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segunda-feira, 15 de maio de 2023

1964: O Brasil entre Armas e Livros Filme de 2019- Crítica e resposta ao Brasil Paralelo com documentos da CIA e do serviço secreto comunista


Divisão do vídeo segundo a produtora:

Fixa técnica:

1964: O Brasil Entre Armas e Livros, 2019 – Brasil
Direção:
Filipe Valerim, Lucas Ferrugem
Roteiro:
Henrique Zingano, Lucas Ferrugem
Elenco
  • Olavo de Carvalho -astrólogo, escritor, blogueiro que se considerava parteiro da nova direita.
  •  Rafael Nogueira (Bacharel em direito  e filosofia, especialista em educação, pesquisa e docencia no ensino superior, licenciado em filosofia)
  • William Waack - jornalista, cientista político, sociólogo
  • Flávio Morgenstern (escritor) 
  • Luiz Felipe Pondé - filósofo 
  • Mauro Abranches Kraenski- Tradutor,  blogueiro, pesquisador independente
  • Percival Puggina- arquiteto, escritor
  • Hélio Beltrão é economista, doutor em Transportes (UnB),
  • Adriano Paranaíba -engenheiro de transportes
  • Vladimir Petrilak  (jornalista,escritor e autor do livro- 1964-O elo perdidoO Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista)
  •  Petr Blazek -historiador tcheco
  • Alexandre Borges- diretor do Instituto Liberal e articulista do Reaçonaria, Mídia Sem Máscara, jornal Gazeta do Povo,
  • Luiz Philippe de Orléans e Bragança- cientista politico
  • Thomas Giulliano - historiador
Fotografia: Eduardo Gressler, Filipe Valerim, Gabriel Furquim

Montagem: Gabriel Furquim, Henrique Zingano, Carlos Quinto, Filipe Valerim, Lucas Ferrugem


Design de Produção: Amanda Loss, Bárbara Tubelo


Resumo do Filme


O vídeo inicia falando sobre Guerra Fria e a tensão geopolítica e polarização entre a União Soviética e os Estados Unidos, e avanço do comunismo redor do mundo, sendo assim o Brasil também corria perigo.

 Afirma que para deter um golpe comunista foi necessário o que eles chamaram de 'revolução', 'contra-golpe' ou 'golpe' (civil) que requisitou a ajuda dos militares, tomando o poder para deter o golpe comunista. 

A tese do filme segue dizendo que o regime não conseguiu conter a ideologia esquerdista que, por meio de uma guerra cultural, causou uma hegemonia que trouxe a normatização de uma visão de mundo comunista para nossa sociedade, o que eles chamam de marxismo cultural. E assim a mídia, a  arte, a educação ,o entrenimento e toda a cutura foram tomadas por esta ideologia. 
 

Conteúdo crítico:


1- Revolução ou golpe?

2- Omissões e mentiras sobre a Guerra Fria

2.1-A narrativa parcial sobre a crise dos mísseis

2.2- Os Estados Unidos, a força imprescindível que derrotou os nazistas, sem interesses ajudou os outros países com Plano Marshall?

2.3- Maniqueísmo dualista entre EUA x URSS

2.4- Omissão sobre o tratado de Varsóvia sendo anterior à OTAN

3- Distorções sobre o regime militar e golpe de 1964

3.1- Existia uma ameaça concreta e inevitável de golpe do comunismo com apoio da URSS

3.2- Brasília era expressão de um projeto esquerdista de poder modelo do livro A Cidade comunista ideal?

3.3- João Goulart era uma ameaça da instauração do  comunismo?

3.4- João Goulart não tinha apoio da maioria da população? A população em geral não aceitava as medidas de João Goulart?

3.5-Os militares não tinham intenção de golpe? O golpe foi civil?

3.6-A CIA não teve envolvimento com o golpe?

3.7- Só ouve ditadura militar depois de 1969?

3.8- Distorção da obra de Antônio Gramsci -os jovens com massa de manobra- marxismo cultural- hegemonia

3.9-Justificativa e relativização da tortura

3.10- A história oficial não encara a oposição da esquerda como terrorismo.

3.11- A censura na ditadura militar era geral?

3.12 Militares não eram a direita ?

3.13 -Eleições Diretas tinha motivação econômica ?

3.14- A  história da ditadura militar é propaganda para o Socialismo?

3.15 Constituição Socialista?


1- Revolução ou golpe?

1- A Enciclopédia Britânica define:
Coup d'état , também chamado de golpe , a derrubada repentina e violenta de um governo existente por um pequeno grupo. O principal pré-requisito para um golpe é o controle total ou parcial das forças armadas, da polícia e de outros elementos militares.
Ao contrário de uma revolução , que geralmente é alcançada por um grande número de pessoas que trabalham para mudanças sociais, econômicas e políticas básicas, um golpe é uma mudança de poder de cima para baixo que resulta meramente na substituição abrupta do pessoal dirigente do governo.
Um golpe raramente altera as políticas sociais e econômicas fundamentais de uma nação, nem redistribui significativamente o poder entre grupos políticos concorrentes. Entre os primeiros golpes modernos estavam aqueles em que Napoleão derrubou o Diretório em 9 de novembro de 1799 (18 de Brumário), e no qual Luís Napoleão dissolveu a assembléia da Segunda República da França em 1851. Os golpes foram uma ocorrência regular em várias nações latino-americanas nos séculos 19 e 20 e na África após a países lá ganharam a independência na década de 1960. Britannica, The Editors of Encyclopaedia. "coup d’état". Encyclopedia Britannica, 5 Jan. 2023, https://www.britannica.com/topic/coup-detat. Accessed 17 May 2023.

Como veremos os socialistas ou pessoas de esquerda não tinham condição de dar um golpe de estado ao contrário dos militares.

2- O vídeo do Brasil Paralelo usa os termos, "golpe", "revolução" e "golpe dentro do golpe", embora diga que foi um golpe civil (como veremos)

3- O livro citado no documentário (“1964: O elo perdido) também:

No fim, Lom não foi entregue e continuou servindo à StB, inclusive após golpe de estado de 1964.1...

Os dados desta pasta foram reunidos durante toda a existência da rezidentura até o seu encerramento, em 1971. As informações demonstram que a presença da StB no cenário brasileiro foi realmente impressionante — os oficiais do serviço de inteligência dedicaram centenas, até mesmo milhares de horas em uma difícil e tediosa reunião de informações, observações perspicazes e compartilhamento de percepções que talvez não parecessem importantes, mas com um significado que poderia ser decisivo para uma missão de espionagem. Apresentaremos aqui uma pequena parte desse conhecimento....

O reconhecimento da imprensa também era importante para o serviço de inteligência. No relatório do oficial lemos que na época eram publicados 2.400 jornais de diferentes tipos no Brasil. Foram citados os mais importantes, acompanhados de um pequeno comentário sobre as linhas políticas:

Correio da Manhã — jornal bastante reacionário.

Jornal do Brasil — conservador, mas gosta de ser tratado como objetivo.

Diário de Notícias — conservador, sem uma linha determinada.

Diário Carioca — até o momento, bastante reacionário. Há pouco tempo foi comprado pelo presidente Goulart, então, é possível esperar uma mudança de orientação.

Última Hora — jornal matinal e (principalmente) noturno, bastante popular. Frequentemente, apresenta o ponto de vista dos círculos nacionalistas.

O Globo — o jornal brasileiro mais reacionário. Apresenta o ponto de vista de elementos da direita. Bastante difundido.

Bakalár citou ainda um jornal que circulava na capital, o Correio Braziliense, de propriedade do consórcio de imprensa Diários Associados e de orientação mais reacionária. Entre os jornais de influência, citou ainda dois jornais diários de São Paulo, ambos conservadores:

 O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo.143...

