Pesquisar e

Mostrando postagens com marcador religião origem do termo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador religião origem do termo. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Elementos constituintes das religiões - definição e origem do termo

 


SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

INTRODUÇÃO



"Seita:
substantivo feminino
1 na antiga literatura romana e pré-cristã, partido ou escola filosófica
2 na Vulgata, variedade de tendências religiosas dentro do judaísmo
Ex.: s. dos fariseus *
3 doutrina ou sistema que se afasta da crença ou opinião geral
4 Derivação: por metonímia.
o conjunto das pessoas que seguem essa doutrina ou sistema
5 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: religião.
grupo de dissidentes de uma religião ou de uma comunhão principal
Ex.: <a s. dos fundamentalistas> <a s. dos quacres>
6 Derivação: por analogia. Uso: informal.
grupo de indivíduos partidários de uma mesma causa; partido, bando, facção
7 teoria de um mestre com inúmeros seguidores
8 Rubrica: sociologia.
sociedade cujos membros se agregam voluntariamente e que se mantém à parte do mundo"

 Religião

1 crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência
2 postura intelectual e moral que resulta dessa crença
Ex.: homens ímprobos, que vivem longe da r.
3 sistema de doutrinas, crenças e práticas rituais próprias de um grupo social, estabelecido segundo uma determinada concepção de divindade e da sua relação com o homem; fé, culto
Exs.: r. cristã
r. islâmica
4 culto que se presta à divindade, consolidado nesse sistema
5 observância cuidadosa e contrita dos preceitos religiosos; devoção, piedade, fervor
Ex.: viver frugalmente, dia a dia, na r.
6 Derivação: sentido figurado.
prática, doutrina ou organização que se assemelha a uma religião
Ex.: o positivismo era a r. dos primeiros republicanos
7 Derivação: sentido figurado.
aquilo que se considera uma obrigação moral, um dever inelutável
Ex.: o trabalho é a sua r.
8 Derivação: sentido figurado.
conjunto de princípios morais e éticos
Ex.: não é da minha r. trair um compromisso



Relig-
elemento de composição
antepositivo, do lat. religìo,ónis (relligìo nos poetas datílicos) 'religião, culto prestado aos deuses, prática religiosa; escrúpulo religioso, receio religioso, sentimento religioso, superstição; santidade, caráter sagrado; objeto de um culto, objeto sagrado; uma divindade, um oráculo; profanação, sacrilégio, impiedade; lealdade, consciência, exato cumprimento do dever, pontualidade; cuidado minucioso, escrúpulo excessivo'; us. em todas as épocas; "o prefixo é re-, red- (cf. relliquiae, reliquiae)", dizem Ernout e Meillet, "mas o segundo elemento é obscuro. Os latinos ligam-no a relegere (...), etimologia defendida por Cícero (...). Outros autores [Lactâncio e Sérvio] associam religìo a religáre: seria propriamente 'o fato de se ligar com relação aos deuses', simbolizado pela utilização das uittae ['fitas para enfeitar as vítimas ou ornar os altares'] e dos stémmata no culto. Alega-se em favor desse sentido a imagem de Lucrécio, 1, 931: religionum nodis animum exsoluere; (...). O sentido seria portanto: 'obrigação assumida para com a divindade; vínculo ou escrúpulo religioso' (cf. mihi religio est 'tenho o escrúpulo de'); depois 'culto prestado aos deuses, religião'."; der. latinos: religiósus,a,um 'religioso, piedoso; consagrado pela religião, santo, sagrado; supersticioso; escrupuloso, consciencioso; proibido pela religião, ímpio, sacrílego', lat.imp. religiosìtas,átis 'religiosidade, piedade', lat.imp. irreligiósus,a,um 'ímpio, irreligioso', irreligiosìtas,átis 'impiedade' (linguagem da Igreja), lat.imp. irreligìo,ónis; a cognação port. desenvolve-se desde as orig. do idioma: correligionário, correligionarismo, correligionarista, correligionarístico, correligiosismo, correligiosista, correligiosístico; irreligião, irreligiosidade, irreligiosismo, irreligioso; religião, religiomania, religiomaníaco, religiômano, religionário, religiosa, religiosidade, religioso, religiúncula; ver lig-

