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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Por que o Brasil é pobre? Por que os países ricos intervém na economia? Por que existem países pobres?


Chutando a escada
Após subir ao topo usando a escada da intervenção os paises ricos chutam a escada da intervenção estatal para que os paises pobres não alcancem seu patamar


Por que para um país crescer ele precisa da intervenção estatal?
 Pelo mesmo motivo que enviamos os nossos filhos para a escola em vez de obrigá-los a competir com os adultos no mercado de trabalho, os países em desenvolvimento precisam proteger e cultivar os seus produtores antes que eles adquiram a capacidade de competir sem ajuda no mercado mundial. Segundo, nos primeiros estágios de desenvolvimento, os mercados não funcionam muito bem por várias razões — transporte ineficiente, fluxo de informações insatisfatório, o pequeno tamanho do mercado que faz com que os grandes participantes tenham mais facilidade em manipular as coisas e assim por diante. Isso significa que o governo precisa regulamentar mais ativamente o mercado e, às vezes, deliberadamente criar alguns mercados. Terceiro, nesses estágios, o governo precisa fazer ele mesmo muitas coisas por intermédio de empresas estatais, porque simplesmente não há um número suficiente de empresas no setor privado capazes de assumir projetos de alto risco em grande escala. 23 coisas que não te contaram sobre o capitalismo, Ha Joon Chang.São Paulo: Cultrix, 2017p. 111
Hoje, quando olhamos para os países ricos, em sua maioria, eles praticam o livre comércio. Por isso, é comum pensarmos que foi com esta receita que eles se desenvolveram. Mas, na realidade, eles se tornaram ricos usando o protecionismo e as empresas estatais. Foi só quando eles enriqueceram é que adotaram o livre comércio para si e também como uma imposição a outros Estados. O nome do meu livro, Chutando a escada, faz referência a um livro de um economista alemão do século XIX, Friedrich List, que foi exilado político nos Estados Unidos em 1820. Ele critica a Inglaterra por querer impor aos EUA e à Alemanha o livre comércio. Afinal, quando você olha para a história inglesa, eles usaram todo o tipo de protecionismo para se tornar uma nação rica. A Inglaterra dizendo que
Chutando a escada
Do mesmo jeito que mandamos nossas crianças para a escola ao invés do trabalho quando são pequenas, e as protegemos elas crescerem, os Governos de economias emergentes têm que proteger suas indústrias até que elas cresçam e possam competir com as indústrias de países ricos. Praticamente todos os países ricos, começando pela Inglaterra no século XVIII, Estados Unidos e Alemanha, no século XIX, Suécia no começo do século XX, além de Japão, Coreia do Sul e Taiwan...todos estes países se desenvolveram usando protecionismo, subsídios estatais, controle do investimento direto estrangeiro, e em alguns casos, até mesmo empresas estatais.
Coreia do Sul depois da crise asiática de 1997 abraçou o neoliberalismo, não tanto como os países da América Latina, mas desregulamentou o mercado financeiro e alavancou políticas industriais. O resultado é que uma economia que costumava crescer 6%, 7%, 8% até 1990, agora está sofrendo para crescer 3%. Isso porque as mudanças que criaram líderes globais na área industrial, automotiva e eletrônica, também produziram baixo crescimento, falta de trabalho e não impediram que estas indústrias migrassem para outros países. E mesmo assim, não tivemos o colapso industrial que se vê no Brasil. 

HA-JOON CHANG | ECONOMISTA DA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE   https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/05/economia/1515177346_780498.html


Os países que se tornaram ricos usaram de intervenção estatal
Com apenas algumas exceçõestodos os países ricos de hoje, entre eles a Grã-Bretanha e os Estados Unidos — os supostos lares do livre comércio e do livre mercado — ficaram ricos por meio da combinação do protecionismo, subsídioe outras políticas que hoje eles aconselham os países em desenvolvimento a não adotar p. 100

Os Estados Unidos podem ter sido favorecidos por um grande mercado interno, mas o que dizer da minúscula Finlândia ou da Dinamarca? Se você acha que os Estados Unidos foram beneficiados com a abundância de recursos naturais, como você explica o sucesso de países como a Coreia e a Suíça que praticamente não tinham recursos naturais? Se a imigração foi um fator positivo para os Estados Unidos, o que dizer de todos esses outros países — entre eles a Alemanha e Taiwan — que perderam alguns dos seus melhores cidadãos para os Estados Unidos e outros países do Novo Mundo? O argumento das “condições especiais” simplesmente não funciona
 p. 108