Março terminou com o golpe de estado. O regime de então e o presidente Goulart foram derrubados. Os encontros seguintes com LOBO foram em 18 e 19 de abril de 1964, e ele se gabou de ter recebido uma função no gabinete do vice-presidente após o golpe. Jair Ribeiro Dantas, seu parente, fora afastado, enquanto ele possuía um bom posto de trabalho e uma carteira do Serviço Nacional de Informações.160 No encontro de abril, recebeu de Peterka 200 mil cruzeiros, mesmo não tendo fornecido nenhuma informação mais elaborada sobre política em geral. A Central ordenou que a verificação do agente fosse adiante....

Baseando-se nas informações reveladas pela mídia, a StB podia supor que, na realidade, a polícia pouco sabia ou, propositadamente, fornecia informações completamente falsas. Por exemplo: dia 13 de maio Lobo recebeu 100 mil cruzeiros pelo passaporte, e a imprensa informou o valor de 1 milhão de cruzeiros. No programa de televisão como trabalhamos, o capitão Borges informou aos telespectadores que o plano de Peterka era dominar os sindicatos brasileiros e organizar greves e sabotagens. Como sabemos, Peterka não fez e nem planejava nada disso.

Outro fato surpreendeu os funcionários da rezidentura. Eles esperavam que alguém entrasse em contato com Peterka e o convencesse à colaboração, mas o que surgiu foram informações exageradas na imprensa.... 1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017


2- Omissões e mentiras sobre a Guerra Fria

2.1-A narrativa parcial sobre a crise dos mísseis
Para confirmar a ameaça comunista existente no Brasil, o documentário diz que 

"soldados navios e mísseis soviéticos são enviados `a Cuba e apontado em direção aos Estados Unidos e a Marinha americana se posiciona,  as duas potências estão a um passo de estourar um conflito direto a única coisa que impede a terceira guerra mundial é o medo da bomba atômica 00:15:33- 00:15:40
Resposta:
Não se faz referência aos mísseis americanos instalados na Turquia e apontados para a URSS antes da URSS enviar mísseis à Rússia:

Em novembro de 1961, os Estados Unidos instalaram quinze mísseis nucleares “Júpiter” na Turquia e 30 mísseis na Itália. Estas armas tinham um alcance de 2.400 km e ameaçavam Moscou.

Com o começo do embargo americano a Cuba, os Estados Unidos começaram a vigiar o tráfego de navios à ilha caribenha e notaram um aumento de circulação de embarcações com bandeira soviética.

Em 14 de outubro de 1962, aviões-espiões U2 fotografam a região de São Cristóvão. As imagens revelam construções de bases e ogivas nucleares instaladas, inclusive com rampas que permitiriam o lançamento de mísseis.

Para os Estados Unidos, era inadmissível ter mísseis nucleares tão perto do seu território, enquanto para Cuba, as armas eram uma garantia que não seriam novamente invadidos. Já a URSS, mostrava que podia instalar armas no continente americano.

Começaria, então, uma forte disputa entre os dois países. O presidente Kennedy (1917-1963) decide gerir a crise com seu grupo de colaboradores mais próximos e se empenha para conseguir uma solução pacífica.

Por outra parte, o Estado-Maior americano prefere uma invasão à ilha caribenha ou um ataque aéreo preventivo.

Assim, os Estados Unidos optam por fazer um bloqueio naval a Cuba, uma quarentena, como foi chamada.

Nela, a Marinha americana iria inspecionar os navios de bandeira soviética e aqueles que contivessem armas seriam mandados de volta ao porto de origem. A iniciativa foi apoiada pela OTAN.
Em Cuba, a população foi às ruas defender a Revolução e criticar o que julgavam uma intervenção em seus assuntos internos. Igualmente, o exército cubano se mobilizou esperando uma invasão americana.

Quanto à URSS, o presidente Nikita Kruschev (1894-1971) não dava mostras de que recuaria. Inclusive, solicitou aos cubanos que disparassem em grupo de aviões que sobrevoassem a ilha.

Somente em 26 de outubro, os soviéticos ofereceram outra solução: se comprometeriam a retirar os mísseis, caso os Estados Unidos não invadissem Cuba.

No dia seguinte, um U2 americano foi derrubado na ilha, fazendo os generais americanos pressionarem o presidente Kennedy para um ataque aéreo.

Diante do impasse, a Organização das Nações Unidas convoca o seu Conselho de Segurança. No dia 28 de outubro, Kruschev aceita retirar os mísseis de Cuba.

Mais tarde, num acordo extra-oficial, os soviéticos exigiram a retirada dos mísseis na Turquia, o que foi feito pelos Estados Unidos. https://www.todamateria.com.br/crise-dos-misseis/
Os Estados Unidos souberam em julho de 1962 que a União Soviética havia começado a enviar mísseis para Cuba. Em 29 de agosto, novas construções militares e a presença de técnicos soviéticos foram relatadas por aviões espiões U-2 dos EUA sobrevoando a ilha, e em 14 de outubro foi relatada a presença de um míssil balístico em um local de lançamento.
Depois de considerar cuidadosamente as alternativas de uma invasão americana imediata a Cuba (ou ataques aéreos aos locais dos mísseis), um bloqueio da ilha, ou novas manobras diplomáticas, US Pres.John F. Kennedy decidiu colocar uma "quarentena" naval, ou bloqueio, em Cuba para evitar novos carregamentos soviéticos de mísseis. Kennedy anunciou a quarentena em 22 de outubro e alertou que as forças dos EUA apreenderiam “armas ofensivas e material associado” que os navios soviéticos poderiam tentar entregar a Cuba. Nos dias seguintes, os navios soviéticos com destino a Cuba alteraram o curso para longe da zona de quarentena. Enquanto as duas superpotências pairavam à beira da guerra nuclear, mensagens foram trocadas entre Kennedy e Khrushchev em meio a extrema tensão de ambos os lados. Em 28 de outubro, Khrushchev capitulou, informando a Kennedy que o trabalho nos locais de mísseis seria interrompido e que os mísseis já em Cuba seriam devolvidos à União Soviética. Em troca, Kennedy comprometeu os Estados Unidos a nunca invadirem Cuba. Kennedy também prometeu secretamente retirar os mísseis com armas nucleares que os Estados Unidos haviam estacionado na Turquia nos anos anteriores. Nas semanas seguintes, as duas superpotências começaram a cumprir suas promessas e a crise acabou no final de novembro. O líder comunista de Cuba, Fidel Castro , ficou furioso com a retirada dos soviéticos diante do ultimato dos EUA , mas foi impotente para agir. 
https://www.britannica.com/event/Cuban-missile-crisis


2.2- Os Estados Unidos, a força imprescindível que derrotou os nazistas, sem interesses ajudou os outros países com Plano Marshall?

Assaltos a bancos e agitações nos quartéis do Exército Imperial Russo. A revolução assassina brutalmente a família imperial Romanov para implementar uma ditadura que tinha Lênin como Deus e Stálin e Trotsky como papas vermelhos. Os soviéticos desenvolvem um plano para conquistar o mundo e implantar o comunismo em todos os países. O reino do terror vermelho se espalha pelas décadas seguintes. O Holomodor e os gulags são alguns dos genocídios que resultaram das ditaduras totalitárias 00:06:25-00:06:50

[…]. Do outro lado do mundo, o Ocidente. Os Estados Unidos da América construíram uma democracia liberal baseada na sociedade de mercado e nos valores cristãos. A maior indústria e maior economia do mundo é também o único país a ter armas nucleares, sendo a força imprescindível que derrotou os nazistas. Os Estados Unidos surgem no pós-guerra na liderança do Ocidente. Pra reativar a economia dos países europeus devastados, os americanos propõem o ‘Plano Marshall’ oferecendo empréstimos a juros baixos. 1954: Entre armas e livros 00:7:05- 00:7:36

Resposta:

Na verdade a força imprescindível foi o conjunto de países que formaram os aliados., não foi um único país. A batalha considerada decisiva para o início da derrota dos nazistas foi  a Operação Barbarossa, na qual a Alemanha nazista iniciava um conflito sangrento contra soviéticos. O fracasso da invasão é considerado ponto de guinada da 2ª Guerra: estrategicamente, os alemães haviam perdido o conflito.

