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terça-feira, 16 de julho de 2019

dicotomia x tricotomia e a relaçao entre parte material x imaterial


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Este artigo contém:

1 Apresentação do tricotomismo
2 Apresentação do dicotomismo
3 Defesa do dicotomismo
4 Defesa da tricotomia (resposta ao dicotomismo- em letras vermelhas e verdes)
5 Relação entre alma-espirito e o corpo- 
onde são apresentados 5 pontos de vista

6 Os animais possuem alma?


INTRODUÇÃO

A Natureza Humana  e suas constituintes

     Quais os elementos constituintes mais fundamentais dos seres humanos?A alma e o espírito são distintos? Devemos contrastar apenas o material com o imaterial? Ou devemos considerar que os humanos são uma unidade e, portanto, indivisíveis?

          Entre os que acreditam que a parte imaterial do homem (alma/espírito) é imortal temos o tricotomismo e o dicotomismo. 


1-O tricotomismo. (Teologia Sistemática - Uma Perspectiva Pentecostal - Stanley M. Horton)
            Os tricotomistas sustentam que o ser humano é constituído de três elementos: corpo, alma e espírito. A composição física dos seres humanos é a parte material da sua constituição que os une aos demais seres viventes, inclusive as plantas e os animais. As plantas, os animais, os seres humanos, todos podem ser descritos em termos de existência física.
            O "espírito" é considerado um poder sublime que estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão com Deus. Pode-se distinguir o espírito da alma, sendo aquele "a sede das qualidades espirituais do indivíduo, ao passo que nesta residem os traços da personalidade". Embora distintos entre si, não é possível separar alma e espírito
            Textos bíblicos que parecem apoiar o tricotomismo incluem 1 Tessalonicenses 5.23, onde Paulo pronuncia a bênção: "E todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plena-mente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo". Em 1 Coríntios 2.14-3.4, Paulo refere-se aos seres humanos como sarkikos (literalmente: "carnal" 3.1,3), psuchikos (literalmente: "segundo a alma", 2.14) e pneumatikos (literalmente: "espiritual", 2.15). Esses dois textos parecem demonstrar de forma ostensiva três componentes elementares. Vários outros textos parecem distinguir alma e espírito (1 Co 15.44; Hb 4.12).


Tricotomismo Extremado:
            Os gnósticos, antigo grupo religioso sincretista que adotava elementos tanto do paganismo quanto do Cristianismo, sustentavam que, se o espírito emanava de Deus, era imune ao pecado. Os Apolinarianos, grupo herético do século IV condenado por vários concílios eclesiásticos, acreditavam que Cristo possuía corpo e alma, mas que o espírito humano fora substituído pelo Logos divino. Placeu (1596-1655 ou 1665), da Escola de Samur, na França, ensinava que somente o pneuma era criado diretamente por Deus. A alma, dizia, era mera vida animal e perecia com o corpo. Alguns grupos extremistas declaram que o espírito do homem pode sair de seu corpo, enquanto que a alma permanece unida ao corpo, no que se denomina viagem astral (desdobramento ou projeção astral). Outros dizem que quando o homem  morre o corpo fica na sepultura,  alma vai ao inferno e o espírito volta  a Deus que o Deus. Outros ainda dizem que somos um espírito, temos uma alma e habitamos em um corpo.


2-O dicotomismo.

            Os dicotomistas sustentam apenas dois elementos constituintes dos seres humanos: o corpo e a alma (também chamada de espírito). Observam que, nos dois Testamentos, as palavras "alma" e "espírito" às vezes são usadas de modo intercambiável, como sinônimos. Parece que assim ocorre com a colocação paralela de "espírito" e "alma" em Lucas 1.46,47: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador" (ver também Jó 27.3). Muitos texto bíblicos parecem subentender uma dupla divisão nos seres humanos, sendo que "alma" e "espírito" são usados como sinônimos.
·         Mateus 6.25 "Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida [psuchê], pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir".
·         Mateus 10.28 "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma".
·         1 Coríntios 5.3, porém, Paulo fala em estar "ausente no corpo" (soma) mas "presente no espírito" (pneuma), sendo que os dois aspectos aparentemente abrangem a pessoa total.
·         Além disso, há ocasiões em que perder o pneuma significa-morrer (Mt 27.50; Jo 19.30), assim como perder a psuchê envolve a morte (Mt 2.20; Lc 9.24).

Dicotomismo extremado
            Os gnósticos adotavam um dualismo cosmológico, cujo impacto sobre o seu conceito dos seres humanos era significativo. Diziam que o Universo estava dividido entre um lado imaterial, espiritual, que era intrinsecamente bom, e um lado material, físico, intrinsecamente mau. Um abismo intransponível fazia a separação entre esses dois. aspectos do Universo. Paradoxalmente, os seres humanos eram formados por esses dois componentes. Como consequência dessa natureza dualista, os seres humanos podiam optar por um destes dois comportamentos: (1) pecar à vontade, pois o espírito bom nunca será maculado pelo corpo mau; (2) castigar o corpo mediante disciplinas ascéticas, por ser ele mau.


3-Uma de defesa da Dicotomia (Teologia Sistemática - Louis Berkhof)
            Os tricotomistas procuram suporte no fato de que a Bíblia, como eles a vêem, reconhece duas partes constitutivas da natureza humana em acréscimo ao elemento inferior ou material, a saber, a alma (hebraico, nephesh; grego, psyque) e o espírito (hebraico, ruah; grego, pneuma ). Mas o fato de serem empregados esses termos com grande freqüência na escritura não dá base para a conclusão de que designam partes componentes, em vez de aspectos diferentes da natureza humana. Um cuidadoso estudo da Escritura mostra claramente que ela emprega as palavras umas pelas outras, em permuta recíproca. Ambos os termos indicam o elemento superior ou espiritual do homem, vendo-o, porém, de diferentes pontos de vista. Contudo, é preciso mostrar logo de início que a distinção que a Escritura faz entre os dois não concorda com o que é mais comum na filosofia, de que a alma é o elemento espiritual do homem, conforme se relaciona com o mundo animal, enquanto que o espírito é aquele mesmo elemento em sua relação com o mundo espiritual superior, e com Deus. Os seguintes fatos militam contra essa distinção filosófica:
  • Ruah-pneuma, bem como nephesh-psyque, são empregados com referência à criação animal inferior, Ec 3.21; Ap 16.3.
  • A palavra psyque é empregada até com referencia a Jeová, Is 42.1; Jr9.9; Am 6.8 (texto hebraico); Hb 10.38.
  • Os mortos desencarnados são chamados psyqai ,Ap 6.9; 20.4.
  • Os mais elevados exercícios da religião são atribuídos à psyque, Mc 12.30; Lc 1.46; Hb 6.18, 19; Tg 1.21.
  •  Perder a psyque é perder tudo. É mais que evidente que a Bíblia emprega as duas palavras uma pela outra, permutando-as reciprocamente. Observa-se o paralelismo em Lc 1.46, 47: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador”.
  • A fórmula escriturística para designar o homem é, nalgumas passagens, “corpo e alma”, Mt 6.25;* 10.28; e noutras, “corpo e espírito”,** Ec 12.7; 1 Co 5.3, 5.
  • Às vezes a morte é descrita como a entrega da alma, Gn 35.18; 1 Rs 17.21; At 15.26;*** e também como a entrega do espírito, Sl 31.5; Lc 23.46; At 7.59.
  •  Além disso, tanto “alma” como “espírito”são empregados para designar o elemento imaterial do homem, 1 Pe 3.19; Hb 12.23; Ap 6.9; 20.4.
  • A principal distinção feita pela Escritura é como segue: a palavra “espírito” designa o elemento espiritual do homem como o princípio de vida e ação que domina e dirige o corpo;
  •  a palavra “alma” denomina o mesmo elemento como o sujeito da ação no homem e, portanto, muitas vezes é empregada em lugar do pronome pessoal no Velho Testamento,  104.1; 146.1; Is 42.1; cf, também Lc 12.19. Em diversos casos, designa mais especificamente a vida interior como a sede dos sentimentos. Isso tudo está em completa harmonia com Gn 2.7, “o Senhor Deus...lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Assim, pode dizer que o homem tem espírito, mas é alma.

