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segunda-feira, 10 de junho de 2024

Erros de Olavo de Carvalho sobre o protestantismo


 

 

O Protestantismo nasceu do ódio e da sede de sangue. Sua inspiração cristã é ZERO." https://pt-br.facebook.com/carvalho.olavo/posts/819116484907094/

 

1-SOFISMAS USADOS POR OLAVO DE CARVALHO PARA TENTAR VENCER UM DEBATE SEM TER RAZÃO

Fonte: Com vencer um debate sem precisar ter razão. Em 38 estratagemas. Athur Schopenhauer Introdução, Notas e Comentarios- Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro:Topbooks, 1997


8 [Encolerizar o adversário]
Provoca-se a cólera do adversário, para que, em sua fúria, ele não seja capaz de raciocinar corretamente e perceber sua própria vantagem. Podemos incitar sua cólera fazendo-lhe algo francamente injusto”*, vexando-o e, sobretudo, tratando-o com insolência. p. 140


11 [Salto indutivo]
Se fazemos alguma indução e o adversário admite os casos particulares em que esta se baseia, não devemos perguntar-lhe se admite também a verdade geral que deriva desses casos, mas devemos introduzi-la desde logo como se estivesse estabelecida e aceita, pois às vezes ele poderá crer que a admitiu, e o mesmo pode acontecer aos ouvintes, já que recordarão as muitas perguntas feitas sobre os casos singulares, que não podem deixar de levar á conclusão? p. 142

12 [Manipulação semântica]
Quando o discurso é um conceito geral que não tem um nome próprio e que deve ser designado figuradamente por uma metáfora, é preciso escolher a metáfora que mais favoreça a nossa tese...
Este princípio vale também para nomes de coisas, mesmo quando se aplique a elas mais literalmente. Se, por exemplo, o adversário propôs uma transformação, a chamaremos de “subversão”, porque esta é uma palavra hostil, e, entretanto, atuaremos de modo inverso se formos nós que fizermos a proposta. No primeiro destes casos, o oposto chama-se “ordem constituída”, no segundo, “regime opressor”. O que uma pessoa totalmente sem intenção nem partidarismo chamaria de “culto” ou “doutrina pública da fé”, quem deseje falar a favor chamaria “devoção”, “piedade”, e um adversário “crendice”, “fanatismo”. No fundo, trata-se de uma sutil petitio princípio: aquilo que se quer dizer é introduzido já na palavra, na denominação, da qual se deriva por um simples juízo analítico”. O que um chama “manter uma pessoa em segurança” ou “colocá-la sob custódia”, seu adversário chama “encarcerá-la”. Um orador delata com freqúência sua intenção pelos nomes que dá às coisas. Um diz: “o clero”, o outro, “os padres”. De todos os estratagemas, este é o que se usa mais frequente de maneira insitintiva. Fervor religioso/fanatismo.; passo em falso ou caso amoroso / adultério; equívoco / obscenidade; desequilíbrio econômico/bancarrota;“mediante influência e ligações” / “mediante suborno e nepotismo”; “reconhecimento sincero” / “uma boa remuneração”.   p. 142-143


14 [Falsa proclamação de vitória]
Um golpe descarado é quando, depois de o adversário responder a muitas perguntas sem que as respostas fossem adequadas à conclusão que tínhamos em mente, declaramos e proclamamos triunfalmente demonstrada a conclusão que pretendíamos, ainda que de fato não se siga de suas respostas. Se o adversário for tímido ou tolo, e se tivermos boa dose de descaramento e uma bela voz, este golpe poderá funcionar”. Este estratagema corresponde à fallacia non causae ut causae (tratar como prova o que não é prova).p. 146


16 [Várias modalidades do argumentum ad hominerm|
Argumenta ad hominem ou ex concessis. Se o adversário faz uma afirmação, devemos perguntar-lhe se não está, de algum modo — ainda que seja só em aparência — em contradição com algo que anteriormente disse ou aceitou, ou com os princípios de uma escola ou seita que ele elogie ou aprove, ou com o comportamento de membros dessa seita (ainda que se trate de membros não autênticos ou só aparentes), ou com a conduta do adversário mesmo. Se, por exemplo, defende o suicídio, logo gritamos: “Por que você não se enforca?” Ou, se afirma que Berlim é uma cidade incômoda, gritamos de imediato: “Por que você não vai embora na primeira diligência? p. 148

18 [Uso intencional da mutatio  controversia]
 Se notamos que o adversário faz uso de uma argumentação com a qual ameaça nos abater, não devemos consentir que prossiga neste rumo e chegue até o fim, mas devemos interromper o debate a tempo, sair dele ou desviá-lo e levá-lo para outra questão. Em suma, trazer à baila uma mutatio controversia. p. 150

19 [Fuga do específico para o geral]
Se o adversário solicita expressamente que apresentemos alguma objeção contra um ponto concreto de sua tese, mas não encontramos nada apropriado, devemos enfocar o aspecto geral do tema e atacá-lo assim. Por exemplo, se temos de dizer por que uma determinada hipótese física não é crível, falaremos da incerteza geral do saber humano, ilustrando-a com toda sorte de exemplos. p. 150-151


23 [Impelir o adversário ao exagero]
A contradição e a luta impelem a exagerar as afirmações. Por isso, podemos provocar o adversário contradizendo-o e induzi-lo assim, a exagerar para além do que é verdade uma afirmação que, em si e em certo contexto, pode ser verdadeira; e, uma vez refutado o exagero, é como se tivéssemos refutado também a proposição original”, p. 153

24 [Falsa reductio ad absurdum]
A arte de criar conseqiências. Da proposição do adversário tiram-se à força, através de falsas consequências e distorções dos conceitos, outras proposições que não estão ali contidas e que de fato não correspondem à sua opinião e que são, e, em contrapartida, são absurdas ou perigosas” p. 154

27 [Provocar a raiva]
Se, diante de um argumento, o adversário inesperadamente fica zangado, devemos utilizar assiduamente esse argumento; não apenas porque é bom deixá-lo irado, mas também porque presumimos que a esta altura tocamos o lado mais fraco de seu raciocínio, e queadversário, neste ponto, já não consegue tirar de nossas mãos o domínio da situação. p. 157

28 [Argumento ad auditores|
Em geral, adota-se este estratagema quando uma pessoa culta discute com um auditório inculto. Se não dispomos de nenhum argumentum ad rem e nem mesmo de um ad hominem, formulamos um ad auditores, isto é, uma objeção inválida, mas cuja invalidade só um conhecedor do assunto pode captar. E, ainda que o adversário seja um conhecedor do assunto, não o são os ouvintes. Aos olhos destes, ele estará derrotado, tanto mais se nossa objeção conseguir que sua afirmação apareça, de algum modo, sob um aspecto ridículo. As pessoas são inclinadas ao riso fácil, e os que riem estão do lado daquele que fala. Para demonstrar que a objeção é nula, o adversário deverá entrar numa longa discussão e remontar aos princípios da ciência ou a qual- quer outro recurso. Mas não é fácil encontrar um auditório interessado nisso”. p. 158

29 [Desvio]
Se percebemos que vamos ser derrotados, recorremos a um desvio, isto é, começamos de repente a falar de algo totalmente diferentecomo se fosse pertinente à questão e constituísse um argumento contra o adversário. p. 160

30 Argumentum ad verecundiam

O argumento ad verecundiam (dirigido ao sentimento de honra). Em vez de fundamentos, utilizamos autoridades, segundo os conhecimentos do adversário?. Diz Sêneca: Unuscuiusque mavult credeve quam jqudicare (“qualquer um prefere crer a julgar por /si mesmo. Portanto, o jogo nos é mais fácil quando temos de nosso lado uma autoridade respeitada pelo adversário. E para este haverá tanto mais autoridades válidas quanto mais limitados sejam seus conhecimentos e suas capacidades. Se estas capacidades são de primeira ordem, haverá para ele muito poucas autoridades ou quase nenhuma. 

Quando muito, ele respeitará a autoridade de pessoas competentes numa ciência, arte ou profissão que para ele sejam pouco conhecidas ou de todo ignoradas; e mesmo assim com desconfiança".
todo gênero. Ignoram que quem faz de um assunto sua profissão não ama o assunto em si, e sim o lucro que ele lhe dá; e que aquele que ensina um assunto raras vezes o conhece a fundo, porque àquele que o estuda a fundo não resta, em geral, tempo para dedicar-se ao ensino. 

No entanto, para o Vulgus há muitas autoridades que gozam de seu respeito; portanto, se não encontramos nenhuma autoridade adequada, podemos apelar a uma aparentemente adequada”, ou citamos o que alguém disse com outro sentido ou num contexto diferente. E são às autoridades que o adversário não entende aquelas que, geralmente, mais efeito obtêm.



Os ignorantes tem um respeito muito particular pelos floreios retóricos gregos e latinos!. Pode-se também, caso necessário, não só deformar o sentido dessas autoridades: mas diretamente falsificá-las e inclusive citar algumas que são pura invenção. Geralmente o adversário não tem o livro à sua disposição nem tampouco sabe consultá-lo. O mais belo exemplo disto nos é dado pelo cura francês que, para não pavimentar a rua em frente à sua casa, como tinham de fazer os demais ci- dadãos, citou uma frase da Bíblia: paveant 1illi, ego non pavebo (“eles que se apavorem; eu não me apavorarei”, mas, para os ouvintes de lín- gua francesa, soava como parver, “pavi- mentar”). Isto convenceu o Conselho da comunidade. Também podemos usar os pre- conceitos gerais como autoridade p. 163-166

32 [Rótulo odioso]
Um modo rápido de eliminar ou, ao me-nos, de tornar suspeita uma afirmação do adversário é reduzi-la a uma categoria geralmente detestada, ainda que a relação seja pouco rigorosa e tão só de vaga semelhança”. Por exemplo: “Isso é maniqueísmo”, “É arianismo”, “É pelagianismo”, “É idealismo”, “É panteísmo”, “É brownianismo”, É naturalismo”, <Ê ateísmo”, <Ê racionalismo”, “É espiritualismo”, “É misticismo”, etc. Com isto, fazemos duas suposições: 1) que aquela afirmação é efetivamente idêntica a essa categoria ou, ao menos, está compreendida nela e estamos dizendo: “Ah, isto nós já sabemos!”; e 2) que esta categoria Já está de todo refutada e não pode conter nenhuma palavra verdadeira p. 174

33 [Negação da teoria na prática]
“Isso pode ser verdade em teoria; mas na prática é falso.”** Com este sofisma, aceitam-se os fundamentos mas negam-se as consequências; em contradição com a regra: a ratione ad rationatum valet consequentia (“da premissa à conseqiência a conclusão é obriga- tória”). Essa afirmação expressa algo que é impossível: o que é certo na teoria tem de sê- lo também na prática. E, se não o é, há uma falha na teoria: algo foi ignorado e não foi avaliado; por conseguinte, é falso também na teoria.p. 175

34 [Resposta ao meneio de esquiva]
Se o adversário não dá uma informação ou resposta direta a uma questão ou a um argumento, e se esquiva com uma contra pergunta ou uma resposta indireta, refugiando-se numa proposição que não tem a ver com o tema e indo para qualquer outro lugar, isto é um sinal claro de que nós (às vezes sem sabê-lo) encontramos um ponto fraco, pois esta atitude, por sua vez, corresponde a um mutismo relativo. p. 175-176

36 [Discurso incompreensível]
Desconcertar, aturdir o adversário com um caudal de palavras sem sentido. Isto baseia-se em que:
“Normalmente o homem, ao escutar ape nas palavras, acredita que também deve haver nelas algo para pensar” (Goethe, Fausto).
Se no fundo está convencido de sua própria debilidade, se está habituado a escutar todo tipo de coisas que não compreende e faz como se as entendesse, podemos impressioná-lo oferecendo, com ar grave, um absurdo que soe como algo douto e profundo, face ao qual careça de vista, ouvido e pensamento, e apre- sentá-lo como prova incontestável de nossa própria tese”. 178-179

38 [Último estratagema|]
Quando percebemos que o adversário é superior e que acabará por não nos dar razão, então nos tornamos pessoalmente ofensivos, insultuosos, grosseiros. O uso das ofensas pessoais consiste em sair do objeto da discussão ( já que a partida está perdida) e passar ao contendor, atacando, de uma maneira ou de outra, a sua pessoa. Isto poderia chamar-se argumentum ad personam, para distingui-lo do argumentum ad hominem. Este se afasta do objetivo propriamente dito para dirigir-se aquilo que o adversário disse ou admitiu. Em troca, quando argumentamos ad personam, o objeto é deixado completamente de lado e concentramos o ataque na pessoa do adversá- rio, e a objeção se torna insolente, maldosa, ultrajante, grosseira. p. 180-181

  

 2- FALSOS ARGUMENTOS DE OLAVO DE CARVALHO

A venda de Indulgencia é uma mentira de Lutero -Indulgência era uma espécie de fiança

O primeiro desses mitos é a Indulgencia. Até hoje você gente dizendo: a igreja vendia indulgencias ...Indulgência era [apenas] a suspensão não das penalidades eternas, mas das penalidades temporais, em troca de uma multa em dinheiro. O Sujeito ao invés de ser preso, pagava uma multa. Isso é indulgência'...isso é uma mentirinha boba inventada por Lutero  https://youtu.be/oPEz3y0293E?si=huu5hhxNByCLqAJl https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM&t=922s 
 
Resposta:
 
1- Olavo começa sua discussão com a falácia ad personam o ataque a pessoa ao invés do argumento, e para isso ele cria a história que a venda de indulgencia é uma mentira de Lutero:
 
38 [Último estratagema|]
Quando percebemos que o adversário é superior e que acabará por não nos dar razão, então nos tornamos pessoalmente ofensivos, insultuosos, grosseiros. O uso das ofensas pessoais consiste em sair do objeto da discussão ( já que a partida está perdida) e passar ao contendor, atacando, de uma maneira ou de outra, a sua pessoa. Isto poderia chamar-se argumentum ad personam, para distingui-lo do argumentum ad hominem. Este se afasta do objetivo propriamente dito para dirigir-se aquilo que o adversário disse ou admitiu. Em troca, quando argumentamos ad personam, o objeto é deixado completamente de lado e concentramos o ataque na pessoa do adversário, e a objeção se torna insolente, maldosa, ultrajante, grosseira. Com vencer um debate sem precisar ter razão. Em 38 estratagemas. Athur Schopenhauer Introdução, Notas e Comentarios- Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro:Topbooks, 1997p. 180-181

2-  Olavo usa a falácia de objeção que exige conhecimento específico do assunto e assim mente:
28 [Argumento ad auditores|
Em geral, adota-se este estratagema quando uma pessoa culta discute com um auditório inculto. Se não dispomos de nenhum argumentum ad rem e nem mesmo de um ad hominem, formulamos um ad auditores, isto é, uma objeção inválida, mas cuja invalidade só um conhecedor do assunto pode captar. E, ainda que o adversário seja um conhecedor do assunto, não o são os ouvintes. Aos olhos destes, ele estará derrotado, tanto mais se nossa objeção conseguir que sua afirmação apareça, de algum modo, sob um aspecto ridículo. As pessoas são inclinadas ao riso fácil, e os que riem estão do lado daquele que fala. Para demonstrar que a objeção é nula, o adversário deverá entrar numa longa discussão e remontar aos princípios da ciência ou a qual- quer outro recurso. Mas não é fácil encontrar um auditório interessado nisso”.Idem  p. 158
 
3- Olavo não conhece a doutrina católica que diz professar;  a indulgencia embora teoricamente de graça, baseada nos méritos dos santos e de Jesus , era comercializada em troca de dinheiro para construções de igrejas, mosteiro, pontes etc., vejamos o Catecismo,  a Enciclopédia Católica e o Historiador Católico exaltado por apologistas católicos Daniel Ropes:

1471. A doutrina e a prática das indulgências na Igreja estão estreitamente ligadas aos efeitos do sacramento da Penitência.

O QUE É A INDULGÊNCIA?

«A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições, pela acção da Igreja, a qual, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos» (79). «A indulgência é parcial ou plenária, consoante liberta parcialmente ou na totalidade da pena temporal devida ao pecado» (80). «O fiel pode lucrar para si mesmo as indulgências [...], ou aplicá-las aos defuntos» (81).

1478. A indulgência obtém-se mediante a Igreja que, em virtude do poder de ligar e desligar que lhe foi concedido por Jesus Cristo, intervém a favor dum cristão e lhe abre o tesouro dos méritos de Cristo e dos santos, para obter do Pai das misericórdias o perdão das penas temporais devidas pelos seus pecados. É assim que a Igreja não quer somente vir em ajuda deste cristão, mas também incitá-lo a obras de piedade, penitência e caridade» (88).

1495. Por meio das indulgências, os fiéis podem obter para si próprios, e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, consequência do pecado. Enciclopédia Católica
https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p2s2cap1_1420-1532_po.html#:~:text=%C2%ABA%20indulg%C3%AAncia%20%C3%A9%20a%20remiss%C3%A3o,o%20tesouro%20das%20satisfa%C3%A7%C3%B5es%20de


O primeiro impulso à secessão foi fornecido pela oposição de Lutero na Alemanha e de Zwinglio na Suíça Alemã à promulgação por Leão X de uma indulgência para contribuições para a construção da nova Basílica de São Pedro em Roma . Durante muito tempo foi costume os papas concederem indulgências para edifícios de utilidade pública (por exemplo, pontes). Em tais casos, a verdadeira doutrina das indulgências como uma remissão da punição devida ao pecado (não da culpa do pecado ) sempre foi mantida, e as condições necessárias (especialmente a obrigação de uma confissão contrita para obter a absolvição do pecado ) sempre foram inculcadas. Mas a esmola para um bom objeto, prescrita apenas como uma boa obra complementar às principais condições para a obtenção da indulgência , era frequentemente enfatizada com destaque. Os comissários de indulgências procuravam arrecadar o máximo de dinheiro possível em conexão com as indulgências . Na verdade, muitas vezes, desde o Cisma Ocidental, as necessidades espirituais do povo não receberam tanta consideração como motivo para promulgar uma indulgência , como a necessidade do bom objectivo através da promoção do qual a indulgência deveria ser obtida, e a consequente necessidade de obter esmola para esse fim. A guerra contra os turcos e outras crises, a construção de igrejas e mosteiros , e inúmeras outras causas levaram à concessão de indulgências no século XV.