O Plano Marshal impunha condições aos países que recebessem a ajuda, pois deveriam comprar prioritariamente dos EUA e promover uma política de integração e cooperação, o que significou a influência americana na Europa e abertura de mercados, e com isso visava combater o avanço do comunismo soviético no início da Guerra Fria.

Operação Barbarossa , nome original Operação Fritz , durante a Segunda Guerra Mundial , codinome para oinvasão alemã doUnião Soviética , que foi lançada em 22 de junho de 1941. O fracasso das tropas alemãs em derrotar as forças soviéticas na campanha sinalizou uma virada crucial na guerra....A Operação Barbarossa começou a fracassar em agosto de 1941, e seu fracasso foi patente quando a contra-ofensiva soviética começou. Embora o Exército Vermelho tenha sofrido perdas maiores do que os alemães durante a campanha, a incapacidade das forças alemãs de derrotar a União Soviética marcou um revés significativo para o esforço militar alemão. https://www.britannica.com/event/Operation-Barbarossa/Later-actions

2.3- Maniqueísmo dualista entre EUA x URSS

[…]. Do outro lado do mundo, o Ocidente. Os Estados Unidos da América construíram uma democracia liberal baseada na sociedade de mercado e nos valores cristãos. A maior indústria e maior economia do mundo é também o único país a ter armas nucleares, sendo a força imprescindível que derrotou os nazistas. Os Estados Unidos surgem no pós-guerra na liderança do Ocidente. Pra reativar a economia dos países europeus devastados, os americanos propõem o ‘Plano Marshall’ oferecendo empréstimos a juros baixos. 1954: Entre armas e livros 00:7:05- 00:7:36

Resposta:

Os Estados Unidos é apresentado como um país que construiu uma democracia com  valores cristãos mas omitem a escravidão e genocídio indígena, além de por exemplo usar da bomba nuclear no Japão. Não foi apresentado nenhum erro dos EUA.


2.4- Omissão sobre o tratado de Varsóvia sendo anterior à OTAN

 "A União Soviética Organize a sua própria Aliança Militar O Pacto de Varsóvia. A corrida armamentista aumenta, e a União Soviética instala mísseis apontados para toda Europa. As nações europeias fazem o mesmo. Se organizaram, as forças militares do lado democráticos do ocidente se organizaram na OTAN e as forças militares dos lado comunista se organizaram no Pacto de Varsóvia os Estados Unidos protegem as Américas do comunismo até que Fidel e sua Guerrilha toma o poder em Cuba e declaram aliança com a união Soviética 00:14:26 - 00:15:01


Resposta:

O filme omite que o tratado de Varsóvia foi uma reação à criação da OTAN,  e que a OTAN subsiste até hoje, isso é incontestável:

O chamado Pacto de Varsóvia foi um acordo militar assinado em 14 de maio de 1955, na capital polonesa que dá nome ao pacto, entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e outros países do leste europeu de orientação comunista. Esse acordo, ou aliança militar, foi encarado à época como uma resposta à criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que ocorreu em 4 de abril de 1949. Como é sabido, a OTAN – que existe até hoje – também é um pacto militar e foi firmada entre Estados Unidos da América e outros países ocidentais com o objetivo de ajuda operacional militar mútua. Para compreendermos a importância histórica do Pacto de Varsóvia, é necessário que saibamos, portanto, por que ele foi encarado como uma resposta à OTAN.  https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/pacto-varsovia.htm

  Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é um organismo supranacional que tem como objetivo garantir a segurança de seus países-membros por meio de ações específicas.

A Otan foi fundada em 1949, no contexto da Guerra Fria. A organização surgiu como uma ação político-militar regida por países europeus e americanos que tinham como objetivo formar uma união militar entre nações alinhadas. Sendo assim, foi firmado o Tratado de Bruxelas (1948) e, posteriormente, o Tratado de Washington (1949), que tinham como países participantes, dentre outros, importantes potências globais da época, como Estados Unidos, França e Reino Unido.

A história inicial da Otan envolve ainda outras motivações dos países fundadores, como a oposição aos regimes socialistas existentes no Leste Europeu e a contenção ao nacionalismo exacerbado evidenciado em muitas nações do Oeste Europeu. Com o passar dos anos, a Otan passou a admitir novos países-membros, como Canadá, Alemanha e Turquia, e também nações da antiga zona de influência soviética na Guerra Fria, como Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia.

Atualmente, a Otan está consolidada como a principal aliança militar do mundo, com enorme poder de mobilização bélica. Há um total de 30 países participantes nessa organização, de três continentes diferentes, sendo eles América, Europa e Ásia.

Os interesses da Otan influenciam outras áreas além do âmbito militar, com destaque para a economia. Assim, a organização tem grande influência em decisões político-econômicas em nível mundial, em organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia (UE) 
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/otan.htm


3- Distorções sobre o regime militar e golpe de 1964

3.1- Existia uma ameaça concreta e inevitável de golpe do comunismo com apoio da URSS

Apresentando documentos obtidos nos arquivos da StB, serviço de inteligência da antiga Tchecoslováquia, o filme defende que a esquerda brasileira orquestrava um golpe sob influência de agentes secretos do país, com o aval da União Soviética.

Olavo de Carvalho, sem apresentar prova alguma diz:

 "A presença soviética, principalmente através da Tchecoslováquia, é um negócio intensíssimo. Tanto que, em 1963, você já tinha guerrilhas no Brasil. Dizer que a guerrilha foi uma resposta ao golpe, não não não, o golpe foi uma resposta às guerrilhas”. Ele esboça uma certa crítica aos militares, mas evidentemente entrega sua carga ideológica e relativista sobre o ambiente ditatorial: “Num primeiro momento, eles salvaram, realmente eles desmantelaram uma revolução comunista. Sim, mas começaram a fazer cagada no dia seguinte. Todo mundo tinha expectativa de que haviam novas eleições em seis meses. Ninguém pediu para eles tomarem o poder. Aí fizeram o segundo golpe dentro do golpe."

 

"Mesmo antes de 1964, guerrilhas rurais e movimentos armados já existiam e já estavam determinados a fazer a revolução. Após o 31 de março, esses grupos passam a adotar métodos hediondos e submetem o Brasil a anos tenebrosos. O terrorismo revolucionário se torna cotidiano. O crime, o medo e o sangue marcam presença dos brasileiros. Assaltos a bancos e estabelecimentos comerciais, explosão de bombas. ... Os comunistas brasileiros seguiam o exemplo de seus companheiros ideológicos, que em outros países já somavam 500 milhões de assassinatos em nome da revolução. No mês de fevereiro, antes da subida dos militares ao poder, o PCdoB enviou brasileiros para a China com o objetivo de aprender as técnicas de guerrilha de Mao-Tsé-Tung. Foram estes cidadãos que voltaram quatro anos depois e formaram a Guerrilha do Araguaia, com a intenção de replicar a Revolução Chinesa no Brasil." Documentário '1964: Entre armas e livros'

Que fim teve a Guerra Fria? Se fizemos parte dessa guerra, se impedimos uma revolução, foi com a ajuda do quarto poder do Brasil. O Exército.