Em meados do século XVIII, a Grã-Bretanha entrou na indústria manufatureira da lã, a indústria de tecnologia avançada da época e que fora dominada pelos Países Baixos (que são hoje a Bélgica e a Holanda), com a ajuda da proteção tarifária, de subsídios e outros respaldos que Walpole e os seus sucessores proporcionaram aos fabricantes de lã do país. A indústria logo passou a fornecer a principal fonte de receita de exportação da Grã-Bretanha, o que permitiu que o país importasse os alimentos e a matéria-prima de que necessitava para iniciar a Revolução Industrial no final do século XVIII e no início do século XIX. A Grã-Bretanha só veio a adotar o livre comércio na década de 1860, quando a sua dominância industrial era absoluta. Da mesma maneira pela qual os Estados Unidos eram o país mais protecionista do mundo durante a maior parte da sua fase de ascendência (da década de 1830 até a década de 1940), a Grã-Bretanha foi um dos países mais protecionistas do mundo durante grande parte da sua ascensão econômica (da década de 1720 à década de 1850).
Praticamente todos os países ricos da atualidade usaram o protecionismo e subsídios para promover as suas indústrias na infância. Muitos deles (especialmente o Japão, a Finlândia e a Coreia) também restringiram fortemente o investimento estrangeiro. Entre as décadas de 1930 e 1980, a Finlândia costumava classificar todas as empresas com mais de 20% de propriedade estrangeira como “empreendimentos perigosos”. Vários deles (especialmente a França, a Áustria, a Finlândia, Cingapura e Taiwan) usavam empresas estatais para promover indústrias essenciais. Cingapura, que é famosa pelas suas políticas de livre comércio e atitudes receptivas para com os investidores estrangeiros, gera mais de 20% da sua produção por meio de empresas estatais quando a média internacional está situada em torno de 10%. Tampouco os países ricos de hoje protegeram muito bem os direitos de propriedade intelectual dos estrangeiros, às vezes até deixando de fazê-lo completamente; em muitos deles, era legal patentear a invenção de outra pessoa, desde que essa pessoa fosse um estrangeiro 1
09-110


a Coreia não é o único país no qual o governo fez escolhas acertadas.[42] Outras economias milagrosas do Leste Asiático fizeram o mesmo. A estratégia coreana de escolher vencedores, embora envolvendo métodos mais agressivos, foi copiada daquela praticada pelo governo japonês. E os governos de Taiwan e de Cingapura não tiveram um desempenho pior do que o seu correspondente coreano, embora as ferramentas políticas utilizadas tenham sido um tanto diferentes. O mais importante é que não foram apenas os governos do Leste Asiático que fizeram boas escolhas. Na segunda metade do século XX, o governo de países como a França, a Finlândia, a Noruega e a Áustria moldaram e conduziram o desenvolvimento industrial com grande sucesso por meio da proteção, de subsídios e de investimentos de empresas estatais. Embora o governo americano finja que não é verdade, ele escolheu quase todos os vencedores industriais do país a partir da Segunda Guerra Mundial por meio de um enorme apoio à pesquisa e desenvolvimento (P&D). As indústrias de computador, de semicondutores, de aeronaves, da internet e de biotecnologia foram desenvolvidas graças à P&D subsidiada pelo governo americano.186-187