Os consequentes abusos foram agravados pelo facto de os governantes seculares proibirem frequentemente a promulgação de indulgências nos seus territórios, consentindo apenas com a condição de que uma parte das receitas lhes fosse dada. Na prática, portanto, e na mente do público, a promulgação de indulgências assumiu um significado económico. aspecto e, por serem frequentes, muitos passaram a considerá-los um imposto opressivo. Em vão homens sérios levantaram a voz contra este abuso, que despertou não pouca amargura contra a ordem eclesiástica e particularmente a Cúria Papal . A promulgação de indulgências para a nova Basílica de São Pedro proporcionou a Lutero a oportunidade de atacar as indulgências em geral, e este ataque foi a ocasião imediata da Reforma na Alemanha . Um pouco mais tarde, o mesmo motivo levou Zwinglio a expor os seus ensinamentos erróneos , inaugurando assim a Reforma na Suíça Alemã . Ambos declararam que atacavam apenas os abusos das indulgências ; no entanto, eles logo ensinaram doutrina de muitas maneiras contrárias aos ensinamentos da Igreja  https://www.newadvent.org/cathen/12700b.htm

  Este desvirtuamento não era o único que ameaçava a instituição: havia outro pior, que afetava a própria doutrina. Muitos pregadores ensinavam que a indulgência possuía de per si uma virtude de certo modo mágica, pois a esmola era uma hipoteca que se ganhava sobre o céu. Era como dizia o ditado: Sobald das Geld im Kasten klíngt

Díe Seele aus dem Fegfeuer springt! 1  "Assim que o dinheiro tilinta na caixinha, I a alma (em favor de quem se dá a esmola) salta para fora do purgatório". 
A Alemanha não era, porém, o único país onde se ensinavam essas tolices: em 1 482, a Sorbonne condenara um pregador que as proclamava do púlpito, e em 1 486, em Besançon, um franciscano afirmara que bastava uma pessoa usar o hábito da sua Ordem - era um convite a fazer-se irmão terceiro - para que São Francisco viesse em pessoa retirá-la do purgatório! Era natural que, perante tais enormidades, se produzissem reações enérgicas aqui e acolá.
Em 1 484, um padre chamado Lallier negara ao papa o direito de perdoar as penas do outro mundo a quem lucrasse uma indulgência, e, apesar da Sorbonne, esse sacerdote fora absolvido pelo bispo de Paris. Em 1 49 8 , o franciscano Vitrier fora delatado a essa mesma Sorbonne por ter afirmado que "não se deve dar dinheiro para comprar o perdão" . E Erasmo, seu discípulo, acabara de escrever: "Um comerciante desonesto, um velho mercenário ou um juiz lançam na caixa uma simples moeda, tirada das suas rapinas, e pensam que assim purificam todo o pântano de Lema da sua vida! " Eram coisas desse gênero que se ensinavam em Wittenberg, nessa Universidade que pretendia rivalizar com as de Leipzig e de Erfurt, e as suas posições peremptórias contribuíam para o renome de que gozava. No decorrer do ano de 1 5 1 6, disseram-se ali coisas como esta: "Pregar que as almas do purgatório são resgatadas pelas indulgências é um completo absurdo! "
E m 1 5 1 7, a mais importante indulgência pregada na Alemanha foi a que os papas haviam concedido por duas vezes aos cristãos generosos que contribuíssem com dinheiro para a nova basílica de São Pedro : em 1506, por Júlio II, para empreender as obras, e em 1 5 1 4, por Leão X, para lhes dar continuidade. Foi o produto desta  indulgência que se tornou objeto da estranha partilha que já mencionamos, por ocasião da eleição de Mogúncia. O arcebispo confiou aos dominicanos o encargo de pregar a  indulgência, o que não se fez sem provocar entre os agostinianos uma fraternal mas bastante amarga inveja. A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Qaudrante, 1996, p. 267-268

 

 

Lutero não era uma pessoa de grande inteligência
Lutero não era uma pessoa de grande inteligência, era um homem de talento poético retórico, reagia emocionalmente ás coisas, não tinha condição intelectual de examinar... https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM&t=265s
Resposta:
 
1- Olavo começa sua discussão com a falácia ad personam o ataque a pessoa ao invés do argumento, e para isso ele cria a história que a venda de indulgencia é uma mentira de Lutero:
 
38 [Último estratagema|]
Quando percebemos que o adversário é superior e que acabará por não nos dar razão, então nos tornamos pessoalmente ofensivos, insultuosos, grosseiros. O uso das ofensas pessoais consiste em sair do objeto da discussão ( já que a partida está perdida) e passar ao contendor, atacando, de uma maneira ou de outra, a sua pessoa. Isto poderia chamar-se argumentum ad personam, para distingui-lo do argumentum ad hominem. Este se afasta do objetivo propriamente dito para dirigir-se aquilo que o adversário disse ou admitiu. Em troca, quando argumentamos ad personam, o objeto é deixado completamente de lado e concentramos o ataque na pessoa do adversário, e a objeção se torna insolente, maldosa, ultrajante, grosseira. Com vencer um debate sem precisar ter razão. Em 38 estratagemas. Athur Schopenhauer Introdução, Notas e Comentarios- Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro:Topbooks, 1997p. 180-181
 
2-Não bastasse esse erro, a própria Enciclopédia Católica mostra que Lutero era um homem que se destacava na sua inteligência:

Aos quatorze anos (1497) ingressou numa escola em Magdeburg , onde, nas palavras do seu primeiro biógrafo, como muitos filhos "de pais honrados e abastados , cantou e implorou por pão - panem propter Deum " ( Mathesius, op.). Aos quinze anos o  encontramos em Eisenach.

Aos dezoito anos (1501) ingressou na Universidade de Erfurt, com o objetivo de estudar jurisprudência a pedido de seu pai . Em 1502 recebeu o grau de Bacharel em Filosofia , sendo o décimo terceiro entre cinquenta e sete candidatos. Na Epifania (6 de janeiro de 1505), foi promovido ao mestrado , ficando em segundo lugar entre dezessete candidatos.
Na escola de Mansfeld, para onde os seus pais o mandaram aos seis anos, Maninho recebeu a costumeira educação da época, isto é, a do trivium, bem como a do catecismo, conforme os métodos pedagógicos então em uso, que incluíam com freqüência a linguagem do chicote. Como o rapaz se mostrou de uma inteligência muito viva, o pai resolveu fazê-lo continuar os estudos com vistas ao direito. Em Magdeburgo, freqüentou durante um ano a escola da catedral, que estava a cargo dos excelentes Irmãos da Vida Comum, e lá fez a experiência, bem curta infelizmente, de uma autêntica espiritualidade; foi lá por certo que teve o seu primeiro contacto com a Bíblia. Depois, em Eisenach, para onde o havia levado a presença do seu tio-avô, sacristão de São Nicolau, desenvolveu os seus dons inatos para a música. Por fim, aos dezoito anos, chegou à Universidade de Erfurt - seu pai melhorara de  situação econômica e já podia pagar-lhe os livros - e ali obteve brilhantemente o diploma de professor de filosofia e letras, ao mesmo tempo que fazia grandes progressos na arte de escrever e de filosofar. Os seus mestres, os padres Usingen e Palz, formaram-no segundo os seus métodos, que eram os da escolástica de Ockham, e os seus condiscípulos consideravam-no um rapaz honesto, piedoso, e também um alegre companheiro. ...De volta à Alemanha, foi novamente destinado ao convento de Wittenberg e, no ano seguinte, já doutorado em teologia, confiaram-lhe a regência da cadeira de Sagrada Escritura na Universidade. Os seus cursos sobre os Salmos e sobre as Epístolas de São Paulo conheceram um êxito notável. Como orador, foi também muito apreciado por quantos o escutavam. O seu superior Staupitz tinha-o na mais alta conta e nomeou-o"vigário de distrito", isto é, provincial, com jurisdição sobre onze casas da Ordem; chegou mesmo a dizer-lhe: "Cristo fala pela tua boca".https://www.newadvent.org/cathen/09438b.htm
A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Qaudrante, 1996
 

 Lutero suprimiu versículos do Evangelho na tradução para o Alemão

"Não devemos nos ater no que disseram Lutero e Calvino como se fosse também palavra de Evangelho , porque aquilo que é palavra do Evangelho não pode suprimir, versículo do evangelho e dizer vai ficar assim mesmo."
 Resposta:
1- Os protestantes não tem Lutero ou Calvino como inspirados, e nunca tiveram.Para eles somente a Bíblia é inspirada.
2- Lutero não suprimiu versículos do Evangelho. Olavo não sabe o que diz.
3- Lutero mesmo não concordando com livros deuterocanônicos (os sete) não os suprimiu, os traduziu e publicou
Deuterocanônico, portanto, são aqueles livros sobre a inspiração de que algumas Igrejas duvidaram mais ou menos seriamente por um tempo, mas que foram aceitos por toda a Igreja como realmente inspirados, depois que a questão foi investigada minuciosamente. Quanto ao Antigo Testamento, os Livros de Tobias, Judita, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, I, II, Machabees, e também Ester, x, 4-xvi, 24, Daniel, iii, 24-90, xiii, 1-xiv, 42, são neste sentido deuterocanônico; o mesmo deve ser dito dos seguintes livros e porções do Novo Testamento: Hebraico, Tiago, II, João II,Luke 22:43-44João 7:53-8:11. Os escritores protestantes chamam os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento, os apócrifos. https://www.newadvent.org/cathen/13635b.htm
 4- Ao contrário do que dizem certos apologistas católicos a, Lutero contribuiu para colocar a bíblia nas mãos do povo :
 
Novo Testamento em alemão (1522)
O Novo Testamento é o segundo componente da Bíblia cristã e descreve a vida e os ensinamentos de Jesus. Enquanto Lutero estava escondido, ele o traduziu para o alemão. As pessoas ansiavam por ler a Bíblia por si mesmas, e quando a Bíblia em língua alemã de Lutero apareceu, as pessoas compraram cerca de 5.000 cópias nos primeiros dois meses. https://www.britannica.com/summary/Martin-Luthers-Achievements

 Sob a proteção do eleitor da Saxônia, Lutero se refugiou em Wartburg. Lá ele traduziu a Bíblia para o alemão; sua tradução tem sido considerada como o maior marco da história da língua alemã https://www.britannica.com/summary/Martin-Luther https://www.britannica.com/summary/Martin-Luther

 O supremo empreendimento de Lutero como escritor foi sua tradução da Bíblia para o alemão. Já se tinham feito 18 dessas traduções, mas baseavam-se na Vulgata de São Jerônimo, eram cheias de erros e de frases estranhas. As dificuldades de traduzir do original eram assustadoras; ainda não havia dicionários hebraicos ou gregos para o alemão; cada página de texto criava centenas de problemas de interpretação; e a própria língua alemã ainda era crua e formada apenas pela metade. Para o Novo Testamento, Lutero empregou o texto grego que Erasmo tinha publicado com uma ver­ são latina em 1516. Esta parte da tarefa foi completada em 1521, e publicada em 1522. Após mais 12 anos de trabalho, entre constantes lutas teológicas, porém auxiliado por Melanchthon e vários eruditos judeus, Lutero publicou o Velho Testamento em alemão. Apesar de sua erudição imperfeita, essas traduções foram acontecimentos marcantes. Inauguraram a literatura alemã e fundaram o Neuhochdeutsch - o Novo Alto Alemão da Saxônia Superior - como língua literária da Alemanha. Entretanto, as traduções eram propositadamente não literárias, apoiadas no falar da população.. Em seu modo habitual, Lutero explicou o método: ''Não devemos, como fazem os asnos, perguntar às letras latinas como deveremos falar o alemão, porém devemos perguntar às mães em seus lares, às crianças nas ruas, ao povo comum na praça do mercado... devemos ser guiados por eles na tradução; então eles nos compreenderão, e saberão que estamos falando alemão com eles''102 Portanto, sua tradução teve o mesmo efeito e prestígio na Alemanha como a versão do reiJaime na Inglaterra um século depois: teve influência extensa e benéfica sobre o falar nacional, e é ainda a maior obra em prosa da literatura nacional. Em Wittenberg, e durante a vida de Lutero, imprimiram-se 100.000 exemplares de seu Novo Testamento; umas 12 edições não autorizadas apareceram em outros lugares; e apesar dos editos que proibiam a sua circulação em Brandemburgo, Baviera e Áustria, tornou-se e permaneceu o livro mais vendido da Alemanha. As traduções da Bíblia contribuíram, como efeito e como cau­ sa, cooperativa, para a destituição do latim pelas línguas e literaturas vernáculas que acompanhou o movimento nacionalista, e que correspondeu à derrota da Igreja uni­ versal nas terras que não tinham recebido e transformado a língua latina. História da Civilização- a A Reforma. Rio de Janeiro:Record, 1957p. 309

 

Jesus nunca recomendou ler a Bíblia


Em parte nenhuma do Evangelho Nosso Senhor diz que ler a Bíblia ou mesmo acreditar nela vai nos salvar. Não há ali sequer uma frase, um trechinho, uma palavra, em que Ele nos recomende a leitura do grande livro.   https://blogdoolavo.com/por-que-nao-sou-evangelico/ 
Resposta:
Jesus recomendou sim a leitura da Bíblia
João 5.39-40 “Investigai as Escrituras, visto que julgais ter nelas a vida eterna: também elas testemunham sobre mim. E vós não quereis vir a mim, para terdes a vida”.

Tanto Jesus como seus discípulos destacaram a importância de se conhecer as Escrituras:
Mateus 21:42  Perguntou-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?
Mateus 22:29  Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.
Mateus 26:54  Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?
Mateus 26:56  Tudo isto, porém, aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então, os discípulos todos, deixando-o, fugiram.
Marcos 12:24  Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?
Marcos 14:49  Todos os dias eu estava convosco no templo, ensinando, e não me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras.
Lucas 24:27  E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.
Lucas 24:32  E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?
Lucas 24:45  Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;
João 5:39  Examinais {Examinais; ou Examinai} as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
Atos 17:2  Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras,
Atos 17:11  Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.
Atos 18:24  Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras.
Atos 18:28  porque, com grande poder, convencia publicamente os judeus, provando, por meio das Escrituras, que o Cristo é Jesus.
Romanos 1:2  o qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras,
Romanos 15:4  Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.
Romanos 16:26  e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações,
1 Coríntios 15:3  Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,
1 Coríntios 15:4  e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
1 Timóteo 4:13  Até à minha chegada, aplica-te à leitura, {leitura: leitura pública das Escrituras} à exortação, ao ensino.
2 Pedro 3:16  ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles.



A salvação só vem em participar da ceia
O que Ele diz, isto sim, e com palavras inconfundíveis, é que a salvação, o ingresso na vida eterna, só vem por um único meio: comer o Seu Corpo e beber o Seu sangue. Nem mesmo um retardado mental pode confundir essas duas ações com a leitura de um livro, por santo e sublime que seja.   https://blogdoolavo.com/por-que-nao-sou-evangelico
Resposta:
A salvação vem por crer m Jesus

Jesus antes de falar da carne e sangue disseque quem crer será salvo:
João 3:15  para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.
João 6:40  De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
João 6:47  Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
João 6:54  Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.

O malfeitor  comeu a carne e o sangue?. Não . Nem foi batizado
Lc 23:39-40,42-43: "Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? … E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso."

Atos 3:19  Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados
 
A salvação vem antes do batismo e ceia
 At 10:44 ¶ Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
45  E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo;
46  pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus. Então, perguntou Pedro:
47  Porventura, pode alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?

 Ef 1:13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;

Lutero e Calvino negaram a eficácia ritual da Ceia do Senhor, reduzindo a um simples memorial, mas não negaram a eficácia ritual do batismo

Um rito, por definição, é a repetição formal e exata de um ato fundador, o qual dessa maneira salta a barreira do tempo e se torna novamente presente com o mesmo poder e eficácia do instante originário em que se realizou. Quando batizamos um bebê, não estamos apenas rememorando o que fez João Batista, mas repetindo com atual vigor e efeito o que ele fez nos tempos bíblicos: integrar uma nova alma humana no Corpo Místico de Cristo, abrindo-lhe em potência as portas do Céu.
Tanto em Lucas 22:19 quanto em Coríntios 11:24-26, Jesus, ao consagrar o pão e o vinho, ordena a Seus discípulos: “Fazei ISTO em memória de mim”. A expressão grega é muito clara: “toyto poiête” – “fazei isto”. Ele não disse “fazei um memorial disto”, mas “fazei ISTO”: consagrar o pão e o vinho, transformando-os no Corpo e no Sangue do Redentor. Isso é o ponto culminante da Revelação cristã, a chave mesma da salvação. 

Lutero, Calvino e seus seguidores reduziram esse ato a um simples “memorial”, esvaziando-o da sua eficácia ritual no presente e negando a transformação real das duas substâncias. Curiosamente, não fizeram o mesmo com o rito do batismo. O famoso “batismo nas águas” das igrejas evangélicas não se apresenta como um puro “memorial” do que João Batista fazia, mas como um rito atual, investido das mesmas propriedades do batismo conferido por João Batista. Se o batismo tem esse poder, por que não o teria a Eucaristia?
Recusando-se a obedecer a ordem explícita de Jesus Cristo, Lutero, Calvino e tutti quanti instituíram em lugar dela o biblismo, o culto do texto bíblico, fazendo deste, em vez da Eucaristia, o centro da revelação cristã, reduzindo portanto o cristianismo a uma “religião do livro” (ahl-al-kitab) tal como a entendem os muçulmanos.

É meu direito e meu dever considerar isso uma heresia, um escarnio e um escândalo, temendo pelo destino eterno de todos os que se deixaram enganar por tão grosseira patifaria. 
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Resposta:

1- Os sacramentos na doutrina calvinista são meios de graça e o batismo e a ceia são equivalentes, sendo os dois igualmente sacramentos,  portanto a afirmação de Olavo é falsa, não há esvaziamento da eficácia ritual, do poder,  que ele diz ser preservado no batismo Vejamos a confissão de fé calvinista (Westminster):

CAPÍTULO XXVII
DOS SACRAMENTOS

I. Os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus para representar Cristo e os seus benefícios e confirmar o nosso interesse nele, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertencem à Igreja e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo, segundo a sua palavra.

Ron. 6:11; Gen. 17:7-10; Mat. 28:19; I Cor. ll:23, e 10:16, e 11:25-26; Exo. 12:48; I Cor. 10:21; Rom. 6:3-4; I Cor. 10:2-16.

II. Em todo o sacramento há uma relação espiritual ou união sacramental entre o sinal e a coisa significada, e por isso os nomes e efeitos de um são atribuídos ao outro.

Gen. 17:10; Mat. 26:27-28; Tito 3:5.

III. A graça significada nos sacramentos ou por meio deles, quando devidamente usados, não é conferida por qualquer, poder neles existentes; nem a eficácia deles depende da piedade ou intenção de quem os administra, mas da obra do Espírito e da palavra da instituição, a qual, juntamente com o preceito que autoriza o uso deles, contém uma promessa de benefício aos que dignamente o recebem.