Resposta:

O documentário, tem como base PRINCIPAL o livro “1964: O elo perdido”, de Mauro Kraenski e Vladimir Petrilák. Os autores do livro se basearam nos arquivos que encontraram no arquivo do Instituto para o Estudo dos Regimes Totalitários, de Praga, que comprovariam a presença, no Brasil, de uma rede de agentes do Státní bezpečnost (StB), o serviço secreto da antiga Tchecoslováquia socialista.
De fato o livro comprova que houve espionagem e que era ligado a KGB da URSS:

O acontecimento ocorreu em Munique, e os soviéticos construíram a narrativa à sua maneira, usando-a para manipular as consciências. Espantoso é que até mesmo no longínquo e democrático Brasil escreveu-se sobre esse tema, confirmando a posição oficial soviética e isentando a URSS da responsabilidade pelo assassinato do nacionalista ucraniano. Essa tarefa demonstra enfaticamente que o serviço de inteligência tchecoslovaco era de fato uma extensão da KGB. Mas voltemos ao jornal em questão ...1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017

 burguesismo nacional brasileiro, ou seja, o nacionalismo brasileiro, será o eixo sobre o qual a inteligência tcheca se apoiará e criará, nos anos seguintes, um sistema de ação realmente capaz de ameaçar a democracia brasileira. Não através de comunistas, políticos ou jornalistas de esquerda; não através de combatentes ou guerrilheiros da esquerda, mas através de patriotas nacionalistas...

“o serviço de inteligência organiza o seu trabalho de acordo com os interesses da política de relações exteriores da República da Tchecoslováquia, da URSS e dos países de democracia popular, é direcionado por resoluções e recomendações do Comitê Central do KSC e do governo tchecoslovaco”.

E o documento continua: “A estrutura de organização do primeiro departamento do Ministério do Interior é confirmada pelo Comitê Central do KSC e pelo governo tchecoslovaco”.

E aqui, por fim, temos a confirmação de duas teses: primeiro, a de que essa era uma polícia política, que servia a um partido político e subordinada a um país estrangeiro — a União Soviética. No estatuto, mais adiante, está escrito que entre as tarefas do serviço de inteligência encontra-se a aquisição de informações confiáveis, a luta contra os “serviços de espionagem estrangeiros que trabalham contra a República da Tchecoslováquia e a URSS” e trabalhos contra a emigração tchecoslovaca... 1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017

1- O serviço secreto nega ameaça comunista  concreta:

Os acontecimentos de 31 de março a 1 de abril de 1964 foram uma surpresa total para o serviço de inteligência tchecoslovaco, assim como a já descrita desconspiração do oficial do serviço de inteligência e a detenção de seu colaborador Mané (o jornalista da CTK, Stráfelda). 182 O golpe de estado, a derrubada de João Goulart, a facilidade com que os generais mudaram o regime político no Brasil, sem encontrar grande resistência da estrutura do governo anterio— nada disso entrava na cabeça dos analistas da Central da StB em Praga. Perguntava-se: como é possível que a rezidentura no Rio, tão elogiada, não sinalizou nada antes? Por que, ainda em 2 de abril de 1964, relatou que a posição de Goulart era “forte”? E isso não é tudo: no dia seguinte, a rezidentura questionou a vitória da reação. Somente em 5 de abril o registro da rezidentura expressa a suposição de que os militares “aproximam-se cada vez mais ao fascismo”...

Sabemos, portanto, que os agentes tchecoslovacos se dedicaram a identificar e combater a penetração dos EUA no Brasil, mas, apesar da concentração nesse trabalho, não encontraram qualquer sinal da inspiração americana no golpe de estado. O tema vem à tona quando o capitão Skorepa chama a atenção ao fato de que a rezidentura já havia relatado a Praga sobre a possível deposição do presidente Goulart em julho e novembro de 1963, por causa da situação tensa no país, mas em outubro duas fontes de agentes e da imprensa entregaram que os americanos...

No entanto, como o documento revela mais adiante, Goulart sempre conseguiu resolver as coisas. Todos esses golpes preparados já “haviam virado uma rotina tal, que, de certa forma, paramos de acreditar neles”. Na opinião do autor do relatório, o presidente estava se preparando para o choque com a direita e estava ciente de que ele aconteceria, mas acreditava que cumpriria o papel de conciliador no confronto. Quando viu que a única alternativa possível contra as aspirações da direita era uma revolução esquerdista e socialista, reconheceu a sua derrota. Apenas isso pode explicar a hesitação do presidente, que, segundo o capitão do serviço de espionagem, não pôs em jogo todas as forças que podiam defendê-lo. “Até mesmo o mais forte dos exércitos sem um líder que aja de forma decisiva não possui nenhum valor” — conclui o espião. João Goulart não usou da mobilização dos sindicatos, dos sargentos, marinheiros e forças nacionalistas no exército pois temia que uma força como essa, posta em movimento, poderia dar partida a uma revolução socialista...

O documento era ultrassecreto, destinado somente à elite partidária. O estilo — quase literário — no qual foi escrito, em 9 de junho de 1964, parece confirmar a hipótese sobre o autor, assim como alguns fragmentos do material, em que o tal correspondente é citado de maneira sugestiva. No segundo período do texto, podemos ler as seguintes palavras dramáticas: “Praticamente sem nenhum disparo (...), sem qualquer tipo de manifestação da vontade do povo, Goulart, juntamente com toda a esquerda brasileira, foi nocauteado em um prazo de 24 horas. Igualmente rápidos e surpreendentes foram o contra-ataque, as perseguições e a liquidação de tudo o que era, pelo menos, levemente esquerdista...”.

 Entre os motivos mais importantes do desenrolar destes acontecimentos, o autor inclui: 

1. A “Hesitação típica de Goulart e a sua incapacidade de levar as coisas até o fim”, são seguidas pela descrição da reação da imprensa “(...) Em vez de uma ordem imediata para a luta, em vez de conduzir o povo trabalhador para as ruas e convocar um levante nacional, em vez de armar os trabalhadores imediatamente, a rádio do governo, até quando ali apareceram alguns oficiais e bateram no locutor, transmitia somente juramentos patéticos de lealdade a Goulart, o que não ajudou em nada o confronto contra as bazucas e tanques dos oficiais”. Em vez de irem à luta, os trabalhadores jogavam bola, acreditando que Goulart resolveria tudo por eles. Na opinião do autor da análise, esta imprudência foi uma característica de todos — inclusive dos ativistas partidários. 

2. Houve uma confusão entre duas atitudes diferentes. Uma coisa era o sentimento das massas — claramente esquerdista — e outra era a verdadeira vontade e organização para a luta. Ele também culpa o partido comunista por esse equívoco, e calcula que as maiores manifestações da esquerda, em um Rio de Janeiro com 3.6 milhões de habitantes, reuniram no máximo 10 mil pessoas - foi o caso da manifestação de 1º de maio de 1963. Ao escrever o trabalho, anotou com ironia que várias vezes havia visto piquetes da esquerda em que a tribuna com os ativistas era mais numerosa do que as pessoas reunidas diante dela. 

3. A base da falência da esquerda foi a sua falta de organização. “Não se podia sequer falar em derrota, pois a derrota pressupõe uma luta, e no Brasil houve somente uma tomada pacífica de poder pela direita”.

4. O regime de Goulart garantia liberdade para os dois lados, e a esquerda (PCB, UNE, CGT, frente parlamentar nacionalista, Ligas Camponesas e Brizola), que tinha possibilidades de se organizar e tinha o apoio silencioso do governo, brigava entre si pelo posto de liderança em vez de fazer um trabalho efetivo de organização. Um exemplo da indisciplina fundamental é nenhuma reunião partidária começar no horário marcado. O atraso costumava ser de duas horas: metade das pessoas já haviam saído, enquanto a outra metade estava chegando. Essa estava longe de ser a mesma capacidade de organização do Partido Comunista da Tchecoslováquia, que, em fevereiro de 1948, efetuou o golpe de estado com bravura. 

5. O “deslocamento militar de forças” falhou. Goulart subestimou o papel dos oficiais nas forças armadas, e, através de sua atitude pouco decisiva, fez que as forças armadas também não ficassem a seu lado de forma decisiva. 