            Portanto, a Bíblia indica dois, e somente dois, elementos constitutivos da natureza humana, a saber, corpo e espírito ou alma. Esta descrição escriturística harmoniza-se também com a consciência própria do homem. Enquanto que o homem tem
consciência do fato de que consiste de um elemento material e de um elemento espiritual,
nenhum homem tem consciência de possuir alma em distinção do espírito.

            Há, porém, duas passagens que parecem estar em conflito com a usual descrição dicotômica da escritura, a saber, 1 Ts 5.23, “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus  Cristo”; e Hb 4.12, “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”.
Deve-se notar, porém, que:
  • É boa regra de exegese que as afirmações excepcionais sejam interpretadas à luz da analogia Scripturae, ou seja, da apresentação usual da Escritura. Em vista deste fato, alguns dos defensores da tricotomia admitem que essas passagens não provam necessariamente a posição deles.
  • (b) A simples menção dos termos espírito e alma um ao lado do outro não prova que, segundo a escritura, são duas substâncias distintas, como também Mt 22.37 não prova que Jesus Considerava o      coração, a alma e o entendimento como três substâncias distintas.
  • (c) Em 1 Ts 5.23 o apóstolo deseja simplesmente fortalecer a afirmação: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo”, com uma declaração epizegética, (De epizeusxis, figura de retórica pela qual há repetição de palavras (ou de seus sinônimos) para maior veemência ou enfase. na qual se resumem os diferentes aspectos da existência do homem, e na qual o apóstolo se sente perfeitamente livre para mencionar os termos alma e espírito um ao lado do outro, porque a Bíblia distingue entre ambos.
  • Ele não poderia ter pensado na alma e espírito como duas substâncias diferentes, porquanto noutros lugares da Escritura diz ele que o homem consiste de duas partes, Rm 8.10; 1 Co 5.5;.34; 2 Co 7.1; Ef 2.3; Cl 2.5.
  • (d) Hb 4.12 não deve ser entendido no sentido de que a palavra de Deus, penetrando no íntimo do homem, faz separação entre a sua alma e o seu espírito, o que naturalmente implicaria que são de substâncias diferentes; mas simplesmente no sentido de uma declaração de que ela produz uma separação entre os pensamentos e as intenções do coração.1



4-Uma defesa do tricotomismo- Resposta a 

Berkhof (Reginaldo Oliveira)

1- “Ruah-pneuma, bem como nephesh-psyque, são empregados com referência à criação animal inferior, Ec 3.21; Ap 16.3. “
Resposta:
Sim, mas no sentido de fôlego ou respiração, mas não no sentido de natureza imaterial!!

A palavra espírito (grego: pneuma e hebraico: ruach) tem os seguintes significados:


A)-Fôlego da vida ou respiração ou fôlego. Em Eclesiastes 3:19-21 Ruach pode significar vento, fôlego ou espírito. Tanto os humanos como os animais têm o mesmo fôlego, a ambos sucede o mesmo, a morte, mas o espírito do homem salvo vai para “cima” onde está Deus, sendo imortal (Ec 3:21; 12:7; At 7:59; o mesmo ocorre em Gêneses 7:15,22 onde se refere a respiração.

B)- O espírito como parte da natureza humana, distinto da alma (I Ts 5:23; Hb :12), que sobrevive à morte Ec 3:21; 12:7; At 7:59 .

Sua função principal é a comunhão com Deus (Lc 1:47; Jo 4:23; Rm 1:9; 7:6; 8:16; I Co14:14-16). Paulo faz contraste entre a alma (mente) e o espírito 1 Co 14:14, 15, 16

Portanto devido a esta função o espírito humano comunica se com Deus através da intuição (Rm 8:16), e através dele podemos ter comunhão irrestrita com Deus (I Co 14:14-16; Jd 20; Ef 6:18; Jo 4:24) e não somente com a alma.

O espírito mantém o corpo vivo (Tg 2:26; Lc 8:55; Ez 37:5), mas não é uma força de vida como ensina as Testemunhas de Jeová.

Jesus entregou seu espírito ao morrer (Lc 23:46) [embora não tenha ido para o 3océu imediatamente e sim para o hades (paraíso) Lc 23:4, At 2:27, assim como Estevão (At 7:59), e não o fôlego.

As expressões “eterno” e “pelos séculos dos séculos” com respeito ao estado de ruína dos seres espirituais (homens e demônios) em contraste com o termo “vida eterna” evidencia a existência sem fim dos seres espirituais (Dn 12:2; Mt 25:46; 25:41; Ap 14:9-11; 19:20; Mt 8:29).

C)- O espírito como o íntimo, o interior (coração, alma, a parte imaterial) o mais profundo de seu ser, os sentimentos, o oculto (Rm 2:29; 1 Pe 3:4; At 20:22, 2 Co 2:13, 1 Co 16:18; At 17:16; Jó 13:21;Dt 2:30; Ex 35;21; Is 57:15; Jo 13;21; 11:33, 1 Co 2:11)

Intelecto
1 Coríntios 2:11 Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.

Sentimento
João 13:21 Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá.
Atos 17:16 Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade.

Vontade
Atos 19:21 Cumpridas estas coisas, Paulo resolveu, no seu espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e Acaia, considerando: Depois de haver estado ali, importa-me ver também Roma.


D) espírito em uso figurado Ef 4:23 “espírito do vosso entendimento”, Gl 6:1 “espírito de brandura”, 2 Co 4:13 “espirito da fé”. Ver 1 Co 4:21; 5:3; Cl 2:5



2-“A palavra psyque é empregada até com referencia a Deus, Is 42.1; Jr 9.9; Am 6.8 (texto hebraico); Hb 10.38. “
Resposta:
A palavra mão Is 49:16, braço Is 51:5, pés Isaías 60:13, narinas Dt 33:10, pés são usados para Deus, mas nem por isso Deus tem corpo!!! Isso é antropomorfismo, quanto aos sentimentos de Deus atribuídos a alma a figura de linguagem é antropopatia. Deus é descrito com asas Sl 17:8. Assim da mesma forma Deus não tem alma!! Deus é espírito Jô 4:24.


3-“Os mortos desencarnados são chamados psyqai ,Ap 6.9; 20.4.”
Resposta:
Eles também são chamados de espírito Hb 12:23, 1 Pe 4:6. Como são ligados um ao outro, a designação alma ou espírito, se remete a toda a natureza imaterial, muito embora serem distintos um do outro, como já provado.