Rom. 2:28-29; I Ped. 3:21; Mat. 3:11; I Cor. 12:13; Luc. 22:19-20; I Cor. 11:26.

IV. Há só dois sacramentos ordenados por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho - O Batismo e a Santa Ceia; nenhum destes sacramentos deve ser administrado senão pelos ministros da palavra legalmente ordenados.

Mat. 28:19; I Cor. 11: 20, 23-34; Heb. 5:4....
CAPÍTULO XXIX- DA CEIA DO SENHOR    Os que comungam dignamente, participando exteriormente dos elementos visíveis deste sacramento, também recebem intimamente, pela fé, a Cristo Crucificado e todos os benefícios da sua morte, e nele se alimentam, não carnal ou corporalmente, mas real, verdadeira e espiritualmente, não estando o corpo e o sangue de Cristo, corporal ou carnalmente nos elementos pão e vinho, nem com eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios elementos aos seus sentidos corporais

2- De forma semelhante vejamos a confissão de fé dos luteranos:
confissão de Augsburgo, no artigo 10,confissão de fé das Igrejas Luteranas:

Da ceia do Senhor se ensina que o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes na ceia sob a espécie do pão e do vinho e são nela distribuídos e recebidos. Por isso também se rejeita a doutrina contrária

E também no seu artigo 13:
Com respeito ao uso dos sacramentos se ensina que foram instituídos não somente para serem sinais por que se possam conhecer exteriormente os cristãos, mas para serem sinais e testemunhos da vontade divina para conosco, com o fim de que por eles se desperte e fortaleça a nossa fé. Essa também a razão por que exigem fé, sendo usados corretamente quando a gente os recebe em fé e com isso fortalece a fé.

3-Jesus não consagrou o pão , ele simplesmente agradeceu. Jesus estava na forma humana mortal ou seja, em seu corpo físico, logo o pão feito de vegetal não era ou se transformou em carne e sangue.
Jesus disse que deveríamos fazer o que ele fez, dar graças e partir o pão:
Lc 22:19  E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim.
20  Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.
21 ¶ Todavia, a mão do traidor está comigo à mesa.


4-Quem atribuiu uma interpretação apenas simbólica do pão e do vinho foi Zwinglio, para ele não há eficácia ritual estas informações estão até mesmo em livros de ensino médio, que aliás Olavo de Carvalho não cursou
 
Conclusão: As alegações sobre Lutero e Calvino sobre ineficácia ritual da ceia  está errada, ele diz que a eficácia está somente no batismo de Lutero e Calvino , como destacado em AZUL




LUTERO não tinha motivos teológicos, mas patrióticos para a reforma

  "o sonho de Lutero não era uma igreja universal, era uma nova república alemã, uno novo regime alemão, salvar a Alemanha da influencia estrangeira né,  que é uma ideia que vai perpassar a cultura alemã por séculos até chegar no nazismo..

 pensava assim então ele queria queria criar um novo regime para a Alemanha que o tornasse imune à influência estrangeira para isso era preciso quebrar a autoridade política da igreja. Não era um motivo teológico era motivo puramente patriótico é com isso que começa a coisa toda. Ao mesmo tempo Maquiavel tinha uma proposta exatamente Idêntica com relação à Itália tudo que ele escreveu foi para libertar a Itália da influência estrangeira. Então esta é a época da fundação da emergência dos Estados Nações. Então quer dizer que uma purulação  de sentimentos nacionalistas e teorias  nacionalistas é uma das características dessa época que é marcada por exemplo pelo começo do uso das línguas nacionais na nas obras escritas antes Praticamente todo mundo escrever num língua internacional que era o latim.

 Na Alemanha continuaram usando o latim até o século XVII porque era considerada uma língua de cavalos, seja a Alemanha é um país tão atrasado tão miserável que a sua língua nacional mesmo depois de consagrada na tradução da Bíblia por Lutero continuou não sendo uma língua de Cultura até o século X,  você vê Leibniz o maior filósofo alemão do século XI quase tudo que ele escreveu era em latim e francês e de vez em quando escreveu uma coisinha alemão também, mas a maior parte tá em latim ou francês mas o próprio uso das línguas nacionais mostra ali uma tendência de afirmar a identidade nacional contra vamos dizer o sentido vamos dizer desgarrar do império europeu todo mundo queria se desgarrar do império europeu criar estados nacionais que por sua vez tinham a pretensão de se tornar impérios mundiais Então você ter o império Mundial alemão Império Mundial francês britânico etc etc né e Lutero entra nessa onda. Então delinear o regime alemão e a igreja alemã em termos locais isolando das concepções e influências estrangeiras. Este foi o primeiro objetivo de  Lutero e isto perpassa toda a sua obra e cria uma linha de nacionalismo alemão que dura até o século XX hoje está praticamente dissolvido né Depois da Guerra o nacionalismo Alemão se desmoralizou e ninguém mas tenho coragem de falar isso mas; Até 1945 era isso que valia. Você vê a própria letra do hino nacional alemão, composta por Heinrich... contém uma linha que não tem nenhum outro hino nacional do mundo:  Deutschland über alles (Alemanha acima de tudo). Aí você veja a imensa presunção disso aí, quer dizer o seu país está acima de tudo; não é de algumas coisas, não é acima dos outros países, tá acima de tudo, tá certo,..." https://youtu.be/oPEz3y0293E?si=huu5hhxNByCLqAJl   https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM&t=922s

 https://www.youtube.com/watch?v=oPEz3y0293E&t=667s

Resposta:

1-O historiador católico exaltado pelos apologistas católicos, Daniel Rops, refuta a tese de Olavo, pois a causa primordial era Teológica e não nacionalista:

A Igreja na Alemanha precisava então ser reformada? Nem mais nem menos do que em todas as outras partes da cristandade. A fé era ali extremamente viva. "O meu país", escrevia um burguês no seu diário em 1 494,
"está repleto de Bíblias, de obras sobre a salvação, de edições dos santos
Padres e livros semelhantes". As peregrinações eram freqüentes, e a assistência
aos sermões numerosa. A influência dos Irmãos da Vida Comum, que se
exercia quase por toda a parte, fizera crescer a piedade e a prática religiosa.
Evidentemente, era uma fé eivada dos mesmos defeitos que se conheciam em outros lugares. O baixo povo revelava uma ignorância assustadora acerca das verdades cristãs mais elementares; as superstições pululavam, enraizadas no húmus profundo do velho paganismo germânico; o culto dos santos confinava muitas vezes com a idolatria e, quanto às relíquias, basta pensarmos nas coleções organizadas pelo Eleitor da Saxônia para ficarmos edificados com a atração que elas exerciam sobre as massas. Quanto aos feiticeiros, encontravam-se a cada passo! 

 É preciso acrescentar que na Alemanha, como em outras nações, mas muito mais nesse país onde o capitalismo começava a ganhar força, as profundas tendências de uma burguesia mercantil se afastavam cada vez mais do ideal evangélico. Se ninguém ousava atacar a religião, havia quem se deliciasse em atacar os seus representantes.
Estes, certamente, ofereciam o flanco à crítica. A Igreja alemã apresentava o mesmo quadro que a italiana e a francesa: sobre as águas, sem dúvida ainda impolutas, de uma grande quantidade de almas honestas e piedosas sobrenadava, mais visível e desagradável ao olfato, a espuma pútrida de um alto clero folgazão e simoníaco, e de um baixo clero reivindicador. Não é necessário recordar aqui o espetáculo profundamente triste que davam muitos bispos dissolutos, rodeados de bobos da corte e homens armados, ou esses jovens que j á aos treze anos entravam na posse de benefícios e que passavam o resto da vida a aumentar o número das suas comendas; basta recordar como exemplo o escândalo que foi a carreira de Alberto de Brandenburgo, arcebispo de Mogúncia. As enormes riquezas em terras que a Igreja detinha no Império - um terço do solo alemão - não podiam deixar de despertar a cobiça dos pequenos fidalgotes arruinados, dos veteranos de guerra de dentes afiados, bem como do povo infeliz a quem essas riquezas pareciam insultar. 

... Na revolução religiosa de Lutero, haverá um fundo de gibelinismo, facilmente atiçado por aqueles que pretendiam mostrar ao povo alemão como a Cúria romana e os seus coletores de impostos o devoravam, exploravam e pilhavam. O grito de Lutero: "Acorda, Germânia! ", não podia deixar de encontrar ouvidos complacentes. E realmente os encontrou. No momento, portanto, em que entrava em ação, o monge de Wittenberg - embora muito longe de se aperceber disso! - achava-se perante uma situação surpreendentemente favorável a um movimento ao pé da letra revolucionário. Uma nação sem unidade, trabalhada por forças obscuras e a braços com a anarquia. Potentados locais ciosos dos seus privilégios e dispostos a tudo para não os perder. Um imperador incapaz de impor ao país uma unidade de comando e, a fortiori, de doutrina. Um estado social instável, onde certas idéias de liberdade, sobretudo se fossem mal interpretadas, podiam desencadear o furacão das ambições mais primárias. Um movimento intelectual em plena expansão que, sem muita consciência disso, minava as bases do edifício tradicional. E, por fim, uma latente paixão nacionalista que, no seu ódio a Roma, parentemente justificado por tantos excessos, podia sem maiores dificuldades encontrar ocasião de materializar-se. O terreno de Lutero estava bem preparado. Mas seria falso concluir que existia uma relação de causa e efeito, e não reconhecer a influência capital do homem que viria a cristalizar essa confusa expectativa, que só se beneficiaria das circunstâncias à custa de muitos equívocos, que por várias vezes tentaria corajosamente romper com compromissos - que, no entanto, o ajudariam a triunfar -, e que, em última análise, tornando-se o arauto de uma Alemanha contraditória, se deixaria desviar do seu verdadeiro caminho.
 

Não é a situação política, social e religiosa da Alemanha que explica Lutero, mas o próprio Lutero. Não foi para unir o mundo germânico e fazê-lo ganhar consciência de si próprio que ele se levantou, de boa fé, contra as instituições da Igreja

Não foi também para reformar os costumes eclesiásticos 12• Ele mesmo declarou enfaticamente que nunca tinha sido esse o seu objetivo: "Alguém me dirá: que crimes e que escândalos essas fornicações, essas bebedeiras, essa paixão desenfreada pelo jogo, todos esses vícios do clero! Grandes escândalos, confesso, que é preciso denunciar e que é preciso corrigir. Mas esses vícios estão à vista de todos, são grosseiramente materiais, entram pelos sentidos de cada um e, portanto, agitam as consciências. Infelizmente, o verdadeiro mal, a peste incomparavelmente mais nociva e cruel, é o silêncio organizado em torno da palavra da Verdade ou da sua adulteração. E quem se horroriza com isso? " Frases como estas mostram suficientemente até que ponto o problema da reforma, no sentido que lhe davam tantas almas desse tempo, era secundário para Lutero. As invectivas que haveria de lançar mais tarde contra o clero dissoluto, ser- lhe-iam ditadas por intenções polêmicas. A revolução que ele queria empreender não era nem social, nem política, nem eclesiástica, mas teológica, contra a tirania do erro e do pecado, em benefício daquilo que ele entendia por "a Verdade" . Mas a conj unção de forças iria fazer dela algo diferente e dar à sua palavra um poder de ruptura que ele nunca tinha imaginado. A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Qaudrante, 1996, pp. 284~-286

 ( 1 2) Aliás, na Alemanha como por toda a parte, já tinham sido tomadas úteis medidas de reforma, tanto no âmbito das Ordens religiosas como no das dioceses, medidas a que Lutero teria podido dar continuidade e aderir.

 

 A reforma gerou o absolutismo monárquico e tirou do povo o base de julgar os atos do governante

 
...mostra o verdadeiro significado dela, então para saber se de fato né as liberdades efetivas não nominais não apenas a liberdade tá consagrada na lei é uma coisa e ela existir na realidade é outra completamente diferente tá certo, então é inegável que na sociedade americana você ainda desfruta de muitas liberdades reais, tá certo. porém não se pode negar que existe nesta sociedade aqui um fortíssimo elemento totalitário que é o de controle da vida  privada do cidadão pelo estado não só pelo Estado como da própria comunidade mas o é uma sociedade na qual as pessoas tem obrigação de se fiscalizar umas as outras e denunciá-las quer dizer você denunciar...

Mas tudo isso é propaganda, não História. Desde logo, a supressão da autoridade política da Igreja – um dos objetivos declarados da Reforma, que nisso concordava perfeitamente com Maquiavel – liquidava toda mediação espiritual institucionalizada entre o governo e o povo, reduzindo a sociedade a um campo de disputa entre duas forças apenas: de um lado, uma poeira dispersa de consciências individuais com suas crenças subjetivas infindavelmente variadas e variáveis; de outro lado a vontade de Ferro do governante consolidada na doutrina da Razão de estado, que foi a doutrina que se afirmou justamente nesta época, Né existe o famoso eh livro do  Friedrich Meinecke que eu sugiro que leiam, sobre a razão do estado na história europeia, foi essa a época da Razão do Estado necessidade incontroversa a qual ninguém podia se furtar. Não é preciso dizer quer dizer você tem por um lado uma polulação de opiniões individuais. Então você não tem um fator unificante . Qual é o único fator unificante que sobra a razão de estado porque a razão de estado se impõe uniformemente a todos, então ela se torna um fator unificante você não tem mais uma doutrina religiosa, tá certo, que seja aceito uniformemente por todos e que possa servir de mediação entre o governo e povo. Ou seja com base nessa doutrina o povo poderia julgar os atos do governante agora não tem mais isso agora só tem opinião individual, então o único fator unificante e ordenador do conjunto é a razão de estado isso foi a situação de fato criada pelo protestantismo https://www.youtube.com/watch?v=oPEz3y0293E&t=667s   https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM

Resposta:

1- Olavo usa a velha falácia do reducionismo, onde propõe que o protestantismo suprimiu a autoridade política da igreja e gerou o absolutismo monárquico. Mas mesmo os historiadores católicos mostram que o absolutismo foi gerado por várias causas anteriores à reforma:

Outro fenômeno de "laicização" : a definitiva entrada em cena das línguas nacionais. A partir de meados do século XIII, o latim começou a sofrer a concorrência das línguas nacionais, e esse movimento acentuou- se irresistivelmente, como se obedecesse a uma força profunda da história. A igreja das catedrais e das cruzadas Daniel Ropes. São Paulo: Quadrante, 1996,p. 628

Esta revolução lingüística não era senão o sinal de uma outra, ainda mais grave e profunda: o despertar dos nacionalismos. Vencedores do feudalismo, os reis procuravam criar Estados fones, apoiados numa sólida consciência nacional. As burguesias , empenhadas em concorrências comerciais muitas vezes violentas , opunham-se a outras para além das fronteiras . Muitas càusas, umas mais nobres, outras menos, reforçavam em cada povo o sentimento das suas particularidades, quer se tratasse de interesses comuns ou de comuns fidelidades. Esta compartimentação não só política, mas cultural e até religiosa, ameaçava a Europa e iria despedaçá-la no dia de  amanhã. Assim, a Cristandade, no limiar do século XIV, encontrava-se prisioneira de terríveis forças de desarticulação . Iria desabar, vítima ao mesmo tempo das suas próprias infidelidades e dessas forças hostis? Muitos espíritos lúcidos tinham esse pressentimento. Escrevendo , entre 1 308 e 1 3 13, um livro sobre o fim do Império Romano em que encarava o futuro , o abade Engelben d' Amont apontava três espécies de rupturas segundo o pensamento de São Paulo (2 Tess 2, 3): o Espírito desligara-se da fé; a comunidade cristã desligara-se da Sé apostólica ; os reinos tinham renuncia do à antiga ordem unitária, seguindo cada um isoladamente o seu caminho. Idem p. 628-629

 nada disso impediu que a instituição monárquica ganhasse terreno, impelida pela corrente da história. Mesmo os acontecimentos mais graves agiram a seu favor: a Guerra dos Cem Anos preparou o absolutismo de Luís XI na França e o dos Tudor na Inglaterra, assim como na Espanha a anarquia castelhana preparou o de Fernando e Isabel. A Idade Média acabará pela derrota da nobreza feudal e pelo triunfo das monarquias.Mesmo que os reis sejam pessoalmente bons cristãos (e esse é o caso mais geral) , o mecanismo do seu desenvolvimento e do seu crescimento atuará contra a Cristandade medieval. Neste ponto, quebrar-se-á a ordem antiga.  Esta ordem quebrar-se-á ainda, e de modo bem evidente, pela aparição de um novo elemento sócio-político: as cidades, centros da burguesia comercial, também em plena expansão. O renascimento urbano, em torno de 1 1 50, tinha-se manifestado como um fenômeno de primeira importância, e o impulso adquirido não enfraqueceria dali por diante. No limiar do

século XIV, as grandes cidades, sem atingirem as cifras dos espantosos conglomerados
do mundo moderno (Paris tinha pouco mais de 200.000 almas por volta de 1 3 50) , constituem elementos políticos extremamente sólidos e conscientes da sua força, com os quais era preciso contar
.A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Quadrante, 1996,p.59-59

 Este movimento de expansão urbana operou-se expressamente contra a Igreja? Em parte, com certeza; aliás, sabemos como a Igreja vira outrora com bastante apreensão prosperarem as comunas. Mas não foi apenas contra a tirania de certos senhores-bispos que os burgueses se insurgiram. À medida que adquirem importância, as cidades exigem que os seus magistrados detenham todos os poderes e que os clérigos se submetam ao direito comum em matéria judicial e fiscal; muitas delas limitam ou até proíbem que se fundem conventos dentro dos seus muros . Idem p. 59

 O progresso social, consecutivo ao desenvolvimento das cidades, caminha no mesmo sentido; quanto mais economicamente avançado se encontra um país, mais intensa é a sua febre nacionalista. Na Itália, criam-se oposições entre província e província, entre cidade e cidade, para se distinguirem umas das outras. Os burgueses estão muito mais marcados pelas características específicas da sua região e do seu povo do que a nobreza, classe internacional e fortemente unificada. Tudo caminha no sentido da desagregação e do esfacelamento. Um dos sintomas mais flagrantes desta evolução é o desenvolvimento das línguas nacionais, outrora tidas por patois, e que se empregam cada vez mais na vida literária e científica. O latim perde terreno; continua a ser a língua litúrgica, mas, fora disso, dentro em breve será apanágio exclusivo de alguns especialistas. Mesmo os que deploram a queda em desuso do idioma internacional da Cristandade - como Dante - contribuem pela sua ação para o proscrever: a Divina Comédia é a primeira obra-prima das letras italianas. A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Quadrante, 1996,61-62

 Quem poderia opor-se a essas forças de desagregação? A Igreja? Tinha sido esse o seu papel, desde há séculos, exatamente desde o fim do mundo romano; fora ela que impedira o desmembramento da sociedade ocidental e o esfacelamento da civilização do Ocidente...Mas poderia a Igreja continuar a desempenhar esse papel? Politicamente, seria o Papado de Avinhão, menosprezado e caluniado, ou o do Grande Cisma, que poderia assumir as funções de árbitro? Pelo contrário, eram os Estados que se serviam da Igreja para o seu jogo de interesses. A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Quadrante, 1996, 63

 2- Não houve supressão de doutrina religiosa sobre o papel e limite do estado ou fim de uma doutrina através da qual o povo poderia julgar os atos do governante 

A base religiosa sobe papel do estado sempre esteve na bíblia, onde o governante estava sujeito as leis como o resto da população e seu papel é punir o mal e recompensar o bem, a autoridade constituída deve ser obedecida desde que não viole os princípios bíblicos:


Rm 13:1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
2 De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
3 Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,
4 visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.
5 É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.
6 Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço.
7 ¶ Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.