Além desses quatro pontos, o autor do relatório também fez referência às possíveis influências externas: “No exílio, Goulart disse que as influências estrangeiras cumpriram um papel decisivo. Eu acho que essa é uma desculpa barata para ele e para a esquerda, mesmo que o tema certamente existisse. As condições externas sempre agem através das internas. Caso — assim como os informantes nos garantiam o tempo todo — uma massa de 40 milhões de brasileiros levantasse para a luta, os truques diplomáticos do exterior não serviriam de nada. Dizem que, nos dias críticos, funcionários da embaixada americana caminharam pelas ruas e ofereceram aos oficiais maços de dezenas de milhares de dólares para que passassem para o lado da reação. Talvez tenham sido feitos outros movimentos mais elaborados, sobre as quais ainda não se sabe. Mas é fato que os motivos principais devem ser procurados na situação interna”... 1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017

Função do serviço de espionagem 

Em 1957, ao determinar as tarefas principais para a base no Rio de Janeiro, a Central praticamente repetiu as orientações anteriores:“A principal tarefa do trabalho de espionagem é adquirir uma rede de agentes que terá condições de fornecer informações secretas de importância para o serviço de inteligência, da chancelaria presidencial, do parlamento, ministério das relações exteriores... sobre os planos políticos, econômicos e militares do governo brasileiro”. 

Documento 2 : NSC, Memorando, "Política de curto prazo dos EUA em relação ao Brasil", Segredo, 11 de dezembro de 1962

Em preparação para uma reunião do Comitê Executivo (EXCOMM) do Conselho de Segurança Nacional, o NSC elaborou um documento de opções com três alternativas de política para o Brasil: A. "não fazer nada e permitir que a deriva atual continue; B. colaborar com elementos brasileiros hostis a Goulart com vistas a provocar sua derrubada; C. procurar mudar a orientação política e econômica de Goulart e seu governo." A opção C foi considerada "a única abordagem atual viável" porque os oponentes de Goulart não tinham "capacidade e vontade de derrubá-lo" e Washington não tinha "uma capacidade futura dos EUA para estimular uma operação [golpe] com sucesso". Fomentar um golpe, no entanto, "deve ser mantido sob consideração ativa e contínua", recomendava o documento de opções do NSC. https://nsarchive2.gwu.edu/NSAEBB/NSAEBB465/


 2- Serviço secreto afirmava que URSS e Tchecoslováquia não apoiavam guerrilhas

Aqui, é preciso fazer um esclarecimento. A linha da StB era determinada pelo Partido Comunista da Tchecoslováquia, que era, por sua vez, completamente subordinada ao Partido Comunista da União Soviética,hostil ao desvio maoísta e ao comunismo das linhas chinesa e albanesa. A StB e a KGB freqüentemente apoiaram a violência e diferentes grupos guerrilheiros terroristas na África, América do Sul, Oriente Médio e Ásia, além de participarem elas próprias em vários atentados, crimes e ações. Porém, as atividades de guerrilheiros esquerdistas brasileiros não contavam com apoio nem de Praga nem de Moscou. A linha da diretoria do partido no Kremlim foi decisiva
Como escrevemos no Capítulo XVI, a cooperação tchecoslovaca-cubana entre serviços secretos começou em 1960 e foi marcada por diferenças ideológicas e práticas. Enquanto a política da Tchecoslováquia seguia o modelo da União Soviética e pregava oficialmente a tese de coexistência pacífica (détente)a Cuba de Fidel Castro era orientada para a revolução e para sua “exportação” em toda a América Latina e África. Os comunistas de Praga apoiavam a luta justa das massas oprimidas contra o imperialismo, mas, de acordo com os ensinamentos de Lenin, avaliavam se em determinado país já existia uma situação revolucionária, 246 - condições que tivessem “o peso da eclosão de uma revolta” e pudessem conduzir a tentativa de mudança de regime. Segundo os dogmas marxistas tal situação exigia pré-requisitos, como a existência de uma classe trabalhadora forte, politicamente consciente e organizada. Quase nenhum país da América Latina ou da África cumpria essa condição - este era o grande desafio teórico dos dogmatistas comunistas atrás da cortina de ferro. Para Moscou, o apoio ativo a diferentes revoltas revolucionárias era não só duvidoso ideologicamente, mas sem sentido algum caso não houvesse perspectivas para a instaurar uma ditadura do proletariado, que garantiria a base do novo regime. A Cuba de Fidel Castro, recém-convertida ao marxismo-leninismo, não se preocupava com nuances como essas e aspirava o papel de guerreira revolucionária, apoiando qualquer movimento nacional-libertador em toda a região ao sul do Rio Grande,...
Durante os estudos e descrição dos conteúdos do arquivo da StB em relação ao Brasil sentimos certa decepção quando falou-se sobre a descoberta de armamento tchecoslovaco destinado à guerrilha. A StB, como afirmamos, não teve nada a ver com isso, contrariando a sensação primeira de “furo” histórico. Talvez muitos leitores esperassem que os arquivos denunciassem um político famoso trabalhando para um serviço de inteligência estrangeiro que servia aos interesses do império soviético. Mas não havia nada. Quando finalmente encontramos algo grandioso - um plano para controlar o percurso de uma guerra civil, esse plano foi simplesmente abandonado. 
Entre as diversas categorias de colaboradores pudemos encontrar, até o momento, aproximadamente 30 colaboradores brasileiros, entre agentes e os chamados contatos secretos. Entre estes havia jornalistas, economistas, parlamentares, ex-militares, diplomatas, um funcionário de cartório, assessor de imprensa de um presidente, algumas secretárias, etc. Além disso, inclusive entre os figurantes, que não eram agentes formalizados pela StB, havia casos em que, conscientes ou não, forneciam informações ou realizavam tarefas tão significativas quanto as dos vários agentes. Por enquanto, identificamos cerca de uma centena de figurantes. A StB também usou em seu trabalho todos os seus contatos legais e ilegais, que, mesmo de forma inconsciente, podiam ser parte importante na realização de alguma tarefa... Estes também eram muitos. Vale lembrar também que o nosso trabalho se refere ao serviço de inteligência da StB tchecoslovaca. Não pesquisamos eventuais atuações de serviços de espionagem de outros países do bloco socialista no Brasil na época. Sabemos que vários deles tinham suas rezidenturas, inclusive a própria KGB. 1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017
A narrativa - predominante não apenas no Brasil - que difama os EUA em relação ao golpe de 1964 também tem as suas raízes nas atividades do serviço de inteligência tchecoslovaco, em operações de desinformação cujo objetivo era tirar a credibilidade dos EUA e da política de Washington. Para isso foram aplicadas técnicas que consistiam na falsificação de documentos e outras ações. A StB ocupava-se disso não só na América Latina, mas em todo o mundo....No Brasil, a tarefa ficou com o serviço de inteligência tchecoslovaco, pois  nessa época os soviéticos ainda não possuíam por lá sua rezidentura legal e agiam somente agentes ilegais, sem as mesmas possibilidades que os tchecos já possuíam no trabalho de seu serviço de inteligência.
Essa tarefa também demonstra outra dimensão das atividades da StB no exterior — sua função não era só reunir informações secretas ou valiosas, mas também exercer influência e formar a opinião pública na maior escala possível. O valor da aposta era enorme: tratava-se de manter para Moscou uma ponte estratégica nas proximidades do inimigo principal....
Em um resumo106 sobre a operação, escrito para o ministro do interior pelo chefe do I Departamento, coronel Houska, podemos ler: “O objetivo da operação ativa DRUZBA foi criar um movimento permanente e organizado em prol da defesa da revolução cubana na América Latina. Com este objetivo, inicialmente foi nomeado um comitê de preparação da Frente Nacional de Apoio à Cuba (FNAC) e depois foram convocados os congressos. No congresso foi anunciada a fundação da nova organização sob a direção do general Gonzaga — esse foi o desejo de Moscou e assim foi feito. Foram engajadas na operação não só as rezidenturas da América Latina, mas também da Ásia e África. O chefe do serviço de inteligência gabou-se, demonstrando a importância do evento e que o governo americano se assustara a tal ponto que pressionara autoridades brasileiras para freá-lo. Houska relatou ao ministro que, para a operação, da qual também participaram soviéticos e cubanos, a rezidentura engajou os agentes Lar, Krno e, depois, Macho. “Sem esse trio, a AO DRUZBA não alcançaria esse sucesso”, escreve o coronel. Recapitulou também o total de gastos na operação — alcançaram os 6 mil dólares. De acordo com o resumo, o apoio financeiro soviético consistiu em entregar grandes somas ao PCB, que, por sua vez, financiou a Associação dos Amigos de Cuba (grupo de Gonzaga). Quanto à garantia de financiamento da campanha preparatória, a FNAC, estava nas costas da StB. O coronel avalia como apropriada a quantia de 6 mil dólares, relembrando que “os amigos soviéticos forneceram... uma ajuda financeira no valor de 280 mil dólares, de acordo com o documento que nos foi entregue pelo serviço secreto cubano”....1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017
Jezersky ainda menciona sobre uma intervenção dos EUA contra O Semanário. O jornal era impresso na tipografia Gazeta de Notícias, que recebera uma proposta dos trustes americanos: encerraria a colaboração com O Semanário em troca de alguns milhões. O proprietário negou a proposta.
Na parte seguinte da nota, o oficial descreve o contato de Costa com a embaixada tchecoslovaca. Jezersky conhecera o jornalista em 1957, e naquele ano o visitara na redação duas ou três vezes. Pela primeira vez, o oficial recomendou que a central ficasse atenta a O Semanário, propondo que fosse regularmente comprado e estudado, e frisando que era o único jornal no Brasil que lutava abertamente contra o monopólio americano. Em 1958, propôs que Costa fosse convidado à Tchecoslováquia com custos cobertos pelo MRE. A visita foi aprovada em Praga e programada para o outono de 1958 ou 1959.
Nossa tarefa no Brasil não consiste em opinar sobre questões de procedimentos das forças políticas no país, mas para que informemos nosso governo sobre o desenvolvimento da situação e atividades dos diferentes partidos políticos. Simpatizamos com todas as forças progressistas e anti-imperialistas, fornecemos a elas nosso apoio político e moral e, caso seja necessário — no momento apropriado e de acordo com as nossas possibilidades — também apoio material, como prova o caso da Cuba revolucionária”.   1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017