4-“Os mais elevados exercícios da religião são atribuídos à psyque, Mc 12.30; Lc 1.46; Hb 6.18, 19; Tg 1.21.”
Resposta:
Sim, pois podemos usar nossa liberdade tanto para louvar a Deus ou amaldiçoá-lo Ap 16:9,11,21. Mas a bíblia mostra que o espírito se distingue da mente (alma).
1 Coríntios 14:2  Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios.
1 Coríntios 14:14  Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera.
1 Coríntios 14:15  Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.
1 Coríntios 14:16  E, se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação de graças? Visto que não entende o que dizes; 


5-“Perder a psyque é perder tudo. É mais que evidente que a Bíblia emprega as duas  palavras uma pela outra, permutando-as reciprocamente. Observa-se o paralelismo em Lc 1.46, 47: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador”. “

6-“A fórmula escriturística para designar o homem é, nalgumas passagens, “corpo e alma”, Mt 6.25;* 10.28; e noutras, “corpo e espírito”,** Ec 12.7; 1 Co 5.3, 5. “

7-“Às vezes a morte é descrita como a entrega da alma, Gn 35.18; 1 Rs 17.21; At 15.26; e também como a entrega do espírito, Sl 31.5; Lc 23.46; At 7.59.”

8-“Além disso, tanto “alma” como “espírito”são empregados para designar o elemento imaterial do homem, 1 Pe 3.19; Hb 12.23; Ap 6.9; 20.4. “
Resposta a 5,6, 7e 8:
Como já foi dito, os dois termos podem se remeter a toda a natureza imaterial como um todo, embora claramente são distintos um do outro como já mostrado.


9-“A principal distinção feita pela Escritura é como segue: a palavra “espírito” designa o elemento espiritual do homem como o princípio de vida e ação que domina e dirige o corpo; a palavra “alma” denomina o mesmo elemento como o sujeito da ação no homem e, portanto, muitas vezes é empregada em lugar do pronome pessoal no Velho Testamento,  104.1; 146.1; Is 42.1; cf, também Lc 12.19. Em diversos casos, designa mais  specificamente a vida interior como a sede dos sentimentos. Isso tudo está em completa harmonia com Gn 2.7, “o Senhor Deus...lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Assim, pode dizer que o homem tem espírito, mas é alma.”
Resposta:
O termo espírito designa também o sujeito da ação no homem 1 Co 14:14,15 (ora  e canta, mas a fonte não é a alma); 1 Co 2:11(conhece o interior do homem).
O termo espírito designa também sentimentos 2 Co 2:13, 1 Co 16:18 Assim a alegação de Berkhof é falsa.


10- “Hb 4.12 não deve ser entendido no sentido de que a palavra de Deus, penetrando no íntimo do homem, faz separação entre a sua alma e o seu espírito, o que naturalmente implicaria que são de substâncias diferentes; mas simplesmente no sentido de uma declaração de que ela produz uma separação entre os pensamentos e as intenções do coração.”
Resposta:
O texto em questão faz comparação com uma espada que separa duas coisas distintas, juntas e medulas. Assim o texto em harmonia com o que já foi apresentado nos mostra que o logos (Palavra, Mente de Deus), penetra como uma espada a ponto de dividir alma e espírito, julgar (significado literal) os pensamentos e seus propósitos. Assim o texto á luz de outras passagens e á luz da analogia mostram que embora alma e espírito sejam de uma mesma substancia (imaterial) são distintos e inseparáveis (a não ser pela mente divina).
Charles Hodge tenta defender o dicotomismo:


 (Teologia sistemática Charles Hodge)
Resposta:
Realmente juntas e medulas não são substâncias diferentes, são de substância material, porém, juntas e medulas são coisas distintas!! Assim também a alma e o espírito são de substância imaterial, porém distintos um do outro.

11- “Em 1 Ts 5.23 o apóstolo deseja simplesmente fortalecer a afirmação: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo”, com uma declaração epizegética, (De epizeusxis, figura de retórica pela qual há repetição de palavras (ou de seus sinônimos) para maior veemência ou ênfasena qual se resumem os diferentes aspectos da existência do homem, e na qual o apóstolo se sente perfeitamente livre para mencionar os termos alma e espírito um ao lado do outro, porque a Bíblia distingue entre ambos”.
Resposta:
O uso enfático ocorre claramente em Mt 22.37.  Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Sim alma, coração e entendimento são usados como sinônimos para realçar o ensino. Mas à luz de outros textos já apresentados a melhor explicação é o tricotomismo.


5-A RELAÇÃO ENTRE ALMA E CORPO (Teologia Sistemática- Norman Geisler)


Há um debate importante entre os cristãos acerca da relação entre as duas dimensões humanas. Obviamente, em um aspecto mais amplo (não-cristão), existe um número ainda maior de pontos de vista. Analisá-los-emos neste espaço. Deixamos claro que a visão correta é o Hilomorfismo 5.6.




5.1- O MATERIALISMO ANTROPOLÓGICO
            O Materialismo afirma que os seres humanos têm um corpo, mas nega que eles tenham uma alma imaterial. Esta visão sustenta que somente o corpo existe; o que se costuma denominar de alma racional, na verdade, não existe. Portanto, de acordo com o Materialismo, o corpo está para a mente (alma) assim como o cérebro está para um sonho; a mente é simplesmente uma manifestação da matéria. Thomas Hobbes [1588-1679], por exemplo, foi um dos que abraçaram esta idéia.
Argumentos Bíblicos em Oposição ao Materialismo Antropológico
A Bíblia não somente afirma que tanto a alma quanto o corpo existem, como também
faz distinção entre os dois, de várias maneiras.
Primeiro, até mesmo nesta vida ambos são distintos: O corpo perecerá, mas a alma não
(por exemplo, 2 Co 4.16; 5.1); a alma deixa o corpo na morte (Gn 35.18).
Segundo, as Escrituras descrevem a alma e o espírito como estando separada do corpo
e consciente depois da morte. Ap. 6.9; Tg 2.26;
Terceiro, e por último, em toda parte a Bíblia se refere ao corpo e ao mundo material
como coisas que são tangivelmente existentes, separadas da alma.

Argumentos Filosóficos Contrários ao Materialismo Antropológico
0 Materialismo E Autodestrutivo
Como observou o ex-ateu C. S. Lewis (1898-1963), a visão materialista, isto é, de
que a matéria existe, mas a mente não, claramente é autodestrutiva, pois a teoria do
Materialismo não é composta de matéria. A teoria sobre a matéria não é constituída
de matéria. A idéia de que tudo é feito de moléculas não é, em si mesma, constituída
de moléculas — o pensamento acerca da matéria precisa existir e permanecer acima da
matéria da qual ele mesmo trata. Fp 1.23; 2 Co 5.8; Hb 12.23
Se o pensamento acerca da matéria for parte da matéria, ele não poderá ser um
pensamento acerca de toda a matéria, pois sendo uma parte da matéria, o pensamento
não poderá transcender a si mesmo e fazer uma declaração sobre toda a matéria. A
única maneira da mente (ou os seus pensamentos) transcender a matéria é sendo mais
do que a matéria. E se ela for mais do que a matéria, então a matéria não é tudo o que
existe.

