evidências científicas para determinar onde Adão poderia estar mais plausivelmente localizado na história evolutiva da humanidade, determinando que Adão viveu  a cerca de  1 milhão a 750.000  anos atrás como membro da espécie humana arcaica Homo heidelbergensis (veja abaixo- 2.1 Introdução). Ele conclui refletindo teologicamente sobre suas descobertas e perguntando o que tudo isso pode significar para nós como seres humanos criados à imagem de Deus, literalmente descendentes de um ancestral comum – embora alguém que viveu no passado remoto.

 TESES:

  • A interpretação que W. L. Craig  adota Gênesis 1 a 11 é baseada em uma análise do gênero literário desses capítulos. Segundo Craig, Gn 1-11 se encaixa no que se chama de mito-história:  "mito-história" pois trata pessoas reais e eventos reais, revestidos com a linguagem figurativa e às vezes fantástica do mito.
  • Craig cita  8 de10 características para comparar o relato de Gn 1-11 com o gênero das narrativas mitológicas.
  •  Ele reafirma com base nas genealogias que Adão e Eva são o primeiro casal humano, do qual todos os humanos descendem. 
  • Ele tenta mostrar a compatibilidade de seus compromissos bíblicos do casal  (Adão e Eva) com a ciência contemporânea, no que diz respeitos aos hominínios (antigamente nominados de hominídeos)
  • Craig com base nos pressupostos da Teoria da Evolução aceita que o ser humano descende de  hominínios
  • Adão e Eva são identificados como homo heidelbergensis. No qual Deus infundiu um componente espiritual, tornando-o humano.Ele defende que as evidencias apoiam que o homo heidelebergensis era um ser com comportamento simbólico (abstrato), ou seja, um humano.
  • Os homo neandertalensis (Neandertais) e o Homo sapiens (nós os humanos modernos) são descendentes de Adão e Eva porque as evidencias mostram que os Neandertais são tão humanos quanto nós. Mas os antecessores do homo heidelbergensis não eram humanos ( homo habilis e o homo erectus)
  • Ele defende a ideia que Gn 1-11 apresenta várias imagens figurativas apresentando Deus de forma homanoide moldando o homem, tirando Eva da costela, andando no Jardim, etc., e com linguagem antromorfica, e com várias inconsistencias lógicas o que torna a narrativa da criação figurativa como outras partes da bíblia. A terra produzindo seres vivos, serpente como o animal mais inteligente, etc.
  • O ser humano não herda nem a culpa nem a natureza do pecado de Adão (esta ultima defendida pelos Arminianos- e as duas pelos Calvinistas). Adão e Eva tinha uma graça extra, a qual perderam ao pecar, então eles tem uma natureza privada, e não depravada, o qual os torna privados do pecado.
  • Os critérios de humanidade usados por Craig são:  pensamento abstrato; planejamento profundo; inovação comportamental, econômica e tecnológica; e comportamento simbólico
  • Ele usa critérios biológicos como tamanho do cérebro, taxa metabólica do cérebro, formato do cranio , dentição/desenvolvimento cerebral e genética

 

Os seres humanos, no sentido pleno de organismos anatomicamente semelhantes a nós e capazes de pensamento abstrato; planejamento profundo; inovação comportamental, econômica e tecnológica; e comportamento simbólico, portanto, se originaram neste planeta em algum momento entre o Paleolítico Inferior e Médio (ou ESA e MSA). Ao empurrar esses limites para dentro, se pudermos, queremos agora tentar determinar o ponto dessa origem mais de perto. Começaremos com a evidência da paleoneurologia sobre o tamanho e o desenvolvimento do cérebro entre os antigos hominínios... In quest of  the historical Adam, p. 264

 É possível que algum membro da espécie em desenvolvimento tardio possa ser indiscutivelmente humano, mesmo que membros mais primitivos não sejam. Por exemplo, os fósseis muito antigos do Homo erectus de Dmanisi, Geórgia, têm um volume cerebral de apenas cerca de 600 cm³, enquanto espécimes posteriores de Java atingem 1.100 cm³, tocando o limite inferior do Homo sapiens moderno (1.100-1.500 cm³).  Quando chegamos ao Homo heidelbergensis e ao Homo neanderthalensis, os tamanhos dos cérebros são grandes o suficiente (1.100-1.400 cm³ e 1.200-1.750 cm³, respectivamente) para sustentar a personalidade humana, o volume cerebral dos neandertais de fato excedendo o do Homo sapiens, cujo tamanho cerebral tem diminuído nos últimos dez mil anos. Então o Homo erectus fornece um terminus a quo para a origem dos seres humanos.

 Quanto a um terminus ad quem, a bela arte rupestre do lítico do Alto Palaeno encontrada, por exemplo, em Lascaux (17 kya) (fig. 8.8) e Chauvet (30 kya) (fig. 8.9) na França foi, sem dúvida, criada por seres humanos. p.262     kya= milhoes de anos

É universalmente reconhecido que as pessoas que produziram tal arte possuíam pensamento simbólico para serem capazes de representar animais e cenas reais por meio de imagens pintadas.  Qualquer tentativa, portanto, de datar a origem das pessoas humanas depois do tempo mais antigo de tal arte rupestre é excluída, dando-nos assim um terminus ad quem para a origem da humanidade. p.263


2-  TESES  DO LIVRO SEGUIDAS DE RESPOSTAS   SOBRE A HUMANIDADE DOS HEIDELBERGENSIS e NEANDERTALENSES

 2.1 Introdução

W. L. Craig defende a ideia que Adão e Eva eram da espécie Homo heidelbergensis. Pois segundo ele os antecessores do homo heidebergensis não são humanos (como o homo habilis e o homo erctus), porém como os neandertais e sapiens são descendentes dos heidelbergensis Craig os classifica como humanos

O termo hominideo vem da  Família Hominidae e se referia apenas aos ancestrais humanos, mas passou a incluir Humanos, Chimpanzés, Bonobos, Gorilas e Orangotangos. Por esse motivo, hoje usamos o termo “Hominídeo” para nos referir a todas essas espécies e seus ancestrais.

Então o termo hominío passou a se referir ao ser humano e seus supostos ancestrais:

Hominídeos: Humanos, Chimpanzés, Bonobos, Gorilas, Orangotangos e seus ancestrais.

Hominínios: Humanos e seus ancestrais.

 De acordo com os paleontologistas o Astroleptecus africanus deu origem ao Homo habilis, este ao Homo erectus, este ao heidelbergensis e por usa vez du origem tanto ao Homo sapiens como aos Homo neandertalensis (neandertais), como podemos ver abaixo :

arvore genealógica dos hominíos  

 




Como podemos ver abaixo há uma similaridade entre os crânios do homideos e aumento da caixa craniana (encéfalo). 

Australoptecus africanus 485 cm³ 

Homo habilis - 650 cm³

Homo erectus 700-1250 cm³ (950 cm³ em média)

Homo heidelbergensis  1200 cm³

Homo neandertalensis - 1220-1700 cm³ - (1450 cm³ em média )

Homo sapiens - 110-1550 cm³ -(1350 cm³ em média)

  

2.2  Craig usa vários argumentos para  a defesa da humanidade dos heidelbergensis e neandertais:

Paleoneurologia

 2.2.1-Argumento do tamanho do crânio/encéfalo

 "O aumento do tamanho do cérebro está correlacionado com uma repertório comportamental cada vez mais complexo que inclui uso complexo de ferramentas, pensamento e linguagem simbólicos e expressão artística.' p. 265-265

"É possível que algum membro da espécie em desenvolvimento tardio possa ser indiscutivelmente humano, mesmo que membros mais primitivos não sejam. Por exemplo, os fósseis muito antigos do Homo erectus de Dmanisi, Geórgia, têm um volume cerebral de apenas cerca de 600 cm³, enquanto espécimes posteriores de Java atingem 1.100 cm³, tocando o limite inferior do Homo sapiens moderno (1.100-1.500 cm³).  Quando chegamos ao Homo heidelbergensis e ao Homo neanderthalensis, os tamanhos dos cérebros são grandes o suficiente (1.100-1.400 cm³ e 1.200-1.750 cm³, respectivamente) para sustentar a personalidade humana, o volume cerebral dos neandertais de fato excedendo o do Homo sapiens, cujo tamanho cerebral tem diminuído nos últimos dez mil anos. Então o Homo erectus fornece um terminus a quo para a origem dos seres humanos.

 Quanto a um terminus ad quem, a bela arte rupestre do lítico do Alto Palaeno encontrada, por exemplo, em Lascaux (17 kya) (fig. 8.8) e Chauvet (30 kya) (fig. 8.9) na França foi, sem dúvida, criada por seres humanos."In quest of  the historical Adam, p.262 

Resposta:

O quoficiente de encefalização,  a relação entre tamanho do crânio e o tamanho corporal  do homo sapiens é maior que do neandertalensis. 

Portanto o tamanho do cérebro em si não deve ser tomado como critério de inteligência ou atividade simbólica, nem é o melhor método para se medir a massa do encéfalo:


Os crânios dos neandertais ...O seu volume encefálico médio é de 1520 cm³. Para uma comparação, nos Homo sapiens a média fica entre 1300 cm³ e 1400 cm). Um cérebro maior pode ser vinculado ao maior peso corporal dos neandertais, mas também é uma adaptação que melhora a eficiência metabólica em ambientes de menor temperatura. Uma medida mais fidedigna para a comparação entre a massa encefálica de espécies diferentes de mamíferos é o Quociente de Encefalização (QE). Nessa medida, humanos modernos mostram-se mais encefalizados do que os neandertais, com QE=5.3 contra QE 4.0. Essa medida é considerada uma primeira aproximação para o nível de inteligência de uma determinada espécie. (para comparação, teriamos também estimativas de QE= 3,5 para o homo heidelbergensis, de QE-3.3 para o Homo erectus, de QE=2.0 para o Australopithecus afarensis e de QE=2.2~2.5 para os chimpanzés).A origem do significado- uma abordagem paleoantropológica, 1ª edição, São Paulo:Cultura Didática, 2020, p. 202.

 O homo floresiensis tinha um cérebro pequeno mas o grau de complexidade das ferramentas líiticas era relativamente moderna

 Em 2003, na ilha de Flores, na Indonésia, foi encontrado um esqueleto bastante completo (LBI), com crânio (Figura 4.9), ossos da perna e braços, vértebras, costelas e cintura pélvica. No mesmo sítio, em 2004, foram encontrados fragmentos de novos indivíduos, totalizando pelo menos nove, incluindo uma mandíbula (LB6/1) e uma tíbia (LB8) datados entre 74 e 17 mil anos. O mais surpreendente desses achados é que esses indivíduos eram extremamente pequenos, com estatura estimada em pouco mais de 1 metro, e, embora fossem bípedes, tinham pernas proporcionalmente mais curtas e pés maiores que os humanos modernos. Além disso, a capacidade craniana do indivíduo LB1 está entre 385 e 417 cm³, sendo comparável à dos australopitecíneos. Essas características primitivas somadas à datação muito recente levaram os autores do estudo a batizar essa espécie como Homo floresiensis. 

 Associadas aos achados fósseis, ferramentas de pedra como lascas, pontas, perfuradores e lâminas foram encontradas, indicando uma indústria lítica relativamente moderna para indivíduos com tão baixa capacidade craniana....Idem, p. 162

 Diversas perguntas surgem dessas descobertas: como eles teriam chegado tão longe? Por que te-riam sobrevivido até tão recentemente? Como teriam desenvolvido tecnologia moderna com uma capacidade craniana tão baixa? Os pesquisadores argumentam que essa baixa estatura pode ser devida a um fenômeno conhecido em ilhas: o nanismo insular. Devido aos baixos recursos e pouca predação, as espécies em ilhas tendem a ter tamanhos menores. Enquanto parte da comunidade científica pensa em hipóteses para explicar esses achados, outros pesquisadores sugerem que o único crânio completo encontrado é na verdade um Homo sapiens patológico, apresentando algum tipo de microcefalia que causou o baixo volume cerebral. Já os outros indivíduos seriam indivíduos pigmeus que compartilham traços morfológicos com habitantes modernos da ilha de Flores. Somente com a descoberta de novos indivíduos completos, esse debate irá se resolver completamente.

 Diversas perguntas surgem dessas descobertas: como eles teriam chegado tão longe? Por que te-riam sobrevivido até tão recentemente? Como teriam desenvolvido tecnologia moderna com uma capacidade craniana tão baixa? Os pesquisadores argumentam que essa baixa estatura pode ser devida a um fenômeno conhecido em ilhas: o nanismo insular. Devido aos baixos recursos e pouca predação, as espécies em ilhas tendem a ter tamanhos menores. Enquanto parte da comunidade científica pensa em hipóteses para explicar esses achados, outros pesquisadores sugerem que o único crânio completo encontrado é na verdade um Homo sapiens patológico, apresentando algum tipo de microcefalia que causou o baixo volume cerebral. Já os outros indivíduos seriam indivíduos pigmeus que compartilham traços morfológicos com habitantes modernos da ilha de Flores. Somente com a descoberta de novos indivíduos completos, esse debate irá se resolver completamente. Idem,p. 163



2-Argumento da taxa metabólica do cérebro

 Roger Seymour et al. apontam para outra medida de capacidade cognitiva diferente do tamanho do cérebro com base em endocasts - a saber, a taxa metabólica do cérebro conforme determinada pelo tamanho dos forames arteriais, ou aberturas no crânio através das quais as artérias que suprem o cérebro passam, uma medida que confirma o que já vimos sobre as capacidades cognitivas dos antigos hominídeos.  De acordo com Seymour et al., "embora o tamanho absoluto do cérebro pareça se correlacionar melhor com a capacidade cognitiva do que o quociente de encefalização,... um correlato ainda melhor pode ser a taxa metabólica cerebral (RM), porque representa o custo energético da função neurológica."..In quest of  the historical Adam, p. 268

 Forames em crânios de primatas recentes e fósseis podem ser usados para avaliar a taxa de fluxo sanguíneo cerebral, que é proporcional à RM  [taxa de metabolismo]cerebral.  A Figura 9.1 mostra a taxa de fluxo sanguíneo de ambas as artérias carótidas internas que irrigam a maior parte do cérebro dos primatas.

 Significativamente, os primeiros membros do Homo, incluindo o Homo erectus primitivo, são comparáveis aos macacos modernos, enquanto os Homo erectus e Homo heidelbergensis posteriores pontuam muito mais próximos do Homo sapiens, enquanto a taxa de fluxo sanguíneo do Homo neanderthalensis na verdade excede a do Homo sapiens
. In quest of  the historical Adam, p. 269

Resposta:

O próprio gráfico usado por Craig (no livro) mostra que apesar do fluxo de sangue do  Homo floresiense ser pequeno (e tbm o cérebro) ele tinha uma capacidade cognitiva relativametne grande. Se a teoria estivesse certa a capacidade cognitiva do H.floresiense seria inferior ao dos astrolopitecus  e a do neandertal seria maior  o que é evidentemente falso.

 

     Seymour Roger S., Bosiocic Vanya, Snelling Edward P., Chikezie Prince C., Hu Qiaohui, Nelson Thomas J., Zipfel Bernhard and Miller Case V.
2019 Cerebral blood flow rates in recent great apes are greater than in Australopithecus species that had equal or larger brains . Proc. R. Soc. B.28620192208
http://doi.org/10.1098/rspb.2019.2208

O próprio trabalho cita um dos problemas:

 Acredita-se que H. naledi e H. floresiensis se ramificaram a partir de antigos ancestrais Homo de cérebro pequeno, possivelmente de forma independente [46,50,51]. Essas duas espécies recentes levantam problemas para relacionar a capacidade cognitiva de medidas de taxa de perfusão cerebral, bem como o tamanho do cérebro. Cerebral blood flow rates in recent great apes are greater than in Australopithecus species that had equal or larger brains


2. 3-Globularização do crânio

 Tem sido argumentado em bases paleoneurológicas, no entanto, que "a humanização moderna... se desenvolveu gradualmente em locais dispersos pela África dentro da espécie Homo sapiens." A implicação é que a humanidade, portanto, não compreende membros de outras linhagens, como a linhagem Neandertal, mas surge em algum lugar na linhagem do Homo sapiens.

Que evidências apoiam tal conclusão? David Wilcox não se concentra no tamanho do cérebro ou no QE, mas no formato do cérebro. Ele observa que, embora os recém-nascidos modernos tenham um cérebro alongado, o mesmo formato dos bebês Neandertais, uma expansão globularizante perinatal ocorre em humanos modernos que não ocorreu em Neandertais. Citando Simon Neubauer e colegas, Wilcox traça uma trajetória na evolução do Homo sapiens a partir dos espécimes arcaicos em Jebel Irhoud, que exibiam crânios alongados, passando por crânios posteriores do Homo sapiens como Qafzeh 6 e 9 de Israel e Omo 2 da Etiópia até o crânio globularizado do Homo sapiens moderno. As populações africanas estavam, portanto, em  uma trajetória evolutiva diferente das populações eurasianas, que não exibiram globularização semelhante.

A globularização craniana é devida à mudança no formato do cérebro. Wilcox escreve: "Neubauer e colegas apontam que, uma vez que o formato do cérebro determina o formato do crânio, o formato alterado do crânio/cérebro indica uma alteração da função cerebral dentro da linhagem Homo sapiens." Wilcox reconhece que "a questão crítica" é o significado funcional das mudanças cerebrais que moldaram o crânio. Ele afirma que "as áreas que são ampliadas no cérebro humano moderno são cruciais para o que significa ser humano."15 Especificamente, a globularização craniana é devida ao rápido aumento da área parietal do cérebro, notavelmente o precuneus, e do cerebelo - "áreas centrais para a teoria da mente, autoconsciência, linguagem, o sistema padrão e outros."  A pressão seletiva responsável pelas mudanças é considerada a demanda por "trabalho cognitivo cada vez mais complexo, que requer aprendizado/ensino estruturado". 16 "Logicamente, portanto, a força que impulsiona a seleção para essas alterações neurais/genéticas seria a seleção natural para aprendizado socialmente aprimorado". 1" Esta análise parece implicar que os neandertais não experimentaram pressões seletivas semelhantes. Wilcox pergunta:

 Se a linhagem do Homo sapiens estava sendo impulsionada pela necessidade de ensinar por instrução e pela necessidade de processar cada vez mais e mais complexas  interações sociais (ambas levando ao alargamento parietal), o que estava impulsionando a seleção na linhagem Neandertal? Claro, não podemos ler o impulso Bure, mas podemos especular com base em quais áreas foram ampliadas finalmente no cérebro de Snderthal. A análise de Neubauer da mudança craniana no Neandertal indica o alargamento dos córtices visuais primário e secundário e dos córtices motores, resultando no reconhecimento de padrões visuais e na seleção aprendida de movimentos apropriados para várias situações. A instrução verbal, a avaliação e correção dos esforços dos alunos e a coordenação de grupos - que são tão típicos da socialização humana moderna - seriam muito prejudicadas se a linguagem e a teoria da mente fossem significativamente menos eficazes,

Não há dúvida de que a análise de Wilcox deprecia significativamente a humanidade dos Neandertais. Mas isso é justificado?

Há uma boa dose de conjectura em sua análise sobre as causas e as consequências da globularização craniana diferencial nas duas linhagens. 19 Mas deixe isso de lado. O ponto mais importante é que Wilcox 271
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18. Wilcox, "Updating Human Origins", 43.

19. Quanto às causas, devemos imaginar que o mesmo tipo de demanda por trabalho cognitivo cada vez mais complexo, que exigia aprendizado/ensino estruturado, também não enfrentou os neandertais? Dada sua vida comunitária e caça em grupo em um clima muito desafiador, exigindo roupas e abrigo, eles certamente sentiram urgentemente a necessidade de aprendizado socialmente aprimorado.

  Além disso, que a globularização seja devida em parte ao alargamento do precuneus é conjectural. Neubauer, Hublin e Gunz explicam: "Como a protuberância parietal não está associada a um aumento da área da superfície parietal externa, é provável que um aumento no tamanho de regiões que não são visíveis na superfície externa do cérebro seja responsável pela protuberância parietal" (Neubauer, Hublin e Gunz, "Evolution of Modern Human Brain Shape", 5).  Isso implica que as regiões responsáveis ​​não podem, portanto, ser detectadas por meio de endocasts de crânios de espécimes.

Quanto às consequências,  Neubauer, Hublin e Gunz alegam que de que "a globularização cerebral evolutiva em H. sapiens é paralela ao surgimento da modernidade comportamental documentada pelo registro arqueológico" não apenas corteja uma espécie de falácia post hoc, ergo propter hoc, mas parece ser simplesmente falsa. Considere seus três pontos oferecidos em apoio: (1) O surgimento da MSA está próximo no tempo dos fósseis atualmente mais antigos conhecidos de H. sapiens primitivos que tinham cérebros grandes, mas não exibiram nenhuma mudança importante na morfologia cerebral (externa) (por exemplo, em Jebel Irhoud). Como isso demonstra paralelismo? Diz-se que uma mudança na indústria de fabricação de ferramentas ocorreu sem uma mudança na morfologia cerebral. (2) À medida que o cérebro do H. sapiens gradualmente se tornou mais globular, características da modernidade comportamental se acumularam gradualmente com o tempo.  O próprio artigo que eles citam de McBrearty e Brooks tende a mostrar o oposto, como veremos na sequência. Veja também os exemplos mencionados no texto de Bruniquel Cave e arte neandertal. (3) Na época em que a globularidade cerebral de nossos ancestrais estava dentro da faixa de variação dos humanos atuais, o conjunto completo de características da modernidade comportamental

interpretou exageradamente as descobertas de Neubauer, Hublin e Gunz. Mesmo que a globularização craniana esteja correlacionada com o desenvolvimento de comportamentos modernos em incapacidade para o Homo sapiens, isso não implica uma conexão causal nem uma incapacidade ou ausência de comportamentos modernos em neandertais, que não exibem globularização semelhante.  (Então inferir confunde condições suficientes com necessárias, 20 Neubauer, Hublin e Gunz em nenhum lugar tratam as mudanças de globularização como "cruciais para o que significa ser humano". De fato, quando perguntado sobre o que suas descobertas implicam para as capacidades cognitivas dos neandertais, Neubauer respondeu:

'Não há razão para esperar qualquer correlação direta entre a forma geral do cérebro e o comportamento, e é improvável que a forma do cérebro tenha sido diretamente sujeita à seleção evolutiva. A forma da caixa craniana depende de uma interação complexa entre o crescimento do osso craniano, o tamanho facial e o ritmo e modo do neurodesenvolvimento. Em nosso trabalho anterior, mostramos que a diferença na forma endocraniana entre os neandertais e os humanos modernos surge antes e no início do pós-natal: apenas os humanos modernos desenvolvem uma forma mais globular. Isso sugere potenciais diferenças de desenvolvimento no desenvolvimento cerebral inicial, que é uma fase crítica para estabelecer a rede de fiação do cérebro. Observe que as diferenças potenciais não implicam necessariamente que as habilidades cognitivas de um grupo sejam superioresNão argumentamos que os neandertais são menos inteligentes que os humanos modernos, mas que eles podem ter visto e interagido com o mundo de forma diferente de nós. 21

  Portanto, não há nada nos resultados de Neubauer, Hublin e Gunz que implique uma capacidade cognitiva diminuída para os neandertais. O cérebro de hominídeos extintos é algo como uma caixa-preta, já que pouco pode ser inferido sobre a estrutura e o funcionamento do cérebro com base em endocasts retirados de crânios vazios. Holloway comenta: "Algum conhecimento de ... paleoneurologia, ou o estudo da única evidência verdadeiramente direta, os endocasts de nossos ancestrais fósseis, é necessário. Os endocasts, ou seja, os moldes feitos da tábua interna do osso do crânio, são objetos bastante empobrecidos (o cérebro é coberto por três tecidos meníngeos) para atingir tal entendimento, mas estes são tudo o que temos da história evolutiva direta de nossos cérebros e não devem ser ignorados. "22 As diferenças na forma do cérebro dos neandertais e do Homo sapiens, portanto, não nos dizem sobre suas capacidades cognitivas comparativas.  Chris Stringer e Peter Andrews comentam: "A julgar pelo interior da caixa craniana, o grande cérebro neandertal tinha um formato um pouco diferente do nosso — um pouco menor na região frontal e maior na parte de trás (os lobos occipitais) — mas é impossível julgar a qualidade de seus cérebros a partir de dados tão limitados." 23 De fato, como veremos na sequência, temos evidências arqueológicas de comportamentos humanos modernos entre os neandertais, conforme observado por Neubauer: "Evidências arqueológicas recentes forneceram novos insights sobre a cognição neandertal ao documentar um conjunto de comportamentos simbólicos sofisticados em neandertais que antes eram atribuídos exclusivamente a humanos modernos, como a estrutura enigmática construída nas profundezas da caverna Bruniquel e a arte rupestre neandertal da Península Ibérica." In quest of the historical Adam,  p. 269-273

 Resposta:

 A inteligência tem relação direta sim, com formato globular do crânio, que é exclusivo da espécie humana, o homo sapiens em relação ao genero Homo:

 Outro óbice a essa proposta vem de estudos recentes sobre morfologia neurocraniana. Neubauer et al. 19 estudaram, de forma pormenorizada, a evolução do formato do crânio desde o Homo erectus até o humano moderno, em especial, no pe-riodo entre 300 e 35 mil anos atrás, quando nossa linhagem se estabeleceu 20. Os humanos modernos têm um cérebro grande e globular, o que os distingue dos seus antecessores, cujo neurocrânio é comprido e baixo (oval), incluindo aí os neandertais. A forma globular do endocrânio é dada por uma região frontal alta [testa], pelo abaulamento dos parietais e por uma área cerebelar grande e arredondada. Ela se desenvolve durante o período pré-natal e o início do período pós-natal, caracterizado por um rápido crescimento do cérebro, delicado e necessário para formar a circuitaria neural do nosso desenvolvimento cognitivo. Entretanto, até o estudo de Neubauer e colaboradores. não se sabia quando e como essa globularidade evoluiu e como essa característica estaria correlacionada ao aumento do tamanho da caixa craniana. Utilizando tomografia computadorizada e morfometria geométrica, os autores analisaram réplicas endocranianas de 20 fósseis de Homo sapiens de diferentes periodos (de 300 a 190 mil anos; de 120 a 115 mil anos; e de 36 a 8 mil anos). Os resultados mostraram que hà 300 mil anos o tamanho do crânio atual já estava fixado em nossa linhagem (e na dos neandertais, mas por vias distintas). A forma globular, entretanto, evoluiu mais tardiamente e de forma gradual apenas no Homo sapiens, alcançando o formato atual somente entre 100 e 35 mil anos atrás. Infelizmente, há um hiato de fósseis nesse período, não sendo possível datar com precisão quando, nesse intervalo, o fenômeno se deu. De qualquer forma, os resultados obtidos por Neubauer et al.19 mostram que essa transição de morfologia ocorreu em paralelo ao surgimento do comportamento moderno, ou seja, do comportamento simbólico, o que não deixa de ser intrigante. Como os neandertais não apresentam essa morfologia globularizada de cérebro, fica a pergunta de como podem ter tido comportamento simbólico. A resposta ofertada pelos autores19 é a de que essa capacidade devia ser apenas emergente, caso os neandertais realmente apresentassem capacidade de sig-nificação, como aliás sugerem a simplicidade das evidências simbólicas entre eles, anteriormente retratadas. A origem do significado- uma abordagem paleoantropológica, 1ª edição, São Paulo:Cultura Didática, p. 114-115, 2020.

  Esses individuos viviam em grupos patrilocais menores do que os grupos de humanos do Paleolítico Superior. Eles eram capazes de ações coletivas que exigiam alto grau de coordenação, como a caça de grandes mamíferos, como mamutes e rinocerontes lanosos. Seu encéfalo era um pouco maior que o nosso, como adaptação às baixas temperaturas, e organizado de forma diferente, com maior investimento de recursos no processamento visual. Seus corpos eram semelhantes em robustez ao de atletas, mas eles provavelmente não eram muito ágeis, nem eram bons corredores. Comiam muita carne, mas também comiam vegetais. Enterravam os mortos, mas não temos certeza se esse era um comportamento ritualístico, e praticavam o canibalismo. Apesar de todas as semelhanças, há uma diferença que nos salta aos olhos: não há evidência clara de que produziam algum tipo de arte. Certamente não produziam arte com a mesma sofisticação do Homo sapiens, ao menos a partir da cultura Aurinhacense. Mesmo assim, é surpreendente que uma espécie parecida.com os seres humanos em tantos aspectos tenha desaparecido. As hipóteses para a extinção dos neandertais são variadas, porém, como vimos, é possível que a população de neandertais já viesse declinando- antes mesmo da chegada dos humanos modernos. A competição extra com uma espécie com maior capacidade tecnológica e criativa pode ter sido, afinal, somente um último obstáculo intransponível para os Homo Assim caminhou a humanidade, p. 237

Ou seja, tudo indica que a singular capacidade criativa, simbólica do ser humano tem sim haver com sua singularidade globular de seu crânio

 Usando a mesma técnica, Ralph L. Holloway, da Universidade de Columbia (Estados Unidos), ecolaboradores concluíram que o encéfalo de neandertais e de humanos modernos seriam organizados de forma distinta, apesar de seu tamanho semelhante. Fósseis neandertais, em média, apresentam lobos frontal e occipital maiores que dos humanos modernos, enquanto seus lobos parieto-temporais são menores. Essas diferenças são bastante sugestivas, visto que os lobos parieto-temporais estão associados às funções de processamento de informação tátil, visual e auditiva, aprendizagem, memória, percepção espacial e reconhecimento de linguagem. O lobo occipital é responsável pela visão, enquanto os lobos frontais têm função executiva, sendo responsáveis pela previsão de consequências de uma ação, por decisões morais, pela navegação social e pela determinação de similaridades entre coisas e eventos. Medidas do tamanho da cavidade orbital ajustado pelo tamanho do crânio confirmam maior investimento dos neandertais no sistema visual em detrimento de outros sistemas.. Assim caminhou a humanidade,p. 204


capacidade craniana em centímetros


Vejamos algumas diferenças anatômicas entre os hominios:
 

 
Homo habilis- face com prognatismo da maxila, protubernaicas acima das órbitas, cranio alongado (apesar da foto estar um pouco de perfil), face larga







     
Homo erectus


observe a ponta na nuca- torus occipital

observe que não tem queixo (mento) e o neurocranio parece uma bola de baseball
 

Observe os torus supraorbital e sagital (no centro da cabeça)

Homo ergaster é um Homo erectus

 

 

crânio de heidelbergensis- note a forma do neurocrânio com bola de baseball, projeção do maxilar, torus supraorbital (região acima dos olhos)

 

 homo heidelbergesnsis- note em detalhe a face projetada

 

homo heidelbergensis -note que ele tema mandíbula sem queixo também

cranio de neandertal tem formato de bola de baseball. Sem queixo, Sem testa. Torus supra-orbital (proeminencia ossea na regiao da sobrancelhas, maxilares projetados 


O ser humano (sapiens) tem cranio globular, face mais reta,  queixo e ausencia de torus supra orbital e de coque occiptal na nuca (ver abaixo)






homo neaderthalensis ver projeção da face em detalhe- sem queixo





 

Quanto ao hominío descoberto em 2017, Jaber Irhoud,datado de  cerca 300.000 anos  em Marrocos crânios que erroneamente (ou estrategicamente como polêmica)  ao sapiens , vamos observar que o neurocranio tem o mesmo formato alongado de bola de baseball:

 









     

Imagem adaptada de https://www.nhm.ac.uk/discover/news/2017/june/oldest-known-homo-sapiens-fossils-discovered-in-morocco.html

Jebel Irhoud tinha a face retraída como o sapiens, mas um crânio alongado e largo, em contraste com o crânio globular do sapiens. Assim que Hublin viu a data, "percebemos que tínhamos agarrado a própria raiz de toda a linhagem da espécie", ele diz. Os crânios são tão transicionais que nomeá-los se torna um problema: a equipe os chama de H. sapiens primitivos em vez de "humanos anatomicamente modernos primitivos" descritos em Omo e Herto.

Algumas pessoas ainda podem considerar esses humanos robustos como " H. heidelbergensis altamente evoluídos ", diz a paleoantropóloga Alison Brooks, da Universidade George Washington em Washington, DC Ela e outros, no entanto, acham que eles se parecem com a nossa espécie. "O crânio principal parece algo que poderia estar perto da raiz da linhagem H. sapiens ", diz Klein, que diz que os chamaria de "proto-modernos, não modernos".

A equipe não propõe que o povo Jebel Irhoud fosse diretamente ancestral de todos nós. Em vez disso, eles sugerem que esses humanos antigos eram parte de uma grande população de cruzamentos que se espalhou pela África quando o Saara era verde, cerca de 300.000 a 330.000 anos atrás; eles mais tarde evoluíram como um grupo em direção aos humanos modernos. " A evolução do H. sapiens aconteceu em uma escala continental", diz Gunz.

https://www.science.org/content/article/world-s-oldest-homo-sapiens-fossils-found-morocco#:~:text=Now%2C%20their%20quest%20has%20taken,new%20fossils%20and%20stone%20tools.