3-Por que não houve resistência ao golpe de 1964, se era uma contra golpe?

Como vimos acima, foi uma tomada pacífica da direita como conta o serviço secreto da Tchecoslováquia.

O documentário diz não houve reação:
Não houve a menor reação, porque a revolução já se consolidou naquelas 24 horas.” 
Onde estavam os grupos armados,? Onde estava os guerrilheiros com apoio de Cuba,  da URSS, China e Tchecoslováquia? O filme diz várias vezes:
 Dizer que a guerrilha foi uma resposta ao golpe, não, é ocultar. O golpe foi a resposta às guerrilhas.” /

 “Mesmo antes de 1964, guerrilhas rurais e movimentos armados já existiam e estavam determinados em fazer a revolução”. / 

“João Goulart tinha ligações com outras ditaduras populistas latino americanas” / 

“Não somente a STB estava presente, atuando no Brasil, mas também serviços de outros países do bloco"  1964:Entre armas e livros

Como já vimos os relatórios da StB mostram que a URSS não tinha pretensão alguma de golpe, e que a esquerda estava desarticulada. 


3.2- Brasília era expressão de um projeto esquerdista de poder modelo do livro A Cidade comunista ideal?

Resposta:

O documentário entrevista Olavo de Carvalho que em 2015 já tinha espalhado esta mentira:

https://twitter.com/OdeCarvalho/status/586952737629327361 acessso em 16/05/2023


  • A proposta para nova capital para o interior do Brasil começa em  1823, antes de existir o Marxismo.
  • O livro a Cidade Comunista Ideal foi lançado depois da construção de Brasília em 1960.
  • O projeto segue princípios da carta de Atenas, da arquitetura da época.
"Proposta já em 1823 por José Bonifácio de Andrada e Silva, a criação de uma nova capital do Brasil no interior do país começa a se realizar em setembro de 1956, com a publicação do edital para o "Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil" no Diário Oficial da União, por determinação do presidente Juscelino Kubitschek.

O objetivo do edital era promover o desenvolvimento do projeto a ser utilizado na implantação da nova capital. Foram inscritos 26 projetos, tendo sido classificado em primeiro lugar o projeto apresentado pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa, fortemente embasado pelos princípios da Carta de Atenas de 1933.

A cidade foi inaugurada em 1960, e tombada pelo Institudo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1990. 1987, foi inscrita pela UNESCO da lista do Patrimônio Mundial. " https://cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1 acesso em 16/05/2023
In 1968, lauded American architect Mary Otis Stevens (born 1928) and her partner, fellow architect Thomas McNulty (1919–84), initiated i Press, the influential imprint that focuses on the social context of architecture. Over the next five years, the duo released five books under the thematic umbrella of “Human Environment” with the publisher George Braziller. The first of this series, The Ideal Communist City (1969) is an English translation of urban concepts advanced by architects and planners from the University of Moscow. The book was first published in a Soviet journal of a communist youth organization in 1960 and was then republished in Italy in 1968. Offering a new way of thinking about mobility, equity and social interaction in neighborhood planning, The Ideal Communist City was a direct response to suburban development and its focus on private spaces for family life: “the new city is a world belonging to all and each” where life is “structured by freely chosen relationships representing the fullest, most well-rounded aspects of each human personality.” https://www.amazon.com/Ideal-Communist-City-Press-Environment/dp/3948318166#:~:text=The%20first%20of%20this%20series,republished%20in%20Italy%20in%201968


3.3- João Goulart era uma ameaça da instauração do  comunismo?

Resposta:

1-O documentário diz que Jango não era comunista: 

“A esquerda queria implantar um outro projeto, que não era o do Jango e nem seria jamais com o Jango ou com alguém como o Jango. Ele era a bola da vez, mas não era, nem nunca foi, nunca teve o perfil que a esquerda pretendia para o dia que chegasse ao poder no Brasil. Eles queriam alguém com outro perfil.

2- O serviço secreto diz que João Goulart não é comunista :

De acordo com esse plano fica claro que desde 1952 seus objetivos ainda não haviam sido alcançados; por isso a Central exigiu que a aquisição de contatos fosse intensificada. No plano para 1957 sabemos que a StB trabalhava tanto com agentes brasileiros - Mato, jornalista; Vána, economista; Maly, funcionário da polícia de São Paulo; Arab, jornalista com chance de obter trabalho no Ministério de Relações Exteriores; além dos agentes de nacionalidade tcheca e eslovaca: Carlos, Borek, Benda e Marcela. A rezidentura também vinha tentando “trabalhar” mais onze brasileiros. Um documento de março de 1957 informa que a rede de agentes estava começando a fornecer materiais de valor, como um relatório interno sobre o funcionamento da companhia Petrobrás entregue ao MRE tchecoslovaco Tentando traduzir esta linguagem de funcionários comunistas: Goulart, é verdade, não é comunista, mas a sua política nos favorece e é necessário apostar nele; uma corrente antiamericana na política brasileira seria uma boa oportunidade para nós”.