5.2- O EPIFENOMENALISMO ANTROPOLÓGICO
            Uma forma modificada de Materialismo é chamada de Epifenomenalismo. O pensador francês Pierre-Jean Georges Cabanis (1757-1808) propôs que a alma não passava de uma silhueta do corpo; ou seja, o corpo está para a alma, assim como a árvore está para a sua sombra. A mente é simplesmente um subproduto dependente da matéria; ela é meramente um sinal da matéria e não algo separado dela, ou mesmo a causa dela.  alma é como uma imagem em um espelho; ela somente reflete o corpo. Assim, apesar da alma não ser equivalente ao corpo, ela é reduzível a ele.
0 Epifenomenalismo  também é  Autodestrutivo
            Como ficou implícito anteriormente, alguns materialistas não são rigidamente materialistas. Os epifenomenalistas, por exemplo, admitem que à mente seja mais do que a matéria, entretanto, negam que a mente possa existir de maneira independente da matéria. Eles argumentam que a mente não passa de um reflexo da matéria, sendo, portanto, reduzível a ela. Insistem ainda que a mente somente é mais do que a matéria no sentido em que o todo é mais do que a soma das suas partes. Mesmo assim, o “todo” deixa de existir quando as suas partes também cessam; quando o corpo expira, a alma também cessa. Basicamente, apesar dos epifenomenalistas admitirem que a mente é mais do que a matéria, eles insistem que a mente é meramente uma silhueta que some quando as partes materiais do ser humano se dissolvem. Apesar deste argumento aparentemente ser menos autodestrutivo que o primeiro, ele não deixa de estar errado.
            O Epifenomenalismo afirma que a mente é, em última instância, dependente da matéria, só que a declaração: “A mente é dependente da matéria”, não alega depender da matéria para postular a sua verdade — de fato, ela alega ser uma verdade acerca da mente e de toda a matéria. Nenhuma verdade acerca de toda a mente e toda a matéria pode depender da matéria para ser verdadeira, pois não podemos sair de toda a matéria para fazermos uma afirmação acerca de toda a matéria e, simultaneamente, alegarmos que estamos dentro da matéria, enquanto dependemos somente dela e nada mais. Se a minha mente for completamente dependente da (e for somente um reflexo da) matéria, ela não poderá fazer declarações a partir de uma posição estratégica que é independente da matéria, e se estas declarações não forem feitas a partir de uma posição estratégica que seja independente da matéria, elas não serão, de fato, declarações sobre toda a matéria: Precisamos dar um passo para fora de algo para poder enxergar o todo (implicando, obviamente, que a mente, portanto, vai além da matéria).
            Em suma, o Epifenomenalismo alega possuir uma base transcendente(Ou, “operando acima da existência material.” ) de conhecimento partindo de uma base de operação estritamente imanente.( “operando dentro da existência mate rial.” ) O que o Epifenomenalismo tenta fazer é transcender a matéria (com a mente), a fim de fazer declarações da verdade acerca de toda a mente e de toda a matéria, procurando provar com isto, que a mente está contida (e, portanto, é dependente) na matéria. Para que um epifenomenalista pudesse obter êxito na sua empreitada (e não incorrer na autodestruição do seu argumento), a mente teria que ser independente da matéria. Mas se a mente é para o corpo, o que uma sombra é para a árvore (como argumenta um epifenomenalista), como um mero reflexo (o qual, supostamente, depende da matéria que o projeta para a sua existência) ser independente da sua origem?
            De acordo com os epifenomenalistas, a mente não é independente da matéria. Se isto estiver correto, então as “declarações de verdade” de um epifenomenalista não são verdadeiras, pois não tem qualquer fundamento. Se isto estiver incorreto, então o alicerce principal do Epifenomenalismo vem abaixo. De uma forma ou de outra, o raciocínio se mostra autodestrutivo.

Um Argumento Transcendental contra o Materialismo
            Materialismo tenta reduzir tudo à matéria, fazendo a exclusão da mente.( Os idealistas tentam o oposto). Esta proposta é autodestrutiva porque independente da análise que façamos da matéria, sempre haverá um “eu” que fica do lado de fora do objeto da minha análise. Mesmo— vide abaixo:
            Quando analiso a mim mesmo, existe um “eu” que transcende a “mim.” Jamais consigo capturar o meu “eu” transcendental (o ego); somente consigo pegá-lo, por assim dizer, a partir do “canto do meu olho.” Se eu tentar colocar o meu “eu” no tubo de ensaio, surgirá um “mim,” para o qual o “eu” inapreensível estará olhando. Sempre haverá mais do que “mim”; existe o “eu” que não é meramente o “mim.” Ao contrário do materialismo, portanto, nem tudo é reduzível ao “eu.” A mente antecede e é independente da matéria.
Universo Tem Origem Não-Material
Como já demonstramos anteriormente, existe uma causa sobrenatural e imaterial para o universo. Como as evidências científicas demonstram que o universo material, como um todo, surgiu a partir do nada,21 a Causa do universo não pode ser algo material; portanto, existe algo mais do que a matéria. Como declarou o materialista Karl Marx (1818-1883), ou bem amatériaproduziu amente, ou a mente produziu a matéria. E como a matéria foi produzida, deduz-se que ela deve ser produto da Mente. Conseqüentemente, a “sobrematéria” que existe é a mente.

Legislador Moral não E Material
Outra forma de demonstrarmos que existe algo que transcende a matéria pode ser
denominado de argumento moral em defesa da existência de Deus.
Ele pode ser exposto da seguinte forma:
(1) Existe uma lei moral objetiva.23
(2) A lei moral é prescritiva (ela nos diz o que deveríamos fazer e o que não deveríamos
fazer).
(3)Aquilo que é prescritivo não é parte do mundo material descritivo.
(4) Logo, existe uma realidade objetiva que não é material; ou seja, existe algo que
vai além da matéria.

5.3-O IDEALISMO ANTROPOLÓGICO
            No outro extremo da teoria não-teísta do Materialismo está o Idealismo, o qual afirma que os seres humanos têm uma alma, mas não um corpo. O Bispo inglês George Berkeley (1685-1753) era adepto deste ponto de vista, alegando que enquanto a alma existe, o corpo não existe. O corpo estaria, supostamente, para a alma como uma miragem está para a mente. O corpo é meramente uma ilusão; ele simplesmente não existe. Somente a mente existe.
O Idealismo Antropológico também é contrariado tanto por evidências bíblicas, quanto filosóficas.
Argumentos Bíblicos Contrários ao Idealismo Antropológico
Primeiro, a Bíblia ensina de forma clara que Deus criou um universo material (Gn 1-2), e que a matéria é verdadeiramente diferente de Deus, que é puramente Espírito (João 4.24).
Segundo, a matéria é finita e destrutível (1 Co 15.42), ao passo que Deus é infinito e
indestrutível (1 Tm 6.16).
Terceiro, e último, a alma humana, como já declaramos, é apresentada como algo distinto do corpo (por exemplo, Lc 24.39) no sentido em que ambos são separados na morte (por exemplo, Tg 2.26).