Em relação a suposta arte simbólica dos neandertais vermos a refutação a seguir

 Conclusão, somente o sapiens dentro do genero homo tem cranio globular e somente ele tem provas inequívocas de pensamento simbólico (humanidade)

 

2.4- Dentição /desenvolvimento cerebral


Ele alega que o heidelbergensis e neandertal tem taxas de desenvolvimento dentário lento, semelhante ao sapiens e que isso reflete no desenvolvimento cerebral.
"Deve ser lembrado que os fósseis de Jebel Irhoud [ver acima] deu evidências eu um prolongado período dental de  desenvolvimento. O lento crescimento tem supreendentes implicações  para o desenvolvimento cerebral de humanos tão arcaicos, em contraste marcante com macacos, australopitecos e Homo primitivos. O que não podemos aprender com endocasts (interior do crânio - formato do encéfalo) pode ser esclarecido pelo estudo dos dentes.

Christopher Dean, do Departamento de Anatomia e Biologia do Desenvolvimento da University College, em Londres, explica que tais "traços da história de vida" em seres humanos, como tamanho do cérebro, idade da capacidade reprodutiva, tempo de vida e assim por diante, são paralelos ao desenvolvimento dentário. O que é importante aqui não é apenas o tamanho do cérebro, mas seu desenvolvimento lento. "O tamanho dos principais componentes cerebrais associados ao aprendizado e à cognição se correlaciona com o tempo de desenvolvimento dentário em primatas, pois o custo em tempo necessário para crescer e aprender a usar um cérebro maior aumenta. Nesse contexto, uma trajetória mais lenta do crescimento do esmalte em dentes permanentes pode ser considerada um atributo da história de vida associado ao período de crescimento estendido ou prolongado dos humanos modernos."25

Dean e seus colegas compararam o crescimento do esmalte em seres humanos ao crescimento do esmalte nos dentes de grandes macacos, antigos Australopithecines e antigos Homo. Eles identificaram regiões no esmalte que mostravam um registro bem preservado de estrias cruzadas diárias do esmalte em treze dentes ou fragmentos de dentes de espécimes firmemente atribuídos a três espécies de Homo primitivo, a quatro espécies de Australopithecine e a um Neandertal. Eles então compararam as taxas de crescimento do esmalte em hominídeos fósseis com aquelas em humanos modernos e grandes macacos africanos modernos e com dois dentes atribuídos ao hominoide tronco africano do Mioceno, Proconsul nyanzae. Eles descobriram que nem os Australopithecines nem os fósseis atualmente atribuídos ao Homo primitivo (especificamente Homo habilis, Homo rudolfensis e Homo erectus) compartilhavam a trajetória lenta de crescimento do esmalte típica dos humanos modernos; em vez disso, todos eles se assemelhavam aos macacos africanos modernos e fósseis. Com base nisso, Dean e seus colegas chegam a sugerir que esses espécimes putativos do Homo primitivo sejam reclassificados como membros do gênero Australopithecus, não Homo.

Quando Dean e seus colegas examinaram os dentes fósseis do Neanderthal da Caverna Tabun, Israel, no entanto, eles encontraram o mesmo desenvolvimento lento do esmalte que é característico dos humanos modernos. Essa descoberta foi confirmada por Antonio Rosas et al. com base em seu exame do esqueleto de uma criança Neandertal encontrado em El Sidrón, Espanha. Eles descobriram que "o crescimento e o desenvolvimento neste Neandertal juvenil se encaixam nas características encontradas da ontogenia humana, onde há crescimento somático lento, envelhecimento e puberdade que podem compensar o custo de desenvolver um cérebro grande. Curiosamente, eles relatam que, em comparação com os primeiros espécimes de Homo em um estágio Lomparable de desenvolvimento dentário, El Sidrón Ji é... quase idêntico em idade (7,78 anos) a um espécime de Homo sapiens de 315 mil anos idêntico a Jebel Irhoud, Marrocos, que mostra um período prolongado de desenvolvimento dentário [crescimento] semelhante ao humano moderno." Eles observam que trajetórias morfogenéticas divergentes subjacentes às diferenças de formato do cérebro podem existir dentro desse padrão de crescimento amplamente humano. Dean e seus colegas concluem que é cada vez mais provável que um período de desenvolvimento verdadeiramente semelhante ao dos humanos modernos tenha surgido somente após o surgimento do Homo erectus, quando ambos, o tamanho do cérebro e a dimensão corporal estavam bem dentro da faixa conhecida para humanos modernos.
Assim, a evidência do crescimento lento do esmalte dental não apenas é consistente com a humanidade dos neandertais, mas também contraria a humanidade do Homo erectus, uma conclusão que não pode ser inferida apenas pelo tamanho do cérebro."In quest of  the historical Adam, p. 273-276



Resposta:

Trabalho posterior mostrou que embora seja verdade a correlação entre crescimento de dentição e desenvolvimento do cérebro, e que isso surgiu após só depois em taxos (espécies) posteriores a do homo erecetus, um desenvolvimento consistentemente prolongado so´aconteceu no sapiens, o que  mais uma vez mostra que o sapiens tem desenvolvimento cerebral ímpar:


Em resumo, embora pareça que os tempos de formação da coroa aumentaram e a erupção dos molares ocorreu em idades mais tardias durante a evolução do Homo, as evidências disponíveis sugerem que um desenvolvimento dental consistentemente prolongado pode ter surgido pela primeira vez em H. sapiens. Smith TM, Tafforeau P, Reid DJ, Pouech J, Lazzari V, Zermeno JP, Guatelli-Steinberg D, Olejniczak AJ, Hoffman A, Radovcic J, Makaremi M, Toussaint M, Stringer C, Hublin JJ. Dental evidence for ontogenetic differences between modern humans and Neanderthals. Proc Natl Acad Sci U S A. 2010 Dec 7;107(49):20923-8. doi: 10.1073/pnas.1010906107. Epub 2010 Nov 15. PMID: 21078988; PMCID: PMC3000267.

 

5- Genética

"A revolução na genética humana agora abriu novos caminhos de estudo em paleoneurologia além da dependência de endocasts e evidências fósseis. A conquista surpreendente do sequenciamento bem-sucedido do genoma neandertal em 2010 e a subsequente descoberta do DNA denisovano permitem que cientistas comparem o DNA desses indivíduos antigos com o de pessoas modernas com o objetivo de discernir qual impacto as diferenças genéticas podem ter na estrutura e no crescimento do cérebro e, portanto, na capacidade cognitiva. Ainda em seu início, esse campo de estudo é repleto de incertezas, mas ainda assim vale a pena examinar alguns dos desenvolvimentos recentes.

Talvez o mais significativo desses desenvolvimentos seja a descoberta de que a expansão do neocórtex humano (a parte principal do córtex cerebral que cobre o cérebro) é devida em parte a uma mutação genética que ocorreu no gene ARHGAP11B, um gene codificador de proteína que afeta a geração e a divisão de células cerebrais neocorticais.30 A mutação envolve a substituição de uma única letra C de nucleotídeo por um G, que transforma a proteína em uma forma muito diferente, exclusiva da linhagem humana. Como resultado da mutação, certas células cerebrais no neocórtex, chamadas de progenitoras células basais , crescem e se dividem a uma taxa sem precedentes." 

Quando o gene específico para humanos foi inserido em camundongos, suas células cerebrais passaram por um crescimento significativo Experimentos subsequentes introduzindo ARHGAP11B específico para humanos em furões [animal] embrionários, que eram considerados sujeitos mais aptos do que camundongos por causa de seus progenitores basais mais numerosos, resultaram em uma expansão do neocórtex do furão. "Isso sugere que esse gene pode ter um papel semelhante no desenvolvimento do cérebro humano." Ainda mais recentemente, cientistas inseriram ARHGA11B em membros fetais de uma espécie de primata, com resultados dramáticos. O gene aumentou o número de células progenitoras basais na zona subventricular, aumentou o número de neurônios da camada superior, ampliou o neocórtex e induziu dobramento na superfície do cérebro. Michael Heide et al. concluem que seus resultados sugerem que ARHGAP11B pode de fato ter causado uma expansão do neocórtex humano no curso da evolução humana.

Quando essa mutação crucial ocorreu? ARHGAP11B é na verdade uma duplicata de outro gene, ARHGAP11A, o resultado de um evento de duplicação genética na linhagem humana desde nosso último ancestral comum com chimpanzés. O ancestral ARHGA11B, sem a substituição da base CG, não amplificou progenitores basais.  Portanto, Floria et al. afirmam:
Era importante determinar se a substituição de base CG única no gene ARIGAP11ß que, em última análise, causa sua sequência C-terminal específica para humanos ocorre não apenas em humanos modernos, mas se também estava presente em neandertais, cujos cérebros eram tão grandes quanto os dos humanos modernos, e denisovanos. A substituição crucial da base C-G também foi encontrada em neandertais e denisovanos ARHGAP11B. Além disso, todos os humanos atuais analisados ​​carregam a substituição CG. Juntas, essas observações indicam que a substituição da base CG, que presumivelmente ocorreu nos -5 milhões de anos desde o evento de duplicação do gene ARHGAP11, ocorreu antes que os hominídeos arcaicos divergissem da linhagem humana moderna há >500.000 anos.

As evidências são, portanto, consistentes com a humanidade dos neandertais e dos denisovanos, uma vez que eles compartilham essa mutação genética crucial que ajuda a explicar a extraordinária expansão do cérebro exclusiva dos seres humanos. De fato, uma vez que a mutação ocorreu nas espécies ancestrais dos neandertais, dos denisovanos e do Homo sapiens, essas descobertas são consistentes com a humanidade de alguém pertencente a uma espécie ancestral de cérebro grande como o Homo heidelbergensis, na qual a mutação ocorreu.

Mais recentemente, um segundo fator genético que promove o crescimento neuronal e, portanto, a expansão do cérebro neocortical foi identificado, a saber, os genes NOTCH2NL, que são, novamente, específicos do ser humano. 36 O NOTCH2NL vem em três versões que amplificam os progenitores dos neurônios. Nenhum desses três genes é encontrado nos genomas dos grandes símios existentes. Mas quando os genomas dos neandertais e dos denisovanos foram examinados, os mesmos genes NOTCH2NL foram descobertos. Fiddes et al. comentam, "A peculiar evolução  histórica do NOTCH2NL inclui uma série de eventos de reorganização genômica resultando em três genes funcionais relacionados ao NOTCH somente em humanos. O cenário mais plausível é que em um ancestral comum dos humanos, os neandertais e os denisovanos, o ancestral pseudogene PDE4DIP-NOTCH2NL erthals, pareado por conversão gênica ectópica do NOTCH2. Este evento pode ter sido crucial para a evolução humana, marcando o nascimento de um novo gene humano específico relacionado ao NOTCH envolvido na diferenciação de células progenitoras neuronais, " Nossa atenção é, portanto, direcionada mais uma vez para uma espécie ancestral de cérebro grande como o Homo heidelbergensis como o locus desses eventos de reorganização genética onde a espécie humana pode ter se originado.

As evidências paleontológicas sobre crânios antigos e as evidências recentes extraídas do estudo genético do antigo Homo são, portanto, consistentes com o alargamento do limite para a origem da humanidade antes da origem do Homo sapiens, de modo a incluir os neandertais e os denisovanos como membros da família humana. Embora essas evidências sejam poderosamente sugestivas, a questão decisiva é se esses antigos hominídeos realmente se envolveram em atividades indicativas da capacidade cognitiva humana. Voltaremos a essa questão nos próximos dois capítulos. p. 273-279

Resposta:

 A presença dos genes nesses homninios mostra no máximo  quantitativa em termos de cognição, quando por exemplo comparamos a formação de ferramentas, que inclusive são usadas por diversos tipos de animais fora dos primatas como veremos depois. As evidências são claras

 6-Arqueologia

Nos cap. 10 e 11 ( acesse aqui para ler na íntegra) Craig coleta uma série de supostas evidencias da humanidade do Homo heidelbergensis e do neandertalensis, vou colocar o próprio resumo dele:

Destacamos exemplos de assinaturas arqueológicas dos domínios da tecnologia, incluindo produção e uso de lâminas, pontas de pedra, ferramentas de cabo e compostas, e pedras de amolar, e de economia e organização social, incluindo caça especializada e o uso estruturado do espaço doméstico. Algumas dessas assinaturas são igualmente manifestas entre os neandertais e também entre o Homo sapiens, e algumas nos levam de volta ao Homo heidelbergensis como o portador da capacidade cognitiva humana moderna. No próximo capítulo, voltaremos ao domínio mais decisivo, o comportamento simbólico. In quest of  the historical Adam, p. 301

 RESUMO

Nos últimos dois capítulos, pesquisamos brevemente evidências de paleontologia, arqueologia e genética para o tempo das origens humanas.  Com relação à evidência da paleoneurologia, vimos que com base na análise de endocasts (analise interna do cranio) cranianos houve no curso da evolução dos hominídeos um aumento impressionante tanto no tamanho do cérebro quanto no quociente de encefalização, bem como reorganização cerebral, que traz os cérebros dos hominídeos bem para a faixa moderna em 500 mil anos com o Homo heidelbergensis. Essas características estão correlacionadas de forma segura com maior capacidade cognitiva em humanos. Além disso, medições dos forames arteriais, através dos quais as artérias carótidas que suprem o cérebro passam, mostram que somente com o Homo erectus e o Homo heidelbergensis posteriores chegamos à faixa dos humanos modernos. Aberturas arteriais maiores no crânio indicam uma maior taxa metabólica do cérebro, o que sugere maior capacidade cognitiva. Estudos de dentes fósseis de hominídeos mostram crescimento lento do esmalte tanto em neandertais quanto em Homo sapiens arcaicos, um índice de maturação lenta do cérebro após o nascimento e bem na infância.  A trajetória lenta do crescimento do esmalte típica dos humanos modernos não é encontrada em Australopithecines ou Homo primitivo, que são mais semelhantes a macacos em ...

68. Johannes Krause et al., "The Derived FOXP2 Variant of Modern Humans Was Shared with Neandertals," CB 17, no. 21 (6 de novembro de 2007): 1908-12.  Fisher relata que quando as duas alterações de codificação de aminoácidos foram inseridas em camundongos geneticamente modificados, os camundongos mostraram níveis mais altos de plasticidade de sinapses em circuitos de gânglios cortico-basais, mas quando os camundongos foram geneticamente modificados para carregar uma mutação FOXP2 conhecida por causar dispraxia, esses camundongos mostraram níveis mais baixos de plasticidade sináptica em circuitos de gânglios cortico-basais, consistente com uma perda de função (Fisher, "Evolution of Language"), Fisher observa que comparações posteriores de versões humanas modernas e neandertais de FOXP2, examinando as partes do locus genético que não codificam proteína, identificaram alterações específicas de humanos que podem afetar potencialmente a maneira como o gene é regulado.

69. Krause et al., "Derived FOXPa Variant." p.326


...desenvolvimento. Assim, o desenvolvimento lento do cérebro está positivamente correlacionado com o aumento da capacidade cognitiva dos humanos modernos. Comparações genéticas do DNA de hominídeos revelam que uma mutação no gene ARHGAPIB que contribuiu para a expansão do neocórtex humano é compartilhada por neandertais e denisovanos. Como é improvável que a mutação idêntica tenha ocorrido três vezes, é sem dúvida uma característica derivada que foi herdada de seu último ancestral comum, Homo heidelbergensis. Novamente, a presença dos genes NOTCH2NL idênticos em neandertais, denisovanos e Homo sapiens aponta para eventos de reorganização genômica no cérebro de seu último ancestral comum, o que resultou na amplificação de progenitores de neurônios e, portanto, aumento da capacidade cognitiva.

 Com relação à evidência da arqueologia, a evidência mais importante para a capacidade cognitiva dos antigos hominídeos, vimos que condições suficientes geralmente aceitas da humanidade moderna podem ser discernidas pela presença de uma ampla variedade de assinaturas arqueológicas. Elas se reforçam mutuamente e fornecem um caso cumulativo poderoso para a consciência humana moderna que é mais forte do que seu elo mais fraco. Pesquisamos brevemente algumas das evidências mais importantes de assinaturas arqueológicas nas áreas de tecnologia, economia e organização social, e comportamento simbólico.

Com relação à tecnologia, a produção de lâminas de pedra, uma característica da indústria de fabricação de ferramentas do Modo 4, era praticada tanto pelos neandertais quanto pelo Homo sapiens bem antes de 300 mil anos atrás, marcando um avanço tecnológico que exigia capacidade cognitiva significativa para ser executado. Ainda mais sofisticada foi a produção de pontas de pedra, que tanto os neandertais quanto o Homo sapiens criaram há pelo menos 186 mil anos, e que podem ter sido fabricadas e empregadas pelo Homo heidelbergensis há 500 mil anos.  A produção de ferramentas compostas e cabos exigia não apenas previsão, mas design e caracterizava as indústrias de ferramentas tanto dos neandertais quanto do Homo sapiens. As descobertas extraordinárias em Schöningen mostram que ferramentas compostas de 400 kya já estavam em uso, apontando mais uma vez para o Homo heidelbergensis. Pedras de amolar são assinaturas importantes da capacidade cognitiva, uma vez que seu uso indica o processamento de material vegetal e, mais significativamente, de pigmento, uma das assinaturas do comportamento simbólico. Elas foram encontradas tanto em sítios MSA quanto em sítios Mousterianos, indicando o uso tanto pelo Homo sapiens na África quanto pelos neandertais na Europa.

Com relação à economia e organização social, vimos que a caça de animais de grande porte envolve comportamento cooperativo indicativo da consciência humana e plausivelmente até mesmo da capacidade de linguagem. Tal comportamento evidencia uma ... p.327


....intencionalidade que muitos psicólogos consideram uma habilidade cognitiva única, até mesmo definitiva, para os seres humanos. Tanto o Homo sapiens da MSA quanto os neandertais se envolveram em tais atividades de caça. Novamente, as impressionantes lanças de Schöningen, cuja fabricação por si só requer capacidade cognitiva extraordinária, juntamente com as evidências de Boxgrove e Clacton, mostram que tal comportamento remonta ao Homo heidelbergensis há 500 mil anos. Igualmente surpreendentes são as construções neandertais na caverna Bruniquel datadas de 176 mil anos. Nada parecido com isso, envolvendo uma cadeia opératoire de complexidade e profundidade surpreendentes, já foi encontrado antes. Essas construções exibem ainda mais claramente do que a caça de animais de grande porte a intencionalidade coletiva de seus construtores neandertais. Para aumentar nosso espanto, encontramos as cabanas dos caçadores em Terra Amata, que evidenciam tão claramente o planejamento e o design de seus fabricantes.  Datado de 350 kya, o Homo heidelbergensis provavelmente foi responsável por eles.

Finalmente, com relação à evidência de comportamento simbólico, a data da arte imagética e representativa entre o Homo sapiens agora foi levada de volta para >40 kya pela descoberta da arte rupestre indonésia, e entre os neandertais >66 kya pela arte rupestre ibérica. A presença contemporânea de arte rupestre semelhante na Espanha e na Indonésia, a meio mundo de distância, implica uma origem de comportamento simbólico e, portanto, humanidade que é muito mais antiga ainda. Também vimos que o uso de pigmento, que pode ser usado para arte ou decoração corporal, foi atestado na África em >300 kya e entre os neandertais na Europa em >60 kya. 

Os enterros dos mortos, sejam investidos de significado espiritual ou não, exibem um cuidado com os restos mortais de seus semelhantes que mostra uma estimativa de seu valor.  Em Qafzeh 120 kya temos a evidência mais antiga de sepultamento de mortos entre Homo sapiens, repleta de itens enterrados com o falecido, e em Tabün 160 kya a evidência mais antiga de sepultamentos neandertais. 

Finalmente, o uso da linguagem, o comportamento simbólico paradigmático, embora difícil de detectar, é apoiado entre Homo sapiens e neandertais por pistas anatômicas como um cérebro grande e complexo, estruturas auditivas adequadas à fala humana, uma SVT adequada à produção da fala apesar dos...

70. Veja, por exemplo, Michael Tomasello, A Natural History of Human Thinking (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2014), cap. 1; Tomasello, Becoming Human, cap. 1. Tomasello enfatiza que a caça em grupo por chimpanzés não envolve nem mesmo intencionalidade conjunta (cada chimpanzé por si!), muito menos intencionalidade coletiva.  Ele acha que a caça em grupo de macacos por chimpanzés não é tão diferente cognitivamente da caça em grupo de outros mamíferos sociais, como leões e lobos. Mas os primeiros humanos — talvez Homo heidelbergensis — desenvolveram habilidades e motivações para intencionalidade conjunta que transformaram as atividades de grupo paralelas dos grandes macacos em atividades colaborativas verdadeiramente conjuntas (Tomasello, Becoming Human, 48). p.328


...perigos colocados por isso, forames arteriais alargados, um grande canal hipoglosso e um canal vertebral torácico alargado, bem como pistas genéticas apontando para o cruzamento entre neandertais, denisovanos e Homo sapiens e para o compartilhamento do gene FOXP2 mutado crucial para a fala que eles provavelmente derivaram de seu ancestral comum, Homo heidelbergensis.

Consequentemente, temos evidências muito poderosas de que os comportamentos humanos que exibem capacidade cognitiva moderna não se originaram recentemente, ou mesmo muito cedo, apenas entre o Homo sapiens, mas já estavam em vigor em nosso último ancestral comum com neandertais e denisovanos. In quest of  the historical Adam, p.329

Resposta:

Critérios de identificação da humanidade e suas falhas

1-Bipedia

O andar ereto existe desde 7 milhoes de anos atrás  com o Sahelantropus tchadensis  passando pelo  Orrorin tugenensis, Ardipithecus, australopitecíneos, homo habilis, Homo erectus (bipedia estrita), Homo heidelbergensis  e Neandertal

 A bipedia e a redução dos caninos, juntamente com o ta-manho do cérebro, especificamente o conjunto de características mais analisadas em relação ao processo de hominização e ex-plorado desde os mais antigos Sahelanthropus tchadensis, Orrorin tugenensis e Ardipithecus ramidus, o "Ardi"", dados respectivamentemente em, aproximadamente, 7, 6 e 5  milhões de anos ...A origem do significado p. 11

 "...è apennas com o surgimento do H. erectus que se pode falar em bipedia obrigatória, tão moderna quanto a nossa. ´Assim caminhou a humanidade, p. 157 (ver p. 171)

2- Construção de ferramentas 

 Pode-se verificar uma progressão de complexidade de ferramentas Olduvaiense (modo 1), Acheulense (modo 2), Musteriensess, etc.


 Apesar de o uso de ferramentas ser relativamente comum entre outros animais, como corvos115, golfinhos nariz-de-gar-rafa116, elefantes 117, orangotangos118, gorilas119, lontras marinhas e alguns outros animais aquáticos 120, polvos121, maca-cos-prego122 e roedores123, o uso de ferramentas líticas corresponde a um grupo mais selecionado.  Aqueles que usam ferramentas líticas espontâneas e rotineiramente, identificados atualmente, são os humanos124.129, os chimpanzés130 e algumas populações de macacos-prego (Sapajus libidinosus) 110.111 e de macacos birmaneses selvagens de cauda longa (Macaca fascilaris aurrea) que vivem em Piak Nam Yai e em outras ilhas vizinhas. A origem do significado p. 21

Essa percepção pode ser reforçada se observarmos as ferramentas de Lomekwi (datadas em 3,3 milhões de anos) 144 e também as primeiras ferramentas do período olduvaiense, bem como as ferramentas usadas por chimpanzés selvagens ou pelos macacos-prego na Fazenda Boa Vista (Projeto Etho-cebus) e na Serra da Capivara, já mencionados anteriormente. Em todos esses casos, você pode observar que todas essas ferramentas líticas expressam extrema simplicidade, um pequeno número de variações e uma grande estabilidade das formas ao longo do tempo. Talvez essas características sejam solicitadas de baixa fidelidade nos processos de transmissão social da técnica. Já a sofisticação da indústria acheulense (existente entre 1,7 milhões a 300 mil anos atrás) talvez seja indicativa da disponibilidade de meios mais eficazes para a partilha de conhecimento, resultando de formas de transmissão capazes de favorecer a reprodução tecnológica a partir de índices mais altos de fidelidade.

A prevalência da capacidade humana para fabricar e usar ferramentas foi um sorteio distintivo dos humanos em relação a todos os outros seres vivos, até a década de 1960. Como vimos, a capacidade para usar ferramentas líticas não só se tende aos antepassados ​​humanos que viveram há 3,3 milhões de anos como também é verificada entre monos e macacos-prego.
 A origem do significado, p.25

3- Complexidade Social 

Explicando melhor, as diferenças sociais entre humanos e monos apresentam-se como diferenças de grau. A observação e registro sobre a vida social dos chimpanzés aponta, cada vez mais, para a complexidade de aspectos relacionados ao desenvolvimento dos filhotes em relação às suas mães e aos vínculos entre ambos, o comportamento e estratégias sexuais, os mecanismos que regem os conflitos e sua resolução, a importância dos vínculos com o grupo, a produção e utilização de objetos, os mecanismos de comunicação, a constituição de classes e status, e a resolução de problemas, a dissimulação e o repasse de informação. Todos esses fatores, reunidos, são a expressão de que humanos não são os únicos seres sociais e que a complexidade social é muito verificável em nossos parentes mais próximos.A origem do significado, p. 34

 

4- Transmissão social

 A transmissão social, ou o aprendizado social, também já foi um atributo usado para distinguir os humanos de todos os outros seres vivos. Os argumentos usados ​​para isso geralmente se baseavam na ideia popular de que os instintos eram mecanismos suficientes e esmagadores para que os humanos não lidassem com os problemas relacionados à sua tão brevivência. Isso evidentemente acarretava problemas como descobrir as causas da sobrevivência de certas espécies em suas ações de mudança ambiental. Hoje sabemos que muitas espécies não só aprendem como viver com os membros de seu grupo por meio da trasmissão social...A origem do singificado, p, 34-35

 

RESUMO:

As distinções são em grau, e não qualidade (singularidade)

  O primeiro é que todas as características já elencadas - bipedia, cérebro grande, fabricação e uso de ferramentas, complexidade social e transmissão social - não servem mais para definir o humano, nem para distingui-lo de outros seres.  O segundo é que tudo aquilo que é distintivo, no sentido qualitativo, em relação aos humanos aponta para a capacidade humana para a significação. A origem do significado, p. 45

As construções citadas por Craig não provam pensamento simbólico, se forem aceitas variam em grau apenas, além disso, animais irracionais como castores e João de barro constroem casas instintivamente, mas os hominíos não são totalmente instintivos

 Os Homo heidelbergensis foram usuários do Acheulense. No entanto, há uma progressão ao longo do tempo, tanto na qualidade quanto na variedade dos instrumentos produzidos. Além disso, há evidência clara de que ferramentas de osso e madeira também eram confeccionadas. Num achado extraordinário em Schöningen, na Alemanha, foram encontrados lançamentos de madeira com 2 metros de comprimento datados ao redor de 400 mil anos,
associadas a cavalos com marcas de caça e até a um dente de tigre-dente-de-dos possivelmente para receber pontas de projétil feitas de pedra, marcando as primeiras evidencia de instrumentos compostos. Isso Pedra, marcando Bridelbergensis se dedicavam à caca de grandes mamíferos e eram capazes de produzir ferramentas mais elaboradas. Ferramentas chamadas de Musterienses, são também encontradas na África e na Europa em sitios contemporâneos aos fósseis dos H. heidelbergensis. Essas ferramentas Musterienses apresentam uma variabilidade maior de formas em relação às indústrias mais antigas. Elas se distinguem das anteriores pela existência de núcleos trabalhados no momento da preparação da matéria-prima, antevendo futuras transformações da rocha conforme a necessidade do lascador. Dessa forma, elas exigiam-um aparato técnico-cognitivo mais elaborado
.

A evidência de organização espacial ou construção de abrigos pelo Homo heidelbergensis é relativamente rara. Todavia, em um sítio conhecido como Terra Amata, na cidade de Nice, na França, datado por volta de 380 mil anos, descobriu-se uma evidência que poderia indicar a construção de abrigos de pedra e de galhos. Esse achado também marca uma das primeiras evidências sólidas de fogo associado com uma habitação. Evidências de objetos decorativos são ainda mais raras nesse hominínio, aparecendo somente depois de 300 mil anos, com possíveis adornos de ovo de avestruz encontrados no Quênia e um objeto de pedra com formato de um torso de mulher em Israel. De fato, o aparecimento de objetos simbólicos incontestáveis só começou a surgir no registro arqueológico depois dos Homo heidelbergensis. Essa espécie de hominínio está seguramente relacionada à origem do Homo sapiens na África e provavelmente relacionada ao surgimento do Homo neanderthalensis na Europa. Assim caminhou a humanidade, p. 182-183



 A evidência de organização espacial ou construção de abrigos pela Home heidelbergensis é relativamente rara.  Em 1966, num sítio conhecido como Terra Amata, na cidade de Nice, na França, datado entre 230 mil e 400 mil anos, descobriu-se uma evidência que poderia indicar a construção de um abr gos de pedra e madeira.  Esse achado, no entanto, foi contestado de forma contundente na tese de doutorado de Paola Villa, publicada em 1983. Nov mente, uma exceção parece ser o sítio Gesher Benot Ya'aqov, em Israel, que foi ocupado por grupos de pescadores-caçadores-coletores há 800 mil anos.  O sítio surge num contexto destruído Acheulense e está dividido em duas áreas separadas, com cerca de 7,5 metros de distância entre elas.  A primeira está relacionada à preparação da comida, e a segunda área, a outras atividades de vida, tais como comer ou fabricar ferramentas.  A construção de abertura é uma adaptação tecnológica esperada em climas glaciais.  No entanto, até recentemente, acreditava-se que os neandertais eram basicamente nõmades, e não tinham habitações construídas ou de tipo qualquer tipo de organização espacial do trabalho.  Essa visão mudou mais recentemente em função de duas descobertas.  Num sítio, datado em pouco mais de 40 mil anos, denominado Molodova I, na Ucrânia, foram encontradas pilhas de ossos de mamute (cerca de três mil), com alguns deles acumulados em estruturas que sugerem a construção de abrigos com esse material (Figura 5.12).  No artigo publicado no "Canadian Journal of Archaeology" em 2013, Julien Riel-Salvatore e seus colaboradores documentaram evidências de organização espacial semelhante ao Homo sapiens em uma caverna colapsada no noroeste da Itália, conhecida como Riparo Bombrini, de contexto Musteriense, com estratos da tados entre 35 e 45 mil anos.

 Quando falamos em neandertais, a maioria de nós tende a imaginar "homens das cavernas" com capacidades intelectuais limitadas, puxando suas mulheres pelos cabelos.  Essa imagem não poderia estar mais distante da realidade.  O Homo neanderthalensis foi capaz de se adaptar às condições climáticas mais rigorosas da Era Glacial.  Há uma especificidade quase industrial em seus procedimentos, uma conexão entre o uso e o design de suas ferramentas.  Pode-se dizer, sem exagero, que foram os neandertais os primeiros homens a explorar as possibilidades de produção com procedimentos padronizados compatíveis com requisitos de eficiência industrial
.Assim caminhou a humanidade p. 226

 

Sepultamentos rituais de neandertais

 Sobre a questão de que se realizaram sepultamentos intencionais ou mesmo rituais entre os neandertais, uma equipe de cientistas talentosos de William Ren-du, do CNRS e da Universidade de Nova York (Estados Unidos), publicou um importante artigo em 2014 no "PNAS".  Os pesquisadores afirmam que o sítio de La Chapelle-aux-Saints apresenta evidências suficientes para concluirmos que os neandertais realizavam sepultamentos intencionais.  Eles argumentaram que é possível afirmar que os corpos foram depositados cuidadosamente em covas rasas em uma caverna que não apresenta evidências de uso para hibernação por outros animais, ou de modificações devido à presença de carnívoros.  A dificuldade de novo é a ausência de artefatos claramente simbólicos no local de sepultamento, e o tema ainda é alvo de debate acalorado. Assim caminhou a humanidade,p. 233

 

 

A ORIGEM DO SIGNIFICADO

 O livro, acima, demonstra de maneira clara que só se pode afirmar, sem sombra de dúvidas, inequivocamente, que o homo sapiens é o unico do genero homo que pode se  atribuir comportamento simbolico

 Em essênica o livro contesta a tese defendida pelo Dr Craig, colcooa em dúvida, com critérios, cada uma das evidencias de comportamento simbólico atribuído aos Neandertais ou aos seus ancestrais.

Este ensaio foi iniciado com a caracterização do Homo sapiens como uma espécie eminentemente simbólica, sendo essa característica ausente em todos os demais animais, aí incluídos os monos, nossos parentes mais próximos. Todas as características que no passado foram usadas para definir o que é humanidade caíram por terra uma a uma nos últimos 40 anos e hoje está claro que o único traço unicamente humano é o comportamento simbólico, ou seja, produzir e manipular símbolos em um contexto de significação subjetiva e intersubjetiva. Portanto, apontar no registro fóssil quem teria sido o primeiro hominínio a ter em sua mente um "módulo" de significação é essencial para definirmos desde quando existe no planeta algo que podemos chamar de humano. Tudo tem indicado até o momento que a capacidade de atribuir significado às coisas, aos fatos e à vida ocorreu em momentos bastante tardios da evolução hominínia, como os registros apresentados parecem não deixar dúvidas. Aqui cabe lembrar que a linhagem hominínia começou a se diferenciar no planeta ha cerca de sete milhões de anos. Os primeiros indícios inequívocos de comportamento simbólico pouco ultrapassam 130 mil anos, quando muito.