Uma maneira óbvia para um governo garantir o acesso a informações vantajosas é criar uma empresa estatal e administrá-la ele mesmo. Países como Cingapura, França, Áustria, Noruega e Finlândia recorreram intensamente a essa solução. Em segundo lugar, o governo pode exigir legalmente que empresas e indústrias que recebem apoio governamental informem regularmente alguns aspectos essenciais dos seus negócios. O governo coreano fez isso meticulosamente nos anos 1970, quando estava fornecendo um forte apoio financeiro para várias novas indústrias, como as de construção naval, de eletrônica e as siderúrgicas188
 É claro que houve exceções. A Holanda, a Suíça (até a Primeira Guerra Mundial) e Hong Kong usaram pouco protecionismo, mas nem mesmo esses países seguiam as doutrinas ortodoxas atuais. Argumentando que as patentes são monopólios artificiais que contrariam o princípio do livre comércio (um ponto que estranhamente perdeu terreno com a maioria dos economistas que hoje defendem o livro comércio), a Holanda e a Suíça se recusaram a proteger patentes até o início do século XX. Embora não fizesse o mesmo baseado nesses mesmos princípios, Hong Kong era até recentemente ainda mais notório pela violação de direitos de propriedade intelectual do que os países que acabo de citar. Aposto como você conhece alguém — ou pelo menos tem um amigo que conhece alguém — que comprou software pirata, a imitação de um Rolex ou uma camiseta “não oficial” de Calvin & Hobbes de Hong Kong. A maioria dos leitores poderá considerar o meu relato histórico ilógico. Depois de ter ouvido repetidamente que as políticas de livre mercado são as melhores para o desenvolvimento econômico, eles talvez achem misterioso o fato de quase todos os países de hoje poderem ter usado todas essas políticas supostamente nocivas — como o protecionismo, os subsídios, a regulamentação e a propriedade estatal da indústria — e mesmo assim terem ficado ricos p. 110-111

POR QUE O BRASIL É POBRE?

Não pratica o protecionismo
"Bem, teorias econômicas e evidencias históricas estão fortes do lado do protecionismo, então assim como eu tento mostrar nos meus livros quase todos os países desenvolvidos de hoje, talvez com exceção dos Países Baixos nos séculos 17 e 18, Suíça no século 18, há algumas exceções, mas a maioria deles basicamente usaram politicas de protecionismo para desenvolver suas economias contra concorrentes de poder superior....
Então a ideia do protecionismo nesse panorama moderno foi criada por Alexander Hamilton que era secretario do tesouro ou ministro das finanças como chamamos em outros países, nos EUA é o homem na nota de 10 dólares. Ele inventa uma teoria dizendo que o governo ou nações com apoio econômico precisam fornecer proteção, subsídios, investimento de infraestrutura e assim por diante, para poder promover a indústria da terra mãe contra a concorrência superior. No caso dele, produtores da Inglaterra e outros países europeus.Então essa ideia têm sido aplicada repetidamente para produzir esse sucesso econômico; Claro que como toda “formula” para o sucesso não são todos os países que usam a ideia que o obtém. Mas, isso não tira o credito da ideia em si porque sem primeiro criar e crescer; você tem produtores... mercado aberto, competição e comercio internacional apenas iriam destruir seus produtores.Claro que alguns países têm usado o protecionismo com muito mais eficácia como a Coreia do Sul, Japão e Taiwan do que outros.
Tem uma alta taxa de juros
Então você tinha uma situação que o Brasil junto com a África do Sul tinha uma das maiores taxas de juros do mundo. Absolutamente. Então como, quando você tem uma alta taxa de juros... ... Porque eles tem um grande retorno e começam a comprar títulos públicos e coisas do tipo, mas para os produtores isso é um fardo muito grande. Então, em contraste outros países como o Japão e a Coreia asseguraram-se que as taxas de juros ficassem em um nível relativamente baixo para o investimento local ser possível. Então essa foi uma grande diferença; Outra diferença foi: para terem a certeza que as companhias protegidas aumentassem a produtividade e se tornassem competidoras internacionais você precisa fornecer outras contribuições.
Não tomas as medidas básicas que geram crescimento econômico
Então você tem que fornecer infraestrutura, pesquisa de desenvolvimento, educação e o mais importante – treinamento de trabalhadores. E os países do leste asiático são muito bons em fornecer essas coisas enquanto que no Brasil onde tem não diria uma ausência completa mas sim muitas eficiências em fornecer essas coisas. Claro que vocês tiveram uma situação muito difícil nas décadas de 80 e 90, com a crise da divida e o setor de investimento publico basicamente ruindo, então a infraestrutura ficou deteriorada. vocês poderiam ter feito mais, existiam outras áreas como o treinamento de trabalhadores, mas vocês não o fizeram e isso é uma outra questão também.