Argumentos Filosóficos Apresentados em Defesa do Idealismo Antropológico
George Berkeley insistia que somente a mente e as idéias existiam, pois, supostamente, ser significaria “perceber” (latim: esse est percipi) ou “ser percebido” (latim: esse estpercipere). O Idealismo alega, por vários motivos, que não existe qualquer tipo de matéria.
Primeiramente, considera-se impossível separarmos o ser do ser percebido. Além disso, os argumentos contrários à existência de qualidades secundárias (como a cor) também se aplicam às qualidades primárias (como a quantidade e a extensão). Por exemplo, conforme o Idealismo, a extensão não pode ser conhecida separadamente da cor e do volume; a quantidade é baseada na unidade, que não pode ser percebida; a. figura se modifica de acordo com a nossa perspectiva dela; o movimento é relativo.
As coisas (a matéria), também não podem ser conhecidas à parte do pensamento; portanto, elas existem somente no pensamento. Além de tudo, crer na matéria é acusar Deus de ter feito uma criação inútil, já que somos capazes de fazer idéia sobre ela, sem que ela, na verdade, exista.
Em suma, o Idealismo sustenta que é impossível se concebêr que qualquer coisa exista fora da mente. A “concepção de algo” é um poder que a mente tem de formar uma idéia na mente (e não fora dela). Nada pode ser concebido como existindo sem ser concebido. Ou seja, não se pode pensar na existência de algo que não esteja contido no nosso pensamento.
Resposta aos Argumentos Filosóficos Em Defesa do Idealismo Antropológico
Apesar de Barkeley ter sido um cristão teísta, o seu Idealismo Antropológico é contrário à posição teísta clássica como um todo. Várias críticas são dignas de nota. A Suposição Básica do Idealismo se Constitui em Argumentação Viciada (Argumentação viciada (latim: petito prindpii) é a falácia lógica come tida quando se considera, por premissa, a m e sma conclusão que o argumento procura demonstrar.)
A premissa fundamental do Idealismo é que somente a mente e as idéias existem; se isto for aceito, todo o restante da teoria se encaixa. Porém não existe uma razão” convincente para que isto seja aceito. Na verdade, a argumentação fica completamente viciada se considerarmos que, apriori, somente a m ente e as idéias existem. Certamente, não ficamos surpresos ao descobrir que a conclusão de Barkeley é que nada mais existe além disso. A existência da realidade extramental e não-mental não é eliminada por nenhum destes argumentos.
As Premissas Básicas do Idealismo São Falhas
Os argumentos de Berkeley em defesa do Idealismo, na sua origem, estão alicerçados sobre a noção errônea de que o “conhecer” envolve “uma sensação de idéias” e não uma “sensação de coisas por intermédio de idéias.” Isto, novamente, constitui-se em argumento
viciado, pois se as idéias não são o objeto formal do conhecimento, mas meramente os  Incluindo seres extramentais. instrumentos pelos quais o conhecimento do mundo exterior nos é transmitido,então o Idealismo vem abaixo.
0 Idealismo E Contrário à Experiência
Falar, como Barkeley afirmou, dos corpos, da matéria e da natureza— dos quais todos nós temos experiências sensoriais — como meras idéias que Deus regularmente incita em nós, é até possível, mas não realmente digno de crédito. Quando consumimos os alimentos, não estamos consumindo a idéia de comida, ou tendo uma idéia de estar consumindo a idéia de comida. Além do mais, a implicação de que Deus somente ressuscitou um agrupamento de idéias, colocaria abaixo a própria Ressurreição de Cristo.
Idealismo Acusa Deus de Falsário
Ao argumentar que o mundo exterior não existe, Berkeley acaba acusando Deus de fraude. Certamente Deus tem poder suficiente para criar em nós a idéia de coisas que não existem;
apesar disso, Deus não é somente Todo-Poderoso — Ele também é Todo-Perfeito, e não pode enganar. Criar em todos os seres humanos a vivida percepção de que existe um mundo
extramental e material, sem que este mundo realmente exista, seria uma desonestidade.



5.4- O MONISMO ANTROPOLÓGICO (A VISÃO DE DUPLO ASPECTO)
            Bento (Baruch) Spinoza (1632-1677) defendeu a visão de duplo aspecto (também chamada de “Monismo Antropológico”), segundo a qual alma e corpo são dois lados (interno e externo) da mesma coisa. A alma está para o corpo como um lado de um prato está para outro, isto é, ela é somente outro aspecto da mesma entidade. Apesar de ser um panteísta que defendia que todas as coisas são compostas da mesma substância, houve cristãos que também aderiram ao Monismo Antropológico. As criaturas, supostamente, diferenciam-se de Deus somente como modos ou momentos da única e mesma coisa. (Paralelismo Antropológico).  As testemunhas de Jeová e os Adventistas compartilham deste ponto e vista. Perceba que o radical “mon ” (um) da palavra Monismo significa a idéia de que o ser humano é composto de somente uma parte.
Argumentos Bíblicos Apresentados em Defesa do Monismo Antropológico
Os argumentos básicos em defesa do Monismo Antropológico tirados das Sagradas Escrituras são:
(1) a partir da natureza dos seres humanos e
(2) a partir da suposta unidade entre alma e corpo.
O Monismo sustenta que os seres humanos apresentam somente uma natureza— uma natureza humana: “De um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra” (At 17.26). Esta natureza original do ser humano é igualmente compartilhada por todos; conseqüentemente, ela deve ser uma natureza única, e não diversa. Outro argumento que se apresenta é tirado de 2 Coríntios 5.1. Este texto parece afirmar que o corpo ressurreto é recebido no momento da morte física. “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um  edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.”
.
Respostas aos Argumentos Bíblicos Apresentados em Defesa do Monismo
Antropológico
            As passagens bíblicas propostas para fundamentar o Monismo — tais como Atos 17.26 também podem ser interpretadas de outra forma. As Sagradas Escrituras demonstram
unidade das duas dimensões humanas, porém não a sua identidade. Por exemplo, existe uma unidade entre as palavras desta frase e as idéias por detrás dela, mas as palavras e as idéias não são idênticas.
            Além disso, é verdade que temos uma-única natureza, porém esta natureza apresenta duas dimensões, como vimos acima. As duas dimensões não podem ser idênticas, porque uma é material, e a outra imaterialr, uma é perecível, e a outra imperecível.
            Com relação ao uso de 2 Coríntios 5.1, como fundamentação do Monismo, existem,
pelo menos, duas outras interpretações:
Primeiro, alguns sustentam que, na morte, recebemos um corpo espiritual intermediário, de forma que a alma jamais fica sem um corpo (por exemplo, vide Chafer, ST, 2.506-07).
Segundo, outros alegam que Paulo (em 2 Co 5.1) não ensina que uma pessoa recebe o corpo eterno no instante da morte, mas que ele meramente considera a ressurreição final como segura e garantida. Esta idéia se coaduna melhor com as declarações de Paulo acerca da ressurreição final do corpo em 1 Coríntios 15.42-44.
 Terceiro, o Monismo contradiz as referências claras que a Bíblia faz a um estado em que a alma e o espírito separam-se do corpo no momento da morte. Assim, em 2 Coríntios 5.1, Paulo está simplesmente falando que depois da morte existe a expectativa final da ressurreição permanente do corpo. Isto também guarda uma correlação com o que ele afirma a respeito da morte e da ressurreição em 1 Coríntios 15.50-54.