Também discutimos nas primeiras seções deste ensaio que os autores se dividem em dois grandes grupos no tocante à origem do significado na evolução humana; um deles se constitui naqueles que podemos denominar de "continuistas",
p. 108

ou seja, aqueles que acreditam que a capacidade de simbolização evoluiu de forma lenta e gradual, como ocorreu com a bipedia, o cérebro, os caninos, o tamanho dos demais dentes a o encurtamento da face. Para esses, o embrião do comportamento simbólico já poderia ser encontrado entre o Homo heidelbergensis, durante o Pleistoceno Médio, e essa capacidade incipiente tomaria novo impulso nas duas espécies que dele descenderam os neandertais e os humanos modernos. Um outro grupo, o dos "descontinuistas" ou "revolucionários", defendem uma ideia diametralmente oposta a essa: a capacidade simbólica teria ocorrido apenas nos últimos 50 mil anos e estaria atrelada exclusivamente ao Homo sapiens pós-Revolução Criativa do Paleolítico Superior. Para esses, o fenômeno foi abrupto e explosivo e deve ter correspondido a uma modificação genética no cérebro que levou à produção de símbolos e de significação.

indicios frágeis da humanidade do Neandertal e Heidelbergensis

O extenso levantamento bibliográfico que fizemos e que aqui apresentamos parece indicar um meio termo entre esses extremos. Conforme deve ter sido apreendido pelos leitores, os indícios de comportamento simbólico no Pleistoceno Médio são extremamente temerários. Portanto, é difícil imaginar que as duas espécies derivadas do heidelbegensis tenham herdado do ancestral comum a capacidade de atribuir significado às coisas, ao mundo e à vida (para uma visão alternativa sobre quem foi o último ancestral comum entre sapiens e neandertais, ver Stringer¹). Assumindo que os neandertais também tinham capacidade de simbolização, coisa que discutiremos mais adiante, essa propriedade teria surgido de forma independente entre eles e o ser humano moderno, o que não é propriamente parcimonioso de um ponto de vista evolutivo.

A ideia da Revolução Criativa do Paleolítico Superior, desde sua concepção nos anos 1990, era, sem dúvida, extremamente influenciada por uma visão eurocèntrica. Ali, de fato, 
p. 109.

o registro arqueológico mostra um verdadeiro espetáculo artístico e tecnológico abrupto, conforme também já apresenta mos neste ensaio. A questão é que, até meados dos anos 1990, poucos sítios entre 100 e 30 mil anos haviam sido escavados na Africa, por exemplo. Assim que essas escavações foram iniciadas tanto em Katanda quanto em Blombos, começaram a surgir evidências antigas de comportamento complexo, como uso de ocre, utilização de conchas como adornos corporais e até mesmo intrincados processos de preparação de pigmentos² 

É provável que novas escavações na África, no Oriente Médio e mesmo no leste da Ásia venham a confirmar aquilo que já emergiu das poucas escavações ali empreendidas em sítios datados entre 100 e 30 mil anos atrás: que o Homo sapiens vem utilizando, desde há muito, adornos e pigmentação cor-poral. Uma coisa, no entanto, deve ser salientada: os humanos modernos surgiram na África há cerca de 200 mil anos' e não há até o momento qualquer indicação de que teriam comportamento simbólico antes de 130 mil anos. Ou seja, a ideia de Klein de que primeiro surgiu o ser humano anatomicamente moderno para só depois surgir o ser humano comportamentalmente moderno parece se manter. É só uma questão de retroagir o relógio em 100 mil anos.

Outro pormenor que também chama a atenção é o fato de que o Paleolítico Superior na África não mostra a exuberância com a qual se desenvolveu na Europa. As manifestações artísticas ali datadas desse período são tímidas, para dizer o mínimo. Alguns autores sugerem que o embrião do comportamento simbólico encontrado, por exemplo, em Blombos, talvez não tenha vingado, nem tenha produzido uma rede de intersubjetividade sustentada, como ocorreu na Europa. Novamente, serão necessárias novas escavações na África para que essa questão seja respondida de maneira apropriada. Há um outro ponto que não pode ser minimizado nessa discus-
p. 110

são: se os humanos modernos já tinham comportamento simbólico, que também os levou a uma explosão tecnológica, por que então eles só teriam deixado a Africa, de forma retumbante, hå 50 mil anos, tendo então ocupado todo o planeta? Para uma visão distinta, ver Liu et al.; para uma crítica a essa visão distinta, ver Michel et al.

Adornos dos Neandertais e Heidelbergensis

E quanto aos neandertais? Durante mais de duas décadas, a existência de comportamento simbólico entre os neandertais baseava-se nas evidências encontradas em dois sitios franceses: St. Césaire e Grotte du Renne". Nos dois casos, foram encontrados adornos feitos sobre marfim, osso e dentes. Ocorre que as datações dos estratos onde esses objetos foram encontrados variam em torno de 35 mil anos. Como o Homo sapiens já estava perambulando pela região nessa mesma época, esses adornos encontrados associados a neandertais foram interpretados como exemplos de enculturação. Em outras palavras, os neandertais, ao se encontrarem com os humanos modernos na região, teriam copiado esses adornos (pingentes e anéis). Se esse for o caso, a grande pergunta que se coloca é a seguinte: ao incorporar à sua cultura material elementos de adornos corporais, os neandertais estavam simplesmente emulando algo que não entendiam mas que lhes chamava a atenção, ou estavam conscientes do que significava, em termos simbólicos, um adorno corporal? Alguns autores também levantaram a hipótese de que esses objetos teriam sido roubados dos modernos, mas, durante as escava-ções de ambos os sítios, foram encontrados resíduos dos ossos que foram utilizados na fabricação dos adornos. Ou seja, não há dúvidas de que os objetos foram fabricados in situ possivelmente (mas não necessariamente) por neandertais.

Pinturas Rupestres dos Neandertais

Entretanto, conforme já apresentado de forma pormenorizada anteriormente, a partir de 2010 uma série de evidências vêm sugerindo, fortemente, que os neandertais também  p.111
apresentavam comportamento simbólico. Essas evidências têm vindo principalmente da Espanha, abaixo do Rio Ebro do Estreito de Gibraltar e da França. Os usos de pigmentos, de conchas como pingentes, de garras de aves com a mesma finalidade e até, eventualmente, de penas negras como adornos corporais perfazem o novo kit de possivel comportamento simbólico entre os neandertais. Embora algumas dessas evidencias possam ser questionadas, como é o caso do uso de penas para adornamento corporal, as recentissimas publicações de Hoffmann et al. 12.13 dando conta de grafismos rupestres na Espanha com mais de 65 mil anos, se confirmados por outros métodos de datação, poderiam selar a discussão: os neandertais tinham, de fato, comportamento simbólico. Porém, aqui entra a mesma questão levantada anteriormente: se o Homo neanderthalensis tinha capacidade de expressão simbólica, por que essa não se tornou exuberante como aquela do Paleolítico Superior europeu

Outra pergunta pertinente: se os neandertais já perambulavam pela Europa por volta de 200 mil anos, por que demoraram tanto para se expressar simbolicamente? E por que justamente quando o Homo sapiens já estava nos arredores?

Não podemos deixar de enfatizar que as ditas evidências de comportamento simbólico entre os neandertais se assentam sobre bases muito questionáveis: processamento e uso de ocre, e grafismos rupestres datados por capas de calcita que escorreram pelas paredes dos abrigos e grutas e os cobriram parcialmente. Como já mencionamos anteriormente, o ocre è extensamente utilizado por grupos caçadores-coletores e tribais atuais para inúmeras funções utilitárias. Já as datações dos grafismos rupestres por urânio/tório também são bastante questionáveis: primeiro, porque a incorporação de grãos de argila em calcita pode alterar profundamente as datas obtidas, segundo, porque o urânio presente na calcita pode ser 
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Estagnação artíistica

lixiviado pela ação da água que também escorre pelas paredes dos maciços calcários, levando a datas mais antigas do que realmente são. Outra questão relevante nesse contexto é se os neandertais desenvolveram pensamento simbólico por volta de 60 mil anos, porque isso não implicou em uma explosão tecnológica, como ocorreu no Homo sapiens?

Resultados publicados nos últimos anos não deixam dúvidas de que neandertais e humanos modernos foram capazes de romper a alteridade biológica, tendo se cruzado. Hoje, 2% dos genes da maior parte da população do planeta (exceto da Africa) são herdados dos neandertais. Se esses 2% de genes neandertais hoje representados em cada um de nós forem unidos, podemos dizer que cerca de 35% do genoma neandertal está preservado. Embora isso não seja uma condição sine qua non para que os humanos e os neandertais tenham vencido a alteridade genética, agora que sabemos que sua alteridade cultural pode ter sido muito menor do que a imaginada até recentemente, temos que a troca gênica pode ter sido facilitada. Em outras palavras, o estranhamento étnico entre as duas espécies pode ter sido muito menor do que normalmente assumimos.

Agora que sabemos que os neandertais podem ter tido comportamento simbólico, ainda que modesto, voltamos à pergunta inicial deste texto: o que define o humano? O que é essencialmente só nosso? O que fazer agora que o último umbral pode ter caído por terra? Embora a pergunta seja exasperante, talvez haja uma forma digna de acomodar o novo cenário, ou seja, tratar neandertais e nós como apenas subespécies de uma mesma espécie: Homo sapiens neanderthalensis e Homo sapiens sapiens, conforme predominou na literatura paleoantropológica até os anos 1970. Isso resolveria também a troca génica ocorrida entre esses dois grupos, já que formalmente apesar de ser uma grande simplificação da realidade-
p. 113

Espécies distintas com encéfalos diferentes


espécies distintas supostamente não trocam genes na natureza. Mas há um óbice a essa proposta. Há consenso entre os autores de que neandertais e humanos modernos tem histórias evolutivas independentes com cerca de 500 mil anos. Essa afirmação deriva de estudos tanto morfológicos quanto moleculares (consultar Prüfer et al.", Weaver et al.is, Stringer et al.s e Endicott et al."; para estimativas de até 750 mil anos, ver Meyer). Essa profundidade temporal fala a favor de una diferenciação no nível de espécie, até porque ambas as linhagens estiveram submetidas a condições ambientais muito distintas: o frio europeu e a tórrida África.

Outro óbice a essa proposta vem de estudos recentes sobre morfologia neurocraniana. Neubauer et al. 19 estudaram, de forma pormenorizada, a evolução do formato do crânio desde o Homo erectus até o humano moderno, em especial, no periodo entre 300 e 35 mil anos atrás, quando nossa linhagem se estabeleceu 20. Os humanos modernos têm um cérebro grande e globular, o que os distingue dos seus antecessores, cujo neu-rocrânio é comprido e baixo (oval), incluindo aí os neandertais. A forma globular do endocrânio é dada por uma região frontal alta, pelo abaulamento dos parietais e por uma área cerebelar grande e arredondada. Ela se desenvolve durante o período pré-natal e o início do período pós-natal, caracterizado por um rápido crescimento do cérebro, delicado e necessário para formar a circuitaria neural do nosso desenvolvimento cognitivo. Entretanto, até o estudo de Neubauer e colaboradores. não se sabia quando e como essa globularidade evoluiu e como essa característica estaria correlacionada ao aumento do tamanho da caixa craniana. Utilizando tomografia computadorizada e morfometria geométrica, os autores analisaram réplicas endocranianas de 20 fósseis de Homo sapiens de diferentes periodos (de 300 a 190 mil anos; de 120 a 115 mil anos; e de 36 a 8 mil anos). Os resultados mostraram que hà 
p. 114.


300 mil anos o tamanho do crânio atual já estava fixado em nossa linhagem (e na dos neandertais, mas por vias distintas). A forma globular, entretanto, evoluiu mais tardiamente e de forma gradual apenas no Homo sapiens, alcançando o formato atual somente entre 100 e 35 mil anos atrás. Infelizmente, há um hiato de fósseis nesse período, não sendo possível datar com precisão quando, nesse intervalo, o fenômeno se deu. De qualquer forma, os resultados obtidos por Neubauer et al.19 mostram que essa transição de morfologia ocorreu em paralelo ao surgimento do comportamento moderno, ou seja, do comportamento simbólico, o que não deixa de ser intrigante. Como os neandertais não apresentam essa morfologia globularizada de cérebro, fica a pergunta de como podem ter tido comportamento simbólico. A resposta ofertada pelos autores19 é a de que essa capacidade devia ser apenas emergente, caso os neandertais realmente apresentassem capacidade de significação, como aliás sugerem a simplicidade das evidências simbólicas entre eles, anteriormente retratadas.

Em suma, com as evidências geradas nos últimos 20 anos - mas especialmente nos últimos 10 -, o velho e bom modelo da Revolução Criativa do Paleolítico Superior para explicar o surgimento do comportamento simbólico parece agora insustentável. Não há dúvidas de que indícios desse tipo de comportamento datam de pelo menos 130 mil anos, incluindo humanos modernos anteriores a 50 mil anos, bem como, tal-vez, os neandertais. Diante disso, é possível que, para manter nossa humanidade, tenhamos que reparti-la para não a perde-mos completamente.
A origem do singificadop. 115

1. Stringer, C. (2016). The origin and evolution of Homo sapiens. Philoso-phical Transactions of the Royal Society Series B: Biological Sciences, 371. Identificação do artigo: 20150237.

2. Wong. K. (2005). The Morning of the Modern Mind. Scientific American, 292,86-95.

3. Klein, R. G. (1995). Anatomy, behavior, and modern human origins. Journal of World Prehistory, 9(2),167-198.

4. Klein, R. G. (2000), Archeology and the evolution of human behavior. Evolutionary Anthropology, 9,17-36.

5. Liu, W., Martinón-Torres, M., Cai, Y. et al. (2015). The earliest unequivo-cally modern humans in southern China. Nature, 526,696-699.

6. Michel, V., Valladas, H., Shen, G., Wang, W., Zhao, J. X, & Shen, C. C., Valensi, P., & Bae, C. J. (2016). The earliest modern Homo sapiens in China? Journal of Human Evolution, 101,101-104.

7. D'Errico, F., Zilhão, J., Julien, M., Baffier, D., Pelegrin, J. (1998). Nean-derthal acculturation in western Europe? A critical review of the evi-dence and its interpretation. Current Anthropology. 39,1-44.

8. Higham, T., Jacobi, R., Julien, M., David, F., Basell, L., Wood, R., Davies, W., & Ramsey, C. B. (2010). Chronology of the Grotte du Renne (France) and implications for the context of ornaments and human remains wi-thin the Châtelperronian. Proceedings of the National Academy of Sciences, 107(47),20234-9.

9. Mellars, P. (2010). Neanderthal symbolism and ornament manufacture: the bursting of a bubble? Proceedings of the National Academy of Sciences. 107(47),20147-20148.

10, Caron, F., D'Errico, F., Del Moral, P., Santos, F., & Zilhão, J. (2011). The Reality of Neandertal Symbolic Behavior at the Grotte du Renne, Arcy--sur-Cure, France. PLOS ONE, 6(6): e21545.

11. White, R. (2001). Personal ornaments from the grotte du Renne at Ar cy-sur-Cure (Special issue on the Middle/Upper Paleolithic transition). Athena Review, 2(4),41-46.

12. Hoffmann, D. L., Angelucci, D. E., Villaverde, V., Zapata, J., & Zilhao, J. (2018). Symbolic use of marine shells and mineral pigments by Iberian Neandertals 115,000 years ago. Science Advances, 4,eaar5255.

13. Hoffmann, D. L., Standish, C. D., García-Diez, M., Pettitt, P. B., Milton, J. A., Zilhão, J., Alcolea-González, J. J., Cantalejo-Duarte, P., Collado, H., De Balbin, R., Lorblanchet, M., Ramos-Muñoz, J., Weniger, G. C., & Pike, A. W. G. (2018). U-Th dating of carbonate crusts reveals Neander-tal origin of Iberian cave art. Science, 359,912-915.

14.Prüfer, K., Racimo, F.. Patterson, N. et al. (2013) The complete genome sequence of a Neanderthal from the Altai Mountains. Nature, 505,43-49.

15.Weaver, T. D., Roseman, C. C., & Stringer C. B. (2008). Close correspon-dence between quantitative and molecular-genetic divergence times for Neandertals and modern humans. Proceedings of the National Academy of Sciences, 105,4645-4649.

16.Stringer, C. (2012). Evolution: What makes a modern human. Nature, 485,33-35.

17.Endicott, P., Ho, S. Y. W., & Stringer, C. (2010). Using genetic eviden-ce to evaluate four palaeoanthropological hypotheses for the timing of Neanderthal and modern human origins. Journal of Human Evolution, 59,87-95.

18.Meyer, M. (2016). Nuclear DNA sequences from the Middle Pleistocene Sima de los Huesos hominins. Nature, 531,504-507.

19.Neubauer, S., Hublin, J. J., & Gunz, P. (2018). The evolution of modern human brain shape. Science Advances, 4(1),eaao5961.

20. Hublin, J. J., Ben-Ncer, A., Bailey, S. E., Freidline, S. E., Neubauer, S., Skinner, M. M., Bergmann, I., Le Cabec, A., Benazzi, S., Harvati, K., & Gunz, P. (2017). New fossils from Jebel Irhoud, Morocco and the pan--African origin of Homo sapiens. Nature, 546,289-292.



O homo sapiens é o único que literalmente possui inequivocamente linguagem simbólica e esta surgiu a cerca de 30.000 anos

 O homem de Neandertal teria sido capaz de emitir apenas alguns sons semelhantes a consoantes frontais e sons semelhantes a vogais centralizadas, e pode ter sido incapaz de fazer um contraste entre sons nasais e orais. Isso está bem abaixo do que é encontrado nas fonologias das línguas do mundo hoje tp. 173). Teria sido possível construir um código linguístico a partir desses sons limitados, mas isso exigiria um nível de habilidade intelectual aparentemente ausente naquele estágio evolutivo.

Por outro lado, essas habilidades fonéticas estão muito à frente dos primatas modernos. Concluiu-se, portanto, que o homem de Neandertal representa um estágio intermediário na evolução gradual da fala. O homem de Cro-Magnon (35.000 de BO, por outro lado, tinha uma estrutura esquelética muito mais parecida com a do homem moderno.
The Cambridge Encyclopedia of Language. David Crystal.Editora Cambridge University Press, 2010, , p. 300

 Só podemos especular sobre a ligação entre a linguagem oral e a gestual. Da mesma forma, a lacuna entre a linguagem humana e os sistemas de comunicação dos primatas mais próximos continua vasta, e não há sinal de um aumento semelhante à linguagem nas habilidades comunicativas à medida que se passa de mamíferos inferiores para superiores. A linguagem humana parece ter surgido em um espaço de tempo relativamente curto, talvez há apenas 30.000 anos.  Mas isso ainda deixa uma lacuna de mais de 20.000 anos antes da primeira evidência inequívoca da linguagem escrita (p. 206). Idem, p. 301

 
O fato é que toda cultura que foi investigada, não importa o quão "primitiva" ela possa ser em termos culturais, acaba tendo uma língua totalmente desenvolvida, com uma complexidade comparável àquelas das chamadas nações civilizadas. Antropologicamente falando.  pode-se dizer que a raça humana evoluiu de estados primitivos para estados civilizados, mas não há sinais de que a linguagem tenha passou pelo mesmo tipo de evolução ($48). Não há línguas da 'Idade do Bronze' ou da 'Idade da Pedra', nem foram descobertos quaisquer tipos de línguas que se correlacionem com grupos antropológicos reconhecidos (pastoral, nômade, etc.). Todas as línguas têm uma gramática complexa: pode haver relativa simplicidade em um aspecto (por exemplo, nenhuma terminação de palavras), mas parece sempre haver relativa complexidade em outro (por exemplo, posição da palavra). As pessoas às vezes pensam em línguas como o inglês como 'tendo pouca gramática, porque há poucas terminações de palavras. Mas esta é mais uma vez (§1) a influência infeliz do latim, que nos faz pensar na complexidade em termos do sistema flexional dessa língua.

Simplicidade e regularidade são geralmente consideradas características desejáveis da linguagem, mas nenhuma linguagem natural é simples ou totalmente regular.  Todas as línguas têm regras gramaticais intrincadas, e todas têm exceções a essas regras. O mais próximo que chegamos da simplicidade real com línguas naturais é no caso das línguas pidgin (§55); e o desejo por regularidade é uma grande motivação para o desenvolvimento de línguas auxiliares (§58). Mas estas são as únicas exceções. Da mesma forma, não há evidências que sugiram que algumas línguas sejam, a longo prazo, mais fáceis para as crianças aprenderem do que outras, embora, a curto prazo, algumas características linguísticas possam ser aprendidas em taxas diferentes pelas crianças de falantes de línguas diferentes (Parte VIII).

Nada disso nega a possibilidade de diferenças linguísticas que se correlacionam com características culturais ou sociais (como a extensão do desenvolvimento tecnológico), mas estas não foram encontradas; e não há evidências que sugiram que os povos primitivos sejam, em qualquer sentido, prejudicados por sua língua quando a usam dentro de sua própria comunidade. Idem, p. 6

Para maiores detalhes ver  

https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2025/01/o-que-biblia-e-ciencia-diz-sobre-origem.html

 

 Houve cruzamento entre neandertalensis e sapiens?


Em 2010, pesquisadores do Instituto Max Planck anunciaram que haviam conseguido sequenciar todo o DNA nuclear de um neandertal. Para isso, eles utilizaram três ossos, que datavam de 44 mil a 38 mil anos, obtidos no sítio de Vindija, na Croácia. Além disso, para confirmar os resultados, sequenciaram ainda o DNA de outros ossos, de sítios da Espanha, da Alemanha e da Rús sia. Tendo confirmado os resultados, foi feita uma comparação com o genorma humano. Segundo esse estudo, o DNA neandertal é ainda mais próximo ao humano do que havia sido divulgado antes, compartilhando 99,84% de seu genoma. Os pesquisadores fizeram ainda uma comparação entre o DNA neandertal e o DNA completo de indivíduos da África, da China, da França e da Nova Guiné. A pesquisa revelou que muitas pessoas possuem genes neandertais, com a exceção dos africanos. Uma explicação plausível para esse fenômeno é que tenha ocorrido intercruzamento de humanos modernos e neandertais logo após a saída dos humanos modernos da África, mas antes da dispersão desses grupos para o mundo, possivelmente no Oriente Médio, entre 80 mil e 50 mil anos atrás. Ainda não existe uma resposta definitiva para essa questão, mas é provável que novos estudos sobre o DNA neandertal esclareçam essa e a outras questões que afetam nosso entendimento sobre o Homo neanderthalensis. p. 214
Dna mitcondrial diferente:
 
 A primeira extração de DNA de neandertais foi realizada em 1997, por uma colaboração envolvendo a Universidade de Munique (Alemanha) e a Universidade do Estado da Pensilvânia (Estados Unidos), utilizando um úmero de cerca de 40 mil anos encontrado em 1856 no vale do Neander, na Alemanha. Nesse caso, obteve-se mtDNA, que muitas vezes é o único DNA disponível em fósseis tão antigos. O grupo de pesquisadores responsável por essa descoberta reconstruiu uma sequência de 379 bases da molécula de mt NA. Em seguida, comparou os resultados obtidos com sequências de mtDNA de 2.051 humanos de todas as partes do mundo. Na média, foram encontradas 28 diferenças entre as sequências - para comparação, entre humanos contem-porâneos, a média é de sete diferenças. Isso sugere que os neandertais não foram nossos ancestrais, e que eles não contribuíram com DNA mitocondrial para os humanos modernos. Nesse estudo, ainda, uma estimativa da idade do ancestral comum mais recente entre neandertais e Homo sapiens foi calculada, levando-se em conta a frequência usual de mutações no mtDNA. A conclusão foi que a divergência molecular teria ocorrido há cerca de 500 mil anos.

Note que a contribuição ao mtDNA é exclusivamente feminina, ou seja, uma mãe que teve somente filhos homens não terá sua linhagem de mtDNA continuada, mesmo que tenha netos. Dessa maneira, é possível dizer que a história contada pelo mtDNA é somente metade da história do que aconteceu. A sua análise não é suficiente para afirmar com certeza que os neandertais e os Homo sapiens não se intercruzaram, já que o acaso poderia ter feito com que traços do intercruzamento no mtDNA desaparecessem, principalmente considerando que a interação tenha ocorrido há dezenas de milhares de anos.

Qutros estudos de mtDNA neandertal, feitos com fósseis de locais como a caverna de Mezmaiskaya (no Cáucaso, na Rússia), a caverna de Vindija (na Croácia), Engis e Scladina (ambos na Bélgica), Okladnikov (na Sibéria) e la Chapelle-aux-Saints (na França), entre outros, cobrem boa parte da amplitude geográfica e temporal (de 100 mil até 29 mil anos atrás) dos neandertais. Esses estudos apoiam a pesquisa de 1997, confirmando a distinção genética entre neandertais e humanos. Um estudo mais recente, de 2008, recuperou o mtD NA completo de um fóssil de 38 mil anos de idade, descoberto na caverna de Vindija, na Croácia. Usando um banco de dados com 39 milhões de fragmentos de DNA do fóssil do sítio de Vindija, o pesquisador Richard Green, da Univer sidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos, identificou 8.341 se quências de mtDNA, com uma média de 69 nucleotídeos de comprimento. A partir dessas sequências, Green reconstituiu a sequência completa do mtDNA...Além de fortalecer a visão de que as divergenicas entre humanos e neandertais superam as encontradas entre humanos...
Assim caminhou a humanidade p. 212-213

 Conclusão:

Não ha provas inequívocas de comportamento simbólico entre neadertalensis e muito menos de heidelbergensis. As únicas provas sem contestação são do Homo sapiens

 

3- QUESTIONAMENTO BÍBLICO  AO LIVRO DE CRAIG

Como já vimos no início do texto :

  • A interpretação que W. L. Craig  adota Gênesis 1 a 11 é baseada em uma análise do gênero literário desses capítulos. Segundo Craig, Gn 1-11 se encaixa no que se chama de mito-história:  "mito-história" pois trata pessoas reais e eventos reais, revestidos com a linguagem figurativa e às vezes fantástica do mito.
  • Craig cita  8 de10 características para comparar o relato de Gn 1-11 com o gênero das narrativas mitológicas.
  •  Ele reafirma com base nas genealogias  e textos do Novo Testamento (Lc 3; At 17:26; I Co 15:20-23, 42-49; Rm 5:12-19 que Adão e Eva são o primeiro casal humano, do qual todos os humanos descendem (p. 224)
  • Ele alega que textos como Mt 19:4-5 , são plausivelmente ilustrativas p. 221, assim como 2 Co 11:3. E  possivelemente 1 Tm 2:13-14 e 1 Co 11:8-9 (p. 222-223)

 

 

"Depois, há as inconsistências mencionadas acima nas narrativas, que aparentemente não eram de interesse do autor, como a ordem da criação das plantas, animais e homem, e a curiosidade que é a esposa de Caim. Por que o autor foi tão despreocupado sobre essas dificuldades? Plausivelmente porque ele não pretendia que suas histórias fossem lidas de forma literal. Juntas, todas essas características das narrativas de Adão e Eva tornam plausível que elas não devam ser tomadas literalmente. O autor nos deu uma história da origem da humanidade e da rebelião contra Deus que incorpora verdades importantes expressas em linguagem altamente figurativa.


Como o autor pentateuco tem interesse em história, ele pretende que sua narrativa seja em algum nível histórica, que diga respeito a pessoas que realmente viveram e eventos que realmente ocorreram. Mas essas pessoas e eventos foram vestidos com o traje da linguagem metafórica e figurativa do mito. Como Henri Blocher bem coloca, "A questão real quando tentamos interpretar Gênesis 2-3 não é se temos um relato histórico da queda, mas se podemos ou não lê-lo como o relato da queda histórica."105 É provavelmente inútil tentar discernir até que ponto as narrativas devem ser tomadas literalmente, quais partes são históricas e quais não. 106 Portanto, acho que as objeções de Kenton Sparks, por exemplo, de considerar a história primitiva como uma combinação de história e teologia são injustas. Se o autor de Gênesis usa imagens míticas, Sparks exige, então quais imagens são símbolos míticos e quais estão mais próximas da representação histórica? Uma serpente falou no jardim? A primeira mulher foi feita da costela de Adão? Houve um dilúvio mundial?  107 Não vejo razão para pensar que a viabilidade de uma análise de gênero de Gênesis 1-11 como mito-história deva implicar a capacidade de responder a tais questões. O autor não traça linhas de distinção tão claras para nós.

Quais são, então, algumas das verdades centrais expressas na história primitiva? As seguintes vêm prontamente à mente:...p. 201

105. Henri Blocher, Original Sin: Illuminating the Riddle (Grand Rapids: Eerdmans, 1997), 50.

106. Isso equivaleria a nefelococcígia literária, para tomar emprestada a maravilhosa metáfora de Speiser.

107. Kenton L. Sparks, "Response to James K. Hoffmeier", em Halton, Genesis, 64-65-



1. Deus é um, um Criador pessoal e transcendente de toda a realidade física, perfeitamente bom e digno de adoração.

3. Deus projetou o mundo físico e é a fonte final de sua estrutura e formas de vida.

1. O homem é o ápice da criação física, um agente pessoal, embora finito, Deus, e, portanto, exclusivamente capaz de todas as criaturas da Terra conhecerem Deus.

4. A humanidade é de gênero, homem e mulher sendo de igual valor, com o casamento dado à humanidade para procriação e mutualidade, a esposa sendo uma ajudadora de seu marido.

5. O trabalho é bom, uma tarefa sagrada de Deus para a humanidade para administrar a terra e suas criaturas.

6. A exploração humana e a descoberta do funcionamento da natureza são um resultado natural das capacidades do homem, em vez de dádivas divinas sem iniciativa e esforço humanos.

 7. A humanidade deve separar um dia por semana como sagrado e para descanso do trabalho.

8. O homem e a mulher escolheram livremente desobedecer a Deus, sofrendo alienação de Deus e morte espiritual como seu justo deserto, condenados a uma vida de dificuldades e sofrimento durante esta existência mortal.

9. O pecado humano é aglomerativo e autodestrutivo, resultando no justo julgamento de Deus.

10. Apesar da rebelião humana contra Deus, o propósito original de Deus de abençoar toda a humanidade permanece intacto, pois ele graciosamente encontra uma maneira de fazer sua vontade apesar do desafio humano.

Estas são algumas das verdades fundamentais ensinadas pela história primitiva de Gênesis 1-11. Tais verdades não dependem da leitura literal das narrativas.

RESUMO E CONCLUSÃO

Gênesis 1-11 exibe um grande número de semelhanças familiares características dos mitos, especialmente a presença proeminente e abundante de motivos etiológicos.  Ao mesmo tempo, o interesse dos capítulos pela história, mais evidente em seus avisos genealógicos que ordenam cronologicamente as narrativas, revela que estamos lidando aqui, não com mito puro, mas com uma espécie de mito-história. Estudos comparativos de mitos contemporâneos e do ANE mostram que as histórias mitológicas não precisam ser lidas linearmente. Elementos teóricos e inconsistências da história primitiva de Gen-engly sugerem que este é o caso para estes capítulos. Com estes resultados em andamento, agora nos voltamos para um exame dos materiais do NT relevantes para o Adão histórico." In quest of the historical Adam, p. 202

 

Argumentos de Craig:

5.1- Deus é apresentado como uma divindade humanoide nos cap. 2 e 3 de Gênesis

 Se  Gênesis 1-11 funciona como mito-história, então esses capítulos não precisam ser lidos literalisticamente. Alguns dos relatos, como a origem e a queda do homem, são claramente metafóricos ou figurativos por natureza, apresentando uma divindade humanoide incompatível com o Deus transcendente da história da criação. Outros, como vimos, seriam fantásticos, até mesmo para o próprio autor, se tomados literalmente. Como tudo o que temos da história primitiva é o único relato escrito, é muito difícil saber, dada a falta de consenso sobre a história tradicional desses relatos, o grau em que essas narrativas exibem a plasticidade e a flexibilidade características do mito.

A maioria dos estudiosos considera o tratamento do relato do dilúvio como o exemplo premiado do sucesso da análise histórico-tradicional, interpretando o relato como uma combinação de dois relatos do dilúvio, um de J  [fonte Javista]e um de P [Fonte Sacerdotal], caso em que teríamos um bom exemplo da plasticidade e flexibilidade da história hebraica.  Mas as objeções levantadas por críticos como Wenham para...

101. Hornung, Conceptions of God, 240.

102. Hornung, Conceptions of God, 258.      p. 198

...a análise histórica-tradicional usual da história do dilúvio é suficiente para moderar a confiança em tais reconstruções hipotéticas, 103 Por outro lado, as inconsistências prima facie entre a ordem dos eventos do relato da criação da humanidade sugerem que o autor pentateuco não teria se preocupado excessivamente em relacionar eventos em uma ordem um pouco diferente, desde que as verdades teológicas centrais fossem expressas fielmente. Talvez o autor nem mesmo tenha considerado seu próprio relato como estático e final, mas sim o tenha visto como um relato plástico e flexível, capaz de ser recontado de maneiras diferentes e capaz de se adaptar a novos desafios.