E em terceiro lugar, vocês precisam aceitar que algumas dessas politicas tem melhor concepção e implementação em alguns países do que outros. 
Então, eu não sei detalhes suficientes sobre a situação do Brasil, mas quando você fornece proteção e subsídios você tem que assegurar-se que os beneficiários entreguem um resultado em termos de investimento, produtividade, treinamento de trabalhadores. Você tem que assegurar-se que os ganhos sejam ativamente divididos. Não igualmente claro, mas ativamente divididos... Infelizmente alguns países não são tão bons como outros em tirar proveito dessas coisas então os resultados têm sido diferentes, mas mesmo aceitando que... a politica de seleção industrial no Brasil não teve tanto sucesso quanto na Coreia do Sul ou Japão;

uma coisa que eu não consigo entender é: como os brasileiros e outros povos latino-americanos aceitam esse argumento liberal que todas aquelas politicas de infraestrutura nos anos 50, 60 e 70 são um fracasso, e que o único jeito é o liberalismo. 
Não, evidencias mostram... eu não tenho dados sobre o Brasil singularmente, mas... A renda per capita na América Latina cresceu 3,1% nos anos 60 e 70 e, nos 35 anos seguintes do liberalismo o crescimento foi de 0,8% então, o que é que eles estão falando? Claro, esses são os dados que importam se você quiser fazer uma comparação E você mencionou um ponto importante, que um dos elementos que deveriam ser adicionados à estratégia de desenvolvimento nacional é a transferência de tecnologia, conhecimento, desenvolvimento de pesquisa e ciência, que obviamente é um ponto fraco da nossa região; ...


Não investe mais no setor industrial
Na verdade...eu fico bravo sabe, porque essa era a indústria potencia do hemisfério sul.Até 1970 acho que o Brasil produziu mais produtos manufaturados do que a Coreia, China, Taiwan, Singapura e Hong Kong todas juntas. ... E até a década de 80 apesar de muitas dificuldades setores de manufatura estavam contando como 35% do PIB, agora são apenas 11%, 10% então o que tem acontecido é a regressão da estrutura econômica, porque quando pessoas como Furtado e assim por diante argumentam a favor da industrialização, a justificativa é que o setor de commodities primarias não é dinâmico, então o setor de manufatura é onde está a inovação, é onde a produtividade cresce, é onde a tecnologia de ponta se desenvolve e a não ser que você ganhe o controle dessa tecnologia de ponta você sempre estará mais abaixo na divisão internacional de trabalho, e se tornará basicamente fornecedor de matéria-prima. Agora, vendo as coisas a partir dessa perspectiva, o que tem acontecido no Brasil nos últimos 30 anos, é um desastre completo porque a economia andou pra trás.