 

Heresia
n substantivo feminino
1 interpretação, doutrina ou sistema teológico rejeitado como falso pela Igreja
2 teoria, idéia, prática etc. que nega ou contraria a doutrina estabelecida (por um grupo)
3 ação, dito ou atitude que desrespeita a religião
4 Derivação: por extensão de sentido, sentido figurado.
contra-senso, opinião absurda; disparate, despautério, tolice" Dicionário Eletrônico Houaiss 3.0

 



  1. CONCEITO- SOCIOLOGIA

 

É a disciplina que estuda “o comportamento social do homem religioso, a importância da religião na estrutura da sociedade e as inter-relações entre ambas. A sociologia  da religião aborda os fatos e os fenômenos religiosos de um ponto de vista estritamente social, é claro, científico.” (Sociologia, Introdução ao estudo dos seus princípios. Rio de Janeiro, 1973, p.719) .

 

  1. ELEMENTOS CONSTITUINTES DAS RELIGIÔES (Sociologia da Religião- François Houtart, São Paulo, Ática, 1994)

 

2.1.  Significações religiosas (Crenças)

 

a-      Da relação da natureza

 

As representações religiosas coincidem com situações de grande vulnerabilidade do homem diante da natureza tais como: doenças. Exemplos:

 Na sociedade Inca e Maia a representação do milho era central. Existiam as divindades do milho e a representação da criação do homem a partir do milho e do sangue. Pois interpretavam que como o milho era o centro da vida material, deveria ser também a origem da espécie.A produção do milho também estava vinculada com a chuva, e esta com a lua (divindade feminina vinculada a fertilidade. Assim constrói um mundo de explicações. Todas as festas eram  centradas em torno do milho. Essas explicações se desenvolveram não apenas em função de encontrar uma explicação intelectual, mas também de estimular meios para proteger-se, para controlar a natureza (magia), pelo menos de Maira simbólica.

Muitos povos antigos divinizavam o sol, a lua, Terra, água, etc, pois viam uma inter-relação entre eles no que diz respeito principalmente à agricultura. Assim os egípcios divinizaram a lua o sol e o rio Nilo, bem como criaram deuses para a proteção das enfermidades e outras coisas. 

Para justificar o aparecimento de doenças os povos criavam explicações como: carma, destino, provação e outras.

 

b-     Das relações sociais de produção

As relações sociais de produção exigem explicação religiosa quando:

·  Quando não há reciprocidade entre os grupos e necessita-se do consenso de todos os grupos sociais.

·  Quando a apropriação dos meios de produção não aparece na consciência como resultado da atividade humana.(Exemplo:As sociedades pré-capitalistas; pois na sociedade capitalista o capital é apresentado como fruto do trabalho humano. Na verdade a sociedade capitalista lança mão da Ideologia)

As sociedades criaram explicações para justificar e legitimar as relações sociais, econômicas e políticas discrepantes,

Nas sociedades de linhagem o culto aos antepassados significa o respeito pelos pais, o que garante a reprodução da ordem social, como é o caso do Japão. Também a doutrina da reencarnação na Índia serve para manter o sistema de castas rígido. No Egito antigo a divinização do Faraó servia para tornar seu poder inquestionável, pois era deus encarnado.

 

c-      Do sentido global do homem e do universo

Como o sentido da vida, a origem e a finalidade do homem não era evidente, os antigos criaram explicações religiosas.

Ao contrário das significações religiosas da natureza e dois meios de produção, que estão desaparecendo com o tempo, esta significação do sentido global do homem permanece mesmo agora, no pós-modernismo, pois a da teoria da evolução pura e simples não leva em conta a ação sobrenatural (Deus).