3-Toda ordem por parte de uma autoridade superior fora dos parâmetros divinos deve ser desobedecidos:
Atos 5:27  Trouxeram-nos, apresentando-os ao Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os,
28  dizendo: Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome; contudo, enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
29  Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.

Exodo 1;15  O rei do Egito ordenou às parteiras hebréias, das quais uma se chamava Sifrá, e outra, Puá,
16  dizendo: Quando servirdes de parteira às hebréias, examinai: se for filho, matai-o; mas, se for filha, que viva.
17  As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como lhes ordenara o rei do Egito; antes, deixaram viver os meninos.
18  Então, o rei do Egito chamou as parteiras e lhes disse: Por que fizestes isso e deixastes viver os meninos?
19  Responderam as parteiras a Faraó: É que as mulheres hebréias não são como as egípcias; são vigorosas e, antes que lhes chegue a parteira, já deram à luz os seus filhos.
20  E Deus fez bem às parteiras; e o povo aumentou e se tornou muito forte.
21  E, porque as parteiras temeram a Deus, ele lhes constituiu família.

4- Desde o Antigo Testamento o soberano estava sujeito as mesmas leis do resto da população:
Dt 17:14 ¶ Quando entrares na terra que te dá o SENHOR, teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Estabelecerei sobre mim um rei, como todas as nações que se acham em redor de mim,
15  estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o SENHOR, teu Deus, escolher; homem estranho, que não seja dentre os teus irmãos, não estabelecerás sobre ti, e sim um dentre eles.
16  Porém este não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos disse: Nunca mais voltareis por este caminho.
17  Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro.
18  Também, quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos levitas sacerdotes.
19  E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir.
20  Isto fará para que o seu coração não se eleve sobre os seus irmãos e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; de sorte que prolongue os dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel.


Afirmações sobre liberdade religiosa, direitos individuais, capitalismo e proteção contra governo central


Um dos mitos preferidos da cultura americana é o de que a Reforma protestante foi uma das fontes principais da liberdade religiosa, dos direitos individuais e da proteção contra os abusos de um governo central. Some-se a isso a falsa crença weberiana (ou semiweberiana) de que a “ética protestante” gerou o capitalismo, e a única conclusão possível é que o cidadão de hoje em dia deve a Lutero e Calvino, no fim das contas, praticamente todos os benefícios legais, políticos e econômicos de viver numa democracia moderna.
 https://olavodecarvalho.org/tag/reforma-protestante/

Olavo de Carvalho- Diário do Comércio, 4 de setembro de 2015 https://youtu.be/oPEz3y0293E?si=huu5hhxNByCLqAJl  https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM&t=922s https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM

Resposta:
Não faz parte do credo protestante nenhuma destas afirmações. Olavo usa os seguintes sofismas do desvio de assunto, exagero, distorção, objeção de apelo a especialista:

18 [Uso intencional da mutatio  controversia]
 Se notamos que o adversário faz uso de uma argumentação com a qual ameaça nos abater, não devemos consentir que prossiga neste rumo e chegue até o fim, mas devemos interromper o debate a tempo, sair dele ou desviá-lo e levá-lo para outra questão. Em suma, trazer à baila uma mutatio controversia. Em 38 estratagemas. Athur Schopenhauer Introdução, Notas e Comentarios- Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro:Topbooks, 1997, p. 150


23 [Impelir o adversário ao exagero]
A contradição e a luta impelem a exagerar as afirmações. Por isso, podemos provocar o adversário contradizendo-o e induzi-lo assim, a exagerar para além do que é verdade uma afirmação que, em si e em certo contexto, pode ser verdadeira; e, uma vez refutado o exagero, é como se tivéssemos refutado também a proposição original”, p. 153

24 [Falsa reductio ad absurdum]
A arte de criar conseqiências. Da proposição do adversário tiram-se à força, através de falsas consequências e distorções dos conceitos, outras proposições que não estão ali contidas e que de fato não correspondem à sua opinião e que são, e, em contrapartida, são absurdas ou perigosas” p. 154


28 [Argumento ad auditores|
Em geral, adota-se este estratagema quando uma pessoa culta discute com um auditório inculto. Se não dispomos de nenhum argumentum ad rem e nem mesmo de um ad hominem, formulamos um ad auditores, isto é, uma objeção inválida, mas cuja invalidade só um conhecedor do assunto pode captar. E, ainda que o adversário seja um conhecedor do assunto, não o são os ouvintes. Aos olhos destes, ele estará derrotado, tanto mais se nossa objeção conseguir que sua afirmação apareça, de algum modo, sob um aspecto ridículo. As pessoas são inclinadas ao riso fácil, e os que riem estão do lado daquele que fala. Para demonstrar que a objeção é nula, o adversário deverá entrar numa longa discussão e remontar aos princípios da ciência ou a qualquer outro recurso. Mas não é fácil encontrar um auditório interessado nisso”. p. 158
 autoridade p. 163-166

32 [Rótulo odioso]
Um modo rápido de eliminar ou, ao me-nos, de tornar suspeita uma afirmação do adversário é reduzi-la a uma categoria geralmente detestada, ainda que a relação seja pouco rigorosa e tão só de vaga semelhança”. Por exemplo: “Isso é maniqueísmo”, “É arianismo”, “É pelagianismo”, “É idealismo”, “É panteísmo”, “É brownianismo”, É naturalismo”, <Ê ateísmo”, <Ê racionalismo”, “É espiritualismo”, “É misticismo”, etc. Com isto, fazemos duas suposições: 1) que aquela afirmação é efetivamente idêntica a essa categoria ou, ao menos, está compreendida nela e estamos dizendo: “Ah, isto nós já sabemos!”; e 2) que esta categoria Já está de todo refutada e não pode conter nenhuma palavra verdadeira p. 174

33 [Negação da teoria na prática]
“Isso pode ser verdade em teoria; mas na prática é falso.”** Com este sofisma, aceitam-se os fundamentos mas negam-se as consequências; em contradição com a regra: a ratione ad rationatum valet consequentia (“da premissa à conseqiência a conclusão é obriga- tória”). Essa afirmação expressa algo que é impossível: o que é certo na teoria tem de sê- lo também na prática. E, se não o é, há uma falha na teoria: algo foi ignorado e não foi avaliado; por conseguinte, é falso também na teoria.p. 175

34 [Resposta ao meneio de esquiva]
Se o adversário não dá uma informação ou resposta direta a uma questão ou a um argumento, e se esquiva com uma contra pergunta ou uma resposta indireta, refugiando-se numa proposição que não tem a ver com o tema e indo para qualquer outro lugar, isto é um sinal claro de que nós (às vezes sem sabê-lo) encontramos um ponto fraco, pois esta atitude, por sua vez, corresponde a um mutismo relativo.Com vencer um debate sem precisar ter razão. Idem, p. 175-176

Lutero ensinava a submissão integral ao Estado exceto em  temas da religião, dando origem ao totalitarismo na prática

Mas tudo isso é propaganda, não História. Desde logo, a supressão da autoridade política da Igreja – um dos objetivos declarados da Reforma, que nisso concordava perfeitamente com Maquiavel – liquidava toda mediação espiritual institucionalizada entre o governo e o povo, reduzindo a sociedade a um campo de disputa entre duas forças apenas: de um lado, uma poeira dispersa de consciências individuais com suas crenças subjetivas infindavelmente variadas e variáveis; de outro, a vontade de ferro do governante, consolidada na doutrina da “Razão de Estado”, necessidade incontroversa à qual ninguém podia se furtar.
 

Não é preciso dizer qual dessas duas forças acabou por prevalecer. O clássico estudo de Bertrand de Jouvenel, Du Pouvoir, Histoire Naturelle de sa Croissance (1949), demonstrou de uma vez por todas que o crescimento do poder do Estado, com a consequente atrofia das liberdades individuais, é a mais nítida constante da História ocidental moderna, pouco importando se falamos de “democracias” ou de “ditaduras”.

Mesmo na mais louvada das democracias, o Estado é hoje o mediador e juiz soberano de todas as ações e relações humanas, até as mais particulares e íntimas, com uma sanha controladora e uma prepotência invasiva desconhecidas em todas as sociedades anteriores – com uma única exceção, a ditadura de João Calvino em Genebra, o que não é de maneira alguma uma coincidência.

[você veja que enquanto a reforma em geral, suprimindo a mediação eclesiástica deixava a massa dos indivíduos à mercê da única força unificante que era a Razão de Estado, ao mesmo tempo, o um dos teóricos protestante mais importante, que é João Calvino,  concebia a ideia do estado feito só de pessoas santas e onde, portanto, o estado tinha o direito de fiscalizar todos os atos da vida individual inclusive os mais íntimos, e os cidadãos estavam obrigadas se espionar uns aos outros o tempo todo e denunciá-lo para o estado, esse foi o primeiro regime totalitário do mundo.... a casa de um homem era uma casa de vidro, está sendo espionado pela autoridade eclesiástica lá fora, e espionado pelos vizinhos que vão denunciá-lo.  Então quer dizer que o totalitarismo é uma invenção de João Calvino não existiu nada disto no mundo antes, nem nas tiranias islâmica isso existia. Ora é evidente que isso é uma consequência imediata da própria proposta de Lutero, João Calvino simplesmente tirou uma consequência,  falou olha, se só o que governará razão do estado é necessário que a razão de estado cristianizada, é uma coisa,se você aceitar a premissa é ter que aceitar consequência, não podemos acusar calvino ter sido ilógico e lítio a consequência teórica e doutrinal de uma situação de fato que tinha sido criado pela própria reforma] comentários do video


 A experiência tem provado que os direitos e garantias individuais, assegurados verbalmente na Constituição americana e no Bill of Rights, nada podem contra a expansão avassaladora dos controles burocráticos amparados numa complexa tecnologia, mesmo no caso em que estes se voltam patentemente contra os interesses nacionais mais óbvios, como é o caso de tantas medidas do governo Obama.
 

Não cabe sequer alegar que essa exaltação abusiva do poder estatal foi apenas – para usar a expressão de Weber – um “resultado impremeditado” da Reforma, já que Lutero, a contrapelo da doutrina tomista que proclamava o direito de rebelião contra injustiças em geral, advogava ostensivamente a submissão total e incondicional dos cidadãos ao governante, admitindo a revolta só no caso específico de o Estado interferir em questões de religião.
Essa dupla exigência – a submissão integral ao Estado e a abstinência deste em matéria religiosa – forma o perfil claro do “Estado laico” moderno, onde necessariamente o argumento religioso perde toda força contra a racionalidade “neutra” da vontade estatal e acaba sendo banido do cenário político, quando não de toda a vida pública.
O processo culmina no “politicamente correto”,
onde qualquer desejinho sexual, por mais vulgar e tolo, se cobre da proteção legal de um tremendo aparato repressivo e se coroa de um prestígio intocável, beatificante, superior aos mais altos valores morais da religião.
 Por uma ironia aliás bastante compreensível, as igrejas protestantes sofrem as consequências disso tanto quanto ou mais que a católica, à qual hoje têm de se juntar num front comum para fazer face a perigos temíveis que nunca teriam chegado a existir sem a ajuda solícita de Lutero e Calvino.

Em páginas memoráveis da sua History of Political Ideas, vol. IV (22 das Collected Works), Eric Voegelin, alias ele próprio um luterano, explica que nem o monge de Wittemberg nem o doutrinário genebrino compreendiam as grandes questões políticas nas quais interferiam ousadamente com sua boa consciência de “eleitos”.
O lado católico, representado não só pelo Vaticano como mais diretamente pelo polemista antiluterano Johann Eck (1486-1543), não as compreendia tampouco, donde resultou uma herança de confusões inextricáveis nas quais até hoje nos debatemos.
  https://olavodecarvalho.org/tag/reforma-protestante/

Olavo de Carvalho- Diário do Comércio, 4 de setembro de 2015 https://youtu.be/oPEz3y0293E?si=huu5hhxNByCLqAJl  https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM&t=922s

  Resposta:

1- Olavo em vez de discutir os pontos doutrinários ou teológicos do protestantismo desvia o foco, exagera e distorce: 

23 [Impelir o adversário ao exagero]
A contradição e a luta impelem a exagerar as afirmações. Por isso, podemos provocar o adversário contradizendo-o e induzi-lo assim, a exagerar para além do que é verdade uma afirmação que, em si e em certo contexto, pode ser verdadeira; e, uma vez refutado o exagero, é como se tivéssemos refutado também a proposição original”, p. 153
 
 
24 [Falsa reductio ad absurdum]
A arte de criar conseqiências. Da proposição do adversário tiram-se à força, através de falsas consequências e distorções dos conceitos, outras proposições que não estão ali contidas e que de fato não correspondem à sua opinião e que são, e, em contrapartida, são absurdas ou perigosas” p. 154

34 [Resposta ao meneio de esquiva]
Se o adversário não dá uma informação ou resposta direta a uma questão ou a um argumento, e se esquiva com uma contra pergunta ou uma resposta indireta, refugiando-se numa proposição que não tem a ver com o tema e indo para qualquer outro lugar, isto é um sinal claro de que nós (às vezes sem sabê-lo) encontramos um ponto fraco, pois esta atitude, por sua vez, corresponde a um mutismo relativo.Com vencer um debate sem precisar ter razão. Idem, p. 175-176

2- Olavo mente ao dizer que Lutero ensinava submissão integral ao Estado, exceto em matéria de religião:

 

Em um sermão de 1529, Lutero declarou:
Devemos expor a conduta do magistrado e denunciá-lo, quer ria, quer fique irado. Cristo instruiu que nós, pregadores, não retivéssemos a verdade dos que foram investidos com autoridade, mas sim exortássemos essas pessoas, repreendendo-as quando houver injustiça […] Precisamos confessar a verdade e repreender o mal […] O cristão deve dar testemunho da verdade e morrer por ela. No entanto, como alguém pode morrer pela verdade sem que antes a tenha confessado? (WA 28, p. 360–1). 
História da Reforma. Carter Lindemberg. Rio de Janeiro: Thomas Nelsnon, 2017, p. 414

Se uma autoridade regente estivesse errada, Lutero apoiava a objeção consciente: “E se um príncipe estiver errado? O povo deve acompanhá-lo no erro? Resposta: Não. Ninguém tem o dever de fazer o mal: devemos obedecer a Deus (que deseja o que é certo) mais do que a homens [Atos 5:29]” (LW,45, p. 125).
História da Reforma. Carter Lindemberg. Rio de Janeiro: Thomas Nelsnon, 2017,p. 412

 3- Olavo omite o fato que a Igreja Católica exercia controle Político centralizador sobre o mundo Ocidental, mas depois foi perdendo gradativamente esse controle e se tornou apenas mediadora

4- Savonarola, padre católico, segundo o Historiador católico implantou uma  verdadeira "ditadura" antes de Calvino, mas isso é omitido por Olavo

Foi então que se armou o drama e que começou o erro de Savonarola. Se se tivesse limitado a querer fazer de Florença, "localizada no centro da Itália como o coração no centro do homem", uma cidade cristã modelo, de onde a reforma se projetasse sobre toda a Península, teria permanecido no seu terreno. Mas a sua influência crescera tanto que, quer ele quisesse ou não, ganhou um significado político. E a verdade é que ele assim o quis. Por uma singular aberração do espírito profético, julgou reconhecer no mesquinho Carlos VIII o enviado de Deus e, dali por diante, ligando a sua causa à dos franceses, encontrou-se pessoalmente enredado nas complexas intrigas em que os diplomatas romanos procuravam, com êxito, envolver os invasores. Depois que a revolução expulsou de Florença Pedro de Médicis, filho de Lourenço, estabeleceu-se por ação direta do frade uma nova constituição, democrática, que atribuía o poder a um grande Conselho eleito pelos homens da cidade e tornava obrigatório o serviço militar. Mas que tinha tudo isso a ver com a Palavra de Deus e a mensagem de salvação?
De etapa em etapa, confundindo insolitamente a cidade de Deus com a cidade dos homens, a política com a apologética, os regulamentos administrativos com os Mandamentos, Savonarola conseguiu impor a Florença uma estranha ditadura, que ele tomou pela Parusia. Durante anos, fez pesar sobre toda a cidade um temor tão grande da cólera divina que essa população, amável e acostumada às alegrias da vida, entrou com um fervor pânico pelo caminho da renúncia e da penitência. Se outras cidades eram  governadas por tiranos, o tirano de Florença seria o próprio Jesus Cristo, que reinaria por intermédio de Savonarola, seu profeta; quem lhe resistisse seria considerado herético. Nunca em parte alguma - a não ser na Genebra de Calvino - a teocracia atingiria tais dimensões.
Foram bem estranhos esses anos que Florença passou a viver! Viram-se as mulheres rejeitarem jóias e belos vestidos, os devassos renunciarem às prostitutas e às tabernas, os banqueiros restituírem o dinheiro mal adquirido, devedores e credores abraçarem-se como irmãos. Na praça da Senhoria, acendeu-se a "fogueira das vaidades", onde cada um correu a lançar tudo aquilo que lhe lembrava um passado vergonhoso, e houve artistas que para lá atiraram verdadeiras obras-primas, só porque o tema era pagão. Mas semelhante regresso idílico aos santos princípios foi acompanhado de outros aspectos menos felizes. Arrastado pela paixão, Savonarola consentiu que os seus partidários cometessem excessos de zelo. Tudo devia ser sacrificado àquilo que se afirmava ser a vontade de Deus. Era perfeitamente legítimo que uma mulher casada entrasse num convento contra a vontade do marido; se um filho denunciava o pai como blasfemo, era felicitado; castigavam-se implacavelmente faltas pouco graves, como jogar dados. E organizaram-se grupos de adolescentes para dar caça aos pecadores  públicos e para espancar na rua mulheres pintadas ou burgueses que se vestissem luxuosamente. A palavra de ordem era "fazer loucuras por amor de Cristo". "Reina o terror em Florença" , escrevia um embaixador de Mântua. Mas o bom Deus estaria de acordo com tudo aquilo?
A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Qaudrante, 1996, p. 222-223