A exportações de commodities não gera crescimento economico signficativo
No sentido que agora vocês estão propondo termos que são ainda mais dependentes decommodities primarias do que, digamos, há 25 anos atrás. Com certeza. Então eu acho que isso é um problema sério e eu gostaria muito que alguma coisa fosse feita antes que essa regressão se torne irreversível, o que talvez aconteça logo. Infelizmente vocês estão exatamente com o governo errado, empurrando as coisas na direção oposta. Porque a partir do momento que você começa a perder a base manufatureira tudo começa a se desintegrar. Foi isso que aconteceu no Reino Unido, esse pais que costumava produzir ao redor de 50% do total dos produtos manufaturados no mundo. Agora é insignificante, em termos per capita estão em vigésimo terceiro no ranking mundial,com uma base manufatureira que está desaparecendo e o Brasil talvez alcance esse estagio em breve, apesar de ainda nunca ter atingido esse pico como fez o Reino Unido.E não como muitos outros países em desenvolvimento, o Brasil tem a capacidade de reverter isso através de inovação acelerada e crescimento da produtividade.
 Em alguns países em desenvolvimento eles não tem a habilidade de gerar suas próprias tecnologias. O Brasil tem isso, então ainda existe alguma esperança, mas, se essas politicas liberais persistirem por mais 5, 10 anos, até essa possibilidade pode desaparecer. Quero dizer, como vocês vão reconstruir a economia? Vocês vão manter o mesmo padrão alto de vida, num pais do tamanho de um continente, baseado em feijão de soja e carne? Sei lá, e coisas do tipo sabe. Sim, até petróleo. .... 
Mercado de capital aberto prejudica o Brasil
Mas...qual você acha que é o atual capital financeiro que contribui para essas dificuldades que estamos enfrentando no setor manufatureiro?Sim, isso é crucial porque muito do que as corporações fazem hoje é basicamente  agradar o capital financeiro orientado por curto prazo, porque essas são pessoas que não tem nenhum compromisso em particular com nenhuma empresa, indústria ou pais. Sabe, pra eles, investir na Embraer é a mesma coisa que comprar títulos públicos na Burkina Fasso ou investir em algum produto dubio nos EUA.Então pra eles a coisa mais importante é o maior retorno em menos tempo possível.Então muitas das coisas que essas previsões logicas fazem, nos EUA e no Reino Unido, porque em países como Japão ou Alemanha, a influencia deles é bem mais baixa porque existe uma estrutura ortodoxa e representação dos trabalhadores, que fazem dessas politicas orientadas por curto prazo difíceis de implementar. Mas em países como os EUA e Reino Unido, isso é basicamente no que as empresas estão totalmente focadas. Então nesse esquema, se você é uma companhia em um pais de desenvolvimento, você está totalmente à mercê dessas pessoas no caso de você ter mercado de capital aberto, o que o Brasil tem. A China não tem.A Índia é mais aberta que a China mas ainda tem varias restrições. Mas o Brasil está totalmente aberto, então o que acontece no Brasil está basicamente determinado por Wall Street, eventualmente. Sim, é verdade e a maior dificuldade dos negócios no Brasil e dos industrialistas hoje é: como nós podemos nos unir com uma cadeia mundial de produção reunindo talvez coisas simples aqui, com o lucro obviamente sendo investido no mercado financeiro. Não sei, quero dizer, por que os capitalistas brasileiros tem uma ambição tão baixa? Sim, é impressionante. Pense no caso da Coreia do Sul. Claro que eu não estou dizendo que os nossos capitalistas são algum tipo de anjo, mas sabe... companhias como Samsung ou LG, essas lideres em produção de eletrônicos, eles começaram reunindo os produtos eletrônicos mais baratos que existiam na década de 60 para companhias americanas e japonesas. Os rádios transmissores baratos, a TV básica em preto em branco; mas esses caras queriam estar na Liga Principal, por assim dizer. Então eles continuaram investindo, melhorando a produtividade, treinando trabalhadores, continuaram investindo em pesquisa e desenvolvimento. E agora eles estão na Liga Principal.
Mas por que os capitalistas brasileiros são tão pouco ambiciosos? Essa é uma boa pergunta, um de seus colegas da Universidade de Campinas dizia que capitalistas brasileiros não existem mais. Provavelmente essa é a definição certa. Então, finalmente... você acha que existe alguma perspectiva, pelo menos a médio prazo, de mais regulamentação e controle de fluxo de capital?Muita gente concorda que isso é necessário mas os setores financeiros tornaram-se tão extensos e tão poderosos que logo começam a jogar dinheiro em lobismo... Até os reguladores financeiros quando estão implementando regulamentações, eles basicamente estão criando regulamentações que afetam seus futuros empregadores, então eles pensam duas vezes. Hoje talvez você tenha um regulador de autoridade que amanhã estará trabalhando no setor financeiro. Você tem que criar uma reputação que disfarce finanças vazias sabe? Então essas pessoas tem uma influencia enorme, mas no fim é exatamente por isso que nos precisamos de uma democracia. Porque só quando os cidadãos quiserem que isso seja controlado que os políticos vão o fazer, e mesmo assim o setor financeiro tentará ter a certeza que existam o mínimo de regulamentações possíveis. A não ser que os cidadãos se manifestem, a não ser que eles demandem, não irá acontecer. Porque o setor financeiro não irá fazê-lo voluntariamente, os oficiais do governo não o farão sem pressão politica, só as pressões democráticas podem fazer isso.  https://www.youtube.com/watch?v=sI9F5nYYX_E  Ha Jonn Chang (entrevista)









 Planejamento indicativo
As economias capitalistas são em grande parte planejadas. Os governos nas economias capitalistas também praticam o planejamento, embora de uma maneira mais limitada do que no planejamento central comunista. Todos financiam uma parcela significativa do investimento em P&D e infraestrutura. A maioria deles planeja uma parte significativa da economia por meio do planejamento das atividades das empresas estatais. Muitos governos capitalistas planejam a configuração futura dos setores industriais por intermédio da política industrial setorial ou até mesmo a da economia nacional por intermédio do planejamento indicativo. O mais importante é que as modernas economias capitalistas são formadas por grandes corporações hierárquicas que planejam detalhadamente as suas atividades, até mesmo além das fronteiras nacionais. Por conseguinte, a questão não é planejar ou deixar de planejar, e sim planejar as coisas certas nos níveis adequados.273-274