 É claro que cada religião apresenta um conteúdo explicativo para esta questão, daí uma ampla variedade de religiões.

 

2.2.  Expressões religiosas- liturgia- ritual

 

As práticas religiosas trazem a força de seu sentido, já que este ajuda os atores sociais a se redefinirem, a se reafirmarem como comunidades ou grupos sociais, ou a se referirem a um projeto comum ou a uma visão de futuro que motiva um compromisso total (salvação, paraíso, união com o cosmos, libertação das reencarnações, etc.)

A história mostra que toda institucionalização da prática religiosa simbólica (pelas organizações religiosas) pode cair no formalismo (ritos, cultos, sacramentos, devoções, sacrifícios, etc.). Isto ocorre porque uma vez institucionalizadas, essas práticas se tornam resistentes à mudanças, e toda sociedade muda com o tempo. Além disso, muitas vezes, com a institucionalização das expressões religiosas se perde o sentido original (como por exemplo, o batismo regenerador praticado por algumas igrejas- capaz de lavar o homem de seus pecados) ou às vezes confunde-se essência com aparência, exemplo: As testemunhas de YERROSHUA usam roupas parecidas com a da época de Cristo, criando um obstáculo  conversão de novos adeptos, pois pensam que para ser um fiel discípulo deve-se vestir como Cristo. Ora sabemos que Jesus vestia-se de acordo com a sociedade da época dele, assim não era um anômalo como são tais adeptos desta religião. Tais coisas acontecem também na área da música como: ritmos, expressões corporais, etc; tanto quanto em outras expressões religiosas.

 

 

2.3.  Ética com referência religiosa

 

A ética com referência religiosa pode se manifestar como produto da vontade de Deus (Bíblia) ou dos deuses (Código de Hamurabi), este código serviu para legitimar o poder de Hamurabi sobre seus súditos. È claro que tanto a religião pode influenciar a sociedade como esta pode influenciar a religião,  como é o caso da Teologia da Libertação, que recebeu influência direta da ética Marxista.

A maior parte das religiões dispões de uma ética no plano interpessoal, como se a realidade social fosse o resultado da soma dos indivíduos e não da soma completa das relações sociais, pois a maior parte deles se institucionalizou em sociedades pré-capitalistas e antes do desenvolvimento da análise social.

 

 

2.4.  Organização religiosa e suas funções

 

A organização religiosa varia conforme a religião, podendo estar menos desenvolvida como no Hinduísmo, ou mais desenvolvida como no Islamismo e no Catolicismo.

A organização católica se modelou com base na organização política do império romano (dioceses e paróquias eram divisões territoriais políticas; o título de Sumo Pontífice e o direito eclesiástico possuem sua origem formal na sociedade romana).

 

            A organização religiosa pode preencher funções como:

  • Codificação dos escritos (bíblia, alcorão, etc.)
  • Definição de normas éticas: Elaboração de novas doutrinas ou abolição de outras para se adaptar à realidade, ou mesmo mudança na interpretação dos textos sagrados (muitas religiões modificam suas crenças e normas de conduta) Ex: Catolicismo, Igrejas pentecostais clássicas, Igrejas protestantes históricas, etc.
  • Formalização das formas de expressões religiosas: cultos, devoções, liturgias, etc. Assim se estabelece o acesso às funções rituais a pessoas restritas (clero), bem como se oficializam cerimônias sagradas e a forma de se realizar essas expressões religiosas.
  • Reprodução institucional religiosa: para a instituição se manter ela se utiliza da formação de novos agentes religiosos pro meio de seminários, monastérios, cursos, etc. Muitas vezes a instituição passa a ter como alvo a sua própria reprodução e não o fim último pela qual foi formada.
  • Vinculação com os outros elementos da sociedade cível e política: O Islamismo, por exemplo, apresenta diretamente relacionado à política em alguns países muçulmanos, enquanto que as Testemunhas de Jeová são avessos à política. O maior ou menor envolvimento da religião na sociedade depende de suas crenças.