Quando consideramos as narrativas que estão no cerne de nossa busca — a saber, a criação e a queda de Adão e Eva nos capítulos 2 e 3 — uma interpretação não literal parece muito plausível.  

Primeiro e mais importante, como mencionado, é a divindade humanoide que aparece nesses capítulos em contraste com o Criador transcendente dos céus e da terra no capítulo 1.104 A natureza antropomórfica de Deus, meramente sugerida no capítulo 2, torna-se inescapável no capítulo 3, onde Deus é descrito como caminhando no jardim no frescor do dia, chamando audivelmente Adão, que está se escondendo dele. 

Lida sob essa luz, a criação de Adão por Deus no capítulo 2 assume um claro caráter antropomórfico. Aqui Deus é retratado, como Nintur moldando pedaços de argila ou Khnum em sua roda de oleiro, como formando o homem do pó da terra e então soprando em suas narinas o sopro da vida, de modo que a estatueta assim formada se torna viva. Não nos é dito se Deus formou todos os animais de forma semelhante quando "o SENHOR Deus formou da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu" (Gn 2:19), mas não podemos deixar de nos perguntar.  Quando Deus pega uma das costelas de Adão adormecido, fecha a carne e constrói uma mulher...

103. Gordon J. Wenham, Genesis 1-15, WBC 1 (Grand Rapids: Zondervan, 1987), 156-57.

104. As descrições antropomórficas de Deus nos caps. 2-3 não são plausivelmente tomadas como uma teofania de Deus em forma humana, como temos na aparição de Deus a Abraão em Gênesis 18, como sugerido por John D. Currid, "Theistic Evolution Is Incompatible with the Teachings of the Old Testament", em Theistic Evolution: A Scientific, Philosophical, and Theological Critique, ed. J. P. Moreland et al. (Wheaton: Crossway, 2017), 858. Pois (1) a linguagem da teofania está ausente dos caps. 2-3, em contraste com Gênesis 18, que começa.  "E o SENHOR lhe apareceu junto aos carvalhos de Manre, estando ele assentado à porta da sua tenda, no calor do dia. Levantou os olhos e olhou, e eis que três homens estavam diante dele" (vv. 1-2). E (2), crucialmente, Deus é descrito antropomorficamente nos caps. 2-3 mesmo quando não aparece a Adão, como na história de Deus moldando Adão do pó da terra e soprando em suas narinas o fôlego da vida, ou como na história de Deus construindo Eva a partir da costela de Adão enquanto Adão está inconsciente. p. 199

... a partir disso, a história soa como uma cirurgia física que se realiza em Adão dada a presença corporal de Deus no jardim, as conversas entre Deus e os protagonistas na história da queda são lidas como um diálogo entre nós e aqueles fisicamente presentes para alguém que as faz sair da pele de Adão e Eva das peles de animais e expulsá-los do jardim soam como atos físicos do Deus humanoide. Dada a natureza exaltada e transcendente de Deus descrita na história da criação, o autor pentateuco não poderia ter pretendido que essas descrições fossem tomadas literalmente. Elas estão na linguagem figurativa do mito. In quest of  the historical Adam, p. 200

Resposta:

1-Deus é apresentado no cap. 1 de Gênesis como criador do Universo (céus e Terra é o termo para Universo material),  ou seja, criador do tempo, do espaço e da matéria. Portanto Deus é incorpóreo, eterno, transcendente. Portanto ao ler o capítulos seguintes a Gn 1 , presume-se que os atributos da divindade já fossem deduzidos do texto.

2- O argumento de que a linguagem da Teofania está ausente em contraste de Gn 18 é um argumento muito fraco, pois a unica distinção é o termo "apareceu". Por que não se afirma neste texto que Deus é uma divindade humanóide? Poderia se argumentar que a divindade dos Hebreus morava nos ceus dos ceus e descia literalmente para visitar seu povo. Devemos observar que em toda a bíblia é usada uma linguagem na qual muitas vezes sentimentos humanos (antropopatia) Gn 32:10, são atribuídos a Deus, assim como forma humana (atropomorfismos) e  ações humanas (antropopoieses):

 "a Bíblia emprega três tipos básicos de declaraçõess matafóricas sobre Deus. Em primeiro lugar, há antropomorfismos que descrevem Deus em forma humana, como tendo olhos (por exemplo Hb 4:13, ouvidos (2 Cr 6:40) e braço (Dt 5:15). Depois há antropopatismo que descrevem Deus tendo sentimentos humanos variáveis, como ira e tristeza (Ef 4:30). Por fim, há antropoieses que atribuem a Deus ações humanas como arrepender-se (Gn 6:6) e esquecer-se (Is 43:25). Nenhumas destas descrições tem a intenção de ser literalmente verdadeiras, e considerá-la assim pode conduzir a erro sério" (Teologia Sistemática - Norman Geisler, vol 2, p. 568)

5.2- Não houve um tempo que a terra estava desprovida de chuvas, na mente Iraelita

Além disso, vimos que muitas características dessas histórias são fantásticas, ou seja, palpavelmente falsas se tomadas literalmente. Anteriormente, usávamos esse fato como uma marca para identificar narrativas como mitos. Mas agora limitamos nossa consideração às características da narrativa que o próprio autor teria plausivelmente considerado fantásticas.  À luz da afirmação do capítulo 1 de que Deus havia separado as águas de cima das águas de baixo, é difícil acreditar que o autor pensou que houve um tempo em que a terra estava desprovida de chuva. Assim como as águas de baixo tomaram a forma de mares, rios e fontes, as águas de cima tomaram a forma de chuva. 

Então, uma terra repleta de mares, rios e fontes, mas sem chuva, parece fantástica, mesmo para um antigo israelita, dado seu conhecimento do ciclo da água. In quest of  the historical Adam, p. 200

 Resposta:

1-Usando o argumento do estranhamento na mente do antigo Isralita, o que ele pensaria de um Deus diferente dos deuses Egípcios que eram criaturas? Deu um planeta que no seu início não era próprio á vida? Ou que os astros não eram deuses? Será que o antigo Israelita acreditava na Pangéia?

Na verdade a humanidade sabe hoje que o planeta terra já foi inabitado, sem vida e estava coberto de água em toda a sua superfície, e que não havia  continentes:

"há cerca de 4,3 bilhoes de anos...assim o nosso planeta foi recoberto por uma capa relativamente delgada de água, cuja espessura média chegava a 4 km. nessa época os continentes ainda não existiam" A evolução geológica da terra e a fragilidade da vida. Kenitiro Suguio.. Uko Suzuki  Editora Blucher p. 3

...a terra de 4,3 ba atras estava totalemente envolta de uma camada de água de 4000 m de espessura"  (Idem, p. 5)



2- O texto diz que a chuva fez brotar as árvores que foram criadas, brotaram no 3º dia (tempo) e a criação do homem foi posterior (no sexto dia)

Gênesis 2:5 Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o SENHOR Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.

Gn 1:11 E disse: Produza a terra relva, ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez.
12 A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.
13 Houve tarde e manhã, o terceiro dia.

Gn 1:26  Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.
27  Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
28  E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.
29  E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.
30  E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.
31  Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.

Não se pode isolar o texto de Gn 2:5 de Gn 1

 3- É bom esclarecer que o termo YOM literalmente signigica um "período de tempo" e interpretar ele como sendo de duração grande é uma intepretação LITERAL http://criacionismodaterraantiga.blogspot.com/2015/09/a-criacao-dos-ceus-e-da-terra.html  ou seja, intepretar como dias de 24 horas embora seja possível contradiz a narrativa completa (ver no link)

 

5.3- Não havia árvores mágicas ou miralulosas

Além disso, a ideia de um arboreto contendo árvores dando frutos que, se comidos, confeririam imortalidade ou produziriam conhecimento repentino do bem e do mal deve ter parecido fantástica para o autor pentateuco. Lembre-se de que não estamos lidando aqui com frutos milagrosos, como se Deus, na ocasião de comer, impusesse sobrenaturalmente ao comedor a imortalidade ou o conhecimento do bem e do mal contra a vontade de Deus. (In quest of  the historical Adam, p. 200)

Resposta:

1-De fato, o texto não diz que Adao e Eva se tornaram como Deus. Eles conheciam o bem, e por causa do pecado da desobediencia, conheceram o mal. Isto não torna a árvore mágica ou mesmo simbólica. O pecado foi a desobediência. 

2-Craig acerta ao dizer que o homem não era imortal (p. 224 e 225 do livro) , mas mortal visto que explicitamente Paulo mostra isso em 1 Co 15 , mas isso não dá base para dizerr que em Gn 3 a árvore da vida era simbólica. Claramente em Ap 22 ela é simbólica visto que corpos imortais não precisarem de nada para sua imortalidade. Por outro lado a árvore da vida poderia compreender  substancias naturais que não apenas retardam o envelhecimento (como ja se descobriu hoje) mas o impedem.

O homem foi expulso do jardim e impedido de comer da fruta literal e ter acesso a imortalidade. A imortalidade humana era dada pelo comer da árvore da vida. Ou seja, os animais eram mortais como o homem e a morte já havia no mundo ao contrário do que diz os criacionistas da Terra Jovem.


 5.4-O jardim do Edém e seus rios

"...dadas as identificações tradicionais, até mesmo um antigo Isrelita com algum  conhecimento geográfico teria achado a descrição dos rios fantástica, que seria óbvio que o Nilo pelo menos não tem a mesma fonte que o Tigre e o Eufrates" In quest of  the historical Adamp. 114-115

  O meio mais plausível de interpretar a passagem literalmente seria tomar os quatro rios como tributários do rio que rega o Jardim do Éden."4 Speiser pensa que quando o texto diz que o rio "fluía do Éden", o autor assume o ponto de vista de alguém no jardim e olhando rio acima. Quando Gênesis 2:10 diz que o rio do Éden se tornou quatro "cabeças" (ro'sim), está se referindo às quatro fontes distantes ou nascentes dos rios que chegam. 15 À medida que alguém sai do Jardim do Éden, o rio se divide em quatro tributários nomeados. Tal ponto de vista invertido colocaria o Jardim do Éden na antiga costa do Golfo Pérsico, na qual o Tigre e o Eufrates deságuam. O Pishon e o Giom poderiam então ser identificados de várias maneiras, por exemplo, como os rios Kerkha e Diyala ou como os rios Karun e Kerkha.

 Wenham reclama que Speiser não lida com a declaração clara do texto de que os rios fluem para fora (yaşa') do Éden, não para dentro dele." Hamilton reconhece que várias passagens do AT usam yaşa' para descrever o pro-cesso de um rio de sua fonte (veja especialmente Zacarias 14:8, que tem, como Gênesis 2:10, yāsā mayim para descrever o fluxo do rio de Jerusalém para os mares). Ele simplesmente aceita a alegação de Speiser de que a frase em Gênesis 2:10 deveria ser simplesmente fluir de" mas "nascer em. Por sua vez, Wenham pergunta se a insolúvel geografia , incluindo o fluxo reverso dos rios, não é uma indicação da adoção de "antigos motivos mitológicos" nas narrativas por Gênesis.

A anomalia de um "fluxo reverso", no entanto, pode não ser contemplada pelo texto.  Pois Gênesis 2:8 fala do Éden como uma área geográfica a leste na qual Deus plantou um jardim. Em 2:10, "Éden" ainda designa esta região, não o jardim, afirmando que o rio fluía do Éden para o jardim para regá-lo.  In quest of the historical Adam, p. 115-116

O Jardim do Éden pode ter sido descrito como existindo em uma localização geográfica real, o Oásis do Golfo Pérsico, mas, como o Monte Olimpo, esse local pode ter sido empregado para contar uma história mitológica sobre o que aconteceu naquele local. Idem, p.200


Resposta:

O fato da dificuldade de  localizar hoje a origem dos quatro rios do Jardim do Édem (atualmente) ou na época dos Hebreus, nao significa que o texto seja fantástico ou tenha incongruencias.

 Gn 2:11  O primeiro chama-se Pisom; é o que rodeia a terra de Havilá, onde há ouro.
12  O ouro dessa terra é bom; também se encontram lá o bdélio e a pedra de ônix.
13  O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda a terra de Cuxe.
14  O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates.

 O rio, por bom símbolo que seria da vitalidade que flui da terra santa (cf. SI 36:8,9; Ez 47:1-12; Ap 22:1,2), é apresentado como inteiramente literal, com dois dos seus “ quatro braços” (10, AV, RV, AA) sendo os bem conhecidos Tigre (Hiddekel, AV, cf. Dn 10:4) e Eufrates (14). Desde que estes dois são enumerados como correndo do Oriente para o Ocidente, parece que os desconhecidos Pisom (11) e Giom (13) deviam localizar-se ainda mais para o Oriente, o que combina com o nome Cuxe (13, VR, RSV, AA), entendido como sendo o território cassita a leste do Tigre, e não a remota Etiópia (AV) que se trata doutra Cuxe. 

Havilá (11; terra arenosa?) consta como ligada a Cuxe em 10:7, e Cuxe à Babilônia (10:8,19), que os cassitas invadiram em certo período.14 

 A área, então, talvez seja uma extensão territorial relativamente compacta, acima do Golfo Pérsico, para onde.correm os rios Tigre e Eufrates, entre outros. Este golfo, cujo regime de marés produz “ irrigação e drenagem naturais” da região do estuário, segundo P. Buringh,'5 tomando-a própria para “ vegetação” e “ árvores frutíferas” já em épocas primitivas, poderia ser o “ rio” do versículo 10 — pois um nome antigo do Golfo Pérsico era nar marratum, “ rio amargo” — e, neste caso, os. “ quatro braços” seriam as quatro bocas das quais os rios aqui delineados subiam corrente acima, a modo dos exploradores.16p.

 14 Mas Sebá, em Gn 10:7, poderia indicar a Arábia Meridional, onde se localizava a (outra?) Havilá de 10:29
15 “ Living Conditions in the lower M esopotamian Plain in Ancient Times” , artigo em Sumer, XIII, 1957, p. 31-46, a que se refere E. A. Speiser, The Rivers o f Paradise:
Festschrift J . Friedrich (Heidelberg, 1959).
16 Speiser, loc cit., p. 477-482; cf. A. H. Sayce, HDB, I, p. 643ss.; T. C. Mitchell, N D B, p. 453.
17 Cf. E. Hull, HDB, 1, p. 259.
Gênesis- Introdução e Comentário. Derek Kidner. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 60

O próprio Craig  sugeiru rios, https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2024/12/rios-do-jardim-do-edem-e-fontes.html .(veja no link). 

  Como já vimos acima Derek Kidner reconhece o sentido literal do verbo sair, mas mostra que o texto se refere a perspecitva de navegação de subir a correnteza


5.5- A cobra no Jardim

Então há a notória cobra no jardim. Ela é um grande personagem na história, conivente, sinistro, oposto a Deus, talvez um símbolo do mal, mas não plausivelmente um réptil literal como alguém poderia encontrar em seu próprio jardim, pois o autor pentateuco sabia que cobras não falam nem são agentes inteligentes. Novamente, a personalidade e a fala da cobra não podem ser atribuídas à atividade milagrosa de Deus, para que Deus não se torne o autor da queda.  In quest of the historical Adam, p. 200

 Resposta:

Gn 1-11 podem ser lidos literalmente, sem incongruencias. Obviamente como já vimos a biblia usa de linguagens metaforicas para se referir a Deus muitas vezes. Há também caso óbvios de linguagem metafórica como por exemplo: "face das águas", " comportas do céu" e etc. |Podemos ver claramente que o termo "ferirá a cabeça" "ferirá seu calcanhar" não sãol literais. Assim como o texto não diz que Sataás estava dentro de uma serpente  etc. A serpente é na verdade o próprio Satanás https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2015/10/a-serpente-de-gn-3-era-uma-cobra-ou-um.html

 

5.6- Querubins

 Quando Deus expulsa o homem e sua esposa do Jardim do Éden, ele posiciona na entrada oriental "os querubins, e uma espada flamejante que se voltava para todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida" (Gn 3:24). O que torna esse detalhe fantástico é que os querubins não eram considerados seres reais, mas fantasias compostas de um corpo de leão, asas de pássaro e cabeça de homem. Nahum Sarna observa que o motivo de figuras compostas de humanos-animais-pássaros era difundido em várias formas na arte e no simbolismo religioso no Crescente Fértil, e os querubins bíblicos parecem estar conectados a essa tradição artística. 126 O nome querubins parece estar relacionado aos kuribu, touros com cabeça de homem e asas de águia que frequentemente ficavam do lado de fora dos templos mesopotâmicos. 

Os querubins desempenhavam vários papéis na tradição bíblica, como simbolizar a presença ou a soberania de Deus.  Representações artísticas de tais criaturas eram encontradas no tabernáculo e no templo, incluindo o santo dos santos (Êx 25:18-22; 26:31; 1 Rs 6:23-29). Sarna ressalta que elas são a única representação pictórica permitida em uma religião anti-icônica. Elas não violam a proibição contra imagens porque são "puramente produtos da imaginação humana" e, portanto, "não representam nenhuma realidade existente no céu e na terra". 127 Assim, imagens delespoderiam ser feits no antigo Isreal sem quebrar o segundo mandamento proibindo imgens de coisas do céu (Êx 20:4-5),. No entanto, aqui em Gênesis 3, eles são postados como guardas em um tempo e lugar em imagens de coisas históricas (junto com uma espada giratória e brilhante) para guardar por um tempo indeterminado o Jardim do Éden contra a reentrada do homem. In quest of the historical Adam, p. 119-120

 
. 126. Sarna, Gênesis, "Excursus 1: The Cherubim," 375-76.  Veja James B. Pritchard, ed., The Ancient Near East: An Anthology of Texts and Pictures (Princeton: Princeton University Press, 2011), placas 163, 165.
127. Sarna, Genesis, 375-76. Cassuto interpreta os querubins e a espada brilhante como símbolos de ventos de tempestade e relâmpagos que guardam o caminho para o Jardim do Éden

 Quando Deus expulsa Adão e Eva do jardim e coloca querubins e uma espada brilhante em sua entrada para bloquear sua reentrada, isso sem dúvida não pretende ser literal, já que os querubins eram considerados como criaturas de fantasia e símbolo. Não é como se o autor pensasse que o realismo requer que os querubins permanecessem na entrada do jardim por anos a fio até que ele fosse coberto de ervas daninhas ou levado pela enchente. Idem, p. 200

Resposta;

Ez 10 fala de seres celestiais, os querubins. Não se trata das imagnes compostas de um corpo de leão, asas de pássaro e cabeça de homem

 Ezequiel 10:1  Olhei, e eis que, no firmamento que estava por cima da cabeça dos querubins, apareceu sobre eles uma como pedra de safira semelhando a forma de um trono.
Ezequiel 10:2  E falou ao homem vestido de linho, dizendo: Vai por entre as rodas, até debaixo dos querubins, e enche as mãos de brasas acesas dentre os querubins, e espalha-as sobre a cidade. Ele entrou à minha vista.
Ezequiel 10:3  Os querubins estavam ao lado direito da casa, quando entrou o homem; e a nuvem encheu o átrio interior.
Ezequiel 10:5  O tatalar das asas dos querubins se ouviu até ao átrio exterior, como a voz do Deus Todo-Poderoso, quando fala.
Ezequiel 10:6  Tendo o SENHOR dado ordem ao homem vestido de linho, dizendo: Toma fogo dentre as rodas, dentre os querubins, ele entrou e se pôs junto às rodas.
Ezequiel 10:7  Então, estendeu um querubim a mão de entre os querubins para o fogo que estava entre os querubins; tomou dele e o pôs nas mãos do homem que estava vestido de linho, o qual o tomou e saiu.
Ezequiel 10:8  Tinham os querubins uma semelhança de mão de homem debaixo das suas asas.
Ezequiel 10:9  Olhei, e eis quatro rodas junto aos querubins, uma roda junto a cada querubim; o aspecto das rodas era brilhante como pedra de berilo.
Ezequiel 10:12  Todo o corpo dos querubins, suas costas, as mãos, as asas e também as rodas que os quatro tinham estavam cheias de olhos ao redor.
Ezequiel 10:15  Os querubins se elevaram. São estes os mesmos seres viventes que vi junto ao rio Quebar.
Ezequiel 10:16  Andando os querubins, andavam as rodas juntamente com eles; e, levantando os querubins as suas asas, para se elevarem de sobre a terra, as rodas não se separavam deles.
Ezequiel 10:18  Então, saiu a glória do SENHOR da entrada da casa e parou sobre os querubins.
Ezequiel 10:19  Os querubins levantaram as suas asas e se elevaram da terra à minha vista, quando saíram acompanhados pelas rodas; pararam à entrada da porta oriental da Casa do SENHOR, e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.
Ezequiel 10:20  São estes os seres viventes que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao rio Quebar, e fiquei sabendo que eram querubins.
Ezequiel 11:22  Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas os acompanhavam; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.

O próprio Satanás era um querubim, aqui comparado ao rei de Tiro por causa da soberba:

Ez 28:13  Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados.
14  Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas.
Ezequiel 28:14 Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas.

 

"Apesar das várias associações com o Antigo Oriente Próximo sugeridas pelos estudiosos, a origem do termo kerutbim (-> #4131) não é claramente definida. Na Bíblia, o termo é registrado pela primeira vez em Gn 3.24, em que os querubins aparecem como seres vivos. Voltam a ser mencionados somente em Êxodo 25, em que são objetos feitos de ouro. Das dezessete ocorrências em Êxodo, a maioria diz respeito aos querubins do propiciatório, apesar de haver também diversas referências aos querubins bordados nas cortinas do tabernáculo. Êxodo não descreve a forma dos querubins em detalhes nem menciona como era o rosto deles. Com base em paralelos do OMA [Oriente Médio Antigo], acredita-se que quando não são descritos de outro modo (Ez 10.14; 41.18), possuíam rosto humano. As ilustrações de Pritchard de seres alados, várias delas de Ninrode, mostram figuras humanas e animais aladas e complexas com rosto humano (figs. 212,458, 614, 617, 646, 647, 855, 857). Pares de esfinges egípcias voltadas uma para a outra (fig. 650) apresentam certa semelhança com os querubins da arca, apesar de não terem elas aparência humana.
A falta de detalhes acerca dos querubins pode indicar que seu aspecto fosse conhecido de modo geral no OMA. O melhor a se fazer nesse caso é tentar reconstituir a aparência deles de acordo com o texto. Não é raro os retratos se basearem excessivamente em análogos do OMA e deixar de examinar com atenção o texto do AT. Podemos afirmar com certeza que os querubins do tabernáculo eram fundidos à tampa da arca, feitos de ouro puro, retratados em pé, um voltado para o outro, com a cabeça curvada em direção à tampa da arca e com as asas estendidas e se tocando, como que protegendo a arca. Os querubins são entendidos de várias maneiras: como um trono, suportes de um trono, guardiões de um trono ou escabelo junto a um trono. Estsa diversidade de interpretações se deve ao fato de a tampa e os querubins (bem como o tabernáculo e a arca) fazerem parte de uma controvérsia de longa data acerca da função e relação deles com a natureza da presença de Javé no santuário (ver item 5, abaixo). Devemos ter em mente que os kerúbim não eram associados exclusivamente à arca.  Novo dicionário internacional de teologia e exegese / Willem A. VanGemeren; . _São Paulo: Cultura Cristã, 2011, vol 1 p. 490
QUERUBIM. Em hebraico, plural de cberub, um ser celestial. Os querubins guardavam a árvore da vida no Éden (Gn 3.24), e imagens douradas desses seres foram colocadas sobre a arca da aliança para guardar simbolicamente seu conteúdo e com as asas abertas prover um pedestal visível para o trono invisível de Deus (Êx 25.18ss.). Em Ez 10, o trono-carruagem de Deus era carregado por querubins. Imagens de querubins foram incluídas na decoração do templo (lR s 6.23ss.). A aparência deles não é descrita com clareza.
Uma das visões de Ezequiel mostrava-os com dois rostos (E z 4 l.l8 s.), outra, com quatro rostos e quatro asas (Ez 10.21).
Escavações em Samaria e Bildos (Gebal) descobriram imagens com rosto humiino, corpo de animal com quatro patas e duas asas que podem ser representações de querubins." Dicionário Bíblico Vida Nova / editor. D erek W illiam s ; São Paulo :Vida Nova, 2000.

 


5.7- Seis dias da criação

 Com relação ao firmamento, embora muitos estudiosos tenham afirmado que a raqia' é uma cúpula dura cobrindo a terra, o texto de Gênesis não diz isso," e veremos que os paralelos do ANE [Antigo Oriente Próximo] aduzidos em apoio a essa noção revelam-se, após exame, metafóricos, não literais.  Com relação aos luminares, embora pareça natural ler a criação dos luminares cronologicamente em vista dos dias numerados ordinalmente, tal interpretação não se impõe a nós. Pois não faria sentido para um autor antigo afirmar a existência do ciclo do dia e da noite, da tarde e da manhã (efetivamente, pôr do sol e nascer do sol) nos dias 1-3 na ausência do sol. A existência de dias anteriores à existência do sol pode ser considerada uma incoerência no texto, indicativa de um gênero mítico. Mas outra possibilidade é ler a criação dos luminares não  cronologicamente.  Isso pode ser feito tomando os dias como um mero recurso literário para enquadrar a narrativa" ou tomando a criação no dia 4 ser fora de uma sequencia cronológica. Neste caso não se tem a fantástica declaração que o sol foi criado depois da vegetação, paa não mencionar que foi depois de 3 tardes e manhãs

O que é fantástico e, portanto, mitológico em Gênesis 1 é a criação do mundo ao longo de seis dias consecutivos. O padrão de tarde e manhã mostra que dias solares comuns, não eras longas, são pretendidos. Além disso, o fato de que as manhãs sucessivas representam em cada caso o amanhecer do dia consecutivo mostra que nenhuma lacuna entre os dias é contemplada. Pode ser que até mesmo o próprio autor tenha encontrado a criação em seis dias literais fantástica,  pois ele relata como realizados em um dia eventos que ele  não poderiam ter acontecido naturalmente em vinte e quatro horas, mas que, no entanto, não são milagrosos, como a drenagem do oceano primordial para os mares no dia 2 (cf. Gn 8:3) ou a geração da Terra que produz sementes e árvores frutíferas no dia 3. Se assim for, ele pode ter tomado o relato da criação como mitológico, o que também explicaria sua despreocupação sobre a existência do dia e da noite antes da criação ostensiva do sol no dia 4.  In quest of the historical Adam, p.109-110

Respsota:

 1- Vemos claramente que o universo foi cirado no princípio, o termo "ceus e terra" é termo universo, logo o sol foi criado neste momento Gn 1:1

Jr 33:25 Assim diz o SENHOR: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não mantiver as leis fixas dos céus e da terra,
Gn 33:25
Sl 121:2
Sl 124:8
Sl 134:3
At 17:24
Ap 14:7 
 
2- o termo '"Haja" pode também ser traduzido como 'APAREÇA" e não necessariamente 'vir a ser, exisitir". Como Deus criou o Universo num passado remoto a luz já existia no universo e na via láctea, mas não penetrava  na superfíice da terra, onde havia trevas e Deus removeu este empecilho deixando a luz passar mas não ao ponto de tornar visível o sol e os outros astros, o que somente aconteceu no quarto dia-era. Ou seja, havia trevas na terra e não no Universo
:Gênesis 1:3 Disse Deus: Haja luz; e houve luz. (houve luz na face das águas)
dia claro, mas sem aparecer visível o sol, mas que permite que as plantas façam seu trabalho

Gênesis 1:14 Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos.
 
01961 hyh hayah = haja
uma raiz primitiva [veja 01933]; DITAT-491; v
1) ser, tornar-se, vir a ser, existir, acontecer
1a) (Qal)
1a1) ——-
1a1a) acontecer, sair, ocorrer, tomar lugar, acontecer, vir a ser
1a1b) vir a acontecer, acontecer
1a2) vir a existir, tornar-se
1a2a) erguer-se, aparecer, vir
1a2b) tornar-se
1a2b1) tornar-se
1a2b2) tornar-se como
1a2b3) ser instituído, ser estabelecido
1a3) ser, estar
1a3a) existir, estar em existência
1a3b) ficar, permanecer, continuar (com referência a lugar ou tempo)
1a3c) estar, ficar, estar em, estar situado (com referência a localidade)
1a3d) acompanhar, estar com


 
                                 
3- Desta forma a luz do sol passou a iluminar a terra no dia 1 e o astro se tornou visível no dia 2
                                         

01961 hyh hayah = haja
uma raiz primitiva [veja 01933]; DITAT-491; v
1) ser, tornar-se, vir a ser, existir, acontecer
1a) (Qal)
1a1) ——-
1a1a) acontecer, sair, ocorrer, tomar lugar, acontecer, vir a ser
1a1b) vir a acontecer, acontecer
1a2) vir a existir, tornar-se
1a2a) erguer-se, aparecer, vir
1a2b) tornar-se
1a2b1) tornar-se
1a2b2) tornar-se como
1a2b3) ser instituído, ser estabelecido
1a3) ser, estar
1a3a) existir, estar em existência
1a3b) ficar, permanecer, continuar (com referência a lugar ou tempo)
1a3c) estar, ficar, estar em, estar situado (com referência a localidade)
1a3d) acompanhar, estar com


Assim não precisamos concluir de maneira precipitada e anti-ceintífica que Deus criou o Sol e Lua no 4º dia
 
 
4- O termo tarde e manha , tomado em termos de horas são 12 horas e não 24 horas
 “... duma tarde  (ereb) a outra tarde (ereb), celebrareis o vosso sábado” Lv 23.32
 
5- O dia 7 dura desde o fim da criação 
 Hb 4:3 Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo.
4 Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera.
5 E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso.
6 Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram anunciadas as boas-novas,
7 de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.
8 Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria, posteriormente, a respeito de outro dia.
9 Portanto, resta um repouso {repouso; ou repouso sabático} para o povo de Deus.
10 Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.
11 ¶ Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.

 
ORA, Deus está no sétimo dia logo, os dias não são de 24 horas!!!! MAS E´ISTO QUE DIZ GN 2:4
Estas são as origens {ou gerações} dos céus e da terra, quando foram criados; no dia (YON) em que o SENHOR Deus fez a terra e os céus.


"È significativo que o sétimo dia não termina com a oração repetida "houve tarde e manhã, o sétimo dia". (Do Shabbath para o Dia do Senhor, p. 40 Ed. Cultura Cristã)
Para maiores detalhes ver http://criacionismodaterraantiga.blogspot.com/2014/02/criacionismo-da-terra-jovem-refutado.html

 

5.8 Arca de Noé e o Dilúvio

Chegamos à história do dilúvio, um dos episódios mais fantásticos nas narrativas primordiais. Gunkel reclamou que "há muitas espécies de animais para que todos tenham sido reunidos em qualquer arca", cerca de 5,8 milhões de terrestre espécies animais somente hoje 133 Os criacionistas da Terra jovem responderam que a suposição de que Noé embarcou em membros de todas as espécies identificadas é gratuita; a arca teria tido amplo espaço para incluir membros de todos os gêneros identificados de animais terrestres, como Mas como Hugh Ross retoma. essa resposta parece "trocar uma hipótese implausível por outra. Aqueles tão avançados quanto cavalos não podem, por nenhum mecanismo observado ou postulado, evoluir ou se diversificar em uma taxa tão rápida" de modo a produzir as atuais 5,8 milhões de espécies terrestres da Terra após o dilúvio. 134

Além disso, é ainda mais fantástico que a Terra tenha sofrido um dilúvio mundial que exterminou toda a humanidade que não estava a bordo da arca, bem como todos os animais terrestres. A geologia e a antropologia modernas tornaram tal catástrofe quase impossível.  135 Geologicamente, temos evidências de vastas, mas ainda assim locais, inundações catastróficas, como a inundação que inundou a bacia do Mar Negro quando o Mar Mediterrâneo rompeu o Bósforo por volta de 5600 a.C. ou as inundações de Missoula que inundaram o estado de Washington no final da última era glacial, de cerca de quinze mil a treze mil anos atrás. Mas não existe tal evidência para um dilúvio mundial. Alguns proponentes de uma leitura literalista de Gênesis, portanto, alegaram que o dilúvio de Noé também foi uma catástrofe local, talvez para ser identificada com o desastre do Mar Negro ou uma inundação catastrófica na Mesopotâmia que ocorreu por volta de 2900 a.C., de acordo com as evidências geológicas, ou mesmo uma inundação tão antiga quanto a última era glacial....

131. Gunkel, Legends of Genesis, 7;  Hugh Ross, Navigating Genesis: A Scientist's Journey through Genesis 1-11 (Covina, CA: Reasons to Believe, 2014), 171.

133. Sarfati, Genesis, 500-516. Sarfati diz que se tomarmos o "tipo" bíblico como equivalente ao gênero criado pelo homem, então, como há cerca de oito mil gêneros, incluindo os extintos, cerca de dezesseis mil animais individuais tiveram que ser levados a bordo da arca. Animais marinhos e insetos não precisaram ser levados a bordo da arca para sobreviver ao dilúvio. Ele calcula com base nas dimensões da arca que ela teria um volume de mais de 340 caminhões semirreboque e, portanto, poderia conter 102.000 animais do tamanho de uma ovelha.