No entanto, o que é mais importante, muitos países capitalistas usaram com êxito o que é conhecido como “planejamento indicativo”. Trata-se de um tipo de planejamento no qual o governo de um país capitalista define alguns objetivos amplos relacionados com importantes variáveis econômicas (p. ex., investimentos nas indústrias estratégicas, desenvolvimento da infraestrutura, exportações) e trabalha junto com o setor privado, e não contra ele, para alcançá-los. Ao contrário do que ocorre no planejamento central, esses objetivos não são obrigatórios do ponto de vista jurídico, daí o adjetivo “indicativo”. Entretanto, o governo se esforçará ao máximo para atingi-los mobilizando vários incentivos (p. ex., subsídios, a concessão de direitos de monopólio) e punições (p279)

Politica industrial setorial
 Na maioria dos países capitalistas, o governo é dono, e com frequência também opera, uma parcela considerável da economia nacional por intermédio das empresas estatais (SOEs). Estas últimas são frequentemente encontradas nos setores de infraestrutura fundamentais (p. ex., estradas de ferro, rodovias, portos, aeroportos) ou nos serviços essenciais (p. ex., água, eletricidade, correios), mas também existem nos setores industrial e financeiro (mais histórias sobre as empresas estatais podem ser encontradas no capítulo “Man Exploits Man” do meu livro Bad Samaritans). A parcela de empresas estatais na produção nacional pode chegar a mais de 20%, como no caso de Cingapura, ou ser apenas de 1%, como no caso dos Estados Unidos, mas a média internacional gira em torno de 10%. Como o governo planeja as atividades das empresas estatais, isso significa que uma parte significativa da economia capitalista típica é diretamente planejada. Quando consideramos o fato que as empresas estatais geralmente atuam em setores que exercem um impacto desproporcional no restante da economia, o efeito indireto do planejamento por intermédio das empresas estatais é ainda maior do que é indicado pelo percentual de participação das empresas estatais na produção nacional. p. 281
Neo liberalismo e  a desaceleração do crescimento economico
A verdade é que os países em desenvolvimento não tiveram um mau desempenho nos “velhos dias perniciosos” do protecionismo e da intervenção estatal dos anos 1960 e 1970. Na realidade, o seu crescimento econômico nesse período foi bem superior ao que eles alcançaram a partir de 1980 na presença de uma maior abertura e desregulamentação.
Desde os anos 1980, além da crescente desigualdade (o que era de se esperar devido à natureza das reformas, que favorece os ricos —, a maioria dos países em desenvolvimento experimentou uma significativa desaceleração do crescimento econômico. O crescimento da renda per capita no mundo em desenvolvimento caiu de 3% ao ano nas décadas de 1960 e 1970 para 1,7% no período de 1980 a 2000, quando teve lugar o maior número de reformas de livre mercado. Durante a década de 2000, houve uma recuperação no crescimento do mundo em desenvolvimento, o que elevou a taxa de crescimento para 2,6% no período de 1980 a 2009, mas esse aumento foi causado em grande medida pelo rápido crescimento da China e da Índia — dois gigantes que, embora tenham tomado medidas liberalizantes, não adotaram políticas neoliberais.
O desempenho do crescimento em regiões que seguiram religiosamente a receita neoliberal, ou seja, a América Latina e a África subsaariana, foi muito inferior ao que fora nos “velhos dias perniciosos”. Nos anos de 1960 e 1970, o crescimento per capita da América Latina foi de 3,1%. Entre 1980 e 2009, esse crescimento foi apenas levemente superior a um terço desse percentual: 1,1%. E mesmo assim, essa taxa deveuse, em parte, ao rápido crescimento de países da região que haviam explicitamente rejeitado as políticas neoliberais em algum momento da década de 2000, a saber, a Argentina, o Equador, o Uruguai e a Venezuela. O crescimento per capita da África subsaariana foi de 1,6% durante os “velhos dias perniciosos”, mas a sua taxa de crescimento entre 1980 e 2009 foi de apenas 0,2%. Resumindo, o livre comércio, as políticas de livre mercado são políticas que raramente funcionaram, se é que um dia deram certo. A maioria dos países ricos não utilizou essas políticas quando eram países em desenvolvimento, enquanto essas políticas desaceleraram o crescimento e aumentaram a desigualdade da renda nos países em desenvolvimento nas últimas três décadas p. 111-113