Argumentos Filosóficos Favoráveis e Contrários ao Monismo Antropológico
 Origem grega
Outro argumento apresentado em defesa do Monismo Antropológico é que a visão  (dicotômica ou tricotômica), que se opõe ao Monismo, é grega (e não hebraica) na sua origem; ou seja, o Dualismo Antropológico (vide abaixo) traça as suas origens na filosofia
helênica, e não na Teologia judaica.
Resposta
Em resposta, existem vários problemas sérios com esta objeção.
Primeiro, este é um caso clássico de envenenamento de poço. A questão não é se o Dualismo vem da filosofia grega (como vem); uma idéia não deveria ser julgada falsa (ou verdadeira!) em função da sua origem cultural, mas sim, pelas evidências a favor ou contra.
Segundo, é inútil e incorreto colocar um grande rótulo que diz “grego” no Dualismo, muito embora ser grego signifique “ser dualista.” Aristóteles, por exemplo, era grego e rejeitava
o Dualismo Antropológico. E mais exato chamar o Dualismo de platônico. Ainda assim, mesmo que o Dualismo a ser analisado seja o platônico, ele não deve ser rejeitado simplesmente" porque Platão o defendia. Os cristãos (mesmo muitos monistas antropológicos) concordam com um grande número de idéias de Platão, inclusive a objetividade da moralidade, do significado e da verdade, bem como na crença em Deus e na vida futura. Platão, tal qual qualquer outra pessoa, não criou estas idéias, simplesmente as descobriu.
Terceiro, este argumento em defesa do Monismo está baseado em uma falsa disjunção. Objetivamente falando, ele falha em notar que nem todos os não-monismos são dualismos.
Aristóteles e Tomás de Aquino, por exemplo, opunham-se ao Dualismo Platônico, contudo
não aderiam ao Monismo Antropológico; em vez disso, eles abraçaram o Hilomorfirmo, que defende a unidade (e não a identidade) entre alma e corpo.

Outras Evidências contra o Monismo Antropológico
Além da falha dos argumentos filosóficos a favor do Monismo, existem muitos argumentos contrários a ele:
Primeiro, Monismo nega a existência de duas dimensões na natureza humana, as quais são afirmadas pela Bíblia (vide acima).
Segundo, o Monismo não explica as passagens bíblicas nas quais a alma (ou o espírito sobrevive à morte. Se alma e corpo fossem uma, e a mesma coisa; então a alma morreria junto com o corpo. Mas não é isso o que acontece.
Terceiro, Monismo não explica o fato de Jesus ter estado espiritualmente vivo entre a sua morte e a sua ressurreição (Lc 24.46; Jo 19.30). Ele é a Segunda Pessoa da Trindade e jamais deixa de existir.
Quarto, Monismo necessita ou do Aniquilacionismo ou da ressurreição imediata no momento da morte — estas duas posições não são ortodoxas e são, também, inaceitáveis. Se o corpo e a alma forem a mesma coisa, como alegam os monistas, então ou (1) ambos deixam de existir, simultaneamente na morte (o que seria Aniquilacionismo), ou (2) a alma recebe um novo corpo no momento da morte (o que seria a ressurreição imediata). Com relação ao primeiro caso, o Aniquilacionismo é totalmente antibíblico, e com relação ao segundo, o recebimento de novos corpos para as almas dos crentes no momento da morte tornaria a ressurreição um evento passado, uma idéia que o Novo Testamento condena como herética (cf. 2 Tm 2.18). Não pode haver ressurreição do corpo enquanto ele ainda estiver na sepultura, já que uma ressurreição envolve a saída do corpo morto do túmulo (Jo 5.28-29), do mesmo modo que se deu com Jesus, no mesmo corpo, mantendo as marcas da crucificação e tudo o mais (Lc 24.39; Jo 20.27). Além disso, a ressurreição do corpo é apresentada (por exemplo, em 1 Ts 4.13-18), como um evento futuro que ocorrerá no retorno de Jesus a este mundo.
Quinto, o Monismo é contrário ao que sentimos: temos a consciência de ter estas duas dimensões, um corpo e uma mente (alma). Os meus pensamentos são, claramente, diferentes do meu corpo.
Sexto, e último, todos os argumentos e textos utilizados para mostrar a tal identidade entre o corpo e a alma podem ser explicados de outra forma: como referências à unidade psicossomática.

5.5- O DUALISMO ANTROPOLÓGICO
            De acordo com o Dualismo, alma e corpo são entidades separadas e paralelas; como os trilhos de uma ferrovia, que correm lado a lado, sem jamais se encontrarem. O problema com o Dualismo é a falta de qualquer tipo de contato, unidade ou interação entre alma e corpo, o qual, na realidade, parece ocorrer. Esta visão é atribuída a Platão (c. 427-347 a.C.) e a alguns dos seus discípulos. Platão comparou a relação da alma com o corpo com um cavaleiro e o seu cavalo, alegando que a alma influenciaria o corpo, mas a recíproca não seria verdadeira. Na verdade, Platão defendia uma forma de Ocasionalismo (recordacionismo), o que significava que diante de uma experiência sensorial, a mente se recordaria do que havia aprendido em vidas anteriores, onde teria observado as Idéias reais de todas as coisas. Assim como o Monismo Antropológico, os elementos diferentes do Dualismo também já foram defendidos por alguns cristãos.
As três visões seguintes— o Interacionismo, o Ocasionalismo e a H armonia A ntropológica P ré-Estabelecida — são formas variantes do Dualismo.

5.5.1 O Interacionismo Antropológico
René Descartes (1596-1650) afirmava que o corpo e a alma seriam duas substâncias diferentes: A alma intelectual (mente) é uma entidade pensante e não-estendida, e o corpo físico é uma entidade não-pensante, espacialmente estendida. Estas duas substâncias diferentes, alma e corpo, somente interagem entre si da forma como dois boxeadores interagem entre si, embora não necessariamente de forma antagônica. Os oponentes desta visão a descrevem como a visão do “fantasma dentro de uma máquina.”


5.5.2 Ocasionalismo Antropológico (Recordacionismo)
            Agostinho (354-430) defendia um dualismo platônico de alma e corpo, mas acrescentou uma dimensão ao paradigma de Platão, na qual a alma racional se relaciona com o corpo através de ação divina direta. O corpo se liga à mente da mesma forma que um bilhete se comunica com a nossa memória, o que significa que ao ver o bilhete físico (por meio da percepção sensorial), Deus gera a idéia nas nossas mentes. De acordo com o Ocasionalismo, o corpo, que é inferior, não consegue impactar diretamente a alma, que é mais elevada. Esta visão também é chamada de “Iluminacionismo,” já que se considera que Deus ilumina a mente (ou alma) acerca do que está ocorrendo no corpo.

5.5.3 A Harmonia Antropológica Pré-Estabelecida
            Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) tentou explicar a relação entre alma e corpo de forma alternativa. Ele defendeu uma harmonia pré-estabelecida entre ambos, como se fosse dois relógios que receberam corda por parte de Deus e trabalham paralelamente, um ao outro. Portanto, mente e corpo, apesar de não terem consciência direta uma da outra, estão sincronizadas por Deus e, portanto, conectadas. Deus é a Super Mônada que mantém o relacionamento adequado e mútuo entre todas as mônadas criadas, incluindo aqui as suas almas e os seus corpos.




UMA ANÁLISE DO DUALISMO ANTROPOLÓGICO

            O Dualismo Antropológico, que se origina em Platão, é a concepção de que a alma e o corpo são compostos de duas substâncias diferentes um ser humano é uma alma e meramente tem um corpo. A analogia primária coloca a alma na posição de um cavaleiro e o corpo na de cavalo; outros dualistas não-cristãos se referem à alma como sendo um pássaro em uma gaiola, ou uma pessoa em uma cela de prisão — quando a alma é liberta do corpo (na morte), ela passa a estar permanentemente livre dos grilhões do encarceramento terreno. Apesar dos dualistas cristãos sustentarem que a alma voltará a se reunir ao corpo da ressurreição, todavia eles afirmam um dualismo psicossomático, que se torna evidente no Ocasionalismo (Recordacionismo) de Agostinho e de muitos outros na tradição reformada até os nossos dias.
Dois Argumentos Apresentados em Defesa do Dualismo Antropológico
(Dicotomia)
0 Argumento da Alma que Sobrevive à Morte
Contrariamente aos monistas, os dualistas defendem que como a alma sobrevive à morte, ela não pode ser da mesma substância que o corpo. Se assim o fosse, ela também morreria junto com ele, mas isto não ocorre, como admitem os dois lados.
Resposta:
O problema com este argumento é que ele se trata de uma falsa disjunção, que erroneamente considera monista todo ponto de vista que foge ao dualismo.  Existe, pelo menos, uma outra alternativa viável, a saber, a unidade corpo/alma (sem a identidade) conhecida como Hilomorfismo Antropológico (vide abaixo).