134. Ross, Navigating Genesis, 171. Ross está assumindo um dilúvio de pelo menos dez mil anos atrás.  O ponto de Ross se torna especialmente devastador quando se percebe que em uma interpretação da Terra jovem de Gênesis 1-11, Noé teve que levar cerca de mil dinossauros a bordo da arca, de modo que toda a história da evolução e extinção dos dinossauros teve que ocorrer nos cerca de trezentos anos entre o desembarque da arca e o nascimento de Abraão.

135. Para um breve, mas esmagador resumo das dificuldades, veja Ross, Navigating Genesis, cap. 17.In Quest of the Historical Adam: A Biblical and Scientific Exploration  p. 121

A questão é: o que está na raiz de tais descrições figurativas? Será que os antigos eram simplesmente propensos à hipérbole? Ou será, mais plausivelmente, que estamos lidando aqui com a linguagem do mito? Longman e Walton comparam o relato do dilúvio à literatura apocalíptica na qual um cataclismo sociopolítico pode ser retoricamente descrito em proporções cósmicas. 47 Exatamente, e a comparação sugere que na história do dilúvio estamos lidando não apenas com exagero, mas com o gênero do mito Mais tarde, Longman e Walton identificam o gênero de Gênesis como "história teológica". 148 ""Esta história, transmitida oralmente e, eventualmente, em forma escrita por meio das gerações, e se tornou um veículo muito importante para transmitir uma mensagem teológica significativa. 149 O problema com essa classificação, eles reconhecem, é que a história patriarcal de Gênesis 12-50 também é história teológica, e ainda assim a história primitiva de Gênesis 1-11 tem "uma sensação significativamente diferente", particularmente em seu uso de linguagem figurativa para descrever o passado profundo e sua semelhança com outras histórias de dilúvio do ANE. O que Longman e Walton estão descrevendo é um gênero que outros identificaram como mito-história, que distingue Gênesis 1-11 de Gênesis 12-50.150 Essa classificação explica melhor a descrição de um dilúvio mundial do que mera hipérboleIn Quest of the Historical Adam: A Biblical and Scientific Exploration Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2021)

Resposta:

 1- O termo traduzido por espécie  (min) na maioria das bíblias,não se conforma á classificação taxonômica da biologia contemóranea, mas se refere a um grupo mais genérico (ordem, família). As principais categorias taxonômicas são: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie



"min. Espécie. A palavra min ocorre em 31 passagens (principalmente Gn 1.6, 7; Lv 11;
Dt 14), sendo 30 no Pentateuco e a outra em Ezequiel 47.10.
Não é possível determinar com absoluta certeza a etimologia de min. Ludwig Koehler
interpretava que a palavra derivava do substantivo fmünâ, "forma", com algum sentido
do tipo "imaginar" ou "inventar". No seu comentário sobre Gênesis, na série International
Criticai Commentary, Skinner rejeita essa linha de raciocínio e opta, em vez disso, por
uma raiz árabe que significa "partir (a terra ao arar)", com a idéia resultante de "dividir".
Barton Payne assinala três detalhes gramaticais significativos:

 1) min é sempre usado com a preposição /', "para" ou "referente a", "de acordo com" e desse modo dá início a uma especificação ou, no dizer de Driver, uma "enumeração técnica".

 2) min sempre ocorre na forma singular, muito embora as traduções às vezes tragam a palavra no plural (Ez 47.10). Mas esse é, na realidade, um substantivo coletivo que em cada caso dá a forma genérica.

 3) min sempre vem seguido de uma das cinco terminações pronominais em forma de sufixo. O acréscimo dessas terminações sugere acentuadamente que cada forma possui o seu próprio grupo genérico, ao qual pertence por ordem do criador.
 

Alguns sustentam que, quando Deus criou min, ele com isso estabeleceu as "espécies". Essa é uma pressuposição gratuita porque não se pode demonstrar a existência de um elo entre a palavra min e o termo descritivo empregado pelos biólogos, a saber, "espécie", e porque o número de definições de espécie é tão grande quanto o de biólogos.


À luz das distinções feitas em Gênesis 1, como no caso da distinção entre relva e erva, as quais são, no entanto, membros da mesma classe (angiospermas), é possível que em alguns casos o termo bíblico min indique um grupo mais amplo, tal como uma ordem.
 

Em outro trecho, em Levítico 11.14, 15, 16, 19 (quatro vezes), 22, min aparece consistentemente com o sentido não mais amplo do que o de gênero. Contudo, Levítico II.14, "o falcão segundo a sua espécie", e 11.16, "o gavião segundo a sua espécie", referem se a divisões dentro da ordem dos falconiformes, mas assim mesmo ambos possuemsubdivisões denominadas min. Da mesma forma, conforme destaca-o Payne, a locusta, o gafanhoto devorador, o grilo e o gafanhoto pertencem todos eles à ordem dos ortópteros, e a locusta, o gafanhoto devorador e o gafanhoto pertencem à família dos acrídeos, mas novamente cada um possui suas subdivisões, que são denominadas min (gênero?).
Deus criou as formas básicas de vida denominadas min, as quais podem ser classificadas, de acordo com os biólogos e zoólogos do mundo moderno, às vezes como espécies, às vezes como gênero, às vezes como família, às vezes como ordem. Isso não representa nenhum apoio ao ponto de vista evolucionista clássico, que requer desenvolvimentos no âmbito de reinos, filos e classes
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento .São Paulo: Vida Nova

 Sendo assim Noé levou um par de Felinos, um de Canídeo, etc. Ou seja, não existe fixismo, e novas espécies (no sentido da biologia contemporânea) realmente se formam. Ou seja, não havia na época de Noé o mesmo numero de especies de hoje (no sentido atual) e portanto não se pode dizer que não cabia todos os animais na arca . Bastava Deus levar por exemplo um par de felinos ou canídeos para a diversificação e formação das espécies atuais de anmais terrestres

2- Temos evidencia que a Terra poderia ser coberta por um dilúvio pois a terra primitiva era coberta de água como indica Gênesis e a ciencia confirma

"há cerca de 4,3 bilhoes de anos...assim o nosso planeta foi recoberto por uma capa relativamente delgada de água, cuja espessura média chegava a 4 km. nessa época os continentes ainda não existiam" A evolução geológica da terra e a fragilidade da vida. Kenitiro Suguio.. Uko Suzuki  Editora Blucher p. 3

...a terra de 4,3 ba atras estava totalemente envolta de uma camada de água de 4000 m de espessura"  (Idem, p. 5)

Além disso ausencia de evidencia não é evidencia da ausência, ou seja, o fato de nãos e achar evidencias universais de um dilúvio universal, não nos deixa conculuir que não houve dilúvio universal
 

3 - Quanto as questão da altura das montanhas não podemos infeir de hoje altura de montanhas do passado e muitas outras objeções contra o dilúvio universal

Um dilúvio universal? 

Alguns estudiosos do at acreditam que há evidências de um dilúvio universal. A linguagem de Gênesis é mais intensa que a das referências observadas. A ordem de divina de levar animais de toda espécie não seria necessária se apenas a vida numa área geográfica limitada fosse destruída. Os animais poderiam migrar para repovoar a região. E Gênesis 10.32 declara que o mundo inteiro foi povoado após o Dilúvio por meio das oito pessoas que foram salvas. Isso não seria verdade se as pessoas fora da região não tivessem se afogado. Pedro refere-se à salvação de apenas oito pessoas (lPe 3.20).
O sedimento no vale da Mesopotâmia é de um dilúvio local, não do Dilúvio universal. As camadas
sedimentares em todo o mundo estão abertas a interpretação, inclusive a possibilidade de uma catástrofe mundial. Também há sinais de mudanças dramáticas na posição das massas de terra do planeta. As montanhas poderiam ter assumido formas novas, muito mais elevadas por causa das forças sem paralelo atuantes durante o Dilúvio.
 

A arca era grande o suficiente:

 Mas supondo que o Dilúvio tenha sido universal, permanece a questão de como Noé colocaria todos aqueles animais na arca. Engenheiros, programadores e especialistas em animais selvagens, todos consideraram o problema, e seu consenso é que a arca era suficiente para a tarefa. A arca era na verdade uma estrutura enorme — do tamanho de um navio moderno, com três níveis de convés
(Gn 6.16), que triplicavam seu espaço para mais de 45 000 m\ Isso é equivalente a 569 vagões de trem.

Segundo, o conceito moderno de “espécie” não é o mesmo que um “ tipo” na Bíblia. Mas, ainda que fosse, há provavelmente apenas 72 mil tipos diferentes de animais terrestres, que a arca teria de conter. Como o tamanho médio dos animais terrestres é menor que o de um gato, menos da metade da arca seria suficiente para guardar 150 mil animais — mais do que provavelmente havia. Insetos só tomam um pouco de espaço. Os animais marinhos ficaram no mar, e muitas espécies poderiam ter sobrevividos na forma de ovo. Sobraria bastante espaço para oito pessoas e a comida.
 

Terceiro, Noé poderia ter levado variedades mais jovens ou menores de alguns animais grandes. Dados
todos esses fatores, havia espaço suficiente para todos os animais, comida para a viagem e os oito seres humanos a bordo.


Navio de madeira numa tempestade violenta.
A arca era feita de madeira e carregava uma carga pesada. Argumenta-se que as ondas violentas de um dilúvio global certamente a teriam partido em pedaços (cf. Gn 7.4,11).
A arca era feita de um material forte e flexível (cedro). Cedro cede sem quebrar. A carga pesada dava
estabilidade à arca. Além disso, arquitetos navais relatam que um vagão retangular flutuante, como a arca, é o tipo de embarcação mais estável em águas turbulentas.
Um ex-arquiteto naval concluiu: “A arca de Noé era extremamente estável, mais estável, na verdade, que os navios modernos” (v. Collins, p. 86). Na verdade, os navios modernos seguem as mesmas proporções básicas. Mas sua estabilidade é reduzida pela necessidade de atravessar a água com 0 mínimo de resistência possível. Não há razão para a arca de Noé não ter sobrevivido a um dilúvio gigantesco, ou até mesmo global. Os testes de estabilidade modernos demonstraram que tal embarcação poderia enfrentar ondas de até sessenta metros e inclinar-se até quase noventa graus e voltar a se estabilizar.


Sobrevivência dentro da arca

Como todos esses animais e humanos sobreviveram mais de um ano fechados nessa arca?
Há algumas divergências quanto à duração do Dilúvio. Gênesis 7.24 e 8.3 falam que as águas do Dilúvio duraram 150 dias. Mas outros versículos parecem dizer que foram apenas quarenta dias (Gn 7.4,12,17). E um versículo indica que foi mais de um ano. Esses números referem-se a coisas diferentes. Quarenta dias é o período em que a chuva caiu sobre a terra (7.12), e 150 dias é 0 tempo em que as águas foram baixando pouco a pouco (8.3; v. 7.24). Depois disso, só no quinto
mês depois de a chuva começar a arca firmou-se no monte Ararate (8.4). Cerca de onze meses depois de a chuva começar, as águas secaram (8.13). E exatamente um ano e dez dias depois de 0 Dilúvio ter começado, Noé e sua família pisaram em terra seca (8.14). Outra resposta é que os seres vivos podem fazer qualquer coisa para sobreviver, contanto que tenham água e comida suficiente. Muitos dos animais devem ter hibernado completa ou parcialmente. E Noé tinha bastante espaço para comida do lado de dentro e água abundante para pegar do lado de fora.."
. Enciclopedia de Apologética, São Paulo,:Ed. Vida, 2002,p. 285-286


5.9 Logenvidade dos antediluvianos 

Gunkel não menciona, mas certamente poderia ter mencionado, a fantástica duração dos antediluvianos (Gn 5:3-32).  Von Rad lista algumas das implicações incríveis: "As longas vidas atribuídas aos patriarcas causam sincronismos e duplicações notáveis. Adão viveu para ver o nascimento de Lameque, o nono membro da genealogia; Sete viveu para ver a transladação de Enoque e morreu pouco antes do nascimento de Noé. Lameque foi o primeiro a ver um homem morto - Adão; Noé sobreviveu ao avô de Abraão, Naor, e morreu no sexagésimo ano de Abraão. Sem, filho de Noé, sobreviveu até mesmo a Abraão. Ele ainda estava vivo quando Esaú e Jacó nasceram!"128

A vida dos antediluvianos não foi prolongada milagrosamente por Deus, mas foi, para todas as aparências, inteiramente natural. 129 Os comentaristas não encontraram nenhuma explicação para essas durações de vida que se recomende à maioria dos estudiosos. Nas listas de reis sumérios, temos exemplos de reinados reais antediluvianos que são ainda mais fantásticos, com reinados reais de até cerca de quarenta e três mil anos.  A expectativa de vida dos antediluvianos teria parecido fantástica para os antigos israelitas, assim como para nós. Mas pessoas em mitos, mesmo pessoas históricas, podem ser feitas para viver o quanto se quiser. In Quest of the Historical Adam: A Biblical and Scientific Exploration Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2021, p. 120.

 Resposta:

1-Na verdade a espectativa de vida caiu  progressivamente, na verdade  um decaimento exponencial após o dilúvio, chegando a ter uma média  70 ou 80 anos  embora alguns chegaram a 120 como o próprio Moisés escritor do Salmo 90. Portanto não é algo fantástico, que caiu de uma média de 900 anos para 80 anos, se sim ma queda após o dilúvio. Ainda hoje não alcançamos a idade de 175/180 como Abrão e Isaque, após o dilúvio a expectativa cai pela metade :

  • Arfaxade-  438 anos.
  • Salá-  433 anos
  • Éber-  464 anos
 2- Embora não sabemos com certeza o que gerou uma queda exponencial  da expectativa de vida, não há base para dizer que seja algo fantástico ou hiperbólico.

 Sl 90: 10  Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos.

 Adão - 930 anos

Sete-  912 anos

Enosh (Enoque)-  905 anos

 Cainã- 910 anos

Malaleel- 895 anos

 Jared- 962 anos

 Matusalém- 969 anos

Noé-  950 anos

Arfaxade-  438 anos.

Salá-  433 anos

Éber-  464 anos

Pelegue-  239 anos

Reu- 239 anos

Serug- 230 anos

Naor- 148 anos

Tera- 205 anos

Abraão- 175 anos

Ismael- 137 anos 

Isaque- 180 anos

Moisés- 120 anos

Levi- 137 anos

Coate -133 anos

 Arão- 123 anos

Josué- 110 anos

 

Expectativa de vida dos personagens Bílicos- Note que após o dilúvio, após o ano 600 da vida de Noé a expetativa de vida caiu drasticamente



 Gn 5:32 E era Noé da idade de quinhentos anos e gerou Noé a Sem, Cam e Jafé.

 Gn 9:29  E foram todos os dias de Noé novecentos e cinqüenta anos, e morreu.
Gn 11:10  Estas são as gerações de Sem: Sem era da idade de cem anos e gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio.

Gn 11:11 E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos; e gerou filhos e filhas.
Gn 11:12 E viveu Arfaxade trinta e cinco anos e gerou a Salá.
Gn 11:13 E viveu Arfaxade, depois que gerou a Salá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
Gn 11:14 E viveu Salá trinta anos e gerou a Éber.
Gn 11:15 E viveu Salá, depois que gerou a Éber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
Gn 11:16 E viveu Éber trinta e quatro anos e gerou a Pelegue.
Gn 11:17 E viveu Éber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
Gn 11:18 E viveu Pelegue trinta anos e gerou a Reú.
Gn 11:19 E viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.
Gn 11:20 E viveu Reú trinta e dois anos e gerou a Serugue.
Gn 11:21 E viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
Gn 11:22 E viveu Serugue trinta anos e gerou a Naor.
Gn 11:23 E viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos; e gerou filhos e filhas.
Gn 11:24 E viveu Naor vinte e nove anos e gerou a Tera.
Gn 11:25 E viveu Naor, depois que gerou a Tera, cento e dezenove anos; e gerou filhos e filhas.
Gn 11:26 E viveu Tera setenta anos e gerou a Abrão, a Naor e a Harã.
Gn 11:32 E foram os dias de Tera duzentos e cinco anos; e morreu Tera em Harã.

 Gn 23:1  E foi a vida de Sara cento e vinte e sete anos; estes foram os anos da vida de Sara.
Gn 25:7  Estes, pois, são os dias dos anos da vida de Abraão, que viveu cento e setenta e cinco anos.
Gn 25:17  E estes são os anos da vida de Ismael, que viveu cento e trinta e sete anos; e ele expirou, e morreu, e foi congregado ao seu povo.
Gn 35:28  E foram os dias de Isaque cento e oitenta anos.
Gn 47:9  E Jacó disse a Faraó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais, nos dias das suas peregrinações.
Gn 47:28  E Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos; de sorte que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.
Gn 50:22  José, pois, habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu José cento e dez anos.

Gn 35:28 E foram os dias de Isaque cento e oitenta anos.
 Êx 6:16  E estes são os nomes dos filhos de Levi, segundo as suas gerações: Gérson, e Coate, e Merari; e os anos da vida de Levi foram cento e trinta e sete anos.
Êx 6:18  e os filhos de Coate: Anrão, e Isar, e Hebrom, e Uziel; e os anos da vida de Coate foram cento e trinta e três anos.

Dt 34:7  Tinha Moisés a idade de cento e vinte anos quando morreu; não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor.

 Nm 33:39  E era Arão da idade de cento e vinte três anos, quando morreu no monte Hor.
Js 24:29  E, depois destas coisas, sucedeu que Josué, filho de Num, o servo do SENHOR, faleceu, sendo da idade de cento e dez anos.
1Sm 4:15  E era Eli da idade de noventa e oito anos; e estavam os seus olhos tão escurecidos, que já não podia ver.


Gênesis 5. O problema da longevidade das pessoas antes do Dilúvio é óbvio: Adão viveu 930 anos (Gn 5.5); Matusalém viveu 969 anos (Gn 5.27), e a expectativa de vida média de uma pessoa normal era de mais de 900 anos. Mas até a Bíblia reconhece o que o fato científico demonstra, ou seja, que a maioria das pessoas vive apenas 70 ou 80 anos antes da morte natural (SI 90.10).
 

É fato que as pessoas não vivem tanto tempo atualmente. Mas essa é apenas uma afirmação descritiva, não prescritiva. Nenhum cientista demonstrou que é impossível alguém viver tanto tempo. Na verdade,biologicamente não há razão para os seres humanos não viverem centenas de anos. Os cientistas ficam mais perplexos com o envelhecimento que com a longevidade
 

Segundo, a referência em Salmos 90 é da época de Moisés (por volta de 1400 a.C.) em diante, quando alongevidade diminuiu para 70 ou 80 anos para a maioria, apesar de Moisés ter vivido 120 anos (Dt 34.7).


Terceiro, alguns sugeriram que esses “anos” são, na verdade, apenas meses, o que reduziria 900 anos à expectativa de vida normal de 80 anos. Mas isso é inaceitável. Não há precedente no at hebraico para interpretar a palavra ano como “mês” . E Maalaleel teve filhos quando tinha“ apenas” 65 anos (Gn 5.15),e Cainã teve filhos aos 70 anos (Gn 5.12); isso significaria que tinham menos de seis anos — O que não é biologicamente possível.


Quarto, outros sugerem que esses nomes representam linhagens ou clãs que duraram gerações antes de sumirem. Isso, porém, não faz sentido. Para começar, alguns desses nomes (e.g., Adão, Sete, Enoque, Noé) são definitivamente indivíduos cujas vidas são narradas no texto (Gênesis 1— 9).Além disso,linhagens não “geram” linhagens com nomes diferentes. E linhagens não “morrem” , indivíduos morrem (cf. 5.5,8,11). Ademais, a referência a ter “filhos e filhas” (5.4) não condiz com a teoria de clãs. Quinto, parece melhor aceitar os anos (apesar de serem anos lunares de 12 x 30 = 360 dias).
Nem só a Bíblia fala de expectativa de vida de centenas de anos entre os antigos. Também há registros gregos e egípcios de seres humanos que viveram centenas de anos.
Um problema relacionado a isso é que em Gênesis (6.3) Deus decidiu logo antes do Dilúvio limitar a expectativa de vida do homem a 120 anos. Em Gênesis 11.10-32, no entanto, os dez descendentes de Noé viveram de 148 a 600 anos.
Mesmo supondo que 6.3 refere-se ao tempo de vida dos descendentes de Noé, ele não diz que essa limitação ocorreria imediatamente. Pode referir-se apenas ao eventual tempo de vida dos pós-diluvianos. Na verdade, Moisés, que escreveu essas palavras, viveu exatamente 120 anos (Dt 34.7).
Além disso, não há necessidade de interpretar essa passagem como referência à expectativa de vida de indivíduos depois do Dilúvio. Provavelmente refere-se ao tempo de vida que a humanidade ainda teria antes de Deus mandar seu julgamento fatal. Isso condiz melhor com o contexto imediato, que fala de por quanto tempo Deus exortaria a humanidade a se arrepender antes de enviar o Dilúvio.
Gênesis 5, 11. Os críticos afirmam que a Bíblia comete um erro científico quando data a humanidade de 4000 a.C. aproximadamente. Na verdade, há intervalos nas genealogias bíblicas. Logo, é impossível obter um total de anos de Adão até Abraão. A Bíblia tem genealogias precisas nas quais há intervalos evidentes (v . GENEALOGIAS ABERTAS OU FECHADAS)
Enciclopedia de Apologética, São Paulo,:Ed. Vida, 2002, p.    171

 Conclusão:

Como visto acima todas as supostas incoerencias que impedem uma leitura mais literal do texto forma refutas ou explicadas. Logo Gn 1-11 não se enquadra em história revestida de mito.

 

4- CRITICAS, ENTREVISTAS E RESPOSTAS COM W.L .CRAIG

Gavin Ortlund entrevista o Dr. Craig em seu novo e controverso livro, "Em Busca do Adão Histórico".

 

 


Transcrição:

William Lane Craig defende sua visão sobre o Adão Histórico

DR. ORTLUND: Truth Unites é um lugar para Teologia e Apologética tentando fazer isso de uma forma irenica. A palavra “irnic” significa apontar para a paz. Hoje estou muito animado para conversar com William Lane Craig, que é um dos principais apologistas e filósofos cristãos do mundo e vamos falar sobre seu fascinante livro In Quest of the Historical Adam.

Então, Bill para quem ainda não é familiar, talvez você possa nos dar uma visão geral do argumento básico do livro.

DR. CRAIG: Tudo bem. O argumento, Gavin, é basicamente duplo. 

Primeiro, que uma análise plausível do gênero de Gênesis 1 a 11 mostra que este é um tipo de mito-história que nos compromete com a realidade histórica de Adão e Eva como progenitores humanos universais da humanidade, mas que não precisam ser tomados de maneira literal. A segunda tese, então, é que a ideia de que havia um par humano original de quem toda a humanidade descende é compatível com a melhor evidência científica hoje, se localizarmos esse par em torno de 750 000 anos no passado.

DR. ORTLUND: Ok, uma das coisas que eu realmente apreciei sobre o seu livro é o senso de honestidade e sinceridade para seguir as evidências onde quer que ele leve, tanto bíblico quanto científico. Você já sentiu ansiedade no processo de seu estudo e como você trabalhou com isso?

DR. CRAIG: Bem, eu acho que você sabe o quão ansioso eu me senti sobre isso. Eu estava pressionando o envelope sobre essas questões e me senti muito desconfortável com isso e tinha profundas dúvidas e dúvidas sobre o que eu estava passando. A maneira como eu basicamente lidei com isso foi conversando com outras pessoas em quem eu confiava e poderia ser aberto. Como você sabe, Gavin você era um desses, eu realmente lhe deixei o coração quando estávamos na Conferência do Projeto de Criação na Trinity e tivemos uma boa discussão. Eu também fui ao Diretor Executivo da Reasonable Faith e um de nossos membros do conselho enquanto eu estava me aproximando das conclusões que eu estava tirando, e correu por eles e disse: o que você acha? Estou fora com base? Isso faz você se sentir desconfortável com o que eu estou chegando? E eles me deram sua bênção e aprovação para continuar seguindo as evidências como eu vi e eu me senti bem com o resultado agora.

DR. ORTLUND: Sim, isso é incrível! Você começa todo o livro falando sobre o que está em jogo com um Adão e Eva históricos. Você poderia resumir um pouco do que você vê que está em jogo com esta questão?

DR. Para aqueles que aceitam a doutrina do pecado original, que diz que todos nós somos culpados e culpados pelo pecado de Adão, o Adão histórico é absolutamente essencial para essa doutrina, porque obviamente não podemos ser responsabilizados pelo pecado de uma pessoa fictícia que nunca ocorreu. Para mim, isso não é uma consideração muito importante porque eu não acho que a doutrina do pecado original nesse sentido é claramente ensinada nas Escrituras. Pelo contrário, para mim, a crise que as ocasiões têm a ver com a sua doutrina de inspiração e a sua doutrina de Cristo.

O que quero dizer com isso é que, se estiver correto que as Escrituras ensinam que havia um Adão e Eva históricos e, no entanto, não havia, então você terá que revisar sua doutrina de inspiração de alguma forma para que a Escritura possa ser inspirada, mesmo que ensine falsidades, e você precisará revisar sua doutrina de Cristo de tal forma que Cristo, mesmo que Ele fosse divino, possa ter crenças falsas; porque acho que Jesus acreditava claramente na Eva histórica. E assim, se não houve Adão e Eva históricos, eu acho que vai causar reverberações reais em sua teologia em termos de inspiração e a doutrina de Cristo.

DR. ORTLUND: Uma das afirmações que ouvimos com muita frequência é que a genética da população torna impossível que haja um único par no início da raça humana, quanto é que sua preocupação em termos do que você está tentando abordar com este livro?

DR. CRAIG: Inicialmente, essa foi uma grande preocupação que me levou a realizar este estudo. Alguns anos atrás, eu estava visitando a Trinity Western University e tive a chance de conhecer e conversar com Dennis Venema, que afirmou que é praticamente impossível cientificamente existir um par humano original de quem toda a humanidade desceu. Eu pensei que, dados meus compromissos bíblicos, como vou lidar com isso? Tenho de encontrar alguma forma de abordar esta questão científica, mas no curso da minha pesquisa Gavin, descobri que este problema apenas evaporou. A razão é que, se você colocar Adão e Eva antes de 500 mil anos atrás, não há problema com a genética da população; a população que exibe o tipo de divergência genética que nossa população atual pode ter descido de um par humano original, desde que esse par tenha vivido há pelo menos 500 mil anos. E como essa foi a conclusão, eu estava chegando de forma independente simplesmente com base em evidências arqueológicas e paleontológicas, o desafio da genética da população acabou de evaporar e o próprio Dennis Venema veio admitir que estava enganado em pensar que tal casal não poderia ter existido antes de 500 mil anos atrás.

DR. ORTLUND: Você diria que sua mais profunda preocupação com este livro é decidir qual é a visão correta entre as diferentes visões de Adão e Eva mantidas pelos cristãos? Ou é a sua mais profunda preocupação para combater ataques seculares e revisionistas contra Adão e Eva?

DR. CRAIG: Seria o último. Como eu digo, o estudo foi realmente motivado por uma tentativa de tornar plausível o que eu acho que é a visão bíblica, que todos os seres humanos são descendentes de um casal humano primordial, que Gênesis chama de Adão e Eva. Eu queria oferecer uma defesa cientificamente plausível dessa tese.

DR. ORTLUND: Ok, sim. Este termo “mito-história” apareceu e, acho que algumas pessoas têm alguma confusão sobre isso, e ouvem essa palavra e para elas é o mesmo que mito. Então, você poderia definir o que é mito-história e como isso é diferente do mito justo?

DR. CRAIG: Bem, primeiro vamos falar sobre o que é mito. Eu não estou usando a palavra “mito” no sentido popular que tem em nossa cultura hoje. Por exemplo, quando as pessoas falam sobre o mito da dieta de baixa caloria ou o mito do homem auto-feito; esses entendimentos do mito não são o entendimento que classicistas e folcloristas usam. Para o folclorista, um mito é uma narrativa tradicional sagrada que tenta fundamentar as instituições e valores em uma sociedade contemporânea em eventos no passado primordial. Eu acho que você pode ver isso, dada essa definição folclorista, é exatamente isso que Gênesis 1 a 11 tenta fazer. Ele fundamenta coisas como a observância do sábado, as misérias da vida, a dor na carga infantil e a diversidade de línguas humanas e assim por diante, nesses eventos no passado profundo. Mas este tipo de literatura não é puro mito, semelhante a alguns dos antigos egípcios ou mitos mesopotâmicos, porque Gênesis 1 a 11 tem interesse na história. Isso é evidente pelas genealogias que estruturam a história primitiva e que transformam as narrativas primitivas em uma história primitiva. 

O grande assirologista Thorkild Jacobsen cunhou este termo "mito-história" para este gênero literário único que tem um interesse histórico definido em pessoas reais e eventos reais, mas depois vesti-los com a linguagem figurativa e às vezes fantástica do mito.

DR. ORTLUND: Interessante. Toda essa área do gênero de Gênesis 1-11, parece uma onde há uma lacuna entre os cristãos leigos e a erudição, existem alguma maneira que os cristãos leigos possam aprender mais? Há algum recurso que você recomendaria para entender melhor o que os estudiosos estão falando com relação ao gênero desses primeiros capítulos de Gênesis?

DR. CRAIG: Há alguns livros muito bons como esse. Por exemplo, John Collins, um professor do Antigo Testamento, tem um livro chamado Reading Genesis Well, no qual ele fala sobre como é tão importante entender o tipo de literatura que você está lendo se quiser interpretá-la corretamente. Acho que todos os leigos entendem isso. Quando o leigo lê os Salmos, ele sabe que isso é poesia, e que quando o salmista diz: “Que as árvores do bosque aplaquem as mãos diante do Senhor”, o salmista não acha que as árvores tenham as mãos; isso é imagem poética. Ou quando lemos o livro do Apocalipse, entendemos que ele está cheio de símbolos, e que estes representam nações e alianças de nações e coisas na forma de monstros e criaturas. O leigo já é - eu acho - sofisticado o suficiente para entender que diferentes tipos de literatura precisam ser lidos de maneiras diferentes. E assim, o que é preciso ajudá-lo a fazer é olhar para Gênesis 1 a 11 e perguntar: que tipo de literatura é essa? E como deve ser interpretado? Eu acho que o livro de John Collins seria um bom lugar para começar a ler Gênesis Bem.

DR. ORTLUND: Vou colocar um link para esse livro também na descrição do vídeo para quem assistir a isso que queira dar uma olhada nisso. Quão comum é entre os estudiosos evangélicos do Antigo Testamento interpretar Gênesis 1 a 11 de forma não literal?

DR. CRAIG: É muito comum Gavin, esta foi uma das coisas que me divertiu bastante quando eu estava chegando às minhas conclusões falando sobre a história do mito. Isso é que apenas um comentarista após o outro diz a mesma coisa, mas ele não usará a palavra mito porque tem medo dos mal-entendidos que engendrarão, e assim eles usarão eufemismos em vez de mito-história. 

Por exemplo, Gordon Wenham usa a frase proto-história para descrever Gênesis 1 a 11; John Walton usa a expressão história imagética; John Collins usa a palavra história da cosmovisão; J.I Packer falou de história arquetípica. Estamos todos a falar da mesma coisa. Mas eu senti que devemos aos nossos leigos ser diretos com eles e não palavras picadas e dizer o que queremos dizer, mas depois definir nossos termos muito claramente para tentar evitar mal-entendidos. É por isso que eu tomei o tato bastante ousado que eu fiz no livro de dizer que Jacobsen deu uma análise de gênero plausível desta literatura; é a história mitológica.

DR. ORTLUND: Uma das críticas lá fora, que eu acho que repousa sobre um mal-entendido, é que as pessoas têm uma preocupação de anti-sobrenaturalismo como se houvesse um desejo de se afastar dos elementos milagrosos no texto ou algo assim. Mas você está argumentando que o texto em si nos encoraja a não ler tudo de uma maneira literal, as longas vidas, Deus andando no jardim, coisas assim. Você poderia percorrer alguns desses exemplos do que você vê assim em Gênesis 1 a 11?

DR. CRAIG: Claro, parece-me que há pistas no próprio texto que o autor não pretendia que tudo isso fosse lido de forma literal. Por exemplo, quando o autor diz algo em sua narrativa que contradiz o que o próprio autor acredita, isso sugere que ele não quer dizer literalmente. Você apenas deu, eu acho, um exemplo de vitrine, e essas são essas descrições antropomórficas de Deus em Gênesis 2 e 3: onde em contradição com a visão do criador transcendente no capítulo 1, nos capítulos 2 e 3, Deus é descrito como um ser humanoide sendo um homem formando do pó da terra, e soprando em seu nariz, e fazendo cirurgia em Adão para tirar uma costela, e andando no jardim no frescor do dia, chamando para Adão. Eu não acho que o autor Pentateuco plausivelmente tomou essas descrições literalmente, estas são descrições antropomórficas de Deus que não devem ser literalmente interpretadas.

Outra dica ou pista seria quando o autor diz coisas que flagrantemente violam o senso comum e o que teria sido de conhecimento comum na época. Por exemplo, o autor Pentateuco não poderia ter acreditado que as águas primordiais da criação descritas em Gênesis 1 a 3 teriam drenado em apenas 24 horas. Quando você olha para o capítulo 8, quando o dilúvio de Noé retorna a terra à sua condição primordial, leva mais de 150 dias para que as águas do dilúvio escorrem para que a montanha se torne visível. Isso sugere que essa narrativa da criação no capítulo 1 é figurativa. 