Na época do governo de Jango havia muitos colaboradores da STB entre as fileiras de políticos, economistas, jornalistas e intelectualistas em geral. Não vamos apresentar a todos aqui; mas neste capítulo é necessário voltar a atenção para outra figura importante daqueles tempos. Na mesma pasta em questão aparece um personagem apresentado com a seguinte descrição:“Parlamento brasileiro. Deputado progressista do PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO”. 1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017

3- A história registra os antecedentes e o golpe de 1964: 

No dia 31 de janeiro de 1961, Jânio Quadros é o primeiro Presidente da República a tomar posse na nova capital.
No Governo, Jânio Quadros adota uma política interna rigorosa e, ao mesmo tempo, em que inaugura uma política externa independente e aberta a relações com as nações em geral.
Em 13 de março, com vistas ao equilíbrio da balança de pagamentos, faz uma reforma cambial em que desvaloriza o cruzeiro e reduz os subsídios às importações. Também investe contra os gastos excessivos com o funcionalismo público e, intervindo no plano da moral e dos costumes, proíbe as rinhas de galo e o uso de biquíni nos concursos de miss transmitidos pela televisão.
A aproximação de Jânio Quadros com os países do bloco socialista em plena Guerra Fria desperta a desconfiança de setores influentes que defendiam o alinhamento com os Estados Unidos.
A desconfiança vira crise política quando, em 18 de agosto, Jânio condecora Ernesto Che Guevara, ministro cubano, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta comenda brasileira. Rompido com a UDN, atacado na imprensa e no Congresso Nacional, e por Carlos Lacerda, então Governador da Guanabara, que o acusa de estar tramando um golpe de Estado, Jânio Quadros renuncia no dia 25 de agosto, menos de sete meses após ter tomado posse. Nesse mesmo dia, como o Vice-Presidente João Goulart estava em visita à China, o Presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, assume o governo interinamente.
No dia seguinte, o impasse é solucionado com a aprovação pelo Congresso Nacional de emenda constitucional instituindo o regime parlamentarista e, consequentemente, reduzindo os poderes presidenciais. João Goulart toma posse na Presidência em 7 de setembro de 1961 e, para o cargo de Primeiro-Ministro, indica o Deputado Tancredo Neves, do PSD (Vide a séria Emenda Parlamentarista).

1962A experiência parlamentarista, que duraria pouco mais de 14 meses, começa com Tancredo Neves sendo confirmado no cargo por 259 votos de um total de 288. Em 26 de junho de 1962, Tancredo Neves renuncia e o indicado para sucedê-lo é o ex-chanceler San Tiago Dantas (PTB), nome que o Congresso Nacional veta. Então, João Goulart aponta Auro de Moura Andrade (PSD), Presidente do Senado Federal, que tem seu nome aprovado em 3 de julho, mas que renuncia nesse mesmo dia ante a recusa de João Goulart em homologar o gabinete ministerial que ele propunha. Em 10 de julho, o Congresso Nacional resolve o impasse da nomeação, aprovando por 215 votos contra 58 o nome de Brochado da Rocha (PSD), que na época era Secretário do Interior e de Justiça do Rio Grande do Sul.
À frente do Gabinete, Brochado da Rocha tenta em vão que o plebiscito destinado a decidir sobre a continuidade do parlamentarismo, previsto inicialmente para realizar-se em 1965, seja antecipado para 7 de outubro de 1962. A derrota parlamentar leva-o a renunciar em 14 de setembro, um dia antes de se aprovar uma lei antecipando a consulta popular para 6 de janeiro de 1963. O terceiro e último a tornar-se Primeiro-Ministro é o Deputado Hermes Lima (PSB), que assume o cargo em 18 de setembro – depois, no final de novembro, seu nome seria confirmado por 164 votos contra 137. No plebiscito, 9,5 milhões de eleitores (82% do total) votam pelo retorno ao presidencialismo, decisão que passa a valer a partir de sua homologação pelo Congresso Nacional, no dia 23 de janeiro de 1963.

1963Em plebiscito realizado em janeiro de 1963, o regime voltou a ser presidencialista.
O Presidente João Goulart encaminha propostas de reformas agrária e urbana, que o Congresso Nacional rejeita, provocando forte reação por parte dos grupos de esquerda. Em setembro, são os sargentos, suboficiais e cabos das Forças Armadas que se rebelam, reivindicando o direito de exercer mandato parlamentar nas três esferas de governo, o que contrariava a Constituição de 1946. No campo, invasões promovidas pelas Ligas Camponesas intensificam os conflitos pela posse da terra.


O GOLPE DE 1964
O Presidente João Goulart resolve promover uma série de grandes comícios a fim de mobilizar a população em favor das reformas de base. A cidade escolhida para o início da investida é o Rio de Janeiro, onde no dia 13 de março de 1964 é realizado o Comício das Reformas, a que comparecem cerca de 200 mil pessoas. Na ocasião, acompanhado de todo o ministério, deputados, autoridades e líderes sindicais, o Presidente João Goulart proclama a necessidade de mudar a Constituição e anuncia a adoção de medidas, como o tabelamento dos aluguéis, a nacionalização das refinarias de petróleo pertencentes ao capital privado e, o que seria o princípio da reforma agrária, a desapropriação das terras em torno dos grandes açudes públicos e às margens das rodovias e ferrovias. Seis dias depois, as forças conservadoras promovem, em São Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, manifestação que reúne cerca de 500 mil pessoas e simboliza a sustentação civil ao que estava por vir: a deposição do Presidente João Goulart pelos militares em 1º de abril de 1964.
No dia 2 de abril, Ranieri Mazzilli assume interinamente o governo e, no dia seguinte, com o poder de fato na mão dos militares, desencadeia-se em todo o País uma onda de prisões de líderes políticos, sindicais e camponeses, enquanto João Goulart se refugia no Uruguai. No dia 9, o Supremo Comando Revolucionário, formado pelo General Costa e Silva, o Vice-Almirante Augusto Rademaker e o Tenente-Brigadeiro Correia de Melo, decreta o Ato Institucional nº 1 (AI-1), permitindo a cassação de mandatos legislativos, a suspensão dos direitos políticos de qualquer cidadão e a punição dos integrantes da administração pública, além de determinar a eleição indireta do Presidente da República para um mandato até 31 de janeiro de 1966. No dia seguinte, é divulgada a primeira lista dos atingidos pelo AI-1, à qual se seguiriam várias outras nos dias e meses seguintes, cerca de 3.500 pessoas entre deputados federais e estaduais, oficiais das Forças Armadas, lideranças políticas, funcionários públicos, dirigentes sindicais. No dia 11, numa eleição de candidato único, o Congresso Nacional elege para a Presidência da República o Marechal Castelo Branco. O Vice-Presidente eleito é José Maria Alkmin, Deputado Federal (PSD) e Secretário de Finanças de Minas Gerais.
Marechal Castelo Branco assume o poder em 15 de abril e três meses depois obtém do Congresso Nacional a prorrogação de seu mandato até 15 de março de 1967, adiando-se por um ano, para 3 de outubro de 1966, as eleições presidenciais.  https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/golpe-de-1964


4-Os espiões Tchecos reconhecem que  a esquerda não tinha condições de dar golpe

Em 2 de abril, no maior jornal tchecoslovaco da época, o partidário Rudé právo, foi publicado um extenso relato sobre o golpe, no qual provavelmente o próprio autor sugeriu que “Washington fornece apoio material e moral aos adversários de Goulart e que os EUA receberiam com alegria a sua derrubada”. 187 Neste artigo também se fala sobre o cerco ao palácio do governador Lacerda. Vamos citar o fragmento para ter uma comparação entre o que foi escrito na Tchecoslováquia para o primeiro-secretário do partido governante e o que foi escrito para os “reles mortais”:

“Unidades da infantaria naval, leais ao governo, cercaram o palácio do governador de ultradireita do estado da Guanabara, dr. Lacerda, protegido pela polícia militar. Lacerda é um dos iniciantes do levante anti-governo no Rio de Janeiro”. No lugar de um governador solitário com a sua secretária, dois revólveres e uma pistola automática, temos aqui a polícia militar. Ainda segundo o relato publicado no jornal, o Partido Comunista Brasileiro fizera o seguinte chamado para o povo: Em face à séria ameaça ao país, os comunistas convocam a todos os brasileiros a esmagar energicamente os grupos golpistas. Chegou a hora da união de todos os patriotas, que dará ao povo brasileiro a possibilidade de acabar com a reação e impor os seus postulados básicos.É possível compreender, então, por que o relatório para o primeiro-secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia era ultrassecreto...