0 Argumento de que a Intercambialidade dos Vocábulos “Alma" e “Espírito” Provaria a sua Identidade
Os dualistas (ou “dicotomistas”) argumentam que como os termos alma espirito são usados de forma intercambiável em várias passagens, 1 Coríntios 5.3; 6.20; 7.34;
Mateus 10.28; A tos 2.31; 2 Pedro 2.11, o ser humano teria somente duas partes (corpo e alma/espírito). Dessa forma, alma espírito se refeririam à mesma substância. Além disso, observam os dualistas, alma e espírito também são utilizados como sinônimos em paralelismos poéticos (cf. Lc 1.46,47), e normalmente apresentam as mesmas funções (o suspirar, o entristecer-se e o acalmar-se). . Marcos 8.12; João 11.33; 12.27; M ateus 26.38.
Em resposta, devemos observar que se este argumento estivesse correto, na melhor das hipóteses, ele somente provaria que a Tricotomia está errada, e não que o Dualismo está correto. Além disso, como já observamos, estas mesmas funções também podem ser explicadas por intermédio do Hilomorfismo (vide abaixo).

Outras Evidências Contrárias ao Dualismo Antropológico (Dicotomia)
Além da inviabilidade destes argumentos no apoio ao Dualismo, existem ainda várias razões significativas para que este seja rejeitado, dentre elas, as seguintes:
Primeiro, o Dualismo nega o ensino bíblico acerca da unidade essencial do ser humano.  Segundo, Dualismo confunde as dimensões com as partes. Do mesmo modo que um obra de arte tem duas dimensões — a forma e o meio — a natureza humana também tem tanto a interior (a alma) e a exterior (o corpo).
Terceiro, o dualismo desmerece o corpo a retirar dele a imagem de Deus, ao passo que a Bíblia o apresenta como parte da sua semelhança (no sentido dele formar uma unidade com alma/espírito.
 Quarto, o Dualismo leva a um Ascetismo insustentável e à alienação, pois propõe que a essência da humanidade é puramente espiritual e exclui a dimensão material.
Quinto e último, a representação da natureza humana feita pelo Dualismo platônico, mesmo se excluirmos os aspectos reencarnacionais (renascimento) e soteriológicos (salvíficos), não é bíblica.

5.6 O Hilomorfismo Antropológico
            O termo Hilomorfismo vem de duas palavras gregas Hilo- matéria, morphos=forma).  A teoria propõe que existe uma unidade de forma/matéria entre a alma e o corpo, da mesma forma que existe uma unidade entre o formato de uma estátua e a rocha (o material) da qual ela foi criada. O Hilomorfismo afirma que a alma (mente) está para o corpo como as idéias estão para as palavras: Ambos formam uma unidade, uma sendo a dimensão interior, a outra, a exterior da sua unidade holística. A alma anima o corpo e forma uma substância hilomórfica (forma/matéria) chamada de ser humano. O filósofo grego Aristóteles (384- 322 a.C.) e o pensador cristão Tomás de Aquino (1225-1274) abraçavam esta idéia.
             
UMA ANÁLISE DO HILOMORFISMO
ANTROPOLÓGICO (UNIDADE CORPO/ALMA)
As raízes desta posição são encontradas nas crenças de Aristóteles, apesar dela apresentar uma base no Antigo Testamento, e foi, posteriormente, corroborada por Tomás de Aquino. As evidências a favor do Hilomorfismo podem ser divididas em dois grupos: as bíblicas e as filosóficas.
A Base Bíblica em Defesa do Hilomorfismo Antropológico
            Os seres humanos são descritos como uma unidade entre alma/corpo desde os primórdios da criação. Como já vimos, Gênesis declara: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra a e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (2.7). Ou seja, a unidade completa do pó (matéria) e o sopro (vida) formavam um ser vivo.  Além disso, a palavra alma significa “pessoa,” e ela normalmente inclui o corpo Portanto, se tanto o corpo quanto a alma não fossem criados como uma unidade, o assassinato de um corpo não seria errado. Só que não é assim, pois Deus declarou: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gn 9.6).. Além do mais, a Bíblia declara que a alma sem o corpo é nua e incompleta (2 Co 5.1- 4). Isto não seria possível, caso não houvesse uma poderosa unidade entre os dois. Por último, a ressurreição não faz qualquer sentido ao menos que estejamos incompletos sem um corpo, e a Palavra de Deus declara que todos os seres humanos, salvos ou perdidos, serão ressuscitados (Jo 5.25-29). Sem o corpo somos incompletos na nossa própria natureza como seres humanos.

A Base Filosófica/Psicológica em Defesa do Hilomorfismo Antropológico
Além das referências bíblicas, existem razões psicológicas e filosóficas em apoio à
unidade forma/matéria de corpo e alma. Considere os seguintes argumentos: Como já vimos, o termo tem a sua origem nas palavras gregas hylo (ou hylas), que significa “matéria,” e morphos, que significa “forma .”


A Interpenetração Psicológica
Além disso, existe claramente uma interpenetração mútua de alma e corpo, a qual é própria da unidade forma/matéria. Interpenetração significa que a alma influencia o corpo e vice-versa. Por exemplo, a aflição da alma afeta o corpo, e a dor no corpo afeta a mente. Esta ligação psicossomática é um indicativo de unidade, e não de identidade.

Uma Objeção ao Hilomorfismo Antropológico
A exemplo de todas as outras visões, o Hilomorfismo também está sujeito às críticas. O primeiro ataque relaciona-se no intervalo entre a morte e a ressurreição.
Objeção Levantada contra a Sobrevivência da Alma
Este argumento defende que, caso a alma e o corpo sejam uma unidade nesta vida, aparentemente, a alma não poderia existir em um estado “desencarnado. ” Se a encarnação é um veículo necessário para a alma, como a alma poderia sobreviver sozinha?
Resposta
Em resposta, como já foi demonstrado, alma e corpo são uma unidade, e não uma identidade. Se elas fossem idênticas então, obviamente, uma não poderia sobreviver sem a outra. Como já vimos, por força de analogia, a alma está para o corpo como o pensamento (na mente) está para as palavras no papel; o conceito permanece quando o material perece. A Bíblia nos informa que a alma, de fato, sobrevive à morte do corpo. Para sermos claros, a alma é incompleta sem o corpo, e ela aguarda a ressurreição do corpo, para, novamente, tornar-se completa (2 Co 5.1), mas a sobrevivência de uma alma sem um corpo não é impossível, nem contraditória. Tanto Deus, quanto os anjos são seres puramente espirituais (Jo 4.24; Hb 1.14), contudo eles existem sem formato físico. Considera-se, portanto, que no estado intermediário, no intervalo entre a morte e a ressurreição, os seres humanos existam como os anjos presentemente existem.