Também na mesma narrativa, ele descreve o pôr do sol e o nascer do sol como ocorrendo antes da criação do sol, o que viola o senso comum. Ou novamente, quando ele cria a vegetação e as árvores frutíferas, o autor diz que “Deus disse: Que a terra produza árvores frutíferas que dão frutos à sua espécie e assim por diante, e assim foi a terra que deu à luz árvores frutíferas que davam fruto segundo a sua espécie”. Eu não acho que o autor imaginou isso como um filme sendo executado rápido para a frente onde as árvores brotavam do chão, cresceriam até a maturidade, floresceriam e dariam frutos em 24 horas; então isso novamente sugere que estamos lidando aqui com uma narrativa figurativa. E então a terceira pista, além desses dois, seria quando você tem inconsistências que sugerem que algo menos do que a interpretação literal é pretendido. Há uma grande quantidade de inconsistências entre Gênesis 1 e Gênesis 2 sobre a ordem da criação das plantas, animais e homens, e eu acho que o autor Pentateuco simplesmente não se incomodou com isso porque qualquer narrativa era boa, ou a ordem era grande. Foi um relato figurativo da criação, como já sugeri.

DR. Uma das coisas que eu pensei muito sobre a lentidão da igreja para responder a Copérnico e o surgimento do heliocentrismo e seu apelo, os reformadores Calvino e Lutero, por exemplo, ao Salmo 104:5, que diz que a terra não será movida e Salmo 93:1 e assim por diante. Você acha que existem perigos em interpretar a Bíblia muito literalmente?

DR. CRAIG: Oh, eu faço, e seu exemplo de geocentrismo é um excelente exemplo disso historicamente. Eu acho que já somos Gavin, há muito tempo atrasados para uma revisão comparável em relação à idade do universo e à narrativa figurativa da criação.

DR. ORTLUND: Sim, um dos outros pontos de mal-entendido para alguns, tem sido esses termos “Adão literário” e “Adão histórico”. Alguns parecem ter pensado que se há um Adão literário, não há um Adão histórico, mas essas duas coisas não estão em desacordo uma com a outra. Então, você pode desempacotar o que esses termos significam?

DR. CRAIG: Sim, a figura literária é a figura de uma história, a figura histórica é a pessoa que realmente viveu. A ilustração que dou no livro é o general romano Pompeu, cuja vida é descrita por Plutarco em suas famosas Vidas dos famosos gregos e romanos. O Pompeu que Plutarco descreve é o Pompeu literário; o general romano que realmente viveu é o histórico Pompeu. O que queremos saber é que o Pompeu literário está muito perto do histórico Pompeu? Nós pensamos que sim, é. Que Plutarco era um bom historiador, um bom biógrafo, e que, portanto, o Pompeu literário se assemelha a um homem que realmente viveu e forjado. Essa é a diferença, mas estes dois podem se desfazê-los. Por exemplo, se eu disser... bem, fazemos isso o tempo todo com a mitologia grega e romana. Nós dizemos algo como “Este era o calcanhar de Aquiles dele”, ou “ele realmente abriu uma caixa de Pandora”, ou “Que este é um cavalo de Tróia”, e não queremos nos comprometer com a realidade histórica dessas coisas, mas são simplesmente figuras literárias ou eventos ou dispositivos que podemos usar. Então, eles podem se desfazê-lo, mas eles não precisam necessariamente.

DR. ORTLUND: Ok. Esta próxima pergunta é um pouco auto-indulgente, porque diz respeito ao meu grande interesse, que é Santo Agostinho. Eu estava tão interessado que você fez referência a Orígenes e Agostinho no início do livro, e eu estive muito interessado, é claro, em Agostinho e como ele pode nos ajudar. Você poderia dizer alguma coisa sobre a relevância dos exegetas pré-modernos dos primeiros capítulos do Gênesis? Como é que eles jogam?

DR. CRAIG: Eu acho que o valor desses primeiros autores patrísticos é que suas interpretações figurativas da narrativa não podem ter sido motivadas pela ciência evolutiva moderna, porque eles viveram 1500 anos antes de Darwin, e ainda assim, em alguns casos, eles não levaram as narrativas com uma espécie de literalidade de madeira. Isso realmente evacua a acusação que é feita uma e outra vez – eu acho que sem entendimento – que alguém como eu está impondo a ciência moderna ao texto; que minhas conclusões são impulsionadas pela ciência evolutiva moderna, em vez de uma tentativa honesta de executar o texto como nós temos.

DR. ORTLUND: Sim! Tem sido fascinante para mim, pois Agostinho tem muita mente aberta não apenas com Gênesis 1, mas com Gênesis 2 e 3 também em termos de como ele leva os detalhes. Isso pode ser interessante para as pessoas olharem um pouco para isso.

Por que não falamos sobre a evidência científica e a segunda metade do seu livro apenas um pouco? Você está resumindo a evidência para querer colocar Adão e Eva relativamente cedo, muito longe. Quando essas outras espécies de hominídeos são mencionadas, como os neandertais, muitos cristãos já se sentem alarmados com isso. Você poderia apenas... talvez possamos abordar isso dizendo: por que os cristãos deveriam estar abertos a ouvir as alegações científicas aqui?

DR. CRAIG: Esta é uma questão engraçada, porque alguns criacionistas da Terra Jovem acreditam na plena e verdadeira humanidade dos Neandertais, eles não têm problemas com isso. Enquanto outros cristãos ouvem, e eles imediatamente pensam que você está defendendo a descendência comum dos macacos ou algo desse tipo. Eu acho que o que podemos ajudar as pessoas a entender é que os neandertais eram tão humanos quanto nós. Eles tinham o mesmo tipo de capacidade cognitiva e tamanho cerebral ainda maior do que o homo sapiens. Na verdade, ao longo dos últimos 10 000 anos, o tamanho do cérebro do homo sapiens tem diminuído. Os neandertais eram igualmente inteligentes e exibiam o mesmo tipo de comportamento cognitivo que o antigo homo sapiens, e por isso eram pessoas, eram nossos primos. Eles eram apenas um pouco diferentes de nós em que eles tinham cumes pesados da testa, eles eram stouter (tipo de mais atarracado), eles tinham narizes grandes. Algumas dessas características podem ter sido características derivadas porque viveram durante os climas da idade do gelo, em climas realmente rigorosos, onde tiveram que ganhar a vida. Eu acho que é quase imoral para nós escrever essas pessoas fora da raça humana e desumanizá-las quando realmente, elas eram como nós.

DR. ORTLUND: Sim! Você chama a atenção para muitas das evidências a favor disso, em termos de pinturas rupestres, por exemplo. Você poderia falar sobre algumas dessas evidências que você acha que indicam que essas várias espécies de hominídeos foram totalmente feitas à imagem de Deus?

DR. O que os paleoantropólogos identificaram são uma série do que eles chamam de assinaturas arqueológicas do comportamento cognitivo moderno. Coisas que indicariam pensamento abstrato simbólico: planejamento para o futuro, inovações tecnológicas. Você descobre que essas assinaturas arqueológicas remontam a centenas de milhares de anos, e elas estão sendo levadas cada vez mais para o passado por descobertas arqueológicas em andamento. Por exemplo, apenas no ano passado, em 2020, um pedaço de fio foi descoberto por arqueólogos. Este fio tinha sido feito a partir das fibras de uma árvore de gimnosperma - onde eles pegaram a casca interna da árvore - e, em seguida, eles torceu os filamentos no sentido horário e, em seguida, eles torceram outros filamentos no sentido anti-horário para fazer um cordão de três ply. Os arqueólogos que identificaram isso disseram que isso foi antes do homo sapiens entrar nas cenas.

Apenas os neandertais estavam por aí naquela época. Eles disseram que a capacidade de fabricar cordas como esta, é indicativo de raciocínio matemático que seria comparável à capacidade da linguagem. Quando eu li isso, minha respiração foi tirada: estamos falando de pessoas aqui que têm capacidade de raciocínio matemático e capacidades linguísticas. Acho que não nos atrevemos a desumanizá-los e dizer que não são pessoas reais.

DR. ORTLUND: E quanto a práticas como enterrar os mortos, isso vem em tudo em termos desta linha do tempo?

DR. CRAIG: Bem, este é também um dos mais interessantes. Porque isso pode indicar algum tipo de crença religiosa. Os neandertais, em particular, parecem ser propensos a enterrar seus mortos; não apenas fazer limpeza da casa na caverna, por assim dizer e jogar a carcaça do lado de fora ou despejá-la em um poço. Em vez disso, o corpo foi cuidadosamente enterrado e às vezes foi enterrado com certos bens, certos artefatos que os arqueólogos descobriram. Minimamente, isso mostra que eles valorizavam os corpos dos falecidos e cuidavam deles e não os tratavam apenas como lixo. Pode até ter sido indicativo de algum tipo de crença religiosa, talvez uma imortalidade

Nós simplesmente não sabemos, há tanta coisa que não sabemos, mas é certamente consistente com isso. E assim, esse é outro desses fatores que os arqueólogos procuram é o enterro adequado dos mortos.  

DR. ORTLUND: Sim, então você está identificando Adão e Eva como membros da espécie homo heidelbergensis. Você poderia descompactar um pouco de qual período de tempo isso é e, por que você colocá-los lá particularmente?

DR. CRAIG: Eu me convenci como resultado de meus estudos científicos de que os neandertais eram seres humanos como nós, ou quase como nós (algumas diferenças anatômicas). Se Adão e Eva são os progenitores de cada ser humano que já viveu neste planeta – uma posição com a qual acredito que estou biblicamente comprometido – isso significa que os Neandertais e o Homo Sapiens são os descendentes de Adão e Eva. Então, Adão e Eva tiveram que vir em primeiro lugar e isso os colocaria em algum lugar há cerca de 750 mil anos, antes que a linha Neandertal e a linha Homo Sapiens divergissem. Este ancestral comum mais recente de Neandertais e Homo Sapiens é geralmente chamado Homo Heidelbergensis ou homem de Heidelberg. Ele tinha uma capacidade craniana, uma capacidade cerebral que está dentro da faixa moderna e está associada ao uso de ferramentas que mostrou uma habilidade incrível, e também com comportamentos que evidenciavam as capacidades cognitivas modernas (como a caça em grupo e assim por diante). Eu acho que é muito plausível identificar Adão e Eva com um membro desta espécie como o ancestral comum mais recente dos neandertais e do Homo Sapiens.

DR. ORTLUND: Ok. Como você avaliaria uma visão como esta: Suponha que alguém disse com base em Romanos 5 e 1 Coríntios 15 que precisamos de um Adão histórico, uma figura real chamada Adão e uma queda histórica, mas eles não têm certeza de que Adão é o progenitor biológico? Eles pensam que talvez você possa ter Adão como uma espécie de cabeça federal na maneira como Cristo não é biologicamente nossa cabeça. Então eles estão querendo manter uma queda histórica, um Adão histórico, mas eles estão considerando isso como uma possibilidade. Como você avaliaria uma visão como essa?

DR. CRAIG: Esta visão tornou-se muito popular porque permite que você tenha Adão existindo no passado muito recente (digamos apenas 10 mil anos atrás). E Adão e Eva eram apenas um casal selecionado de uma população muito mais ampla de milhares de pessoas. Eu tenho três objeções fundamentais Gavin a este ponto de vista, e eu vou apenas esboçá-los aqui, eles estão dispostos no livro.

Número um é que o propósito da história primitiva é mostrar o interesse universal de Deus na humanidade (toda a humanidade, não apenas um seleto eleito poucos). Se esse fosse o interesse de Deus apenas um seleto eleito, Ele poderia ter começado o livro de Gênesis com o chamado de Abraão no capítulo 12. Mas todos os comentaristas concordam que a razão pela qual você tem essa história primitiva prefixada ao resto do livro de Gênesis é mostrar que este é o plano universal de Deus para a humanidade, e que esse plano não foi destruído pelo pecado humano, mas sim que através de Israel as bênçãos de Deus virão a toda a humanidade, finalmente como Deus originalmente pretendia.

A segunda razão é que quando você compara Gênesis 1 a 11 com os antigos mitos da Mesopotâmia e outras nações também, o que você acha que é um motivo mitológico muito comum para explicar a origem da humanidade. Está profundamente sentado dentro de nós querer entender de onde viemos? De onde vêm os seres humanos? Eu acho que Genesis 1 a 11 é desse gênero e compartilha essa mesma preocupação. Quer dar conta da origem da humanidade.

Então a terceira razão seria que a própria narrativa tomada pelo valor nominal não contempla as pessoas além de Adão e Eva. Diz explicitamente de Adão, “não havia homem para cultivar o chão” e que não havia ninguém que pudesse ser encontrado como um apropriado ajudante a Adão até que Deus criou Eva; e então ela recebeu o nome “a mãe de todos os vivos”.

Então, embora eu esteja perfeitamente feliz em dizer que Adão era um chefe federal da raça humana, eu não estou nada feliz em negar a progenitoração universal do Adão e Eva bíblicos; e neste sentido eu sou muito conservador. Estou insistindo inflexível na progenitoração universal de Adão e Eva, como um dos ensinamentos teológicos centrais da história primitiva, e penso em Paulo também.

DR. ORTLUND: Sim. Ok, vamos falar sobre o tipo de remodelação que se eu entender corretamente você imagina para Adão e Eva. Vou citar apenas a página 376 aqui, onde você fala de uma “transição radical afetada no par fundador que os elevou ao nível humano, e que plausivelmente envolveu tanto a renovação biológica quanto espiritual”. Então, podes concretizar isso um pouco? Adão e Eva teriam parecido com outros membros desta espécie de hominídeo? Será que eles seriam mais inteligentes? Quanto você vê uma espécie de elevação lá em cima?

DR. CRAIG: Bem, é claro, tudo isso é Gavin especulativo. Estou simplesmente assumindo aqui que eles tinham ancestrais pré-humanos, não estou defendendo isso, mas estou apenas assumindo que eles tinham ancestrais pré-humanos. Então, depois. Deus causaria algum tipo de mutação genética. O principal efeito não seria sua aparência externa, mas seria sua capacidade cognitiva - seu cérebro e sistema nervoso central - que agora poderia se tornar o assento para uma alma racional. Ele infundiria neles uma alma racional naquele momento, tendo preparado seu cérebro e a biologia para ser o instrumento de uma alma tão racional.

Tão tarde no livro eu defendo o dualismo da alma do corpo, eu não acho que somos apenas seres materiais, eu acho que temos essa parte imaterial chamada alma ou mente e que não é até que a alma racional seja infundida neste corpo hominídeo que você tem um verdadeiro ser humano. O resultado principal disso será esse aumento da capacidade cognitiva que envolverá racionalidade, intencionalidade, autoconsciência, liberdade de vontade e agência moral.

DR. ORTLUND: Ok. Então, é correto dizer que, nos detalhes de como você está imaginando que você não está necessariamente insistindo nisso, mas você está propondo isso como uma maneira que poderia ser entendido?

DR. CRAIG : Muito. Isso é apenas uma especulação: aqui está como isso poderia ter acontecido, isso é tudo. É só uma especulação.

DR. ORTLUND: Certo, ok.

DR. CRAIG: Se me é que o ponto é que essa especulação está totalmente em consonância com as evidências científicas.

DR. ORTLUND: Certo, certo, ok. Suponha que a evidência paleoantropológica nos exigisse ir ainda mais para trás, suponhamos que encontramos pinturas rupestres de um milhão de anos atrás, ou algo assim; seria então necessário revisar a proposta ainda mais cedo?

DR. Crústico: Sim, acho que sim. Na verdade, isso é o que aconteceu com as pessoas do ministério Reasons to Believe. Eles tinham um Adão histórico há cerca de 50 mil anos, e sob a pressão da evidência arqueológica da crescente antiguidade eles revisaram seu modelo agora para que Adão e Eva fossem cerca de 180 mil anos atrás.

Eu acho que isso ainda é muito modesto e precisamos voltar ainda mais longe, mas esses estados são todos maleáveis e sujeitos a revisão com base nas evidências científicas. É por isso que eu digo no final do livro que esta busca vai estar em andamento e que poderia muito bem ser que essas assinaturas arqueológicas serão empurradas cada vez mais para o passado. Eu acho que essa é certamente a tendência - onde estamos realmente ficando surpresos com o quão longe o passado da humanidade se estende?

DR. ORTLUND: Bem, deixe-me fazer algumas perguntas gerais aqui no final. Suponha que alguém esteja trabalhando nessa questão e chegue a um ponto em que sinta uma tensão ou uma aparente contradição entre o que eles entendem as Escrituras para ensinar e qual sua compreensão a partir da evidência científica. Como você os aconselharia a trabalhar tentando resolver essa tensão?

DR. CrIG: Eu diria que é preciso ter um compromisso firme com a verdade tanto da Escritura quanto da ciência. Toda verdade é a verdade de Deus, e assim, em última análise, estes não podem estar em conflito. E assim, o que se fará é olhar para a Escritura para ver se há uma maneira diferente de interpretá-la do que a maneira pela qual se fez até este ponto; e para mim isso é o que aconteceu com a identificação desse gênero de mito-história. Eu ouvi pela primeira vez de Bill Arnold naquelas Conferências de Projetos de Criação que participamos. Foi como se a luz se acendesse em minha mente quando eu o ouvi explicar isso. A outra coisa que você pode fazer é desafiar ou revisar a ciência. Isso é o que, por exemplo, nosso amigo Joshua Swamidass fez em relação ao desafio supostamente representado pela genética da população. Acontece que, na verdade, isso não é um desafio se Adão e Eva são anteriores a 500 mil anos. Então, através deste processo doloroso e difícil de olhar para a abordagem hermenêutica das Escrituras, e a melhor evidência científica, você será capaz de chegar a algum tipo de concórdia.

DR. ORTLUND: Sim. Mencionou Joshua Swamidass, eu queria perguntar-lhe isso antes: Como a sua proposta difere da proposta de Josh? Eu sei que você tem um monte de terreno comum também.

DR. CRAIG: Sim, Josh e eu nos vemos como irmãos ou cofréres neste campo. Ele chama sua proposta de Adão genealógico recente e minha proposta de um antigo Adão genealógico. Eu acho que a principal diferença entre nós vai ser a questão da data. Adam é muito, muito cedo ou ele é relativamente recente? E, para mim, essa é uma questão que é - eu não quero dizer trivial, mas estou dizendo - quase sem importância, escrita em termos de cedo ou tarde. Eu acho que teologicamente não depende muito se Adão é cedo ou tarde.

DR. ORTLUND: Parece que vocês dois teriam entendimentos diferentes de cruzamentos. Como os descendentes de Adão e Eva estão se reproduzindo com não-humanos potencialmente. - Não é?

DR. CRAIG: Sim. A maneira como Josh enfrenta o desafio da genética da população é que ele diz que os descendentes de Adão e Eva cruzaram esses organismos, esses hominídeos fora do jardim. Lembre-se que ele acha que havia milhares desses hominídeos fora do jardim e que os descendentes de Adão e Eva - quando Adão e Eva foram expulsos do jardim - começaram a se cruzar com eles. Uma vez que esses outros hominídeos evoluíram de ancestrais comuns com macacos, eles carregam toda essa informação genética com eles desses ancestrais primatas e que, em seguida, são incorporados à linhagem de Adão e Eva. Dessa forma, ele pode enfrentar o desafio da genética de populações.

Eu não tenho que apelar para o cruzamento, porque eu coloquei Adão e Eva tão longe no passado que eles não precisam cruzar com mais ninguém. Eu argumentei que eles provavelmente não teriam cruzado com hominídeos não humanos, porque eu acho que, dada a sua capacidade cognitiva moderna e comportamento, que teria sido revoltante para eles e seus descendentes e eles naturalmente tendem a se auto-isolar em sua própria comunidade. E assim, nós dois tentamos enfrentar o desafio da genética da população, mas de maneiras muito diferentes. Josh através de cruzamento com estes Hominins, e eu colocando Adão e Eva tão longe no passado que há muito tempo para esta divergência genética se desenvolver ao longo do tempo.

DR. ORTLUND: Ok. Eu tenho mais uma pergunta. Eu só quero declarar minha gratidão pelo que você está fazendo neste livro, porque eu acho que está ajudando as pessoas a imaginar uma maneira que é possível manter uma visão tradicional de Adão e Eva e situar isso em relação ao melhor da evidência científica e, eu acho que isso é tão útil e é tão fascinante também. A propósito, eu li o seu livro. Eu tive meu voo atrasado no aeroporto de Dallas por cerca de oito horas, e eu tinha o seu livro comigo. Isso foi há cerca de um mês e, portanto, mesmo que meu voo tenha sido atrasado, não foi tão ruim porque era fascinante trabalhar com isso.

Acho que as pessoas vão achar interessante ler. Mas deixe-me fazer uma última pergunta. Suponha que alguém esteja trabalhando nessa questão e que eles estejam tendo a ansiedade que fizemos no início. Eles estão realmente questionando sua fé, eles estão se perguntando “Meu Deus! Como faço para entender isso?” E isso está tornando-os incertos sobre o evangelho, como você os aconselharia e como você os ajudaria a percorrer essa experiência?

DR. CRAIG: Uma coisa que eu absolutamente insistiria é que eles não desistam de coisas como oração diária, leitura da Bíblia, adoração em uma comunidade de cristãos. Eles precisam permanecer totalmente ocupados em sua vida cristã e não começar a recuar por causa de suas dúvidas. Dúvida – Estou convencido – nunca é apenas uma batalha intelectual, é uma batalha espiritual também, e eles precisam nutrir esse relacionamento com Deus, porque será o testemunho do Espírito Santo para eles que os ajudará a perseverar. Então eu acho que outra coisa que eles podem fazer é conversar com pessoas de confiança com quem possam compartilhar essas confissões e dúvidas honestamente, e pedir sua ajuda para discutir as questões, e orar por elas e assim por diante. Então, finalmente, para aproveitar os muitos recursos excelentes que estão sendo publicados nesta área hoje que eu acho que será de grande benefício. Então, essas seriam, acho, três coisas que eu sugeriria.

DR. ORTLUND: Ok, ótimo!! Deixe-me encorajar todos a comprarem o livro, lerem o livro. Eu acho que as pessoas vão achar absolutamente fascinante e realmente, muito útil. Então, Bill agradece por escrevê-lo e muito obrigado por esta conversa.

DR. CRAIG: Obrigado Gavin, eu agradeço pessoalmente pelo que você significou para mim, bem como por me dar a chance de expor parte do conteúdo do livro nesta entrevista. 

 https://www.reasonablefaith.org/videos/interviews-panels/in-quest-of-the-historical-adam-interview-by-gavin-ortlund

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PERGUNTAS RESPONDIDAS PELO AUTOR

´PECADO ORIGINAL

Olá, Dr. Craig, eu concordo com a sua visão do pecado original, mas estou tendo dificuldade em entender onde a inclinação interior para o pecado se originou. A doutrina do pecado original ensina que a origem da inclinação é uma corrupção resultante da queda. É que a inclinação para o pecado não é uma corrupção da natureza humana e antecede a queda ou poderia haver alguma outra explicação?


A resposta do Dr. craig

Estou muito feliz em receber uma pergunta sobre o tema do meu estudo atual, Dean!

A doutrina tradicional do pecado original afirmada pelos reformadores protestantes envolve dois componentes: (1) a culpa do pecado de Adão é suportada por cada um de seus descendentes e (2) o pecado de Adão resultou em uma corrupção da natureza humana que é transmitida a todos os seus descendentes. Em contraste, a Igreja Ortodoxa e muitos protestantes arminianos afirmam apenas (2). Em minha Busca do Adão Histórico, eu argumento que nenhuma dessas doutrinas componentes é, de fato, ensinada na Bíblia, seja na história da Queda em Gênesis 3 ou na exposição de Paulo do pecado de Adão em Romanos 5. 12-21.

Se isso é correto, nos deixa pensando sobre a universalidade do pecado humano. Por que os humanos têm tal propensão ao mal? Parece-me plausível que as raízes do pecado estejam em nossa inerente natureza animal egoísta em combinação com a teia de corrupção em que nascemos e crescemos. Daryl Domning expande esta visão:

Todos nós pecamos porque todos nós herdamos – das primeiras coisas vivas da terra – uma poderosa tendência a agir egoisticamente, não importa o custo para os outros. A livre vontade nos permite substituir essa tendência, mas apenas esporadicamente e com grande esforço; optamos mais prontamente por si mesmos. Essa tendência em todos nós é o que a nossa tradição chama de “a mancha do pecado original”.[1]

Tal tendência biológica natural para a sobrevivência e, portanto, o egoísmo, juntamente com um ambiente moralmente corrupto, é suficiente para explicar por que todos nós pecamos. Não obstante o Dom, esta explicação da universalidade do pecado humano não é incompatível com o rastreamento da origem do nosso comportamento egoísta de volta a Adão e Eva; de fato, a visão não requer que Adão e Eva tivessem ancestrais biológicos, apenas que eles foram criados com uma propensão biológica à sobrevivência que é reforçada pela sociedade e educação. Os ancestrais biológicos de Adão e Eva não são mais necessários (ou excluídos) do que uma natureza corrompida, a fim de explicar a universalidade do pecado humano entre os membros adultos normais de nossa espécie.

Assim, a universalidade e a difusão do pecado humano podem ser plausivelmente explicadas, não com base em uma natureza corrompida, mas na dupla base de que cada um de nós nasce com uma natureza animal que, por necessidade biológica, é orientada para a sobrevivência e, portanto, nos inclina para o interesse próprio e que a comunidade humana em que nascemos e somos ressuscitados é profundamente má. Tal visão me parece bíblica e muito mais plausível do que a visão tradicional do pecado herdado.

A doutrina tradicional da corrupção hereditária não é apenas extra-bíblica, mas o mecanismo para a transmissão de tal corrupção da natureza humana é difícil de entender. A crença de Agostinho de que a corrupção moral é transmitida através do sêmen na relação sexual é recebida com desaprovação universal, não simplesmente por causa de sua visão negativa da sexualidade humana, mas porque as propriedades morais não são o tipo de coisas que podem ser transmitidas fisicamente.

O problema da transmissão deu grande ímpeto ao traducionismo, a visão de que as almas não são especialmente criadas por Deus, mas são de alguma forma geradas pelas almas de alguém, pois, em tal visão da origem da alma corrupta da alma naturalmente, produzem almas igualmente corrompidas. Se nascemos com uma corrupção tão hereditária, no entanto, é plausível que essa corrupção não seja em si algo pelo qual somos culpados, muito menos culpados, pois dificilmente podemos ser moralmente responsáveis por nascer com tal corrupção, assim como não podemos ser responsabilizados por nascer com um defeito genético de nascimento. Se isso estiver certo, chamar a corrupção hereditária de “pecado original” é enganoso. Ainda assim, o traducionismo, se plausível, poderia fornecer alguma base para a transmissão de defeitos não culpáveis da alma.

Em uma visão criacionista, por outro lado, alguém teria que dizer que Deus sobrenaturalmente cria uma alma corrompida para cada ser humano. Sobre o criacionismo, então, a corrupção não é realmente um caso de pecado hereditário, exceto no sentido muito indireto de que a razão pela qual Deus concede uma alma corrompida em cada pessoa é por causa do pecado de Adão. Mas então é difícil ver como Deus poderia criar seres humanos malignos sem que ele mesmo se tornasse o autor do mal. Assim, a transmissão permanece problemática para o criacionista.

O teólogo reformado Anthony Hoekema admite que “não entendemos como essa corrupção pode ser transmitida dos pais para os filhos; as leis da heredidade humana não podem fornecer nenhuma explicação para esse processo. Mas tanto a Escritura quanto a experiência nos dizem que a poluição do pecado é de fato transmitida dos pais para seus descendentes.”[2] Mas a Escritura não nos diz isso, e a experiência é tão plausivelmente explicada pelo meu relato biológico-social. Uma das vantagens da visão aqui proposta é que ela não envolve transmissão de culpa ou corrupção. Cada pessoa nasce naturalmente em uma sociedade permeada por influências corruptoras com uma natureza animal voltada para a sobrevivência e, portanto, o interesse próprio e, portanto, é facilmente desviado. A doutrina proposta, assim, contorna completamente o problema complicado da transmissão do pecado original, porque nada além da natureza humana comum é herdado.

Eu vim a entender que uma visão tão biologicamente baseada do pecado tem uma estreita semelhança com a visão tradicional católica romana do pecado original. De acordo com essa visão, Adão e Eva em seu estado de inocência antes da queda desfrutaram de um dom extra da graça de Deus (donum superadditum) além do que eles tinham simplesmente pela natureza humana que lhes permitiu viver vidas sem pecado. Ao desafiar a Deus, eles perderam esse dom da graça de Deus e, assim, se viram incapazes de dominar seus desejos naturais.[4] 

Em sua condição pós-queda, sua natureza foi assim privada, mas não depravada, como os reformadores protestantes teriam. Esta natureza agora carecida inevitavelmente emana no pecado por parte daqueles que crescem para a consciência moral normal. Não vejo razão para pensar que esse estado de privação em crianças é culpado ou mau, e por isso não há necessidade de seguir a teologia católica ao pensar que o batismo infantil é necessário para que os bebês que morrem evitem condenação ou até mesmo alcancem a bem-aventurança. A condição carente do homem não é pecaminosa como tal, mas é, no entanto, o tinder do pecado (fomes peccati). A natureza humana comum que herdamos de nossos pais não envolve nenhum pecado hereditário; mas perdemos o dom adicional da graça que Adão e Eva já tiveram.

Tal doutrina do pecado original me parece muito plausível, não só cientificamente, mas também teologicamente. Parece apropriado dizer que Adão e Eva precisariam da graça superagregada de Deus para viver vidas totalmente sem pecado. Mesmo Hoekema, que pensa que no estado pré-queda Adão e Eva tinham justiça e santidade originais, não pode resistir a dizer: “Devemos reconhecer que eles não poderiam ter permanecido em sua integridade moral à parte da força do Espírito Santo que estava habitando dentro deles”.[5] Quando ele afirma que “No início, portanto, o homem não era um ser neutro, nem bom nem ruim, mas um bom ser que fosse capaz, com a ajuda de Deus, de viver a vida totalmente diferente[6].

É certo que permanece misterioso por que, neste ponto de vista, Deus não fornece sua graça superadulada a cada um dos descendentes de Adão desde a concepção, capacitando-os a dominar suas naturezas animais e a viver vidas sem pecado. Por que eles devem sofrer as consequências (se não a punição) do pecado de Adão?[7] Mas não há razão para pensar que devemos ser capazes de penetrar na providência de Deus em sua decisão de incluir toda a humanidade no que Agostinho chamou de “massa de pecado” (massa peccati) – talvez ele soubesse que, ao fazê-lo, isso realmente se refazeria para um equilíbrio mais ideal entre salvos e perdidos a longo prazo. Não temos como saber, nem devemos esperar.


[1] Daryl P. Domning, “Evolução, Mal e Pecado Original”, América, 12 de novembro de 2001 - A . (í a , , , , , í , .

[2] Anthony A. (em inglês). Hoekema, Criado na Imagem de Deus (Grand Rapids: William B. Eerdmans, 1986), p. 161.

[3] Note que tal relato é compatível com uma visão traduciana ou criacionista da origem da alma (para não mencionar o emergentismo).

[4] Ver Tomás de Aquino Summa theologiae Ia. 95.2: “No estado de inocência, o apetite inferior estava totalmente sujeito à razão: de modo que, nesse estado, as paixões da alma existiam apenas como consequência do julgamento da razão.” Aquino explica que a retidão do estado de inocência exige que Adão tenha sido criado na graça. Pois essa retidão consistia em sua razão estar sujeita a Deus, aos poderes inferiores à razão e ao corpo à alma. 95.1) (em inglês). Enquanto a razão estava sujeita a Deus, os poderes inferiores permaneceram sujeitos à razão. Agora é claro que tal sujeição do corpo à alma e dos poderes inferiores à razão, não era da natureza; de outra forma, teria permanecido após o pecado. - A . (í a questão: es. , , , íntepeo. . E. . es. sobre a questão . (em, proprio, e os comandos e. . sobre a questão , , . - A . (í a questão: es. , , , íntepeo. . E. . es. sobre a questão . (em, proprio, e os comandos e. . sobre a questão , , . - A . (í a questão: es. , , , íntepeo. . E. . es. sobre a questão . (em, proprio, e os comandos e. . sobre a questão , , . É claro que também a sujeição primitiva em virtude da qual a razão estava sujeita a Deus, não era apenas um dom natural, mas um dom sobrenatural da graça. 95.1) (em inglês). Como resultado da queda de Adão, este estado harmonioso foi interrompido: “Deus concedeu este favor ao homem em seu estado primitivo, que enquanto sua mente estivesse sujeita a Deus, os poderes inferiores de sua alma estariam sujeitos à sua mente racional e seu corpo à sua alma. Mas, na medida em que, por meio do pecado, a mente do homem se retirou da sujeição a Deus, o resultado foi que nem seus poderes inferiores estavam totalmente sujeitos à sua razão, de onde seguiu uma rebelião tão grande do apetite carnal contra a razão. “O pecado original denota a privação da justiça original e, além disso, a disposição excessiva das partes da alma” (Ia-IIa.82.1 ad 1).