No entanto, a pole position da Grã-Bretanha durou pouco. Depois de liberalizar completamente o seu comércio por volta de 1860, a sua posição relativa começou a declinar a partir da década de 1880, quando países como os Estados Unidos e a Alemanha rapidamente a alcançaram. Ela perdeu a posição de liderança na hierarquia industrial do mundo na época da Primeira Guerra Mundial, mas a dominância do setor industrial na economia britânica em si continuou durante um longo tempo depois disso. Até o início da década de 1970, junto com a Alemanha, a Grã-Bretanha tinha uma das maiores proporções do mundo de emprego industrial no emprego total, em torno de 35%. Na época, a Grã-Bretanha era a economia industrial por excelência, exportando produtos manufaturados e importando alimentos, combustível e matéria-prima. O seu superávit comercial do setor industrial (exportações industriais menos importações industriais) permaneceu sistematicamente entre 4 e 6% do PIB durante as décadas de 1960 e 1970 p. 133

Chutando a escada após subir no topo

Apesar da sua história, os países ricos obrigam os países em desenvolvimento a abrir as fronteiras e expor a sua economia à plena força da concorrência internacional, usando as condições agregadas à sua ajuda econômica bilateral e aos empréstimos das instituições financeiras internacionais que eles controlam (como o FMI e o Banco Mundial) bem como a influência ideológica que eles exercem por meio da dominância intelectual. Ao promover políticas que não usaram quando eram países em desenvolvimento, eles estão dizendo aos países em desenvolvimento de hoje: “Façam o que eu digo, e não o que fiz.111-112


Serviços x Industrialização
 Quanto à ideia de que os países em desenvolvimento podem em grande medida passar por cima da industrialização e entrar diretamente na fase pósindustrial, trata-se de uma fantasia. O escopo limitado deles para o crescimento da produtividade torna os serviços um mecanismo de crescimento ineficaz. A baixa negociabilidade dos serviços significa que uma economia mais baseada em serviços terá uma menor capacidade de exportar. Uma receita menor com a exportação significa uma capacidade mais fraca de comprar tecnologias avançadas do exterior, o que por sua vez conduz a um crescimento mais lento p. 132


Politicas Internacionais prejudicam os países pobres

Desde o final dos anos 1970 (começando pelo Senegal em 1979), os países da África subsaariana foram obrigados a adotar políticas de livre mercado e de livre comércio devido às condições impostas pelos chamados Programas de Ajustamento Estrutural (PAEs) do Banco Mundial e do FMI (e pelos países ricos que, em última análise, controlam essas entidades). Ao contrário do que diz a sabedoria convencional, essas políticas não são vantajosas para o desenvolvimento econômico. Por expor de repente produtores imaturos à concorrência internacional, essas políticas resultaram no colapso dos pequenos setores industriais que esses países haviam conseguido formar durante os anos 1960 e 1970. Portanto, tendo sido forçados a retroceder e se apoiar novamente na exportação de commodities primárias, como o cacau, o café e o cobre, os países africanos continuaram a sofrer com as violentas flutuações de preços e tecnologias de produção estagnadas que caracterizam a maioria dessas commodities. Além disso, quando os PAEs exigiram um rápido aumento das exportações, os países africanos, com recursos tecnológicos somente em uma gama limitada de atividades, acabaram tentando exportar coisas semelhantes — fossem eles produtos tradicionais como o café e o cacau ou produtos novos como flores de corte. O resultado foi com frequência um colapso de preços nessas commodities devido a um grande aumento da oferta, o que às vezes significou que esses países estavam exportando uma quantidade maior porém tendo uma receita menor 168-169

Apesar da sua história, os países ricos obrigam os países em desenvolvimento a abrir as fronteiras e expor a sua economia à plena força da concorrência internacional, usando as condições agregadas à sua ajuda econômica bilateral e aos empréstimos das instituições financeiras internacionais que eles controlam (como o FMI e o Banco Mundial) bem como a influência ideológica que eles exercem por meio da dominância intelectual. Ao promover políticas que não usaram quando eram países em desenvolvimento, eles estão dizendo aos países em desenvolvimento de hoje: “Façam o que eu digo, e não o que fiz.” p. 112