 4- Calvino agiu de forma semelhante a Savonarola, portanto não foi uma invenção protestante

 A guerra entre Francisco I e Carlos V recomeçara pela terceira vez. Por esse motivo, as estradas da Lorena estavam atulhadas de tropas e mostravam-se pouco seguras. Calvino foi assim obrigado a dirigir-se para o sul, pela Savóia e Genebra, onde o aguardava o seu destino.Genebra era então uma cidade imperial, um pequeno Estado independente, tanto mais cioso da sua liberdade quanto a sentia ameaçada pelo seu temível vizinho, o duque da Savóia, cujas terras, com o Bugey, o Vaudois e o Valais, o cercavam por todos os lados. O governo passara recentemente a ser exercido ao mesmo tempo pelo bispo e pelo povo, e este exprimia os seus votos por meio do Conselho geral ou Assembléia, que por sua vez delegava a sua autoridade em três Conselhos restritos, cada um deles com uma função própria: o Pequeno Conselho ou "Conselho dos Vinte", o Conselho dos "Sessenta" ou Senado e o Conselho dos "Duzentos" ou Grande Conselho. Mas este sistema híbrido dava origem a freqüentes atritos, pois os genebrinos suspeitavam de que o seu bispo tinha  entendimentos com o duque da Savóia, cujo território fazia parte da sua diocese A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Qaudrante, 1996,p. 375

 De um dia para o outro, as novas doutrinas a que os habitantes de Berna tinham aderido haviam penetrado rapidamente na cidade do lago Leman. Em 1 532, por ocasião de uma pregação de indulgências ordenada por Clemente VII, tinham-se afixado panfletos "protestantes", e as autoridades católicas tinham tentado reagir. Mas, dois anos mais tarde, o bispo, que se fora tornando cada vez mais odioso, vira-se obrigado a fugir, abandonando o governo da cidade aos Conselhos democráticos, e estes, como forma de rebelar-se contra ele, tinham deixado o campo livre aos  pregadores da Reforma. Organizara-se então uma grande "disputa" pública entre protestantes e católicos, e os primeiros haviam levado a melhor, pelo menos na opinião dos árbitros. Os católicos, furiosos com a proibição de se celebrarem missas, haviam pedido auxílio ao duque da Savóia e ao seu bispo, refugiado em Annecy, para que a cidade rebelde fosse submetida pela força. A pequena guerra terminara com o triunfo de Genebra. Ajudados por Berna e por Francisco I - que o duque da Savóia acabara de abandonar para se aliar ao imperador -, os cidadãos livres tinham repelido os agressores infligindo-lhes pesadas perdas. Esta vitória ( 1535) assegurara também a da Reforma na cidade, mais por motivos políticos, como se vê, do que de fé. p. 375

 O homem que tomara parte ativa em todos esses acontecimentos, pregador infatigável, chefe corajoso no combate e com dotes de organizador, era Guillaume Farei ( 1 489- 1 565)...

 Genebra dividida entre clãs inimigos - os católicos continuavam poderosos -, tentara lançar as primeiras pedras de uma cidade "evangélica" , dotada de um culto regular e de um clero selecionado, mas apercebera-se de que os resultados do seu esforço eram minguados. O seu mérito foi descobrir em Calvino o homem que realizaria aquilo com que ele sonhava. Foi Tillet - então ainda "protestante" - quem os pôs na presença um do outro. Encontrava-se em Genebra quando Calvino ali chegou para passar uma noite num albergue próximo da porta Cornavin...gritou ao seu interlocutor que pediria a Deus que amaldiçoasse a tranqüilidade dos seus estudos, se ele se recusasse a trabalhar naquela obra indispensável. Essa imprecação "aterrorizou" Calvino, que se rendeu. E a sua viagem acabou ali ...mesmo. 

 ...Nomeado "leitor da Sagrada Escritura na igreja de Genebra", e logo depois  encarregado também de pregar sermões e de se ocupar da organização religiosa...,Os sermões de mestre Calvino na igreja de São Pedro tiveram pouco êxito. Escolhido, porém, para participar da conferência de Lausanne, onde uma vez mais teve lugar uma "disputa" entre católicos e reformados, e depois da de Berna, onde se tentou um acordo com os luteranos e os zwinglianos, Calvino revelou-se um polemista de grande classe e um orador de argumentos contundentes. E a sua influência em Genebra cresceu.

 Julgou-se então no dever de pôr em prática o programa de três pontos que estabelecera com Farei: substituir o culto católico por um culto reformado, formular uma doutrina que se pudesse impor a todos os cidadãos, e estabelecer um controle sobre a vida e os costumes da cidade. Os Artigos sobre a disciplina eclesiastica atingiram o primeiro objetivo a partir de novembro de 1536: as igrejas, convertidas em "templos", foram despojadas dos seus paramentos, as imagens destruídas e as próprias cruzes, "insígnias da feitiçaria papal", condenadas. O serviço divino ficou reduzido às orações, a um sermão e ao canto dos salmos. Calvino teria desejado que se celebrasse a Ceia com certa freqüência, talvez mensalmente, mas, sob a influência dos habitantes de Berna, teve de concordar em que se realizasse apenas três ou quatro vezes por ano. Uns meses mais tarde, em fevereiro de 1 537, a Instrução e confissão de fé, espécie de catecismo extraído da Instituição cristã, visou o segundo objetivo. O Conselho dos "Duzentos" decretou que todos os cidadãos deveriam aderir a essas normas, sob pena de exílio. Alguns inofensivos anabatistas e o pastor francês Pierre Caroli, que ousou dizer que esse calvinismo lhe parecia uma espécie de arianismo, foram banidos.

As coisas complicaram-se quando Calvino e os seus quiseram atingir o terceiro objetivo: a reforma dos costumes. A cidade, afirmavam eles, precisava muito dela. Mas os genebrinos acharam que não tinha expulsado o seu bispo e vencido os saboianos para que uma corja de franceses viesse agora ensinar-lhes como deviam viver. "A força da Igreja está na disciplina", dizia do púlpito o terrível jovem pregador, "e a força da disciplina está na excomunhão" . Por conseqüência, exigiu a criação de um organismo que se encarregasse de vedar a participação na Ceia a todos os cidadãos de má conduta. A reação foi viva. Em torno de alguns importantes burgueses que tinham intervindo  brilhantemente na luta contra os savoianos, constituiu-se um partido de amigos da  liberdade, o partido dos "libertinos" , como então se dizia. Nas ruas, ouviam-se cantarolar copias debochadas contra os senhores do momento:
Diabo ruivo,
demônio negro!
Mestre Guilherme,
Mestre João!
E de noite, a tranqüila Genebra, que nunca vira tais coisas, foi perturbada por bandos de mascarados que vinham entoar refrãos inconvenientes e gritar blasfêmias debaixo das janelas de Farei e de Calvino. Por fim, nas eleições de 1538, em todos os Conselhos, a maioria passou para os adversários dos reformadores. Para confundir o francês, o Grande Conselho decretou que a Eucaristia seria dada à maneira de Berna, pouco mais ou menos como faziam os luteranos, com pão ázimo, e não com pão comum como ensinava Calvino. Depois, um edito proibiu qualquer pregador de intervir nos negócios
do Estado. Nitidamente visado, Calvino protestou, mas foi proibido de continuar a pregar a partir daquele momento. A situação assumia as proporções de um motim. Os partidários dos reformadores faziam oposição e os adversários vinham gritar-lhes à porta: "Ao Ródano! Ao Ródano!" ou presenteavam-nos com algumas arcabuzadas. No dia da Páscoa de 1 53 8 , na catedral de São Pedro, Calvino, que 378 tinha preparado o golpe com os seus amigos Farei e Couraud, subiu ao púlpito apesar da proibição, ergueu um veemente protesto contra as decisões dos Conselhos e anunciou que se recusava a distribuir a Ceia a um povo dissoluto, sacrílego e blasfemo. E excomungou toda a cidade! Apesar das ameaças de morte e das espadas desembainhadas num abrir e fechar de olhos, recusou-se a desistir da sua espantosa decisão. Só a custo se conseguiu evitar o derramamento de sangue. Mas, no dia seguinte, a Assembléia do povo castigou os culpados com o banimento. "Ainda bem", exclamou Calvino; "se servíssemos os homens, seria uma má recompensa, mas nós servimos  um Senhor maior, e Ele saberá recompensar-nos!" 379

 

Que se passava em Genebra? Segundo declarações do próprio Conselho, a partida dos dois pregadores fora "uma grande desgraça" . Desde então, não se viam senão "lutas intestinas, denúncias, assassinatos e desgraças de toda a espécie" . Novamente de posse da sua liberdade, o povo aproveitava-se dela e deixava muito malparados os princípios morais. A cidade estava dividida em clãs inimigos, mesmo entre os reformados: os "guilherminos",
partidários de Guillaume Farei, e os "articulantes", favoráveis às idéias de Berna, vinham-se digladiando a ponto de se banirem alternadamente. Os católicos, por outro lado, encorajados pelo papa Paulo 111, tinham-se refeito e, reunidos em Lyon, haviam estudado um conj unto de medidas destinadas a restaurar a sua fé em Genebra; o cardeal Sadolet acabara de dirigir aos genebrinos uma carta extremamente hábil, em que explorava as faltas de Calvino e as divergências de que a Reforma parecia ser a causa. Por fim, a Assembléia popular havia votado por esmagadora maioria uma moção em que se suplicava a Calvino que voltasse a ser "o seu pastor evangélico
382

 Na manhã do dia 1 3 de setembro de 1 54 1 , todos os magistrados de Genebra, precedidos de um arauto, saíram a cavalo pela porta Cornavin e prosseguiram em direção a Versoix. Iam ao encontro do mesmo homem que, três anos antes, expulso por eles por essa mesma porta e por esse mesmo caminho, fora obrigado a partir para o exílio: Mestre João Calvino.
Os registros da cidade conservam ainda a ata da reunião em que o Grande Conselho deliberou "pedir-lhe que permanecesse aqui e que se fosse procurá-lo, com a sua esposa e os seus pertences"
. p. 395

Tão logo se encontrou novamente em território genebrino, tratou de a pôr em prática. Já no dia seguinte ao da sua chegada, pedia aos Conselhos que, através de uma comissão, elaborassem as Ordenações eclesiásticas para estabelecer o estatuto religioso da cidade. Na realidade, foi ele sozinho quem as redigiu. E em 20 de novembro, a Assembléia do povo, convocada ao som de trombetas para a planície Molard, votava por unanimidade um decreto que estabelecia "um governo segundo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo" . Estava proclamado em Genebra o reino de Deus - como o fora em Florença no tempo de Savonarola e também, de forma estranha, em Münster por João de Leyde . . . "Todo o poder pertence a Deus, que é Rei dos Reis e Senhor dos Senhores", viria a murmurar Calvino na sua última hora. Durante vinte e três anos, empregará toda a sua energia e toda a sua inteligência em fazer desse preceito uma realidade moral, social e política, tanto quanto religiosa. Nunca, sem dúvida, a teocracia conheceu uma realização prática mais completa. p. 398

  5- Calvino não exerceu controle total da cidade, ditadura

 5.1- Calvino estava sujeito aos Conselhos e nem era cidadão, nunca foi membro dos 3 Conselhos, nem a governou

Como se pode imaginar, esses acontecimentos agitaram a cidade genebrina. A opinião pública estava dividida. Uns eram a favor de Calvino, outros contra ele. Na verdade, o seu poder era frágil; uma eleição podia modificar a maioria que detinha nos Conselhos. E com efeito, em fevereiro de 1 548, "libertinos" e "calvinistas" encontraram-se em igualdade. Ami Perrio, eleito zelador, começou a tramar uma reação. Como as perseguições desencadeadas na França por Henrique 11 faziam afluir a Genebra os refugiados protestantes, que Calvino recebia de braços abertos, os "perrinistas" apresentaram um projeto de lei segundo o qual seriam necessários vinte e cinco anos de permanência para se obter o direito de cidadania. A iniciativa visava o próprio Calvino. Ao mesmo tempo, divulgou-se uma carta sua, aliás antiga, em que se continham expressões bastante duras contra o corpo de magistrados. Durante algumas semanas, o reformador pensou que seria obrigado a exilar-se novamente. Mas o projeto de lei foi posto de lado. Iria ele agora estabelecer solidamente a sua obra, apoiando-se nos refugiados franceses? 401

No inverno de 1 5 52- 1 5 5 3 , deu-se a reviravolta decisiva. Muitos se perguntavam se o reformador não iria ser banido da cidade pela segunda vez. Ele mesmo declarava ao Grande Conselho que preferia ser demitido do seu cargo a continuar a "sofrer tanto". Trolliet, que ele afastara da pregação,
retomava as teses de Bolsec e agitava a opinião pública, mas, levado à presença do Conselho, foi declarado inocente. Todos os "libertinos", todos os amigos dos clãs Perrin e Favre, todos os taberneiras cujo botequins Calvino mandara fechar, todas as moças que gostavam de dançar, todos os que gostavam de beber, e muitos outros além desses, todos se uniam para pôr fim à ditadura do picardo. Nas eleições de 1 5 5 3 , os anticalvinistas obtiveram a maioria. Os pastores foram excluídos dos Conselhos e os refugiados que ainda não tinham recebido o direito de burguesia foram submetidos a medidas vexatórias. Seria o fim de Calvino na sua Cidade-Igreja? Subitamente, um caso dramático veio inverter a situação. Foi um caso horrível, tão dramático, tão patético, que é preciso situá-lo dentro do clima
desses meses para o compreender. Foi o caso Servet.
402

 5.2- O Consistório estava sujeito ao Conselho até 1553

 Um grande burguês de Genebra, Filibert Berthelier, diretor da Casa da Moeda, filho
de um patriota morto pela pátria e pela liberdade, e notável membro do clã dos Favre e dos Perrin, aproveitando que se revertera a situação da maioria nos Conselhos, dirigia uma hábil manobra contra Calvino e o Consistório. Tendo sido excomungado por  "libertinagem" - isto é, por algum propósito um pouco audacioso -, apelou para o Pequeno Conselho, a fim de ser autorizado a participar da Ceia. Se Calvino se recusasse a dar-lhe a comunhão, praticaria um ato de rebeldia contra o Conselho; se concordasse, o seu poder e o do Consistório cairiam por terra. ..
. 405

 Calvino percebeu que a situação revertia em seu favor. Em 20 de agosto, escreveu a Farei: "Tenho para mim que Servet será condenado à morte, mas desejo que o poupem à atrocidade da pena" , isto é, às chamas. Enfrentava com uma energia cada vez maior os "libertinos", que continuavam a manobrar contra ele. Como o Pequeno Conselho tivesse autorizado Berthelier a participar da Ceia, protestou e declarou que não o faria; todos os outros pastores se puseram do seu lado e, por fim, conseguiu o que queria: o reconhecimento, por parte do Conselho, da independência do poder religioso, do Consistório. Estava prestes a triunfar em todos os campos. p. 406

 5.3- O consistório era formado  parcialmente por membros dos conselhos

No cimo desse edifício bem construído, encontrava-se o Consistório, formado por doze anciãos designados pelos Conselhos e seis pastores eleitos pelos seus colegas. Reunia-se todas as quintas-feiras e competia-lhe assegurar a unidade da fé, velar pela assistência aos ofícios e também vigiar a honestidade dos costumes. 409

4- Ele se tornou cidadão somente em 1559, embora fora muito influente

Na verdade, Calvino se tornou cidadão de Genebra somente em 1559. Ele nunca usufruiu do poder político e dos recursos materiais do bispo católico deposto, nem tinha ao seu lado centenas de ministros, monges e cânones disponíveis, como no caso da Igreja antiga. Na época de sua morte, havia dezenove pastores em Genebra, todos funcionários do governo municipal....
 O Reformador francês não havia sido treinado como advogado à toa! Como uma das condições ao seu retorno do exílio, Calvino negociou o direito de elaborar o padrão jurídico e institucional da Igreja. Seis semanas após sua chegada (, submeteu aos magistrados sua Ordenança eclesiástica, a qual, depois de algumas emendas, acabou promulgada pelo governo, tornando-se lei. Nos dois anos seguintes [após 1541], medidas legais relacionadas à justiça e ao ofício político da cidade foram promulgadas, originando, posteriormente, a constituição da cidade-Estado de Genebra. Se Calvino foi o autor dessas leis,  conforme alguns estudiosos acreditam, ou se elas foram adicionadas depois, não há dúvidas de que os magistrados recorreram a ele em busca de base moral e jurídica para a sua elaboração. Em suma, o fato de Calvino estar familiarizado com quem tomava decisões — e conhecer profundamente como as decisões eram tomadas — contribuiu com seu sucesso em Genebra . História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017, p.296

5- Os presbíteros exerciam o ofício por nomeação política até 1553

Presbíteros eram leigos na função de manter a disciplina na comunidade, e, contra a vontade de Calvino, exerciam o ofício a partir de nomeação política, escolhidos dentre os magistrados e por eles. Ao todo, havia doze presbíteros: dois escolhidos pelo Conselho Menor, quatro pelo Conselho dos Sessenta e seis pelo Conselho dos Duzentos. Selecionados por sua sabedoria e piedade, representavam diferentes regiões da cidade. Sua função era cuidar do povo, aconselhar desordeiros e, quando necessário, denunciar transgressores ao consistório.
O consistório, um tipo de corte eclesiástica formada por doze presbíteros e todos os pastores, era o órgão principal para a disciplina da Igreja. Normalmente, o oficial que presidia as seções era um dos magistrados civis. A preocupação principal do consistório era a supervisão sistemática da moralidade do povo de Genebra, incluindo a imposição de leis morais, prática que rendeu à cidade a reputação de austera e “puritana”. O consistório detinha o poder de excomungar aqueles que, ao seu modo de ver, haviam cometido ofensas sérias. Tais ofensas incluíam adultério, casamento ilícito, blasfêmia, luxúria desenfreada, desrespeito à Igreja e alguns tipos de comportamento que se assemelhavam à antiga fé, como a consideração da Virgem Maria como padroeira. Pesquisadores ainda não foram a fundo no estudo dos muitos casos com os quais o consistório lidou (cf. Kingdon, 1994, p. 23). Por isso, a lista a seguir deve ser vista como especulativa, abrangendo apenas cerca de 5% de seu número total: retorno ao catolicismo (39 casos); blasfêmia (28); desrespeito generalizado e reclamações contra Calvino e seu mandato (62); jogos de azar (36);  imoralidade (13); insulto de imigrantes franceses (9); música e dança indecorosa (12); ausência de cultos e instrução catequética (10); questões  relacionadas à fé (7); tentativa de suicídio (1). Esforços para controlar e normatizar a vida das pessoas a partir da Escritura levou alguns a designarem Genebra como uma “bibliocracia” (TRE 7, p. 573; Kingdon, 1972; Baker, 1988): “Nenhuma outra instituição merece maior crédito por moldar Genebra a um estilo particularmente austero de vida, ao qual rotulamos de ‘puritano’” (Kingdon, 1993a, p. 531).
História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017,  p. 297

” Nos anos de 1558-59, houve 414 perseguições por transgressões morais; no período de 1542 a 1546, 76 pessoas foram desterradas e 58 executadas; a população de Genebra era, naquele tempo, de 20.000 almas História da Civilização- a A Reforma. Rio de Janeiro:Record, 1957, p. 397.