[5] Anthony A. Hoekema, Criado na Imagem de Deus (Grand Rapids: William B. Eerdmans, 1986), p. 131.

[6] Hoekema, Criado na Imagem de Deus, p. 231.

[7] Os membros da família podem sofrer consequências terríveis do encarceramento ou execução de um criminoso, mas não são punidos por seu crime, pois seu sofrimento não é apenas o seu deserto.

- William Lane Craig (tradução)

 

Existiu arvore da vida e do conhecimento?

Perguntas sobre o novo livro sobre Adam

6 de Dezembro, 2021

Sumário

Uma coleção de perguntas aparecendo no Facebook sobre o Dr. O novo livro de Craig, In Quest of the Historical Adam.

Algumas das perguntas sobre o Dr. O novo livro de Craig sobre Adam está aparecendo no Facebook. Vamos dar uma olhada em alguns deles agora com o Dr. O Craig.

Bill, o mundo inteiro ainda está se divertindo muito com o seu livro In Quest of the Historical Adam. Temos algumas perguntas de uma página no Facebook que pertencem ao livro. Owen Anderson pergunta no Facebook,

Você já ouviu essa visão recentemente apresentada como nova?

1. Adão foi criado mortal e precisou do fruto da Árvore da Vida para ser imortal.

DR. CRAIG: Esta foi uma das principais mudanças de opinião que experimentei como resultado do meu estudo do Adão histórico. Até este ponto eu sempre tinha tomado a morte física para ser a consequência da queda do homem no pecado. Mas, como resultado do meu estudo do Adão histórico, vim repensar isso. Primeiro de tudo, em 1 Coríntios 15 Paulo diz que a razão pela qual temos este soma psiquêncio (ou corpo natural; isto é, nosso corpo mortal e corruptível) é porque é assim que o primeiro homem, Adão, foi criado. Isso foi tão impressionante quando vi isso. Adão não era mortal em virtude de sua queda; ele era mortal em virtude de sua criação. E então, quando eu olhei para trás em Gênesis 3 e a história da Queda, você percebe que Adão e Eva simplesmente não caem mortos quando eles comem o fruto da Árvore, mesmo que Deus lhes tenha dito: “O dia em que você comer, você morrerá”. Eles não morreram fisicamente naquele dia. O que lhes aconteceu? Eles experimentaram uma morte espiritual. Eles estavam alienados de Deus e agora se afastaram dele. Assim, as consequências de comer o fruto eram espirituais, não físicas. Além disso, por que ter uma Árvore da Vida no Jardim se eles eram naturalmente imortais? Você vai se lembrar da razão pela qual Deus os expulsa do Jardim é para que eles não comam da Árvore da Vida e se tornem imortais. Deus não queria que eles comessem a Árvore da Vida agora que eles haviam caído em pecado. Mas se eles não tivessem caído em pecado, por que precisariam da Árvore da Vida se fossem naturalmente imortais? Então me ocorreu que realmente o que Paulo e Gênesis 3 estão ensinando é que Adão e Eva foram criados mortais. Eles são organismos biológicos comuns que eventualmente morreriam a menos que comessem da Árvore da Vida. E assim, em 1 Coríntios 15 novamente, qual é a solução para a morte para a qual nossos corpos mortais estão sujeitos? Bem, é a ressurreição. Deus nos ressuscitará dentre os mortos. Então você tem morte física e ressurreição física em 1 Coríntios 15. Agora, quando você se volta para Romanos 5, onde Paulo fala sobre o primeiro Adão e depois Cristo é o segundo Adão, o que você tem lá? Você tem a morte espiritual de Adão. E qual é o contraponto à morte espiritual? Não é a ressurreição. É uma justificação. Assim, a resposta à morte espiritual é a justificação pela morte expiatória de Cristo. Portanto, há uma diferença impressionante entre 1 Coríntios 15 e Romanos 5 – ambas passagens do Novo Testamento sobre Adão. Uma é como a ressurreição cura a praga da mortalidade física que temos como resultado de nossa criação, e a outra é sobre como a justificação em Cristo cura nossa morte espiritual que experimentamos como resultado do pecado.

KEVIN HARRIS: Isso é muito importante. Temos de esclarecer isto. Ele diz,

2. Por causa do pecado de Adão, ele e toda a humanidade foram mantidos daquela Árvore da Vida e assim permaneceram mortais.

DR. CRAIG: Direita. Em certo sentido, a Queda roubou a imortalidade de Adão e Eva no sentido de que eles não tinham mais acesso à Árvore da Vida. Em virtude de serem expulsos do Jardim, eles desistiram da oportunidade da imortalidade, porque não teriam mais acesso à Árvore.

KEVIN HARRIS (AO)

3. Toda essa história é apresentada de forma mitológica porque as árvores não têm frutos que o tornam imortal.

DR. CRAIG: Exatamente. Eu acho que é tão evidente que esta é uma imagem de palavras. Você tem a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, e você tem a Árvore da Vida que confere a imortalidade. E note – isso é tão importante – esses frutos não são milagrosos. Não é como se comer o fruto da Árvore do Bem e do Deus do Mal milagrosamente lhe dá o conhecimento do bem e do mal, ou que, comendo o fruto da Árvore da Vida, Deus o torna imortal. Não! - Não! Deus não queria que Adão e Eva se tornassem imortais depois de terem caído em pecado. Ele não queria que eles desobedecessem e tivessem o conhecimento do bem e do mal. Assim, essas árvores são árvores que têm a propriedade natural de conferir conhecimento moral e imortalidade física apenas ingerindo-as. E isso, penso eu, é muito plausivelmente uma imagem figurativa. Este é um símbolo ou uma espécie de metáfora para o conhecimento moral e para a vida eterna. E assim me parece que é apenas uma maneira muito plausível de interpretar a história.

KEVIN HARRIS: Finalmente, diz:

4. Cristo veio para nos restaurar ao paraíso para que cada um deles pudesse comer dessa árvore e ser imortais.

DR. CRAIG: Eu acho que o que ele está se referindo aqui é que a Árvore da Vida reaparece na Jerusalém celestial que João vê no livro do Apocalipse. Está a crescer à beira do rio. Mas de forma alguma sugere que, comendo da Árvore da Vida, ganhamos a imortalidade. Pelo contrário, nossos corpos serão corpos imortais, gloriosos, físicos e poderosos que se levantam da sepultura, assim como Jesus ressuscitou com um corpo imortal, poderoso e espiritual, quando ressuscitou na manhã de Páscoa do túmulo.

KEVIN HARRIS: Próxima pergunta, Jason no Facebook perguntou,

É possível que Deus realmente fez algum tipo de cirurgia do lado de Adão, fez alguns milhões de variações na costela ou qualquer tecido, e fez uma mulher? Ou é melhor ver isso como metafórico?

DR. CRAIG: Agora este seria um daqueles casos em que você teria que dizer, é claro que é possível que Deus possa fazer isso. Deus pode fazer qualquer coisa. Mas essa é a interpretação mais plausível da narrativa? Eu costumava pensar que o que isso imaginava é que Adão adormeceria e então algum tipo de incisão seria feito em seu lado como se por um bisturi invisível e, em seguida, uma de suas costelas fosse arrada e, em seguida, essa costela sangrenta estaria flutuando no ar e ela meio que cresceria em uma mulher. E me pareceu fantástico pensar que é isso que o autor está nos pedindo para imaginar. Desde então, no entanto, lendo Gênesis 2 e 3 mais de perto, o que você encontra em Gênesis 3 é que Deus é descrito como uma divindade humanóide andando no Jardim no frescor do dia chamando Adão que está em seu esconderijo. Tem esta descrição antropomórfica de Deus. E você lê Gênesis 2 à luz disso e eu acho que o que você tem na criação de Adão é essa mesma divindade antropomórfica fazendo uma estátua para fora da sujeira e depois soprando em seu nariz e a estátua ganha vida e então é essa divindade humana que faz a cirurgia em Adam e faz uma mulher de sua costela. Não é como se a costela estivesse sendo moldada por alguma divindade invisível. É esta divindade humana. Então, o que você tem aqui, eu acho, é claramente uma linguagem antropomórfica sobre Deus. Sabemos de Gênesis 1 que Deus é o criador transcendente do universo. Ele não tem corpo físico. E assim eu acho que, embora seja possível interpretar a narrativa ou interpretá-la como Jason fez, é muito mais plausível pensar aqui que temos uma história figurativa ou metafórica da criação contada nesta narrativa antropomórfica.

KEVIN HARRIS: Próxima pergunta de Jennifer. Ela diz:

Pode Jesus ser o segundo Adão se Adão não existisse? Esta é a evidência bíblica de que Adão era histórico, mesmo que fosse centenas de milhares de anos atrás?

DR. CRAIG: Eu acho que Jesus poderia ser o segundo Adão, mesmo que Adão fosse apenas uma figura literária no livro de Gênesis. Eu acho que é bem possível fazer comparações entre uma pessoa real e uma pessoa literária. Por exemplo, algumas pessoas dirão de Hillary Clinton que ela era uma Lady Macbeth referindo-se à figura na peça de Shakespeare. Mas o que você não pode fazer, eu acho, é dizer que Cristo como o segundo Adão corrigiu as consequências da primeira queda de Adão em pecado, porque então você está falando sobre as consequências que estão fora da narrativa no mundo real. E uma figura meramente literária não pode ter consequências reais que Cristo então retificou. Então eu consideraria isso como evidência bíblica de que Paulo pensava que Adão era uma pessoa histórica que tinha consequências reais do mundo que foram corrigidas pela morte expiativa de Cristo.

KEVIN HARRIS: OK. Stacy no Facebook perguntou:

Se o pecado original não é a melhor interpretação da Escritura a respeito da queda de Adão e Eva, então como o pecado infectou o mundo ou como adquirimos uma natureza do pecado?

É uma grande pergunta.

DR. CRAIG: Sim. E vamos ser muito claros sobre o que diz a doutrina tradicional do pecado original. A doutrina do pecado original não é apenas que houve um primeiro pecado – um pecado original nesse sentido. Em vez disso, a doutrina diz que eu sou culpado pelo que Adão fez, que eu sou punível, eu sou passível de punição por causa do que Adão fez. Sua culpa é imputada a toda a sua posteridade. Eu argumentei que essa não é a melhor interpretação de Gênesis 3 – nenhuma das maldições sobre Adão e Eva é sobre tal imputação de culpa ou pecado – nem Paulo descreve isso em Romanos 5. Em vez disso, o que Paulo diz em Romanos 5 é que a morte se espalhou para todos os homens porque todos os homens pecaram. Então, como o pecado infectou o mundo, Stacey pergunta? Bem, eu diria que o pecado afeta todo ser humano que vive. Infectou as nossas instituições sociais. Vivemos em um mundo corrupto e maligno para que as pessoas naturalmente nascidas em tal mundo adotem os padrões de comportamento deste mundo corrompido e se tornam pecaminosas. Portanto, não precisamos pensar que pequenos bebês estão manchados com a culpa de Adão, a fim de acreditar que as crianças à medida que envelhecem se tornam pecaminosas em virtude das influências sobre elas.

KEVIN HARRIS: A próxima pergunta é de Brandon. Ele diz,

Quais são as principais diferenças entre você e Josh Swamidass sobre o Adão histórico?

É uma pergunta de duas partes. Ele diz: o  que Alvin Plantinga diz sobre a historicidade de Adão?

O que eu achei engraçado: “O que Alvin Plantinga pensa sobre isso?

DR. CRAIG: Eu nunca falei com Alvin sobre isso, então não posso responder a isso. Mas a principal diferença entre Josh e eu é facilmente resumida. Josh acredita em um Adão muito recente. Eu acredito em um Adão antigo. A fim de defender um Adão recente, Josh tem que desistir que Adão e Eva foram os antepassados de todo ser humano que viveu neste planeta. Ele diz que eles eram apenas os ancestrais de alguns deles. Na minha opinião, Adão e Eva são, de fato, os ancestrais de cada pessoa, cada ser humano, que viveu neste planeta. Mas, para defender esse progenitorismo universal, tenho que desistir da recência de Adão e Eva. Assim, uma proposta desiste de seu progenitorismo universal; a outra proposta desiste de sua recência. E eu acho que você precisa decidir qual deles tem os maiores benefícios para o custo que ele incorre.

KEVIN HARRIS: A pergunta final hoje. O Rick diz:

Eu sempre ouvi que nossos corpos de ressurreição provavelmente pareceriam e funcionariam como Adão e Eva pareciam e funcionavam. Há alguma coisa nisto? Não tenho certeza se quero parecer com o cara na capa do livro!

DR. CRAIG: [risos]Bem, você sabe o que minha esposa disse? Ela achava que aquele tipo parecia um tipo muito bonito.

KEVIN HARRIS: Eu também! Não me importava de parecer nada com ele.

DR. CRAIG: Não. Eu também não o faria. A ideia de que nos pareceríamos com Adão e Eva é absolutamente um absurdo. Você pode imaginar que Deus desfaria todas as nossas identidades raciais para que todos nós nos tornássemos uma única raça? Eu não vejo absolutamente nenhuma razão para pensar que na vida após a morte não haverá aborígenes da Austrália e Inuit do Ártico e San da África ou indianos da América do Sul. Na verdade, o livro de Apocalipse não diz isso? Ele diz diante do trono e diante do cordeiro será povo de toda tribo, língua, nação e povo. Então, certamente não devemos pensar que todos nós vamos ser transformados para parecer como Adão e Eva pareciam.

KEVIN HARRIS: Obtenha o livro In Quest of the Historical Adam quando você vai para Reasonable Faith.org. Bill, vamos nos ver no próximo podcast.

DR. CRAIG: Obrigado, Kevin.[1]    https://www.reasonablefaith.org/media/reasonable-faith-podcast/listener-questions-about-new-book-on-adam

 

Respostas de w. L. Craig aos críticos de seu novo Livro: Em busca do Adão Histórico

06 de fevereiro, 2023

Sumário

- Dr. Dr. (em inglês). Craig examina duas resenhas em seu livro In Quest of the Historical Adam.

KEVIN HARRIS: Bill, há duas resenhas do seu livro sobre o Adão histórico que temos sido carinhosamente (ou talvez não tão carinhosamente) chamando as resenhas de duelo. Eles estão no blog da Modern Reformation. Aqui está a introdução desse blog.[1]

Em sua mais recente monografia, William Lane Craig assume uma das questões mais prementes da apologética contemporânea: a questão das origens da humanidade e a historicidade do relato de Gênesis de Adão e Eva. Por causa da Dra. A reputação eminente de Craig e o tema deste livro, MR desejava fornecer duas perspectivas diferentes sobre ele, e por isso convidamos o Dr. Hojin Ahn e o Dr. Chad McIntosh para revisar Dr. O livro de Craig.

Conhece algum destes cavalheiros?

DR. CRAIG: Eu não conheço Hojin Ahn, mas eu conheço Chad McIntosh. Ele é um bom filósofo cristão e está editando um livro sobre Quatro Visões sobre a Trindade para o qual eu estou contribuindo. Eu pensei que a Reforma Moderna foi muito inteligente em ter essas críticas de duelo de perspectivas muito diferentes sobre este livro controverso. Dá ao leitor a chance de vê-lo de ambos os ângulos.

KEVIN HARRIS: Dr. A resenha de Ahn é intitulada “A hermenêutica inconsistente de William Lane Craig”. Então você pode adivinhar que este é o mais negativo. Ele começa,

William Lane Craig, um proeminente estudioso da apologética evangélica, publicou In Quest of the Historical Adam para abrir um novo canal para a comunicação hermenêutica entre a teoria evolucionista e uma doutrina cristã da criação. Em vez de uma leitura “tradicional” (literal) de Gênesis, ele sugere uma leitura científicamente “revisionista” (xii).

Podemos parar por aí. E a descrição “cientificamente revisionista”?

DR. CRAIG:  Isso é impreciso desde o início. O que isso implica é que minha leitura de Gênesis é motivada pela ciência moderna e tenta fazer com que a interpretação de Gênesis 1 esteja em conformidade com as teorias científicas modernas. Eu sou inflexível no livro que é uma hermenêutica ruim. Isso é chamado de conclusdismo, onde você lê a ciência moderna de volta ao texto. Assim, a primeira metade de In Quest of the Historical Adam entrelalhe completamente as libertaçãos das ciências sobre as origens da humanidade, e se concentra inteiramente na questão hermenêutica do que é a maneira mais plausível de interpretar Gênesis 1 a 11 – a chamada história primitiva – e em particular as narrativas sobre Adão e Eva. Portanto, esta não é uma tentativa de usar a ciência para revisar a leitura tradicional de Gênesis 1.

KEVIN HARRIS: Continuando,

Craig considera os relatos bíblicos da criação principalmente em relação a evidências científicas que apóiam a teoria da evolução ateísta. Indiscutivelmente, a posição que ele defende neste livro contrasta com sua carreira como um corajoso defensor da verdade evangélica. Isso ocorre porque a interpretação bíblica do Adão histórico que ele oferece através das lentes da teoria evolucionária é inconsistente com a hermenêutica bíblica que ele usa para defender a verdade evangélica da salvação de Deus através de Cristo.

Vamos entrar na questão hermenêutica em um momento, mas o que você acha sobre sua declaração da relação do livro com a evolução ateísta?

DR. CRAIG: Para repetir, o livro não é uma tentativa de olhar para a interpretação do Adão histórico através das lentes da teoria da evolução. Isso é um mal-entendido de toda a primeira metade do livro. Além disso, é impróprio caracterizar a teoria da evolução como inerentemente ateísta. Não há razão para pensar que, se Deus existe, ele não poderia ter estruturado o universo de tal forma a usar o desenvolvimento evolutivo para trazer a complexidade da biosfera. Então, este é apenas um uso pejorativo da linguagem que não reflete o que a teoria da evolução sustenta.

KEVIN HARRIS: Ahn continua,

Acima de tudo, temos que prestar atenção à censura hermenêutica de Craig da palavra divina de Deus através da teoria da evolução. Embora Craig pareça justificar a plausibilidade de sua compreensão pré-histórica-antropológica de Gênesis, ele parece desconsiderar o ponto crítico de que Adão e Eva foram criados perfeitamente por um “Deus transcendente” antes da Queda. Estou profundamente preocupado com a interpretação bíblica de Craig que deve corresponder a evidências paleontológicas que apoiam a teoria da evolução. Se Craig simplesmente buscasse uma base comum e uma continuidade hermenêutica entre as antigas sagas e os relatos bíblicos, então sua abordagem “mito-histórica” não seria um problema. Considerando que seu livro é escrito para pessoas que lutam para reconciliar a teoria da evolução com sua fé cristã, eu acharia isso inteiramente aceitável. Não estou criticando seu abandono de qualquer compreensão literal dos relatos da criação. O problema para mim é que Craig baseia toda a sua interpretação dos relatos bíblicos em evidências científicas, minimizando radicalmente o conteúdo e o propósito divinos da Bíblia. Parece que, à medida que os paleontólogos encontram novas evidências – segure, me dê tempo para encaixar minha interpretação bíblica nela!

- Está bem, Bill. Muito a comentar.

DR. CRAIG: Ah, demais! Esta é uma deturpação tão séria da porção hermenêutica do livro. Ele reconhece no início da citação que você lê que “Craig parece justificar a plausibilidade de sua compreensão antropológica pré-histórica de Gênesis”. Isso é exactamente certo. O que eu faço é argumentar que quando você olha para o gênero literário do mito você descobre certas semelhanças familiares entre os mitos. Eu listo cerca de dez deles

Então eu mostrei que a história primitiva de Gênesis 1 a 11 tem vários exemplos de oito das dez dessas semelhanças familiares e que isso vai argumentar muito poderosamente que, de fato, essas narrativas são pelo menos quase míticas. Mas eles não são puro mito porque eles também têm um interesse histórico, e isso se manifesta nas genealogias que ordenaram as narrativas primitivas cronologicamente e as transformam em uma história primitiva. O fato de que essas genealogias se fundem perfeitamente nas narrativas patriarcais que começam em Gênesis 12 (de Abraão e seus descendentes, que são indiscutivelmente considerados pelo autor como pessoas históricas) que as pessoas anteriores nas genealogias são igualmente consideradas como pessoas históricas. Então eu argumento com base nessas semelhanças familiares do mito e esses notáculos genealógicos que a melhor análise de gênero de Gênesis 1 a 11 é mito-história – uma espécie de fusão da história com a linguagem figurativa do mito

Agora, o que é engraçado sobre a crítica de Ahn é que ele diz: “Eu não estou criticando Craig por abandonar uma compreensão literal do relato da criação”. Então ele está bem com isso. Ele diz que o problema é que eu baseio a interpretação dos relatos bíblicos em evidências científicas, e acho que é evidente pelo que acabei de dizer que é completamente uma leitura errada do meu texto. Minha interpretação de Gênesis 1 a 11 é baseada em uma análise do gênero literário desses capítulos. Qualquer um que conteste isso terá que dar uma explicação melhor dessas semelhanças familiares e dessas genealogias do que a que eu ofereço. Mas é apenas uma deturpação dizer que essa interpretação é impulsionada pelas libertaçãos da ciência moderna.

KEVIN HARRIS: Mais um ponto rápido sobre isso. É problemático dizer que Deus criou Adão e Eva perfeitamente – que eles eram perfeitos? Eu sei o que as pessoas querem dizer quando dizem isso.

DR. CRAIG: Como você disse, há muito o que fazer. Isso é obviamente incorreto porque Adão e Eva não eram moralmente perfeitos. Eles eram moralmente inocentes, mas não eram moralmente perfeitos. Somente Deus é moralmente perfeito. Então, enquanto Adão e Eva foram criados moralmente inocentes e depois caíram em pecado, é um erro dizer que eles foram criados perfeitamente.

KEVIN HARRIS: Em seguida, ele diz,

Com suas premissas hermenêuticas na teoria evolucionária, Craig finalmente postula sua principal declaração sobre a busca pelo histórico Adão e Eva. Ele tem certeza de descobrir o fato científico oculto de sua existência na linguagem mitológica e figurativa na passagem sobre como Deus criou os primeiros seres humanos de acordo com sua própria imagem (Gn. 1: 26-27). Craig presume que entre numerosos neandertais, Deus escolheu especialmente Adão e Eva e dotou-os com habilidade intelectual e “almas racionais” que são completamente distintas de primatas e animais (378). Aqui, Craig tem a plena certeza de sua suposição de que a eleição soberana de Deus é compatível com a seleção natural por um processo extremamente aleatório de evolução.

- Bill?

DR. CRAIG: Não estou tentando neste livro mostrar a compatibilidade da eleição soberana de Deus com a evolução de acordo com a mutação aleatória e seleção natural. Em vez disso, o que estou tentando mostrar é que a existência de um casal fundador nas cabeceiras da raça humana é inteiramente consistente com a ciência moderna. Não há nada nas libertaçãos da ciência moderna que descarte que haja um par humano primordial de quem toda a humanidade é descendente. Eu dou dois argumentos no livro por que estamos biblicamente comprometidos com um Adão histórico. Eu já compartilhei o primeiro baseado nas genealogias que ordenam a história primitiva. O segundo argumento seria do testemunho do Novo Testamento para o Adão histórico. Paul descreve Adão como uma figura que tem efeitos no mundo real, e nenhum personagem puramente fictício pode ter efeitos causalmente fora do mundo da ficção. Então Ahn simplesmente, novamente, imprecisamente caracterizou o livro, e ele está apenas assumindo que a soberania divina não pode abranger um processo de mutação aleatória e seleção natural que ele não mostrou, mas não é, em qualquer caso, o assunto do livro.

KEVIN HARRIS: Ahn continua,

A primeira vista, o argumento de Craig é logicamente persuasivo por causa de sua síntese de biologia evolutiva e revelação bíblica. É, no entanto, irônico que, embora Craig pareça tão seguro que a evidência paleontológica coincida com a leitura mitró-histórica dos relatos da criação, ele nunca oferece nenhuma evidência científica para a existência do Adão histórico. Consequentemente, entre os círculos científicos tradicionais, a opinião de Craig é de fato considerada quase científica, alegando que não há dados estatísticos ou evidências objetivas de que a humanidade moderna desça biologicamente de progenitores masculinos e femininos como Adão e Eva.

DR. CRAIG: Bem, eu não estou tentando mostrar que a evidência científica exige que toda a humanidade descenda de um par humano original. Em vez disso, estou simplesmente tentando mostrar a compatibilidade de meus compromissos bíblicos com tal par fundador com a ciência contemporânea. Não é uma afirmação de que a evidência científica prova a existência de Adão e Eva; em vez disso, é que a existência de um par humano fundador, Adão e Eva, é inteiramente compatível com as libertaçãos da ciência moderna. E essa é uma afirmação muito modesta e, eu acho, bastante defensável.

KEVIN HARRIS: OK. Há a primeira avaliação em nossos comentários de duelo. Vamos pegar a segunda revisão do próximo podcast. Quero lembrá-los de que você pode contribuir para o trabalho em andamento e o ministério da fé razoável. Quando você vai para ReasonableFaith.org, você pode doar ali mesmo do site. Nos vemos no próximo podcast, Reasonable Faith with Dr. Apresentação de Slides William Lane Craig.[2]

 

[1] https:/modernreformation.org/resource-library/articles/perspectives-on-in-quest-of-the-the-historical-adam-by-william-lane-craig/ (acessado em 6 de fevereiro de 2023).   https://www.reasonablefaith.org/media/reasonable-faith-podcast/dueling-reviews-on-historical-adam-book-part-one



Comentários sobre o Adão Histórico Book Part Two

12 de fevereiro de 2023

Sumário

- Dr. Dr. (em inglês). Craig conclui seu exame de duas críticas sobre In Quest of the Historical Adam.

KEVIN HARRIS: Bill, esta revisão de Chad McIntosh é um pouco mais positiva. Ele intitulou seu artigo, "Um mau tempo para um bom livro".[1] Vamos descobrir por que ele pensa isso. Ele escreve,


William Lane Craig embarca em uma busca para responder... duas perguntas principais: Primeiro, a Bíblia os apresenta como pessoas reais e históricas ou meras figuras literárias usadas por autores bíblicos para ilustrar verdades teológicas? Segundo, se eles são reais [Adão e Eva], pessoas históricas, então a crença neste par original como a fonte da humanidade está em conflito com a ciência atual das origens humanas?... Se o gênero de Gênesis fosse uma narrativa histórica direta, a resposta à primeira pergunta estaria resolvida. Mas as coisas não são tão fáceis; de acordo com Craig, Gênesis 1–11 exibe quase todas as características do gênero de mito. Mas devemos ter cuidado aqui: como os estudiosos literários usam o termo, um "mito" não é uma ideia popular ou falsidade, mas uma narrativa tradicional e sagrada acreditada por membros de uma sociedade que explica as realidades presentes ancorando-as no passado pré-histórico. No entanto, ao mesmo tempo, o interesse histórico não está ausente do autor de Gênesis, como mostram as genealogias. Assim, Craig pensa que o gênero de “mito-história” de Thorkild Jacobsen — um gênero onde eventos históricos reais são narrados, mas com recursos literários não literais usados ​​para comunicar verdades teológicas — é, portanto, uma classificação adequada de Gênesis, apesar das aversões populares à palavra mito.

Esse é o fim da citação. Acho que é uma boa miniatura do livro.

DR. CRAIG: Sim, não é maravilhoso como um filósofo como Chad McIntosh pode resumir de forma tão sucinta e precisa o conteúdo de um livro e apresentar o argumento? É um contraste tão grande com a resenha de Ahn, que é um teólogo.

KEVIN HARRIS: Continuando o artigo, ele escreve:

Das dezenas (ou mais) de textos relevantes do Novo Testamento, Craig encontra apenas um punhado nas cartas de Paulo que plausivelmente afirmam um Adão histórico. O resto, ele argumenta, requer que o par não seja mais do que figuras literárias que ilustram verdades teológicas. Por exemplo, quando Jesus se refere à união monogâmica de Adão e Eva, ele o faz “para discernir sua implicação para o casamento e o divórcio, não afirmando sua historicidade” (221). Em contraste, a teologia de Paulo requer um Adão (e Eva) históricos, pois Paulo identifica Adão como responsável por um evento do mundo real (a Queda) que levou com o tempo a outros efeitos do mundo real, mais importantemente a expiação de Cristo (ver 1 Cor. 15:21–22, 45–46; Rom. 5:12–21). Para Craig, isso “é suficiente para a afirmação de um Adão histórico” (242).

No que diz respeito à maioria das pessoas, podemos cantar uma canção, pegar uma oferta e ir para casa depois dessa parte. Elas só querem ouvir algum tipo de afirmação de Adão e Eva.

DR. CRAIG: É exatamente isso que eu dou. Com base nas genealogias e, então, Paulo atribuindo efeitos do mundo real ao pecado de Adão mostra que a Bíblia está comprometida com a historicidade de Adão e Eva como pessoas históricas reais.

KEVIN HARRIS: Continuando, Chad escreve:

Tendo completado a primeira etapa de sua busca, Craig parte para a segunda — isto é, determinar se a crença em um par original como a fonte da humanidade está em conflito com a ciência atual das origens humanas. As principais objeções a isso, consideradas no penúltimo capítulo do livro, acabam sendo surpreendentemente fracas, desde que o par primordial esteja localizado longe o suficiente no passado distante para explicar a diversidade genética e geográfica que vemos na população humana ao redor do mundo hoje. Isso é exatamente o que as evidências já pesquisadas na terceira parte do livro indicam: evidências paleoneurológicas e arqueológicas sobre quando os primeiros humanos surgiram os colocam dentro da época do Pleistoceno, comumente conhecida como Era do Gelo, de 2,5 milhões a 12 mil anos atrás. Para estabelecer isso, é claro, é preciso primeiro determinar o que conta como "humano".

Vamos nos aprofundar nisso a seguir, mas talvez você queira lembrar aos ouvintes o que é paleoneurologia.

DR. CRAIG: Paleoneurologia é o estudo dos cérebros de antigos hominídeos como os neandertais, Homo erectus , Homo rhodesiensis e assim por diante, principalmente com base na evidência de crânios e no que é chamado de endocasts. Eles pegam um molde ou um molde do interior do crânio para ajudar a determinar o tamanho e a configuração do cérebro, e você pode derivar alguma ideia das capacidades cognitivas de tal indivíduo. Queremos, eu acho, dizer que qualquer hominídeo que tivesse uma capacidade cerebral insuficiente para manter comportamentos cognitivos modernos não poderia ter sido humano.

KEVIN HARRIS: Em seguida ele escreve:

Craig adverte contra a equiparação simplista do tipo natural de "humano" com organismos cientificamente classificados como Homo . Há uma grande variedade de organismos dentro do Homo que plausivelmente não são humanos, e outros que são plausivelmente humanos, mas não Homo sapiens (por exemplo, Homo neanderthalis ). Ser humano no sentido relevante é exibir similaridade anatômica e cognitiva suficiente com os humanos modernos. . . . Um dos aspectos mais interessantes (e dramáticos!) do estudo de Craig é como várias linhas de evidência em várias disciplinas convergem lentamente, apontando para o ancestral comum dos neandertais e do Homo sapiens moderno como a espécie mais antiga com as características anatômicas e capacidade cognitiva para ser considerada totalmente humana. Este era o Homo heidelbergensis , cuja imagem a sobrecapa do livro traz. Craig, portanto, identifica Adão e Eva como membros deste grupo, tendo vivido entre 750.000 e 1.000.000 de anos atrás.

Esse é o segundo cuidado mencionado.

DR. CRAIG: Esta é uma questão crítica porque, como Chad observa, nem toda espécie classificada como Homo era genuinamente humana. Quando geólogos ou paleontólogos desenvolveram essas classificações, eles tinham basicamente apenas duas — Australopitecos ou Homo . Eles simplesmente agruparam hominídeos quase indiscriminadamente diferentes nessas duas categorias sem muita discriminação. Então, há um bom número dessas formas iniciais de Homo hominídeo que eu acho que plausivelmente não são humanas como o Homo erectus ou Homo naledi. Eles tinham uma capacidade cerebral que não é muito maior do que a de um macaco moderno e, portanto, não seriam justificadamente chamados de humanos. O que precisamos procurar seriam hominídeos que exibissem comportamento cognitivo comparável à capacidade cognitiva moderna — coisas como planejamento para o futuro, inovação tecnológica, pensamento simbólico e pensamento representativo. É impressionante como, por meio do exame da arqueologia, você pode encontrar o que são chamadas de assinaturas arqueológicas dessa capacidade cognitiva moderna que remontam literalmente a centenas de milhares de anos. Estou muito feliz que Chad chame a atenção para isso no livro, porque acho que um dos aspectos mais fascinantes do livro é a análise que ele oferece dessas incríveis assinaturas arqueológicas que sugerem que os comportamentos cognitivos modernos remontam a antes do Homo sapiens, aos neandertais e até mesmo depois disso, ao Homo heidelbergensis (ou Homem de Heidelberg), o último ancestral comum dos neandertais e do Homo sapiens .