PERSONALIDAE HUMANA (Teologia Sistemática Norman Geisler)
Os seres humanos, a exemplo do que ocorre com Deus e com os anjos, não são andróides, ou autômatos em formato humano. Eles são pessoas, com intelecto (mente), emoções (sentimentos), vontade (capacidade de escolha), e consciência (capacidade moral). A Bíblia expõe todos estes aspectos da personalidade humana.
O Intelecto (a mente)
Os seres humanos foram criados em mentes auto-reflexivas que possuem o poder do raciocínio silogístico. Salomão admoestou: “Compra a verdade e não a vendas; sim, a sabedoria, e a disciplina, e a prudência” (Pv 23.23); O poder do raciocínio humano também eleva as pessoas acima dos “animais irracionais” (Jd v. 10).
Enquanto o intelecto capacita os seres humanos a adorar Deus (Mt 22.37), sua inventividade também os torna capazes de operar grandes maldades (Ec 7.25). Porém, pela redenção, o nosso intelecto é renovado “para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10; cf. Rm 12.2).
As emoções (os Sentimentos)
Além do pensamento racional, os seres humanos são capazes de expressar emoções e sentimentos profundos, tais como a alegria e o pesar. Ao contrário dos andróides míticos, os seres humanos são muito mais do que “mentes e vontades” — eles possuem um coração.
A Vontade (a Capacidade de Escolher)
Ao contrário dó que ocorre com os animais, os seres humanos foram criados com a capacidade moral (vide abaixo) de discernir o certo do errado e com a vontade de escolher um em vez do outro. Esta responsabilidade estava implícita no mandamento de Deus a Adão: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16-17).
A Consciência (a Capacidade Moral)
Os seres humanos são únicos e distintos de todas as outras criaturas sobre a terra, no sentido em que na sua própria natureza eles receberam de Deus uma capacidade moral chamada consciência. Mesmo no nosso estado decaído, Deus nos considera responsáveis por fugir do mal. Paulo declara:
Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os. (Rm 2.12-15)
E claro que, uma consciência decaída é falível, pois, apesar dela refletir uma capacidade
inata de discernir o certo do errado, ela não nos garante que esta distinção sempre será
exata; ou seja, ela poderá também estar distorcida (Rm 2.15) pela cultura, pelas nossas
escolhas e, às vezes, até mesmo “cauterizada” pela freqüência do mal (ITm 4.2). Existe, entretanto, uma lei moral objetiva, mesmo que o nosso entendimento a seu respeito tenha sido obscurecido pelo pecado. A lei moral de Deus é reflexiva a partir da sua própria natureza: Ela é prescritiva ( “Não matarás [•••]”), perfeita (SI 19.7), objetiva (não subjetiva) e universal (destinada a todas as pessoas, em todos os lugares — cf. Rm 2.15).
As evidências a favor desta lei moral objetiva são encontradas:
(1) na universalidade das crenças morais básicas;
(2) na inevitabilidade dos juízos morais por nossa parte;
(3) na inevitabilidade da existência de um padrão perfeito pelo qual julgamos as
imperfeições do mundo (não somos capazes de reconhecer a injustiça, se não
conhecermos o que é justo);
(4) na impossibilidade de juízos morais acerca do avanço (ou retrocesso) da
humanidade se não existir um padrão m oral objetivo exterior pelo qual julgamos
a humanidade como um todo;
(5) no fato de inventarmos desculpas para nós mesmos, quando quebramos a lei
moral;
(6) na culpa moral que sentimos ao transgredirmos a lei moral;
(7) no fato da lei moral, a exemplo das leis da Matemática, terem sido descobertas e
não inventadas;
(8) na realidade de que nós, às vezes, agimos a partir de uma sensação de obrigação
(por exemplo, ao salvar uma vida), mesmo quando os nossos instintos mais
fortes de sobrevivência nos dizem para não arriscarmos as nossas vidas, nem a
nossa segurança neste ato;
(9) na verdade de que encontramos algumas coisas em todas as culturas (como
genocídios ou estupros) que todos entendemos como ruins e más;
(10) no fato de não desejarmos que nos façam algumas coisas que fazemos para os
outros (tal como matar, mentir, roubar ou ser infiéis).
Obviamente, os seres humanos também apresentam outras capacidades; uma
delas é a capacidade de rir (risibilidade). Contudo, a risibilidade surge a partir da nossa
racionalidade, a qual nos dá a capacidade de perceber aquilo que é incongruente — que
é o coração de todo o humor. Além disso, existe a capacidade de valorizar a música e a
arte, que também são exclusivas dos seres racionais. A capacidade inerente de apreciar a
beleza é um dom divino que faz parte da natureza humana, o qual, por sua vez, faz parte
da sua revelação universal a toda a humanidade.





6- Os animais possuem alma?

A Analogia com os Animais (Teologia sistemática vol 2- Norman Geisler)
“As formas mais elevadas de animais têm alma. A mesma palavra hebraica utilizada
para designar a alma dos seres humanos (nephesh) é também utilizada para designar a
alma dos animais. Na verdade, até mesmo a palavra espirito é utilizada para um animal
(vide Ec 3.21). Portanto, enquanto os animais vivem, existe uma unidade de forma/
matéria entre a alma e corpo deles. O mesmo ocorre com os seres humanos, sendo que a
única diferença está na alma humana, que sobrevive à morte e continua a viver de forma
consciente entre a morte e a ressurreição (por exemplo, Fp 1.23; 2 Co 5.8; Ap 6.9).”

“Os seres humanos e os animais são distintos das plantas, em parte pela capacidade de expressar sua personalidade individual A "alma" é considerada o princípio da vida física ou animal. Os animais possuem uma alma básica e rudimentar: apresentam evidências de emoções e são descritos com o termo psuchê em Apocalipse 16.3 (ver também Gn 1.20, onde são descritos como nephesh chayyah, "de alma vivente" no sentido de "indivíduos vivos" dotados de certa medida de personalidade). (Stanley horton) Teologia Sistemática – (Uma Perspectiva Pentecostal - Stanley M. Horton)
Resposta:
Definitivamente animais não têm alma.
 Até mesmo o sangue é descrito como nephesh! e nem por isso os sangue tem alma!!!Qualquer animal é descrito como sendo nephesh chayyah, mesmo os animais que não tem a emoções. A verdade é que o termo nephesh tem vários significados:
A palavra Alma ( no grego psyche e no hebraico nephesh ) apresenta vários significados:
·      Ser vivente ( homem ou animal ) - Gn 2:7; 1:20,24; 9:10  ARC e ACR.
·      Vida ( pois como o homem sem sangue está morto, pois também sem a alma está morto. I Rs 17:21; Gn 35:18 )  - Lv 17:14, Gn 9:4-5 - ARC e ACR.
·      Pessoa em si mesma - Gn 12:5; 46:26; At 7:14; Lv 22:3 - ARC e ACR.
·      Constituição humana que se distingue do espírito e sobrevivem após a morte carnal, juntamente com o espírito em estado consciente.
É a parte psicológica, o centro da personalidade o verdadeiro EU, pois apresenta três partes:
1.    Intelecto     -   Lm 3:20; Sl 139:14; Pv 2:10; 24:14, etc.
2.    Emoções    -   I Sm 18:1; Ct1:7; Lc 1:46; II Sm 1:8; Sl 107:18, etc.
3.    Vontade     -   Jo 6:7; 7:15; I Cr 22:19

O termo espírito como já foi analisado por de se referir à respiração/fôlego, e este é o caso. De forma alguma os animais tem espírito como tem o homem. Ver-“Uma defesa do tricotomismo- Resposta a Berkhof (Reginaldo Oliveira)”