 

6-  Calvino tem liberdade eclesiástica quase  total depois  de 1553, mas não como governador da cidade

O caso Servet foi um momento decisivo para Calvino, pois os opositores do Reformador não conseguiram usá-lo contra ele. Em pouco tempo, Genebra estava sob seu firme controle. Por conseguinte, elementos restritivos e disciplinares aumentaram na cidade, o consistório se transformou mais em uma corte eclesiástica e os ministros passaram a ser consultados na escolha de presbíteros....

Seria um erro concluir que Calvino tenha feito de Genebra uma cidade policial teocrática. Durante a maior parte de sua carreira, ele teve de lutar para manter sua autoridade — luta na qual levou certa vantagem por meio do controle da mídia, da pregação e do ensino constante —, embora essa autoridade tenha sido, em determinados momentos, frágil. Como no caso de outros reformadores, Calvino reconhecia que o sucesso de seu movimento Reformador dependia, em grande medida, do respeito por sua liderança. Nesse contexto, o admirável não foi seu esforço em consolidar autoridade, mas o fato de não ter sucumbido ao favoritismo para conquistar apoio. Nem cidadãos proeminentes nem membros de sua família estavam acima da lei. Nesse sentido, Calvino proveu o modelo de igualdade democrática sob a lei que Estados modernos fariam bem em emular.História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017, p. 305

7- Punições previstas

Projeto de Portarias Eclesiásticas Setembro e Outubro de 1541, apresentado por João Calvino e outros para a Cidade de Genebra

 A Reforma começou como uma tentativa de purificar a Igreja de suas práticas venais. Como as Ordenanças de Calvino conseguem esse fim?
Pergunta Avaliativa: Com base nas idéias de Calvino, expressas em suas ordenanças, como você descreveria - sob uma luz positiva - suas crenças religiosas?

Para evitar todos os escândalos de vida, será apropriado que haja uma forma de correção à qual todos se submetam. Também será o meio pelo qual o ministério pode reter respeito, e a Palavra de Deus não será nem desonrada nem desprezada por causa da má reputação dos ministros. Pois, como se deve corrigir aqueles que o merecem, assim será apropriado reprovar calúnias e falsos relatos que são feitos injustamente contra pessoas inocentes.

Mas primeiro deve-se notar que há crimes que são bastante intoleráveis em um ministro, e há falhas que podem, por outro lado, suportar, enquanto admoestações fraternas diretas são oferecidas.

Do primeiro tipo são: heresia, cisma, rebelião contra a ordem eclesiástica, blasfêmia aberta e merecedora de punição civil, simonia e toda corrupção nas apresentações, intriga para ocupar o lugar de outrem, deixar a Igreja sem licença legal ou apenas convocação, duplicidade, perjúrio, lascívia , furto, embriaguez, agressão merecedora de punição por lei, usura, jogos proibidos pela lei e escandalosos, danças e dissoluções semelhantes, crimes que acarretam perda de direitos civis, crime que dá origem a outra separação da Igreja.


Do segundo tipo são: métodos estranhos de tratar as Escrituras que se transformam em escândalo, curiosidade em investigar questões ociosas, apresentar alguma doutrina ou tipo de prática não recebida na Igreja, negligência no estudo e leitura das Escrituras, negligência em repreender vícios que equivalem a lisonja. , negligência em fazer tudo o que é exigido pelo seu cargo, grosseria, mentira, calúnia, palavras dissolutas, palavras injuriosas, imprudência e artifícios malignos, avareza e muito grande parcimônia, raiva indisciplinada, brigas e contendas, frouxidão de maneiras ou de gestos e condutas semelhantes impróprias para um ministro.

No caso dos crimes que não podem ser tolerados, se alguma acusação e queixa surgirem, que a assembléia de ministros e anciãos a investigue, a fim de proceder razoavelmente e de acordo com tudo o que é descoberto ao julgamento do caso, e, em seguida, denuncie o julgamento ao magistrado para que, se necessário, o delinquente seja deposto.

No caso dos vícios menores que podem ser corrigidos por simples admoestação, deve-se proceder de acordo com o mandamento de nosso Senhor, de modo que um último passo com ele para julgamento eclesiástico. Para manter essa disciplina em operação, que os ministros a cada três meses tomem conhecimento especial se há algo para discutir entre si, para remediá-la como é razoável.

 
Em primeiro lugar, as superstições

    Aqueles que tiverem quaisquer terço ou ídolos para adoração devem ser levados perante o Consistório, e, além da punição imposta a eles lá, eles devem ser levados diante de suas Senhorias.
    Aqueles que estiveram em peregrinações ou viagens são iguais.
    Aqueles que observam as festas ou jejuns papísticos devem ser admoestos apenas, a menos que sejam obstinados em sua rebelião.
    Aqueles que participaram da missa, além de admoestação, devem ser levados perante vossa senhoria.
    Nesses casos, vossas Senhorias terão o direito de castigar por meio da prisão ou de outra forma, ou de punir com multas extraordinárias, a seu critério. No caso de multas, eles devem aplicar alguma pequena parte deles aos Guardiões, se o delito foi notificado por eles.

Blasfêmias

    Aqueles que blasfemaram, jurando pelo corpo ou pelo sangue de nosso Senhor, ou tal, devem fazer reverência, pela primeira vez; pela segunda penalidade de cinco sous; para o terceiro dez sous; e pela última vez colocar o pelourinho por uma hora.
    Qualquer um que abjure ou renuncie a Deus ou ao seu Batismo é pela primeira vez para ser colocado por dez dias no pão e na água; pela segunda e terceira vez, ele deve ser punido com algum castigo corporal mais rigoroso, a critério de vossas Senhoria

A contradição da palavra

    Se há alguém que contradiga a Palavra de Deus, que eles sejam levados perante o Consistório para serem admoestados, ou sejam demanchados de vossa senhora para receber o castigo de acordo com as necessidades do caso.
    Se a contradição ou rebelião equivale a escândalo que exige remédio mais rápido, o senhor local deve tomar uma mão no assunto para a manutenção da honra do Ministério e da Magistratura.

A embriaguez

    Não deve haver tratamento de um outro para beber, sob pena de três sous.
    As tabernas devem ser fechadas durante o Serviço, sob pena que o taverner pague três sous e qualquer pessoa que entre neles.
    Se alguém for encontrado bêbado, pagará pela primeira vez três sous e será levado perante o Consistório; a segunda vez ele deve pagar soma de cinco sous; e o terceiro dez sous e ser colocado na prisão.
    Não deve haver carrosséis, sob pena de dez sous.

Canções e Danças
Se alguém canta canções que são indignas, dissolutas ou ultrajantes, ou giram descontroladamente ao redor na dança, ou similares, ele deve ser preso por três dias, e depois enviado para o Consistório.
Usury (Usury)

Ninguém deve emprestar juros ou lucro maior que 5%, por esforço de confisco da soma do capital e de ser obrigado a fazer as reparações apropriadas de acordo com as necessidades do caso.
Brawling (pequenas)

    Ninguém deve causar barulho ou disputa por dor ou ser punido de acordo com as necessidades do caso.
    Se houver alguém que cause sedição ou montagem para fazer ou apoiar brigas, ele deve ser punido com penalidades mais rigorosas de acordo com o que merece.

Reclamações

Se houver uma queixa ou disputa entre duas pessoas, o Ministro, convocando os Guardiões, cumprirá seu dever de concórdo-os; e se ele não puder prevalecer, ele se tornará o Consistório.
 

 Jogos de Azar


Ninguém deve jogar em jogos que são dissolutos, ou em jogos jogados por ouro ou prata ou com excesso de despesas, com dor de cinco sous e perda da soma apostada.
 

Fornicação

    Quanto àqueles que são apanhados em fornicação, se for um homem solteiro com uma mulher solteira, eles devem ser presos por seis dias com pão e água, e pagar sessenta sous suga.
    Se for adultério, um ou outro sendo casado, eles devem ser presos por nove dias com pão e água, e pagar reparação a critério de suas Senhorias, pois o crime é muito mais grave.
    Aqueles que são prometidos em casamento não devem coabitar como marido e mulher até que o casamento seja celebrado na igreja, caso contrário, eles serão punidos quanto por fornicação. 
https://www.coursebb.com/2019/02/26/draft-ecclesiastical-ordinances-september-october-1541-submitted-by-john-calvin-and-others-for-the-city-of-geneva/

 ” Nos anos de 1558-59, houve 414 perseguições por transgressões morais; no período de 1542 a 1546, 76 pessoas foram desterradas e 58 executadas; a população de Genebra era, naquele tempo, de 20.000 almas História da Civilização- a A Reforma. Rio de Janeiro:Record, 1957, p. 397.


 8- Os poderes eclesiástico e civil eram separados

Ordenanças Eclesiásticas de Calvino 1541

https://pages.uoregon.edu/sshoemak/323/texts/Calvin%20-%20Ecclesiastical%20Ordinances.htm

 
As palavras entre [colchetes] foram modificações no projeto de decretos de Calvino, feito por insistência da magistratura de Genebra antes de ser promulgado.

Primeiro, existem quatro ordens de ofícios instituídas por nosso Salvador para o governo de sua Igreja: a saber, os pastores, depois os doutores, em seguida os presbíteros [ escolhidos e nomeados pelo governo ] e em quarto lugar os diáconos. Se quisermos ver a Igreja bem ordenada e mantida, devemos observar esta forma de governo.

O dever dos pastores

Os pastores às vezes são nomeados na Bíblia como superintendentes, presbíteros e ministros. A sua função é proclamar a Palavra de Deus, ensinar, admoestar, exortar e reprovar pública e privadamente, administrar os sacramentos e, com os presbíteros ou seus representantes, emitir advertências fraternas.

O exame dos pastores

Isto consiste em duas partes. A primeira diz respeito à doutrina – saber se o candidato tem um bom e sólido conhecimento da Bíblia; e, em segundo lugar, vem a sua aptidão para expor isto ao povo para sua edificação.

Além disso, para evitar qualquer perigo de ter ideias erradas, é apropriado que ele professe aceitar e defender o ensino aprovado pela Igreja.

Devem ser feitas perguntas para descobrir se ele é um bom professor e ele deve expor em particular os ensinamentos de nosso Senhor.

Em seguida, deve-se verificar que ele é um homem de bons princípios, sem quaisquer falhas conhecidas.

A seleção de pastores

Primeiro os ministros deveriam escolher alguém adequado para o cargo [ e notificar o governo ]. Depois ele será apresentado ao conselho. Se for aprovado, será aceito e recebido pelo conselho. [ como achar melhor ]. Ele recebe então um certificado a ser apresentado quando pregar ao povo, para que possa ser recebido pelo consentimento comum dos fiéis. Se ele for considerado inadequado e isso for comprovado por evidências, deverá haver uma nova seleção para encontrar outro.

Quanto à maneira de apresentá-lo, porque as cerimônias anteriormente utilizadas geravam muita superstição, basta que um ministro explique a natureza do cargo que ocupou. designado e então orações e súplicas devem ser feitas para que nosso Senhor lhe dê graça para fazer o que for necessário.

Após a eleição, ele deve prestar juramento de lealdade ao governo seguindo um formulário escrito exigido de um ministro.

Reuniões semanais a combinar

Em primeiro lugar, é desejável que todos os ministros se reúnam uma vez por semana. Isto é para manter a pureza e a concordância no seu ensino e para realizar palestras bíblicas. A presença será obrigatória, a menos que haja um bom motivo para a ausência... Quanto aos pregadores nas aldeias sob o controle do governo, cabe aos ministros da cidade instá-los a comparecer sempre que possível...

O que deve ser feito em casos de divergência quanto à doutrina

Se surgirem diferenças de opinião relativas à doutrina, os ministros deverão reunir-se e discutir o assunto. Se necessário, deverão chamar os anciãos e comissários [ nomeados pelo governo ] para ajudar na resolução de quaisquer dificuldades.

Deve haver alguns meios disponíveis para disciplinar os ministros... para evitar uma vida escandalosa. Desta forma, o respeito pelo ministério pode ser mantido e a Palavra de Deus não pode ser degradada por qualquer ministro que a leve ao desprezo e ao escárnio. Aqueles que merecem devem ser corrigidos, mas ao mesmo tempo deve-se ter cuidado para lidar com fofocas e rumores maliciosos que podem trazer danos a partes inocentes.

Mas é de primeira importância notar que certos crimes são bastante incompatíveis com o ministério e não podem ser tratados através de repreensão fraterna. Nomeadamente, heresia, cisma, rebelião contra a disciplina da Igreja, blasfêmia aberta merecedora de punição civil, simonia e incentivo à corrupção, intrigas para assumir a posição uns dos outros, deixar a Igreja sem permissão especial, falsificação.

Segue-se a segunda ordem que chamamos de doutores

O dever especial dos médicos é instruir os fiéis na sã doutrina, para que a pureza do evangelho não seja corrompida pela ignorância ou por opiniões erradas.

Do jeito que as coisas estão atualmente, todos os agentes que auxiliam na defesa do ensino de Deus são incluídos para que a Igreja não fique em dificuldades por falta de pastores e ministros. Esta é, na linguagem comum, a ordem dos professores da escola. O grau mais próximo do ministro e intimamente ligado ao governo da Igreja é o de professor de teologia.

Estabelecimento de uma faculdade

Porque só é possível lucrar com esse ensino se primeiro se for instruído em línguas e humanidades, e também porque é necessário lançar as bases para o futuro... deveria ser instituído um colégio para instruir as crianças, a fim de prepará-las para o ministério bem como para o governo civil.

Em primeiro lugar, é necessário providenciar alojamento adequado para o ensino das crianças e de outras pessoas que queiram tirar partido dele. Precisamos também de um professor alfabetizado, erudito e treinado que possa cuidar do estabelecimento e de sua educação. Ele deve ser escolhido e pago com base no entendimento de que deverá ter sob sua responsabilidade professores de línguas e lógica, se puderem ser encontrados. Ele também deveria ter alguns professores-alunos ( bacheliers ) para ensinar os mais pequenos...

Todos os envolvidos devem estar sujeitos às mesmas ordenações eclesiásticas que se aplicam aos ministros.

Não deverá haver nenhuma outra escola na cidade para crianças pequenas, embora as meninas devam ter uma escola própria separada, como tem acontecido até agora.

Ninguém será nomeado sem a aprovação dos ministros – essencial para evitar problemas. [ O candidato deve primeiro ter sido notificado ao governo e depois apresentado ao conselho. Dois membros do 'conselho dos 24' deverão estar presentes em todas as entrevistas .]

Aqui segue a terceira ordem, ou anciãos

Seu dever é supervisionar a conduta de cada pessoa. De maneira amigável, devem alertar os apóstatas e os que vivem desordenadamente. Depois disso, quando necessário, deverão reportar-se à Companhia [ de pastores ] que providenciará a correção fraterna...

Tal como a nossa Igreja está agora organizada, seria mais adequado ter dois eleitos do 'conselho dos 24', quatro do 'conselho dos 60' e seis do 'conselho dos 200'. Devem ser homens de boa reputação e conduta... Devem ser escolhidos em cada bairro da cidade para que possam ficar de olho em tudo.

Método de escolha dos mais velhos

Além disso, decidimos sobre o mecanismo para escolhê-los. O 'conselho dos 24' será solicitado a nomear os homens mais adequados e adequados que puderem descobrir. Para isso, deveriam discutir o assunto com os ministros e depois apresentar a sua sugestão ao 'conselho dos 200' para aprovação. Se forem encontradas terras dignas [ e aprovadas ], deverão prestar juramento na mesma forma em que é apresentado aos ministros. No final do ano e após as eleições para o conselho, deverão apresentar-se ao governo para que se decida se serão reconduzidos ou não, mas não deverão ser mudados com frequência e sem boa vontade. causa, desde que estejam fazendo seu trabalho fielmente.

A quarta ordem do governo eclesiástico, a saber, os diáconos

Sempre houve dois tipos disso na Igreja primitiva. É preciso receber, distribuir e cuidar dos bens dos pobres (isto é, esmolas diárias, bem como bens, rendas e pensões); o outro tem que cuidar e cuidar dos doentes e administrar os subsídios aos pobres, como é habitual. [ Para evitar confusão ], uma vez que temos funcionários e pessoal hospitalar, [ um dos quatro funcionários do referido hospital deverá ser responsável pela totalidade dos seus bens e receitas e deverá ter um salário adequado para realizar o seu trabalho apropriadamente .]

Em relação ao hospital

Deve-se ter cuidado para garantir que o hospital geral seja mantido adequadamente. Isto aplica-se aos doentes, aos idosos que já não podem trabalhar, às viúvas, aos órfãos, às crianças e a outras pessoas pobres. Estes devem ser mantidos separados e separados dos outros e formar a sua própria comunidade.

O cuidado dos pobres que estão espalhados pela cidade será de responsabilidade dos funcionários. Além do hospital para quem visita a cidade, que será mantido em funcionamento, serão feitas providências separadas para quem necessita de tratamento especial. Para tanto, deverá ser reservada uma sala para servir de sala de recepção aos que para lá forem encaminhados pelos funcionários .

Além disso, tanto para as pessoas pobres no hospital como para aquelas que não têm meios na cidade, deve haver um bom médico e cirurgião fornecido às custas da cidade...

Quanto ao hospital da peste, deve ser mantido totalmente separado.

Implorando

Para acabar com a mendicância, que é contrária à boa ordem, o governo deveria usar alguns dos seus funcionários para remover quaisquer mendigos que estejam obstinadamente presentes quando as pessoas saem da Igreja.

E isto sobretudo se acontecer que a cidade seja visitada por este flagelo de Deus.

Dos sacramentos

O batismo deve ocorrer apenas na hora do sermão e deve ser administrado apenas pelos ministros ou seus assistentes. Deve-se manter um registro dos nomes das crianças e de seus pais: o departamento de justiça deve ser informado de qualquer bastardo.