O milagre japonês

"Reagindo à investida ocidental, em 1860 os japoneses começaram a enviar jovens a universidades da Europa e dos Estados Unidos para aprender ciência e tecnologia modernas. Com o conhecimento técnico adquirido no Ocidente, os japoneses impulsionaram seu processo de industrialização. Paralelamente, o Japão passou a reestruturar seu exército e sua marinha. 
...o...imperador Mutsuhito Meiji, que iniciou uma série de reformas com o objetivo de modernizar o país. O poder dos grandes senhores de terras foi substituído por um sistema de prefeituras controladas por uma burocracia central. Tais reformas ficaram conhecidas como Revolução Meiji.
Essa revolução transformou o Japão em exemplo de industrialização no Oriente. Uma reforma tributária garantiu boas fontes de renda ao governo, que investiu cerca de um terço de seu orçamento no comércio e na indústria, além de subsidiar a construção naval
A modernização econômica foi obtida graças aos investimentos no aperfeiçoamento da indústria metalúrgica, à ampliação da rede de transportes, sobretudo com a construção de ferrovias, e à consolidação dos bancos, responsáveis por um ambiente financeiro eficiente. Além disso, o governo investiu na agricultura e na educação:
“As autoridades [japonesas] argumentavam que a riqueza e o poder do país como um todo seriam prejudicados se as pessoas comuns fossem iletradas. Em 1940 [...] 99% da população já estava alfabetizada, em contraste com os números de 1873, quando as cifras chegavam a 39,9% para os homens e apenas 15,2% para as mulheres. [...] As escolas serviram igualmente à promoção da disciplina [...] e da subserviência ao imperador. [...] fomentaram a identidade nacional japonesa, minando provincianismos e antigas distinções sociais: a educação deveria qualificar os cidadãos sem distinção de nível social.” 
História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 5ª edição , 2017, p.409.
ESTATISMO X LIVRE MERCADO. 

Se são verdadeiras as críticas feitas ao socialismo real e ao capitalismo real, é preciso
reinventar a política. Se, como disse Bobbio, o capitalismo é o estado da injustiça e o
socialismo, o da não-liberdade, é preciso agora descobrir a maneira de conciliar a igualdade de oportunidades com a liberdade, ou seja, unir socialismo e democracia.
Há quem considere tratar -se de empresa impossível, argumentando serem incompativeis a economia socialista e a política democrática.
Segundo alguns críticos, a implantação do socialismo exige a estatização, o centralismo da economia planejada, donde decorre a burocracia e consequentemente a hierarquia e a perda de procedimentos democráticos.
 Quanto mais existe planejamento central, mais próximo fica o autoritarismo e /ou o totalitarismo. Portanto, o stalinismo não teria sido apenas "desvio" de rota, mas o caminho inevitável do socialismo.
Para outros, no entanto, o que existe é apenas a constataçao de que o "socialismo real" não soube fazer a conciliação com a democracia, e seria bom que essa experiência ajudasse a experimentar novos caminhos.
A saída estaria na economia mista, reunindo empresas estatais e particulares a fim de conjugar a economia de planejamento com a economia de mercado. Afinal, entre os extremos do laissez-faire e e do estatismo, devem existir fórmulas as mais variadas e inteligentes de controle da economia.
Para o funcionamento adequado desta, seriam necessários mecanismos políticos para garantir o prevalecimento de valores coletivos sobre os individuais. Os abusos, tanto do Estado como dos grupos privados , seriam controlados pelo estado de direito e por organizações da sociedade civil que pudessem garantir a coparticipação na formação das vontades e decisões.
Nesse sentido, o reconhecimento do fracasso da economia de planos pode significar não o retorno puro e simples à economia de mercado, mas a exigência de novas estruturas políticas, sociais e econômicas que permitam a gestão do patrimônio público e privado de maneira a impedir privilégios ou exploração e garantir iguais oportunidades de trabalho e de a cesso aos bens produzidos pela sociedade. 

Filosofando. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna  2ª Edição Atualizada p. 271


Uma coisa é clara, nem todo país rico hoje foi imperialista ou colonialista como é o caso da Inglaterra e Estados Unidos, mas todos eles lançaram mão e ainda lançam de intervenção estatal

Resultado de imagem para 23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo

Muito bom.  Adquiram!!



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