KEVIN HARRIS: A seguir, acho que ele parece desejar que você tivesse escrito mais sobre o que significa ser feito à imagem de Deus. Ele escreve,

Em particular, o que significa para o homem ser feito à imagem de Deus não fica claro, o que é uma lacuna surpreendente dado o tópico do livro. Ser feito à imagem de Deus, Craig argumenta, é “ter certas faculdades como racionalidade, autoconsciência, liberdade de vontade e assim por diante” — isto é, ser “pessoas da mesma forma que Deus é pessoal e, portanto, ter os atributos da personalidade. São precisamente as propriedades da personalidade que são manifestadas pelos comportamentos cognitivos aos quais apelamos como evidência de humanidade” (370). Isso não pode estar totalmente certo, já que anjos e demônios são pessoas nesse sentido, mas não são humanos e não foram criados à imagem de Deus (ou pelo menos não explicitamente declarado na Bíblia como tal). Deve haver algo mais sobre carregar a imagem de Deus que torna alguém humano. Mas o quê?... “O fato teimoso é que Gênesis deixa a imagem e semelhança de Deus indefinidas” (367). Pode ser assim, mas não podemos nós, como filósofos cristãos, dizer mais?

DR. CRAIG: Acho que há alguma confusão aqui da parte de Chad. Acho que minha caracterização da imagem de Deus como tendo faculdades como racionalidade, autoconsciência, liberdade de vontade e assim por diante é bastante adequada para entender o que significa ser feito à imagem de Deus. Teria a implicação de que, sim, anjos e demônios também são criados à imagem de Deus. Não vejo nada de questionável nisso biblicamente. De fato, em Gênesis 1:26-27, quando Deus cria o homem à sua imagem e semelhança, é tão interessante que ele usa o plural - "façamos o homem à nossa imagem e semelhança". Muitos comentaristas do Antigo Testamento pensam que isso é uma referência à corte angélica com quem Deus fala. Nesse caso, anjos e anjos caídos também são, como nós, criados à imagem de Deus. A razão pela qual eles não são humanos é porque eles não têm um corpo hominídeo como nós. Somos pessoas assim como eles são pessoas, mas somos pessoas humanas em virtude de termos um corpo hominídeo e também uma alma racional.

KEVIN HARRIS: Aqui está a conclusão.

Por fim, não posso deixar de me perguntar sobre a recepção e o impacto do livro. Os capítulos sobre o gênero de Gênesis são um tour de force, e podem ser uma contribuição inestimável para os debates populares sobre o significado e a interpretação de Gênesis. Mas serão? Tenho minhas dúvidas. Apesar de ser descrito como um “livro de nível popular” (320), a busca de Craig pode ser desafiadora demais para o leigo médio. . . . Então, devemos nos desesperar com a perspectiva de uma posição responsável se tornar popular entre os evangélicos?

. . . Craig simplesmente não aprecia o quão íngreme a palavra mito criará para os cristãos evangélicos. É, na minha opinião, intransponível. Essa palavra e a capa do livro quase certamente alienarão um grande e importante público que luta para reconciliar sua fé com as alegações de relatos científicos (populares) das origens humanas. Dito isso, como todos os cristãos sabem, um presente precioso pode ser recusado por razões tolas.

Antes de você encerrar para nós, quero dizer que fiquei muito comovido com a última frase. “Um presente precioso pode ser recusado por razões tolas.”

DR. CRAIG: Muitas vezes me perguntei qual será o impacto de longo alcance deste livro, mesmo depois que eu tiver me afastado desta vida mortal e não estiver mais em cena. Não sei o que prever, mas sinto que a comunidade evangélica está mudando, que eles exibem uma notável abertura para entendimentos de Gênesis que não são baseados em um literalismo de madeira como os criacionistas da Terra Jovem defendem. Acho que esse ponto de vista e essa interpretação são uma minoria que está diminuindo rapidamente, pelo menos no Ocidente. Portanto, estou esperançoso quanto ao impacto do livro. Usei a palavra "mito" conscientemente e deliberadamente porque queria ser direto com meu leitor, não usar eufemismos ou palavras metidas, mas explicar como a palavra é usada por estudantes de folclore e por classicistas, e então usar a palavra nesse sentido. A ironia é que muitos outros comentaristas evangélicos do Novo Testamento já estão dizendo a mesma coisa, mas estão usando palavras diferentes e menos carregadas de emoção. Por exemplo, Gordon Wenham se refere a Gênesis 1-11 como proto-história. John Collins a chama de história da cosmovisão. John Walton a chama de história imagética. Todos eles estão realmente falando sobre a mesma coisa que Thorkild Jacobsen chamou de mito-história, mas eles não querem usar a palavra “mito” porque, como Chad McIntosh observa, na cultura popular isso é carregado com as conotações de falsidade e falta de confiabilidade. Então é importante que entendamos como a palavra está sendo usada no sentido literário do classicista. [2][1] https:/modernreformation.org/resource-library/articles/perspectives-on-in-quest-of-the-the-historical-adam-by-william-lane-craig/ (acessado em 6 de fevereiro de 2023).  https://www.reasonablefaith.org/media/reasonable-faith-podcast/dueling-reviews-for-historical-adam-book-part-two



Respostas contrárias ao Dr. O Livro de Craig

26 de outubro de 2021

Sumário

- Dr. Dr. (em inglês). Craig responde a dois cientistas em In Quest of the Historical Adam.


Bill, vamos falar muito sobre In Quest of the Historical Adam. Parece que não só no podcast de hoje, mas nas semanas e meses e talvez talvez nos próximos anos. Vamos olhar para alguns artigos aqui sobre o livro que foi lançado: In Quest of the Historical Adam. Preciso de lhe perguntar o que pensas sobre a reação até agora. Antes de entrarmos em Schaffner e Coyne aqui, o que você acha da reação até agora que você viu apenas no lançamento inicial do livro?

DR. CRAIG: Bem, assim como eu esperava, as pessoas da direita e da esquerda estão muito chateadas, e eu antecipei completamente esse tipo de resistência. Mas eu tenho que lhe dizer que eu era muito ingênuo porque o que eu não esperava é que as pessoas denunciariam o livro sem nunca lê-lo. Isso realmente me surpreendeu. Uma e outra vez vimos pessoas deturparem ou não entenderem o que eu digo no livro porque estão reagindo a ele sem nunca ter lido.

KEVIN HARRIS: Bem, aqui está um homem que leu o livro. Ele é o Stephen Schaffner. Ele é biólogo computacional sênior no Programa de Doenças Infecciosas e Microbioma do MIT. Ele está com o Broad Institute. Qual é a sua impressão geral deste artigo? [1] Eu sei que você teve a chance de lê-lo. Schaffner certamente elogia você no final do artigo. Ele diz,

Eu só posso esperar que outros que trabalham na intersecção da ciência com filosofia ou religião emitem seus esforços.

DR. CRAIG: Fiquei muito satisfeito com a revisão geral. Eu acho que ter uma resenha em uma revista como a Science por um biólogo de alto nível foi realmente um privilégio, e agradeço ao professor Schaffner por ler o livro com cuidado e interagir com ele. Eu acho que, no entanto, ele entendeu algumas coisas erradas e isso provavelmente vai sair no decorrer deste podcast.

KEVIN HARRIS: Primeiro de tudo, ele diz,

[Craig] procura responder a duas perguntas: se seus compromissos teológicos como cristão precisam acreditar em um Adão e Eva históricos e, em caso afirmativo, o que a ciência pode nos dizer sobre o casal.

As conclusões para a primeira parte do livro: o relato de Gênesis é mito-história e ainda algumas das declarações de Paulo no Novo Testamento exigem um verdadeiro Adão histórico que foi o primeiro humano. Então, há seu esboço do livro. Achas que ele também acertava bem?

DR. CRAIG: Eu acho que ele entendeu corretamente as perguntas que estou fazendo, mas ele não retratou com precisão minhas respostas. Ele diz que eu trato o relato de Gênesis como mitológico e que minha razão para acreditar na historicidade de Adão e Eva são as declarações de Paulo no Novo Testamento. Isso é uma deturpação. Eu argumento que Gênesis não é puro mito, mas é mito-história. Tem interesse em pessoas e eventos históricos e isso é demonstrado pelas genealogias que estruturam as narrativas primitivas e transformam essas narrativas em uma história primitiva. Então, já com base em Gênesis 1-11, estou comprometido com a historicidade desses eventos descritos não simplesmente com base nos ensinamentos de Paulo no Novo Testamento.

KEVIN HARRIS: Ele diz que não tomar essa porção de Gênesis de uma maneira literalista “não o adequerá aos criacionistas”. Tenho certeza de que ele quer dizer criacionistas da Terra Jovem.

DR. CRAIG: Sim. Tenho a certeza que é verdade. E eu acho que os terra jovem geralmente não entenderam o impulso do livro como Schaffner, a saber, esta é uma tentativa de defender a historicidade de Adão e Eva, que este é um casal humano literal de quem toda a humanidade descende. Portanto, a tese fundamental do livro é realmente bastante conservadora. É só que eu não acho que você tem que ler as narrativas de uma forma literalista de madeira. Eu acho que as narrativas estão vestidas com a linguagem figurativa e muitas vezes fantástica do mito.

KEVIN HARRIS: Schaffner diz que suas conclusões sobre o ensinamento de Paulo sobre Adão são “o cerne do livro”. É assim que ele coloca.

DR. CRAIG: Sim, e isso é um erro porque ele não entende que eu já defendo a historicidade de Adão e Eva com base apenas em Gênesis 1-11. O ensinamento de Paulo não é o ponto crucial do livro. Isso simplesmente confirma a conclusão que já cheguei através da minha exegese de Gênesis 1-11.

KEVIN HARRIS: Então ele reclama que você não gasta tempo suficiente desenvolvendo Paulo e no mesmo tratamento que você fez Gênesis. Mas isso é porque, pelo que estás a dizer, não é o ponto crucial.

DR. CRAIG: Não é o ponto crucial, e além disso, fiquei realmente surpreso com a desprezamento da discussão de Schaffner sobre os tratamentos judaicos de Adão durante o período inter-testamental e o que é conhecido como Judaísmo do Segundo Templo. No livro de Venema e McKnight, McKnight já fez um trabalho muito completo de examinar esse tratamento judaico de Adão, e eu reviso essa evidência. O que eu aponto é que todos esses tratamentos extra-bíblicos de Adão (em apócrifos judeus e pseudepigrapha) tratam Adão como uma pessoa histórica. Assim, apesar dos diferentes usos teológicos aos quais eles colocam Adão, todos eles concordam em representá-lo como uma pessoa histórica que realmente viveu. E isso fornece pano de fundo para o próprio tratamento de Paulo a Adão em Romanos 5 e 1 Coríntios 15. Então eu me deparei inocente da alegação de Schaffner de que eu tenho negligenciado a literatura inter-testamental judaica extra-bíblica relacionada a Adão e Eva.

KEVIN HARRIS: Schaffner diz que você faz um “trabalho mais do que credível” de sintetizar as conclusões e incertezas da literatura científica sobre quando os hominídeos adquiriram capacidade cognitiva. Isso é mais um elogio, Bill.

DR. CRAIG: Sim. Eu apreciei isso. Eu certamente tentei fazer um trabalho credível de resumir a evidência paleontológica e arqueológica para a primeira aparição dos comportamentos cognitivos humanos modernos, e eu acho que para os leitores que estão interessados em que o livro será um recurso muito bom para resumir essa evidência.

KEVIN HARRIS: Em seguida, ele fala sobre o gargalo genético que se pode evitar colocando Adão além de 700.000 anos atrás, e ainda assim ele diz que você permite “uma quantidade não especificada de mistura de outras linhagens hominíanas para os descendentes de Adão”. Elaborar sobre isso. Explique isso.

DR. CRAIG: Sim. Este foi outro mal-entendido peculiar do livro da parte de Schaffner. Pessoas como nosso amigo Joshua Swamidass, que acreditam em um Adão muito recente, digamos apenas 10.000 anos atrás, explicam como a grande divergência genética que nossa população contemporânea exibe poderia ter vindo de apenas duas pessoas, dizendo que os descendentes de Adão e Eva cruzaram com pessoas fora do Jardim. Havia essa população mais ampla de pessoas – milhares e milhares delas – que evoluíram de primatas inferiores de acordo com o cenário biológico evolutivo normal e que, portanto, nosso genoma estava cheio de informações dessas pessoas fora do Jardim. E é assim que Josh explica a divergência genética em nossa população. Mas, como expliquei no livro em algum momento, se você postular que Adão e Eva viveram há mais de 500.000 anos, não há necessidade de apelar ao cruzamento para explicar a divergência genética na população contemporânea. Quando eles estão tão longe no passado, há muito tempo para a divergência genética observada surgir de um par primordial original de seres humanos. E então Schaffner está bastante equivocado sobre o meu apelo à mistura com outras linhagens. Pelo contrário, argumento contra isso. Eu sugiro que o cruzamento não teria sido comum porque eu acho que Adão e Eva eram pessoas plenamente humanas com racionalidade, agência moral e assim por diante, e assim naturalmente evitaria relações sexuais com bestas e sua comunidade tenderia a se auto-isolar. Assim, eventualmente, esses hominídeos não-humanos simplesmente morreriam e a linhagem de Adão e Eva se tornaria nossa população contemporânea sem cruzar significativamente com esses hominídeos não humanos. Acho que o Schaffner perdeu o barco.

KEVIN HARRIS: Novamente, ele realmente elogia você e diz que recebe o livro, mesmo que ele seja cético em relação à ideia de que “a humanidade é uma condição binária que poderia ser induzida por uma mudança em um único par de ancestrais – declarando que a mudança é milagrosa e incorporar uma alma imaterial”.

DR. CRAIG: O que ele quer dizer aqui? O que ele quer dizer com binário – que a humanidade não é uma condição binária? Bem, eu acho que o que ele está dizendo aqui é que não é como se um organismo pudesse vir de pais não humanos e ser humano na próxima geração; que não é como acender a luz, por assim dizer. Em vez disso, as populações evoluem através de uma frente ampla com acreção incremental lenta de características da humanidade e que é impossível dizer em qualquer ponto certo que a raça humana começou e antes desse ponto era não-humana. Agora, eu simplesmente discordo dele sobre isso. Não há absolutamente nenhuma evidência científica de que isso não poderia ter acontecido. Pelo contrário, como mostro no livro, podemos imaginar uma mutação reguladora genética que afetaria radicalmente a capacidade cognitiva de um hominídeo e o elevaria ao status humano e, além disso, se Deus infundir uma alma racional nesse hominídeo naquele momento, você teria algo radicalmente novo. Defendo o dualismo corpo-alma no livro. Então eu não vejo nada sobre o cenário que eu sugiro que seja descartado pelas evidências científicas. O fato é que simplesmente não sabemos exatamente quando a humanidade se originou neste planeta e, portanto, o cenário que proponho está totalmente em consonância com a evidência científica. Na verdade, eu estava conversando com um biólogo evolucionista há alguns anos, onde ele disse: “Eu não vejo como não poderia ter havido um primeiro ser humano”. Ele disse: “Pense nisso. Ao mesmo tempo, havia zero seres humanos e, em algum momento, alguém teve que cruzar esse limiar para a humanidade, e tinha que haver uma primeira pessoa para fazê-lo. Eu acho que o problema é que esses biólogos evolucionistas estão pensando na mudança evolutiva como sendo contínua, ou seja, entre quaisquer dois pontos, há sempre outro ponto como em uma linha geométrica. Mas enquanto a mudança evolutiva pode ser contínua (isto é, contínua), não é contínua. Não é verdade que entre dois pontos há sempre outro meio caminho. É discreto. Portanto, uma vez que é discreto, poderia muito bem ter surgido através de uma mutação reguladora genética um primeiro ser humano, e a ciência simplesmente não descarta isso.

KEVIN HARRIS: Schaffner indica neste artigo que não há muitos dados científicos devido à falta de interesse dos cientistas no assunto de Adão e Eva e que você tinha que, bem, ele apenas indicou que você tinha que fazer o seu melhor com o que temos. E então, é claro, você tem a capacidade de trazer alguma filosofia e teologia como a alma imaterial e é disso que se trata o livro. Ele traz os dados científicos, os dados filosóficos e teológicos com os quais você está lidando, mas não seria ótimo se seu livro despertasse um interesse e derrubasse algumas dessas barreiras e talvez alguns cientistas diriam: “Talvez devêssemos olhar para Adão e Eva?”

DR. CRAIG: Sim. Isso seria fantástico. Eu tenho que dizer que fiquei um pouco indignado quando Schaffner disse isso porque a literatura científica sobre isso é tão escassa que “Craig [tinha abandonar] a literatura científica formal” e olhar para os estudos informais. Eu pensei: “Bem, isso não é justo. Se a literatura não está lá, como pode ser dito para abandoná-la?” Você não pode abandonar algo que não está lá! Eu li toda a literatura formal que eu poderia colocar em minhas mãos, e esta literatura informal que ele está falando é o trabalho de pessoas como Josh Swamidass que está disponível na Internet. Simplesmente porque está informalmente disponível nesse local não significa que não seja um trabalho cientificamente credível. Ele não diz nada para minar o modelo genético da Swamidass que mostra que o desafio da genética populacional simplesmente evapora se você voltar 500.000 anos no passado. Então eu acho que ele estava sendo bastante injusto lá, mas seria maravilhoso se isso despertasse maior interesse no estudo dos primeiros seres humanos neste planeta.

KEVIN HARRIS: Agora precisamos descobrir por que Jerry Coyne fez as coisas tão erradas neste momento. Vamos discutir este artigo[2] que é uma resposta ao artigo Schaffner.

DR. CRAIG: Sim.

KEVIN HARRIS: Eu não acho que Jerry leu o livro.

DR. CRAIG: Eu também não. Eu não podia acreditar na maneira como ele pretende corrigir Schaffner, um colega cientista, que leu o livro e revisou-o, mesmo que Coyne obviamente não tenha lido o livro.

KEVIN HARRIS: Coyne é bem conhecido como ateu ou agnóstico – um secularista convicto que eu acredito ser a maneira que você coloca. Com certeza. Já o discutimos neste podcast. Ele diz algumas coisas aqui. Ele diz,

Aparentemente Craig acredita que a história do Primeiro Casal em Gênesis é mitologia, escrita como uma parábola, para que ele não compre um Adão e Eva literais. No entanto, ele acredita em um Adão literal: um primeiro humano; e isso é baseado em “algumas declarações sobre Adão no Novo Testamento, especificamente aquelas na carta de Paulo aos Romanos”.

Ele está falando sobre o livro de Romanos lá.

DR. CRAIG: Sim. Este é quase um mal-entendido ridículo da parte de Coyne. Ele diz que Schaffner entendeu errado ao dizer que Craig acredita em um Adão e Eva literais. Coyne diz: “Não, não, ele não quer. O que Craig acredita é apenas um Adão literal, tudo sozinho sem Eva. E então ele continua mais tarde em seu blog para derramar desprezo sobre aquele espantalho que ele erigiu dizendo: “É claro que teria que haver uma primeira mulher humana também para ser uma companheira com o primeiro homem”. É tão bobo porque ninguém está defendendo a visão de que Deus criou o primeiro homem sozinho sem um companheiro humano. A posição que defendo no livro é um casal literal de Adão e Eva – um casal primordial. Então, isso só mostrou que o professor Coyne não se preocupou em ler o livro, e que ele iria presumir contradizer e corrigir Schaffner sobre isso apenas fala muito.

KEVIN HARRIS: Deixe-me ler o que Jerry Coyne disse. Ele disse:

Isso é ridículo por várias razões, sendo o mais óbvio o critério para a “humanidade”, que, mesmo que você as aceite, deve ter evoluído gradualmente, não aparecendo em um instante em que Adão nasceu de uma mãe não menos humana do que ele... Finalmente, se há um Adão que é o antepassado de todos nós, sua companheira também deve ter sido o ancestral de todos nós. Isto é, deve ter havido uma Eva. E se ela fosse da mesma população que Adão, ela também seria “humana”.

Strawman, mas foi assim que ele disse.

DR. CRAIG: Sim, exatamente. É tão bobagem montar o espantalho e depois derrubá-lo. E então seu ponto sobre a evolução gradual desses comportamentos cognitivos é realmente o mesmo ponto que Schaffner estava fazendo onde ele diz que isso não é uma mudança binária. A suposição é que a mudança evolutiva é contínua e não discreta e que, portanto, não poderia ter havido alguém que cruzou esse limiar da não-humanidade para a humanidade primeiro. E não há nenhuma razão científica para pensar que isso não aconteceu. A opinião que proponho é totalmente coerente com o dizer que houve um longo processo de desenvolvimento até esse ponto. Mas eu estou simplesmente dizendo que havia um limiar que foi cruzado então entre não-humano e humano com Adão e Eva, e não há nada de não científico sobre tal hipótese.

KEVIN HARRIS: OK. Mais uma citação de Jerry Coyne. Ele diz,

- Mas .. Craig então é forçado a postular que a diversidade genética extra que temos que refuta um gargalo de um homem ou um só pai veio mais tarde – de “mistura de outras linhagens de hominídeos” em descendentes de “Adam”. Em outras palavras, para salvar sua tese, Craig simplesmente compõe coisas para as quais não há evidências (na forma de fato, há evidências contra essa mistura).

Vá em frente e fale sobre a mistura lá também.

DR. CRAIG: Bem, este é o ponto que já fizemos ao responder a Schaffner. Coyne acha que eu tento apelar para o cruzamento entre os descendentes de Adão e Eva e esses hominídeos não-humanos que evoluíram, e isso não é de todo a minha hipótese. Mais uma vez, Coyne não leu o livro. Eu argumento contra esse tipo de cruzamento, como já expliquei. Eu acho que Adão e Eva e seus descendentes sendo totalmente humanos seriam naturalmente revoltados com a ideia de relações sexuais com bestas. Se isso acontecesse ocasionalmente, seria o resultado da queda do homem no pecado. Mas não vejo razão para pensar que isso foi extenso, e certamente não apelo para explicar a divergência genética da população contemporânea. Eu não preciso porque eu tenho um Adão e Eva que estão localizados o suficiente no passado que a divergência genética que observamos hoje poderia ter evoluído de um par humano primordial. Então, isto é incrível para mim. Aqui está um homem que é um estimado professor de biologia como estudioso, e ainda assim veja como irresponsavelmente esse homem interage com o material. Ele não lê o livro. Ele montam palhões. E depois ele entende completamente mal a proposta que estou a oferecer. É realmente muito notável.

KEVIN HARRIS: Em conclusão hoje, há estudo em contraste nestes dois artigos aqui. Schaffner diz que se você quiser estudar um assunto científico que tenha implicações teológicas, ele diz que é assim que você faz isso (referindo-se ao seu livro). E então Coyne diz que os teólogos não têm o que chegar com a ciência e um pouco de ciência é uma coisa perigosa e é isso que parece, esse tipo de acidente de trem sempre que a ciência e a teologia ou a filosofia se encontram juntos.

DR. CRAIG: Sim. Schaffner escreve de uma maneira digna, acadêmica e irônica. Coyne é um polemista; irritado, atacando, vituperativo. Ele não escreve na linguagem do discurso acadêmico. Ele é como um blogueiro irritado na internet.[3]

 

[1] https://www.science.org/doi/10.1126/science.abl8547 (acedido em 26 de outubro de 2021).

[2] https://whyevolutionistrue.com/2021/10/08/william-lane-craigs-new-book-on-dem-and-eve-dave-semi-laudário-revisão-in-ciência/ (acessado em 26 de outubro de 2021).  https://www.reasonablefaith.org/media/reasonable-faith-podcast/contrasting-responses-to-dr-craigs-book


Doutrina do Homem (parte 14): Quando Adão viveu?

22 de abril de 2020 Hora: 14:16

Quando é que o Adam viveu?

- Bom dia! Bem vindo a Defensores! Estamos vindo a você hoje da segurança do meu escritório em casa hermeticamente fechado, e estou feliz que você possa se juntar a nós.

A última vez que argumentei que o Adão e Eva históricos realmente existiam, embora suas histórias estejam envoltas na linguagem do figuralismo e da mitologia. Isso levanta uma questão óbvia. Se o Adão bíblico era uma pessoa histórica que realmente viveu, então surge a pergunta óbvia, quando ele viveu? Podemos nos voltar para a ciência moderna na tentativa de responder a essa pergunta. Pois os cientistas estão vitalmente interessados em uma questão que é empiricamente equivalente à nossa pergunta, ou seja, quando os seres humanos aparecem pela primeira vez na Terra? O Adão histórico pode então ser localizado por volta dessa época.

Em primeiro lugar, porém, precisamos esclarecer alguma terminologia. Um hominídeo é a classe de animais que inclui orangotangos, chimpanzés, gorilas e humanos. São todos hominídeos. Um hominídeo é a classe que inclui apenas membros da linhagem humana desde sua divergência do último ancestral comum com chimpanzés. A classe dos hominídeos inclui não apenas o homem moderno, o Homo sapiens, mas também as espécies arcaicas do gênero Homo. Inclui também os Australopithecines, que eram símios africanos bípedes. 

 

 Ian Tattersall, do Museu Americano de História Natural, aponta que os primeiros indivíduos classificados como Homo habilis, Homo erectus, Homo rudolfensis e assim por diante, todos têm em comum, notavelmente pequenos cérebros, pouco maiores do que os dos Australopithecines. Isso está em contraste conspícuo com o Homo sapiens, que tem um cérebro mais de duas vezes o volume. Portanto, não devemos assumir que os organismos classificados como Homo são, portanto, seres humanos. Pelo contrário, precisamos especificar certas condições que são conjuntamente suficientes para a humanidade. Há, de fato, um consenso notável entre os cientistas sobre quais são essas condições. Estamos, afinal, familiarizados com nós mesmos como seres humanos e, portanto, sabemos o que é um ser humano paradigmático.

Sabemos, por exemplo, que qualquer ser humano putativo deve ser anatomicamente semelhante a nós mesmos. Enquanto um auto-consciente, racional extraterrestre (ou mesmo chimpanzé) seria uma pessoa, ele não seria uma pessoa humana. Esta condição necessária da humanidade não precisa envolver uma correspondência anatômica exata. Há uma série de diferenças anatômicas, mesmo entre os Homo sapiens modernos e arcaicos, que não contam contra a humanidade das últimas formas. Por outro lado, ninguém pensa que, dadas as suas diferenças anatômicas significativas para o homem moderno, os Australopithecines, por exemplo, eram seres humanos, apesar de terem algumas características compartilhadas com o homem (como o bipedalismo). Eles eram simplesmente macacos bípedes de vários tipos com cérebros minúsculos (em algum lugar em torno de 460 cm 33) que não poderia ter suportado o comportamento humano moderno.

Com base em nossos exemplos paradigmáticos de seres humanos, podemos delinear certas características que, dada a semelhança anatômica, são suficientes (se não for necessário) para a personalidade humana. Quais são algumas dessas características? Os antropólogos Sally McBrearty e Alison Brooks listam quatro características do comportamento humano moderno:

1. Pensamento abstrato, a capacidade de agir com referência a conceitos abstratos não limitados no tempo ou no espaço;

2. Profundidade de planejamento, a capacidade de formular estratégias baseadas na experiência passada e agir de acordo com elas em um contexto de grupo;

3. Inovações comportamentais, econômicas e tecnológicas;

4. Comportamento simbólico, a capacidade de representar objetos, pessoas e conceitos abstratos com símbolos arbitrários, seja vocal ou visual, e de reificar tais símbolos na prática cultural.

McBrearty e Brooks observam que os padrões de modernidade comportamental que eles aplicam “são universalmente reconhecidos e frequentemente repetidos na literatura”. [2] Negar a humanidade de indivíduos passados que eram anatomicamente semelhantes aos humanos modernos e que exibiam tais comportamentos seria muito problemático porque (i) é implausível pensar que tais comportamentos não exigiam as capacidades cognitivas dos seres humanos e (ii) negar a humanidade de indivíduos passados que exibiam tais comportamentos.Moralmente inconcebível.

A questão mais difícil é se podemos discernir quando tais comportamentos aparecem pela primeira vez no registro pré-histórico. Podemos estabelecer limites de nossa busca por origens humanas, estabelecendo um ponto mais cedo possível e um ponto mais recente possível para a primeira aparição de seres humanos. 

 

Quão longe pode a primeira aparição dos seres humanos? Evidências paleontológicas continuam a empurrar o Homo sapiens cada vez mais para o passado. Os fósseis de hominídeos de Jebel Irhoud, no Marrocos, com uma idade de mais de 300.000 anos, são os primeiros fósseis do Homo sapiens descobertos até hoje. O volume cerebral desses indivíduos foi grande, entre 1300-1400 cm 3, o que é comparável ao do homem moderno (1100-1500 cm 33). Embora existam diferenças na forma craniana desses humanos arcaicos em comparação com os humanos modernos, os arqueólogos de Jebel Irhoud enfatizam que já há 300 mil anos “sua morfologia facial é quase indistinguível da de R[ecentro] M[odern] H[emmans]” [3] Embora esses restos esqueléticos, mas apenas não provar a humanidade de tais indivíduos, eles tornam pelo menos possível a data de 300.000 anos atrás.

Mas o que devemos dizer sobre as formas anteriores do Homo? Apesar de ser classificado como Homo, o chamado Homo habilis foi, como mencionei, quase certamente não humano, dado o seu tamanho cerebral de 550-687 cm 33. Muitos paleoantropólogos gostariam que fosse renomeado Australopithecus habilis. Quando chegamos ao Homo erectus, o quadro torna-se menos claro, especialmente dada a longa história e a disseminação geográfica deste hominídeo particular. Espécimes foram encontrados em toda a Ásia e África ao longo de um período de quase um milhão e meio de anos de cerca de 2 milhões de anos atrás, permitindo assim uma abundância de subespécies identificáveis. É possível que algum membro com desenvolvimento tardio do Homo erectus possa ser indiscutivelmente humano, mesmo que os membros mais primitivos não fossem. Por exemplo, os primeiros fósseis de Homo erectus de Dmanisi, Geórgia, têm um volume cerebral de apenas cerca de 600 cm 3, enquanto os espécimes posteriores de Java atingem 1100 cm3, que toca o limite inferior do moderno Homo sapiens (que, você se lembrará, é de 1100-1500 cm 33). 

Quando chegamos ao Homo heidelbergensis e o tamanho do cérebro do Homo neanderthalensis é grande o suficiente para apoiar a personalidade humana. Para o Homo heidelbergensis, o caso do cérebro mediu 1100-1400 cm3, e para o Homo neanderthalensis, 1200-1750 cm3. O volume cerebral dos neandertais era, de fato, maior do que o do Homo sapiens, cujo tamanho cerebral tem diminuído nos últimos dez mil anos. Assim, o Homo erectus nos fornece o ponto mais rápido possível para a origem dos seres humanos.

Quanto a um ponto mais recente de origem humana, a bela arte rupestre em Lascaux (17.000 anos atrás) e Chauvet (sá 30 mil anos atrás) na França, foi sem dúvida criada por seres humanos.

Basta olhar para esta imagem dos belos cavalos pintados nas paredes da caverna em Lascaux. Foi realmente um artista sensível e brilhante. E as pinturas em Chauvet são ainda mais impressionantes. Aqui está um clipe dos leões que foram desenhados na parede da caverna pelo artista em Chauvet. A magnificência dessas pinturas pode ser apreciada quando você se pergunta, se você foi chamado para desenhar uma imagem de um bando de leões na parede, como seria? Temos aqui um Michelangelo primitivo no trabalho.

Vendo essas pinturas, nos sentimos na presença de alguém que é um de nós. Os estênceis de mão, que estão entre as formas mais antigas de arte rupestre já descobertas, parecem estar quase chegando ao longo dos milênios para nos tocar.

Por exemplo, temos estênceis de mão de Sulawesi, Indonésia, que remontam a 35.000 a 40.000 anos atrás. Estas são as impressões de mãos reais de pessoas reais que realmente viveram.

É universalmente reconhecido que as pessoas que produziram tal arte possuíam pensamento simbólico de modo a ser capaz de representar animais e cenas reais através de imagens pintadas. Qualquer tentativa, portanto, de [data] a origem das pessoas humanas mais tarde do que o mais cedo possível de tal arte rupestre é excluída, dando-nos assim um último ponto para a possível origem da humanidade.

Os seres humanos, no sentido pleno da palavra, portanto, se originaram neste planeta em algum momento entre um milhão de anos atrás, no mínimo e 50.000 anos atrás, o mais tardar. Ao empurrar esses limites para dentro, se pudermos, agora queremos tentar determinar mais de perto o ponto dessa origem. Esse é o assunto que vamos explorar na próxima semana. Até lá, fique em segurança.[4]

 

[1] Sally McBrearty e Alison S. Brooks, “A Revolução que não foi: uma nova interpretação da origem do comportamento humano moderno”, Journal of Human Evolution 39 (2000): p. 15. 492.

[2] Ibid., p. 139. 534 (ím?)

[3] Jean-Jacques Hublin et al., “Novos fósseis de Jebel Irhoud, Marrocos e origem pan-africana do Homo sapiens,” Nature 546 (8 de junho de 2017), pp. 289ss, doi:10.1038/nature 22336.

[4] [4]Total Tempo de Execução: xx:xx (Direção de Perigo ? 2020 William Lane Craig)

 

 https://www.reasonablefaith.org/podcasts/defenders-podcast-series-3/s3-doctrine-of-man/doctrine-of-man-part-14

 https://www.researchgate.net/publication/317834148_New_fossils_from_Jebel_Irhoud_Morocco_and_the_pan-African_origin_of_Homo_sapiens






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