Visto que a Ceia foi instituída por nosso Senhor para ser observada com mais frequência por nós e também visto que este era o caso na Igreja primitiva até o momento em que o diabo perturbou tudo colocando a missa em seu lugar, o defeito deveria ser remediado por comemorando com um pouco mais de frequência. Mesmo assim, por enquanto concordamos e determinamos que deveria ser administrado quatro vezes por ano, ou seja, no Natal, na Páscoa, no Pentecostes e no primeiro domingo de setembro, no outono.

Os ministros distribuirão o pão de maneira ordenada e reverente e nenhuma outra pessoa oferecerá o cálice exceto os designados (ou os diáconos) junto com os ministros e por isso não há necessidade de muitos pratos e xícaras.

As mesas devem ser colocadas perto do púlpito para que o mistério possa ser mais adequadamente exposto nas proximidades .

A celebração deve ocorrer apenas na igreja e no horário mais adequado.

Da ordem que deve ser observada em obediência às autoridades, para a manutenção da supervisão na Igreja

Deveria ser fixado um dia para o consistório . Os presbíteros , deverão reunir-se uma vez por semana com os ministros, numa quinta-feira, para garantir que não haja desordem na Igreja e para discutirem juntos quaisquer medidas corretivas necessárias.

Dado que não têm nem o poder nem a autoridade para usar a força, concordámos em designar-lhes um dos nossos funcionários para convocar aqueles a quem desejam admoestar.

Se alguém se recusar deliberadamente a comparecer, o conselho deverá ser informado para que tome medidas.

Se alguém ensinar coisas contrárias à doutrina recebida, será convocado para uma conferência. Se ele ouvir a razão, seja mandado de volta sem nenhum escândalo ou desgraça. Se for obstinado, deverá ser admoestado diversas vezes até que se torne evidente que é necessária maior severidade: então será proibido de assistir à comunhão da Ceia e será denunciado aos magistrados.

Se alguém deixar de ir à igreja a tal ponto que haja uma verdadeira aversão pela comunidade de crentes, ou se alguém mostrar que não se importa nada com a ordem eclesiástica, que seja admoestado, e se for tratável, que seja amigavelmente enviado de volta. Se, porém, ele vai de mal a pior, depois de ter sido avisado três vezes, seja afastado da Igreja e denunciado ao magistrado...

[ Tudo isso deve ser feito de tal maneira que os ministros não tenham jurisdição civil nem usem nada além da espada espiritual da palavra de Deus, como São Paulo lhes ordena; nem a autoridade do consistório deve diminuir de forma alguma a do magistrado ou da justiça ordinária. O poder civil deve permanecer intacto. Nos casos em que, no futuro, possa haver necessidade de impor punições ou constranger indivíduos, então os ministros e o consistório, tendo ouvido o caso e usado as admoestações e exortações apropriadas, deverão relatar todo o assunto ao conselho que, por sua vez, julgará e sentenciará de acordo com as necessidades do caso .]

Outros textos de Calvino
 https://books.google.com.br/books?id=bJEYXOnn6OgC&pg=PA58&hl=pt-BR&source=gbs_toc_r&cad=2#v=onepage&q&f=false
 

9- Como já explicado, os protestantes não tem Calvino como inspirado ou infalível, em na teoria, nem na prática, a maioria esmagadora dos protestantes não concorda com o Consistório e outras ideias de Calvino, elas não tem subsídio bíblico.

Conclusão:

Olavo usou do exagero, distorções, mentiras e conclusões indevidas

 


 Cada um pode interpretar a bíblia do jeito que quiser

  Muito bem desde logo a supressão da autoridade política da igreja liquidava toda mediação espiritual institucionalizada entre o governo e o povo reduzindo a sociedade a um campo de disputa entre duas forças apenas de um lado uma poeira dispersa de consciências individuais com suas crenças subjetivas infindavelmente variadas e variáveis com o direito à livre Interpretação da Bíblia, cada um pode entender  do jeito que quiser...https://www.youtube.com/watch?v=oPEz3y0293E&t=667s

 Resposta:

Lutero e Calvino nunca disseram que as pessoas podem interpretar a Bíblia do jeito que bem entenderem. Isso é uma mentira sem tamanho , falácia do espantalho. Confundem livre interpretação com livre juizo ou livre exame. Lutero defendia  a interpretação segundo regras de hermeneutica, gramaticais e históricos.

 

Isso eu disse para vermos o que significa não ceder a palavra de Deus e adaptar as Escrituras a própria compreensão. Como poderia eu esperar que o direito de interpretar a Escritura estivesse com os pontifices romanos, eles que, de modo tão manifesto, lidam com as Escrituras num sentido que Ihes é estranho? Martinho Lutero -Obras Selecionadas
Volume 1, Os Primórdios-Escritos de 1517 a 1519 vol 1p. 303

Queremos acrescentar mais outra decretal, para demonstrar, com firmeza ainda maior, que o direito de interpretar as Sagradas Letras não é exclusivo dos pontífices romanos e que os cristãos não devem ficar prisioneiros sob suas palavras, mas que tudo que vem deles deve ser lido com livre juizo.Idem, p, 304

 

"que se jactam de terem o Espírito sem a palavra e antes dela (ohn und vor dem Wort), e que depois julgam, interpretam e esticam a Escritura ou a palavra oral, a seu talante. Assim procedeu Münzer. e em nossos dias ainda o fazem muitos...¨ Artigos de Esmalcalde de 1537. no parágrafo sobre a confissão. Veja-se: Livro de Concórdia. As Confissões da Igreja Evangélica Luterana. Tradução de Arnaldo Schuler, (São Leopoldo, Porto Alegre, 1980). pág. 336

¨...importa que coloquemos os escritos de todos os homens de lado e que apliquemos tanto mais o nosso suor à Escritura quanto mais presente se fizer o perigo de alguém a compreender pelo seu próprio espírito, a fim de que o costume deste afã permanente supere este perigo e nos faça certos do espírito da Escritura que fora da Escritura não pode ser encontrado.¨WA 7,97,5 ss (edição de Weimar)

IGREJA DA INGLATERRA MANDOU MATAR 40000 PESSOAS NO PRIMEIRO ANO 

"Se ao mesmo tempo aparece igrejas protestantes difundindo ideias democráticas, tá certo, essas ideias vão ser consagradas na doutrina apenas, e não na realidade do estado que tá sendo construído. hum. Por outro lado não se pode esquecer que quem difundiu as ideias democráticas não foi a igreja reformada, né,foi uma facção da igreja reformada que foi perseguida na Inglaterra pela igreja reformada, e que mandou matar 40.000 pessoas no seu primeiro ano e houve lá uma facção chamada os puritanos que também eram revolucionários, na cabeça deles, e que tiveram que fugir pra América, ou seja, a  América foi formada por vítimas da igreja reformada, a qual também perseguiu os católicos.     https://www.youtube.com/watch?v=oPEz3y0293E&t=667s  https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM

Resposta:

Olavo simplesmente inventou isso, não há registro algum na história de tal acontecimento. (ver resposta à próxima afirmação)
Olvao também omitiu que o rei se tornou chefe do poder secular e da igreja, isso em nítido contraste com a Bíblia:

Durante todo o ano de 1534, tomou uma série de medidas para edificar a nova organização. O Ato de Supremacia ordenou que "o rei fosse aceito e considerado como o único e supremo chefe da Igreja da Inglaterra na terra e que se acrescentassem e se unissem à sua coroa todos os poderes de examinar, reprimir, restaurar, reformar e corrigir quaisquer faltas, heresias, abusos, ofensas e irregularidades que devessem ser reformadas, quer pela autoridade legal, quer pela autoridade espiritual". Subsidiariamente - e isso não era de somenos importância - as quantias outrora cobradas por Roma passariam a sê-lo pelo fisco real. Os bispos seriam nomeados pelo rei, e Thomas Cromwell, em janeiro de 1535, era nomeado "vigário-geral dos 446 negócios religiosos". Estava consumado o cisma inglês. .,A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Qaudrante, 1996,  p. 446


 
A reforma não tinha ideais democráticos  e sim os filhos da reforma, os puritanos

"Ou seja, você na Inglaterra, todo mundo tinha direito à liberdade de opinião, exceto se você fosse católico ou puritano e os puritanos fugiram para cá e respondendo vamos dizer à perseguição repressiva da igreja reformada começaram a lardear ideias democráticas, foi isto que aconteceu. Não foi a reforma meu filho, foram as vítimas da reforma, não é preciso dizer qual das duas forças acabou por prevalecer." https://www.youtube.com/watch?v=oPEz3y0293E&t=667s  https://www.youtube.com/watch?v=uDgxkbAf6MM

Resposta: 

1- Olavo não explicou porque os protestantes e não os católicos (segundo ele) difundiram as ideias democráticas. Ou seja, ele reconhece os ideais democráticos não floresceu com o  catolicismo e sim no protestantismo
 
2- Olavo fez um espantalho da história para negar o caráter multiforme da reforma,  omitindo a forma de governo presbiteriano e congregacional da igreja na Reforma. Ele ressalta  forma de governo da Igreja da Inglaterra onde o rei era também o chefe da igreja, uma forma anti bíblica de governo. A reforma da Inglaterra passou por vários estágios, onde houve proibição da fé católica e protestante, veja:
  •  a- separação da Igreja Católica (Ato de Supremacia em 1534 de Henrique VIII) -perseguiçãocontra os protestantes e sacerdotes católicos

Em 1533, a Corte inglesa concedeu a dispensação para a anulação do casamento de Henrique; em resposta, o papa “anulou a anulação” e excomungou o monarca inglês. No ano seguinte, Henrique replicou ao Papa com o Ato de Supremacia, o qual designava o rei como “o único Cabeça Supremo da Igreja Anglicana na terra […] [incluindo] poder e autoridade plenos […] para consultar, reprimir, redirecionar, reformar, ordenar, corrigir, restringir e emendar toda […] e qualquer heresia” (Bray, 1994, p. 114). Além do divórcio de Henrique, o rompimento da Igreja inglesa com o Papa e sua sujeição à Coroa por meio do parlamento dependiam de um elemento a mais: o fortalecimento da opinião política antipapal e erastiana. O erastianismo, nomeado a partir do teólogo suíço Thomas Erastus (1524–83), defendia a autoridade do Estado sobre a Igreja, incluindo a sujeição da excomunhão à aprovação do governo. O precursor medieval da teoria erastiana foi Marsílio de Pádua (c. 1275–1342), cujo argumento para a subordinação da Igreja ao Estado (Defensor pacis, 1324) mostrou-se um tesouro escondido aos propagandistas que apoiavam Henrique VIII (Dickens, 1991, p. 106–8). História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017, p. 357

 O Ato de Supremacia representou um desligamento constitucional da autoridade do Papa, e não a introdução do protestantismo. Assim, ao mesmo tempo que usou sentimentos anticlericais — principalmente contra o pontífice — para proveito próprio, Henrique reafirmou o dogma católico no Estatuto dos seis artigos, em 1539 (Bray, 1994, p. 222–32). A legislação preservava a transubstanciação, a ceia laica com apenas um dos elementos e missas privadas; também declarava herege a negação de qualquer um dos artigos. Conforme mencionado, o Estatuto era um ato penal, isto é, exigia a pena de morte a qualquer que rejeitasse a transubstanciação: “Tentar entender a política religiosa de Henrique é um assunto delicado. Ter que conviver com ela deve ter sido um pesadelo, visto que os homens procuravam acompanhar o ponto de vista mais recente do monarca” (Heal, 2003, p. 132–3). História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017,p. 359

 

Quanto ao rei, não há dúvida de que tencionava manter-se na ortodoxia católica. No entanto, a Igreja de que ele era agora senhor sofria as repercussões da sua política, dos apoios de que carecia no interior e das alianças feitas no exterior. A partir de janeiro de 1534, houve contactos com os príncipes luteranos da Alemanha. Em 1535, Foxe e Heath encontraram-se com Martin Bucer em Estrasburgo, antes de visitarem os aliados de Smalkalde, mas os reformados exigiram que se chegasse a um entendimento sobre o dogma antes de se formular uma ação comum. Melanchthon propôs os artigos de Wittenberg; Henrique V111 rejeitou-os, mas os dez artigos da confissão de fé que foi aprovada em 1536 pela Assembléia do clero inglês não mencionaram senão três sacramentos - o Batismo, a Penitência e a Eucaristia. Omitiram-se os outros quatro. No entanto, foi reconhecida a Presença real, mantiveram-se o culto dos santos e as orações pelos mortos, desde que não gerassem abusos, e não se tocou na questão da j ustificação
unicamente pela fé....Ao contrário: depois das insurreições de Lincolnshire e de Yorkshire, uma comissão de bispos e de teólogos, vigiada pessoalmente por Henrique, manteve formalmente os sete sacramentos na confissão de fé de 1537, chamada o "Livro
dos bispos".
 Henrique V111 não se esquecia de que no passado refutara as idéias de Lutero: manteve a transubstanciação, o celibato dos padres, a observância dos votos de castidade mesmo para os religiosos expulsos dos mosteiros, as missas privadas e a confissão auricular; descartou a comunhão sob as duas espécies. Os que não observassem uma ou outra dessas disposições seriam presos, privados dos seus bens e levados à presença de comissões especiais. Cranmer viu-se obrigado a mandar a esposa para a Alemanha para não cair
em desgraça. Shaxton e Latimer preferiram pedir demissão. Thomas Cromwell,
que continuava a defender um entendimento com os luteranos, conseguiu que o rei desposasse a protestante Ana de Cleves, mas a nova rainha não agradou. Cromwell foi acusado de ter difundido erros sobre a Eucaristia e, em 29 de julho de 1540, sem que ninguém chorasse por ele, subiu por sua vez as escadas do cadafalso
. A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Qaudrante, 1996, p. 455

 

 Quanto mais tempo passava, tanto mais ele se vangloriava de ser "o defensor da fé". Nada o fazia desviar-se da mais estrita ortodoxia! Em março de 1543, escreveu o prefácio da Necessária doutrina e instrução de todo o cristão, que impôs como catecismo à sua Igreja e que continha uma doutrina suficientemente boa para que mais tarde, no tempo de Maria Tudor, o cardeal Pole a aceitasse, pelo menos provisoriamente. Um Lord afirmava: "Nenhum príncipe se mostrou mais sábio, mais instruído e mais católico do que o rei
neste Parlamento". As orações da missa eram recitadas em inglês, mas o livro de  cerimônias seguia a liturgia tradicional. Stephen Gardiner orientava com talento a controvérsia contra os reformados do continente.

 

E o sangue corria, corria. Por motivos políticos ou por motivos religiosos? Não se sabe ao certo. Beheaded! Decapitado! - eis a abrupta fórmula que punha fim a tantas existências. Além de duas rainhas "com os seus cúmplices", Henrique VIII contava no seu ativo as mortes de dois cardeais, 18 bispos, 1 3 abades, 575 padres, 50 doutores, 1 2 lordes, 20 barões e cavaleiros, 335 nobres, 124 burgueses e 110 mulheres de nobre estirpe. Com uma
aplicação monótona, a perseguição atingia tanto os protestantes como os católicos romanos. Foxe conservou a memória dos primeiros no seu Livro dos Mártires: em Calais, em Londres e em Windsor, muitos que negavam a Presença real foram queimados por ordem do rei. A morte mais célebre foi a de Anne Askew, que, por ter respondido com insolência aos inquisidores, foi tão ferozmente torturada sobre o cavalete que se tornou necessário levá-la numa cadeira para a fogueira. Mas aqueles que rejeitavam a supremacia
real eram pendurados na forca com o mesmo zelo. "Deus de bondade!" - exclamava um estrangeiro -, "de que estranha maneira vive este 456 povo! Aqui enforcam-se os papistas, acolá queimam-se os anti papistas"
. A IGREJA DA RENASCENÇA E DA REFORMA I. A reforma protestante. Daniel Ropes. São Paulo: Qaudrante, 1996, p. 456

 

  • b- implantação do protestantismo 1547-1553 (depois da morte de Henrique VIII)- punição contra catolicos
 Eduardo subiu ao trono com a idade de nove anos, mas, com saúde sempre debilitada, morreu em 1553. Durante seu reinado — ou, mais acuradamente, o de seus conselheiros — a Reforma foi estabelecida na Inglaterra. Seu tio, Eduardo Seymour, conde de Hertford e nomeado lorde protetor e duque de Somerset, pôs imediatamente fim à perseguição contra os protestantes e levou o parlamento a repelir boa parte das leis de traição e heresia, incluindo os Seis artigos, estimulando não apenas o retorno dos protestantes que haviam fugido durante o reinado de Henrique VIII, mas também atraindo reformadores de outras partes da Europa, em sua maioria de persuasão zuingliana. Reformadores proeminentes, como Martin Bucer de Estrasburgo e Peter Martyr Vermigli da Itália, foram convidados às universidades de Cambridge e Oxford, respectivamente; alunos desses reformadores exerceram posteriormente um papel importante durante o reinado de Elizabeth. Influências estrangeiras, principalmente calvinistas, também chegavam a Londres à medida que a cidade “recepcionava” as igrejas estrangeiras (isto é, comunidades de refugiados da França, Espanha, Itália e Países Baixos). Reformadores importantes, como Bernardino Ochino (Itália), Jan Laski (Polônia) e Casiodoro de Reina (Espanha) serviram essas congregações. História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017,p. 362

 O arquiteto do protestantismo inglês foi o arcebispo de Canterbury, Thomas Cranmer, cuja orientação protestante durante o reinado de Henrique encontrou expressão importante durante o reino de Eduardo. Agora, o casamento clerical florescia. ...Cranmer veio de Nuremberg com mais do que apenas uma “caixinha surpresa”: sem dúvida, havia sido lá, naquela cidade luterana e a partir de conversas com Osiander, que Cranmer também abraçou convicções protestantes (Null, 2000, p. 98-115). O primeiro Livro de Oração de Cranmer, de 1549, foi revisado em 1552. O livro estabeleceu as diretrizes de um protestantismo inglês que evitava extremos doutrinários e litúrgicos, porém, excluiu as ambiguidades que haviam permitido aos católicos adorar conforme a edição de 1549.
Agora, a eucaristia era apresentada em termos memoriais suíços (Bray, 1994, p. 271–6; Brooks, 1965; Nijenhuis, 1972, p. 1–22). Da mesma forma, Cranmer produziu, em 1553, uma declaração de fé para a Igreja inglesa que representava um meio-termo entre as teologias luterana e calvinista. A declaração, denominada “Quarenta e dois artigos”, serviu de fundamento aos “Trinta e nove artigos” que definiram a Igreja Anglicana no reinado de Elizabeth I e continuam a lhe servir de parâmetro ainda hoje (Bray, 1994, p. 284–311). Bispos católicos foram substituídos por protestantes....o terceiro maior projeto de Cranmer foi a revisão da legislação canônica. A Reformatio legum ecclesiasticarum (1552)
foi projetada para substituir a base medieval católica da sociedade pela disciplina reformada, a terceira “marca” da Igreja atrás de doutrina verdadeira e uso correto dos sacramentos (Spalding, 1992). Contudo, a morte de Eduardo, em 1553, impediu sua implementação. A reforma da Igreja Anglicana caminhou rapidamente — talvez até demais —, já que dependia da saúde de Eduardo, sempre debilitada.História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017, p. 363

A perseguição religiosa, que, durante muito tempo, os católicos moviam aos hereges, passou então na Inglaterra, assim como na Suíça e na Alemanha luterana, a ser desencadeada pelos protestantes contra os hereges e os católicos. Cranmer elaborou uma relação de heresias que, se não fossem abjuradas, deveriam ser punidas com a morte; incluíam a afirmação da Real Presença na eucaristia, ou a supremacia eclesiástica do papa, bem como a negação da inspiração do Velho Testamento ou das duas naturezas de Cristo ou a justificação pela fé..... Em 1552, Cranmer publicou seu Segundo Livro de Orações Comuns que negava a Real Presença, rejeitava o sacramento de extrema-unção e que, na realidade, era o Primeiro Livro revisto sob o ponto de vista protestante. O parlamento decretou um Segundo Ato de Uniformidade, o qual exigia que todas as pessoas assistissem regularmente aos ofícios religiosos conduzidos de conformidade com o Segundo Livro, apenas esses. Em 1553, o Conselho Real promulgou 42 “Artigos de Religião” elaborados por Cranmer, tornando-os obrigatórios para todos os ingleses História da Civilização- a A Reforma. Rio de Janeiro:Record, 1957, p. 493

 
  • c- volta do catolicismo com Maria Tudor  1553-1558 conhecida como Bloody Mary, Maria a Sanguinária, que no seu reinado 300 pessoas foram executadas, 273 nos 4 últimos meses

 A ascensão de Maria Tudor ao trono inglês ameaçou severamente a Reforma na Inglaterra.Maria criou um exército de mártires, celebrados no influente Livro dos Mártires, de John Foxe. Por fim, ao exilar cerca de 800 protestantes proeminentes em Frankfurt, Genebra e Estrasburgo, criou um exército de reformistas zelosos, treinados no protestantismo continental e ansiosos por retornar e recapturar a Inglaterra em prol da fé evangélica.  História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017, p. 364

Ironicamente, os espanhóis, incluindo Felipe II e Carlos V, eram contra a perseguição por razões políticas. No entanto, Maria e o cardeal Pole, talvez crendo sinceramente que estavam salvando a alma dos ingleses da condenação eterna, motivaram a instituição de tribunais de heresia, levando à queima de quase 300 dissidentes, que, obviamente, tornaram-se mártires da fé protestante. Quase todos esses protestantes enfrentaram a morte por negarema missa (Brigdon, 1992, p. 608–12) .História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017, p. 365

 Pelo edito de 4 de março de 1554, foi completamente restabelecido o culto católico, sendo considerados ilegais o protestantismo e outras “heresias”' bem como proibida qualquer pregação ou publicação dos protestantes. História da Civilização- a A Reforma. Rio de Janeiro:Record, 1957, p. 498

Umas 300 pessoas morreram no decurso delas, das quais 273 nos últimos quatro meses daquele reinado. Com o prosseguimento dos holocaustos, tornou-se evidente que se tinha cometido um erro. O protestantismo adquiriu novas forças com aqueles mártires da mesma ma- neira como tinha acontecido aos primeiros cristãos; muitos católicos ficaram desnor- teados em sua fé, envergonhados de sua rainha, por causa dos sofrimentos e da forta- leza de ânimo das vítimas.História da Civilização- a A Reforma. Rio de Janeiro:Record, 1957, p. 505


 d- estabelecimetno do protestantismo Elizabeth tudor (1558-1603)

Elizabeth procurava um “meio-termo” ao extremismo religioso, o qual não apenas desmantelava a Inglaterra, mas também provocava guerras religiosas no continente...Elizabeth manteve tanto católicos quanto protestantes radicais sob controle, promovendo uma resolução anglicana em termos de doutrina e disciplina — algo que levou John Knox a observar que Elizabeth não era “nem uma boa protestante, nem uma católica
resoluta” (Spitz, 1971, p. 525)....A proposta da rainha era “um processo sincrético designado a preservar a unidade e, ao mesmo tempo, abrir espaço para diferenças” (Carlson, 1998, p. 8, 11). A retenção de vestimenta e liturgia católicas permitiam que o indivíduo tradicional e inculto vivenciasse a forma de adoração anglicana da mesma forma que praticava o culto católico. Ao mesmo tempo, o uso do inglês em vez do latim permitia ao protestante erudito ouvir a mensagem da Reforma em sermões e orações estabelecidos nos moldes da teologia Reformada, definida pelos Trinta e nove artigos. A linguagem da eucaristia era uma “obra-prima da engenharia social”, sugerindo uma presença real a
conservadores e uma ceia memorial à la Zurique aos protestantes. O participante da ceia ouviria as palavras: “‘Que o corpo do nosso Senhor Jesus Cristo, que foi dado por vós, preserve vosso corpo para a vida eterna’ (1549). ‘Tomai e comei em memória do Cristo que morreu por vós, e alimentai-vos dele, em vosso coração e fé, com gratidão’ (1552)” (MacCulloch, 1990, p. 30)....

A legislação católica de Maria foi rescindida, e o segundo Livro de Oração Comum, de Eduardo VI, foi reintroduzido com algumas modificações. A retenção de imagens,  crucifixos e vestimentas aprovados pelo Livro de Oração tornou-o mais aprazível aos católicos, porém ofendeu protestantes mais radicais. Membros do clero que se recusavam a aceitá-lo foram substituídos, de modo que, com o tempo, ministros mais favoráveis a
Elizabeth preencheram as catedrais eclesiásticas. O segundo parlamento de 1563 reafirmou o Ato de Uniformidade, aprovando medidas estritas ao seu cumprimento, e os Quarenta e dois artigos foram revisados, resultando nos Trinta e nove artigos. A própria Elizabeth se
envolveu com a revisão. O propósito dos artigos era acomodar aspectos mais importantes da teologia evangélica, negando, por um lado, a transubstanciação e, por outro, o simbolismo zuingliano. Ao mesmo tempo, as declarações doutrinárias davam margem a diversas interpretações luteranas e calvinistas. A Escritura foi declarada fonte de fé e conduta, e os credos, aceitos por sua atestação bíblica. Concílios gerais ou ecumênicos foram declarados falíveis, e o artigo sobre a predestinação foi apresentado de uma
forma magistralmente ambígua. Esse “acordo elisabetano” ofendeu os protestantes mais radicais, que desejavam purificar a Igreja de todo vestígio católico romano. Protestantes que permaneceram na Igreja Anglicana e continuaram a defender a remoção
de todas as cerimônias e formalismos católicos (vestimentas, sinal da cruz,
dia de santos etc.) ficaram conhecidos como “puritanos”.
.História da Reforma. Carter Linderberg. Rio de Janerio:Thomas Nelson, 2017, p. 369

 
3-Olavo omitiu  que houve perseguição  por parte da igreja católica na Inglaterra, na época da rainha Maria(citado acima) e de HenriqueVIII


História do Puritanismo
Origens e desenvolvimento na Inglaterra


O rei Henrique VIII separou a Igreja da Inglaterra da Igreja Católica Romana em 1534, e a causa do protestantismo avançou rapidamente sob Eduardo VI (reinou de 1547 a 1553). Durante o reinado da Rainha Maria (1553 a 1558), no entanto, a Inglaterra retornou ao catolicismo romano, e muitos protestantes foram forçados ao exílio. Muitos dos exilados encontraram seu caminho para Genebra , onde a igreja de João Calvino forneceu um modelo funcional de uma igreja disciplinada . Dessa experiência também surgiram os dois livros mais populares da Inglaterra elizabetana — a Bíblia de Genebra e o Livro dos Mártires de John Foxe — que forneceram justificativa aos protestantes ingleses para ver a Inglaterra como uma nação eleita escolhida por Deus para completar a obra da Reforma . Assim, a ascensão de Elizabeth em 1558 foi entusiasticamente recebida por esses protestantes; mas suas primeiras ações ao restabelecer o protestantismo  decepcionaram aqueles que buscavam uma reforma extensa, e essa facção não conseguiu atingir seus objetivos na Convocação , o principal órgão governante da igreja.

Muitos desses puritanos — como passaram a ser conhecidos durante uma controvérsia sobre vestimentas na década de 1560 — buscou apoio parlamentar para um esforço de instituir uma forma presbiteriana de governo para a Igreja da Inglaterra

Outros puritanos, preocupados com o longo atraso na reforma, decidiram por uma “reforma sem esperar por nenhuma”. Estes Os “separatistas” repudiaram a igreja estatal e formaram congregações voluntárias baseadas em uma aliança com Deus e entre si. Ambos os grupos, mas especialmente os separatistas , foram reprimidos pelo establishment. Negado a oportunidade de reformar a igreja estabelecida , o puritanismo inglês voltou-se para a pregação, panfletos e uma variedade de experimentos em expressão religiosa e em comportamento e organização social. Seu crescimento bem-sucedido também deveu muito aos patronos entre a nobreza e no Parlamento e seu controle de faculdades e cátedras em Oxford e Cambridge .

As esperanças puritanas foram novamente despertadas quando o calvinista Jaime VI da Escócia sucedeu a Elizabeth como James I da Inglaterra em 1603. Mas na Conferência de Hampton Court em 1604, ele rejeitou as queixas dos puritanos com a frase “sem bispo, sem rei”. Os puritanos continuaram sob pressão. Alguns foram privados de suas posições; outros sobreviveram com conformidade mínima; e outros ainda, que não conseguiam aceitar o compromisso, fugiram da Inglaterra. A pressão pela conformidade aumentou sob Carlos I (1625–49) e seu arcebispo, William Laud . No entanto, o espírito puritano continuou a se espalhar, e quando a guerra civil eclodiu entre o Parlamento e Carlos na década de 1640, os puritanos aproveitaram a oportunidade para instar o Parlamento e a nação a renovar sua aliança com Deus. O Parlamento convocou um corpo de clérigos para aconselhá-lo sobre o governo da igreja, mas esse corpo — A  Assembleia de Westminster — estava tão dividida que não conseguiu realizar a reforma do governo e da disciplina da igreja . Enquanto isso, O Novo Exército Modelo , que havia derrotado as forças monarquistas, temia que a Assembleia e o Parlamento chegassem a um acordo com o Rei Carlos que destruiria seus ganhos para o puritanismo, então tomou o poder e o entregou ao seu herói,Oliver Cromwell . O acordo religioso sob a Commonwealth de Cromwell permitiu um pluralismo limitado que favoreceu os puritanos. Vários grupos puritanos radicais apareceram, incluindo o Niveladores , os Escavadores , os Homens da Quinta Monarquia , e o Quakers (o único de importância duradoura).

Após a morte de Cromwell em 1658, os puritanos conservadores apoiaram a restauração do rei Carlos II e uma política episcopal modificada. No entanto, eles foram superados por aqueles que reinstituíram o padrão episcopal estrito de Laud. Assim, o puritanismo inglês entrou em um período conhecido como Grande Perseguição . Os puritanos ingleses fizeram uma última tentativa malsucedida de garantir seu ideal de uma igreja abrangente durante a Revolução Gloriosa , mas a solução religiosa da Inglaterra foi definida em 1689 pelaLei de Tolerância , que manteve a igreja estabelecida como episcopal, mas também tolerou grupos dissidentes.



Nas colônias americanas

O ideal puritano de concretizar a Comunidade Sagrada através do estabelecimento de uma comunidade pactuada foi levado à colônia americana de Virginia por Thomas Dale, mas a maior oportunidade surgiu em Nova Inglaterra . O padrão original de organização da igreja na colônia da Baía de Massachusetts era um “meio termo” entre o presbiterianismo e o separatismo, mas em 1648 quatro colônias puritanas da Nova Inglaterra adotaram conjuntamente a Plataforma de Cambridge , estabelecendo uma forma congregacional de governo da igreja.

Os puritanos da Nova Inglaterra moldaram a comunidade civil de acordo com a estrutura da igreja. Somente os eleitos podiam votar e governar. Quando isso levantou problemas para os moradores de segunda geração, eles adotaram o Pacto do Meio-Caminho , que permitia que pessoas batizadas , morais e ortodoxas compartilhassem os privilégios de membros da igreja. Outras variações do experimento puritano foram estabelecidas em Rhode Island por Roger Williams , que foi banido da colônia da Baía de Massachusetts , e na Pensilvânia pelo quaker William Penn .

Puritanismo , um movimento de reforma religiosa no final do século XVI e XVII que buscava "purificar" a Igreja da Inglaterra dos resquícios do "papado" católico romano que os puritanos alegavam ter sido mantidos após o acordo religioso alcançado no início do reinado da rainha Elizabeth I. Os puritanos se tornaram notáveis ​​no século XVII por um espírito de seriedade moral e religiosa que informava todo o seu modo de vida, e buscavam, por meio da reforma da igreja , fazer de seu estilo de vida o padrão para toda a nação. Seus esforços para transformar a nação contribuíram tanto para a guerra civil na Inglaterra quanto para a fundação de colônias na América como modelos de trabalho do modo de vida puritano.

Teologia
O puritanismo pode ser definido principalmente pela intensidade da experiência religiosa que ele fomentou. Os puritanos acreditavam que era necessário estar em um relacionamento de aliança com Deus para ser redimido da condição pecaminosa, que Deus havia escolhido revelar a salvação por meio da pregação e que o Espírito Santo era o instrumento energizante da salvação. A teologia e a política calvinistas provaram ser grandes influências na formação dos ensinamentos puritanos. Isso naturalmente levou à rejeição de muito do que era característico do ritual anglicano na época, sendo estes vistos como "idolatria papista". Em seu lugar, os puritanos enfatizaram a pregação que se baseava em imagens das escrituras e da experiência cotidiana. Ainda assim, por causa da importância da pregação, os puritanos deram um prêmio a um ministério erudito. A seriedade moral e religiosa que era característica dos puritanos foi combinada com a doutrina da predestinação herdada do calvinismo para produzir uma "teologia da aliança", um senso de si mesmos como os eleitos, escolhidos por Deus para viver vidas piedosas tanto como indivíduos quanto como comunidade . https://www.britannica.com/topic/Puritanism acesso em 07/07/2024


inquisição

O instituto da Inquisição foi abolido. Como tive a oportunidade de dizer aos participantes no Congresso, os filhos da Igreja não podem deixar de considerar com espírito de arrependimento a "aquiescência manifestada, de modo especial nalguns séculos, em relação aos métodos de intolerância e até mesmo de violência no serviço à verdade" (Insegnamenti XX/2 [1998/2], pág. 899; Carta Apostólica Tertio millennio adveniente, 35).


É óbvio que este espírito de arrependimento comporta o propósito firme de, no futuro, buscar caminhos do testemunho evangélico a prestar à verdade.

4. No dia 2 de Março de 2000, por ocasião da celebração litúrgica que caracterizou o Dia do Perdão, pediu-se perdão pelos erros cometidos no serviço à verdade, através do recurso a métodos não evangélicos. É na imitação do próprio Senhor, manso e humilde de coração, que a Igreja deve realizar este serviço. A oração que, nessa ocasião, dirigi a Deus contém os motivos de um pedido de perdão, que vale tanto para dramas ligados à Inquisição como para as feridas da memória, que são as suas consequências.

"Senhor, Deus de todos os homens, em determinadas épocas da história os cristãos foram por vezes condescendentes em relação a métodos de intolerância e não seguiram o grande mandamento do amor, deturpando assim o rosto da Igreja, tua Esposa. Tem misericórdia dos teus filhos pecadores e acolhe o nosso propósito de buscar e de promover a verdade na docilidade da caridade, conscientes de que a verdade não se impõe senão em virtude da própria verdade. Por Cristo, nosso Senhor".

O bonito volume das Actas do Congresso inscreve-se no espírito deste pedido de perdão. Enquanto agradeço a todos os participantes, invoco sobre eles a Bênção divina.

Vaticano, 15 de Junho de 2004.



PAPA JOÃO PAULO II



https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/letters/2004/documents/hf_jp-ii_let_20040615_simposio-inquisizione.html

 

Falando na conferência de imprensa, o Professor Borromeo disse: "O recurso à tortura e à pena de morte não eram tão frequentes como se acreditava há muito tempo.'' Ele disse que, embora houvesse cerca de 125.000 julgamentos de supostos hereges na Espanha, os pesquisadores descobriram que cerca de um por cento dos réus foram executados. Em Portugal, 5,7 por cento das mais de 13.000 pessoas julgadas perante tribunais da igreja no século XVI e início do século XVII foram condenadas à morte. https://www.indcatholicnews.com/news/8179 



É justo notar que a tortura era praticada de forma consistente nesta época nas jurisdições legais. Para a Inquisição,
seu uso foi legalizado por Inocêncio IV em uma bulle emitida em 15 de maio de 1252, «Ad« Ad extirpanda ».»•8686 CetteCette Constitution, P. 69


O acusado deve renovar a sua confissão longe dos instrumentos de tortura, em princípio três dias após ter sido interrogado. 90 Deve-se notar que o uso da tortura não é frequente, continuando a prisão a ser o principal meio de coerção dos suspeitos,91 mas que tende a desenvolver-se após 1280. P. 70e a Inquisição torna-se independente diretamente com os seus recursos); assim, a tortura
(legítima pela natureza do crime), que parece antecipada em Parma na inquisição do
podestà em 1233,12 torna-se agora uma instituição prevista e estável, mesmo que, talvez,
raramente utilizada porque raramente documentada,13 não discutida ou questionado pelos manuais,
mas bastante regulamentado e limitado a alguns casos, com a novidade em Zanchino Ugolini
(em comparação com o Ad extirpanda, em que está previsto como tarefa do podestà)
que o inquisidor e o bispo a impõem diretamente.101

O mesmo Inocêncio IV, sempre na linha direita da redescoberta de Roma,
autoriza a tortura explícita nos procedimentos da inquisição
pela bula Extirpanda de 1252 e, pela bula Cordas perturbadas, acusada em 1267 ao tribunal
eclesiástico para derramar os julgamentos convertis retorno às práticas raëlites 767 L'Inquisizione. Atti del Simposio internazionale (Città del Vaticano, 29-31 ottobre 1998)





Lutero era conivente com o pecado - desprezava as obras

 Resposta:






Martinho Lutero - Obras Selecionadas vol 3 São Leopoldo: sinodal, Porto Alegre:Concórdia, 1992, p. 214