Nos materiais da StB está mencionado o papel e influência dos EUA sobre esses acontecimentos, mas tratam-se de suposições com uma coloração ideológica - faltam fatos. A partir da leitura dos documentos do arquivo de Praga constatamos que os EUA estavam satisfeitos com o desenrolar dos acontecimentos, com a derrubada do governo esquerdista e com o regime militar brasileiro, porém não há indicações de sua participação direta na preparação e no andamento do golpe. Tanto as fontes comunistas como as do serviço de inteligência da Tchecoslováquia revelam motivos internos como principais condutores da mudança de regime. Por outro lado, é preciso reconhecer que a StB não foi capaz de se infiltrar nos círculos em que foi preparado o golpe: o reconhecimento era muito bom, mas pendia para o lado esquerdo e nacionalista da cena política. Suas fontes eram diretamente próximas ao presidente, no parlamento; mas distantes das forças armadas e da direita. Uma coisa é certa — a revolução brasileira (usando o termo dos militares) significou uma séria censura ao trabalho do serviço de inteligência tchecoslovaco no maior país da América Latina e nada mais foi tão fácil como antes. O forte curso anticomunista do novo governo não prejudicou muito as relações diplomáticas e econômicas entre Brasil e Tchecoslováquia, mas influenciou decididamente e de forma negativa nas condições de trabalho da StB. O golpe e suas consequências - a descoberta do residente Peterka, a eliminação da vida pública e emigração de colaboradores e contatos, o medo dos agentes não descobertos - abalaram seriamente a rede de agentes, que teve de ser reconstruída.

Ver resposta a 3.1

5-Documento da CIA revela que Goulart não tinha intenções comunistas:

RELAÇÕES EXTERIORES DOS ESTADOS UNIDOS, 1961–1963, VOLUME XII, REPÚBLICAS AMERICANAS

234. Estimativa Nacional Especial de Inteligência 1

SNIE 93-63

Washington , 27 de fevereiro de 1963 .

O CARÁTER DO REGIME GOULART NO BRASIL

O problema

Estimar o caráter do regime de Goulart e os cursos de ação que ele provavelmente tomará em relação aos problemas financeiros que o Brasil enfrenta.

Observação

Esta estimativa resumida é baseada em extensa pesquisa feita em preparação para uma estimativa de inteligência nacional mais elaborada sobre a situação e as perspectivas no Brasil. Este tratamento sumário é apresentado agora tendo em vista a iminente visita do Ministro da Fazenda brasileiro. A estimativa mais extensa será produzida mais tarde, quando os resultados de sua visita puderem ser levados em consideração.

[Página 491]

A estimativa

1.Presidente Goular té essencialmente um oportunista. Embora sua carreira política tenha sido baseada principalmente na associação com trabalhadores organizados e nacionalistas radicais, incluindo associações com comunistas conhecidos e suspeitos, poucas razões para acreditar que ele se dedique a uma transformação radical da sociedade brasileira ou a uma reorientação radical do Brasil independente. política estrangeira. Ele parece estar interessado no poder político principalmente pelo prestígio pessoal, popularidade e privilégios a serem obtidos com isso. Se ele acreditasse ser politicamente viável,

2.As circunstâncias de sua ascensão à presidência do Brasil deram a Goulart uma profunda desconfiança da oposição real ou potencial, particularmente no establishment militar. Ele teve o cuidado de nomear para altos cargos civis e militares homens em cujo apoio pessoal contínuo ele sentiu que poderia contar. Um número considerável deles tem uma atitude notavelmente pró-comunista ou anti-EUA. Ainda assim, Goulart tem também entre seus conselheiros homens de opiniões mais moderadas. Na política interna e externa, ele passou de atitudes moderadas a radicais e vice-versa de acordo com seu cálculo das exigências políticas do momento.

https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1961-63v12/d234

6-João Goulart não tinha quase nenhum apoio de resistência segunda a CIA:

RELAÇÕES EXTERIORES DOS ESTADOS UNIDOS, 1964–1968, VOLUME XXXI, AMÉRICA DO SUL E CENTRAL; MÉXICO

206. Ata resumida da 525ª Reunião do Conselho de Segurança Nacional 1
Washington , 2 de abril de 1964, meio-dia .

Política dos EUA em relação ao Brasil e outros tópicos gerais
O diretor da CIA McCone deu um briefing das notas preparadas 2 sobre os seguintes itens:
[Omitido aqui é a discussão de itens não relacionados.]

e. Brasil — O Coronel King foi solicitado a revisar as informações mais recentes do Brasil. A maioria de seus fatos veio de uma teleconferência entre o Departamento de Estado e o Embaixador Gordon no Rio (cópia em anexo). 3 Ele relatou que Goulart e seu cunhado, Brizola, haviam saído do Rio para Porto Alegre. A resistência militar acabou em todos os lugares, exceto em Porto Alegre, onde pode haver combates mais tarde se os partidários de Goulart escolhem resistir às forças brasileiras que agora se movem sobre a cidade. O secretário Ball informou que a ação de ontem à noite por uma minoria de deputados brasileiros que declarou vago o cargo de presidente e nomeou o presidente do Congresso, Mazzilli , como presidente era de legalidade duvidosa. Essa dúvida permanecerá enquanto Goular estiver no Brasil ou até que renuncie formalmente. A Constituição brasileira não contém nenhuma disposição para destituir um presidente. Embora não desejemos lançar dúvidas sobre a legitimidade de Mazzilli como presidente, não desejamos aceitar formalmente um governo que os tribunais brasileiros possam posteriormente decidir ser ilegal. Mazzilli pode ocupar o cargo por trinta dias, durante os quais o Congresso elege um presidente para ocupar o cargo até a eleição nacional marcada para 1965.

O presidente destacou que Mazzilli não estaria em uma posição muito forte se apenas 150 dos mais de 450 congressistas o elegessem. O subsecretário Ball respondeu que, embora fosse verdade que uma minoria de congressistas havia agido para colocar Mazzilli no cargo, a situação legal melhoraria assim que Goulart renunciasse ou fosse para o exílio.

O presidente perguntou se ainda restavam bolsões de resistência. O general Wheeler disse que Goulart tem relativamente pouca força militar leal a eleUm regimento e possivelmente uma unidade de cavalaria ainda não desistiram dos rebeldes.[Página 454]

O presidente perguntou o que acontece a seguir. O General Wheeler respondeu que o exército brasileiro iria atacar os bolsões de resistência e eliminá-los. Ele indicou que o Segundo Exército se mudaria para Porto Alegre para vencer quaisquer unidades que ainda apoiassem Goulart .

O secretário Rusk comentou que era mais importante para os brasileiros do que para nós conseguir uma transferência legítima de poder. A situação interna no Brasil melhoraria se um novo governo pudesse ser legitimado rapidamente.

O presidente perguntou por que o Congresso não deveria se reunir para fazer de Mazzilli o presidente legal provisório. O secretário Rusk respondeu que o Embaixador Gordon estava usando os recursos de que dispunha para encorajar os legisladores brasileiros a fazer exatamente isso. O subsecretário Ball observou que não haveria problema no reconhecimento do novo governo pelos Estados Unidos, porque simplesmente continuaríamos nossas relações com o presidente.

O secretário Rusk disse que tudo o que poderíamos fazer hoje seria sentar e esperar. Ele disse que a força-tarefa da Marinha dos EUA avançando em direção ao Brasil deve continuar até recebermos mais informações do Brasil.

O secretário McNamara recomendou que a força-tarefa continuasse em direção ao sul. Agora está perto de Antígua e pode ser revertido amanhã se a situação continuar melhorando. Ainda estará muito longe do Brasil. 4

[Omitido aqui é a discussão de itens não relacionados.]

O presidente perguntou o que estávamos fazendo em Cuba para torná-la “apenas um incômodo”. Após as risadas, o secretário Rusk comentou que se o Brasil saísse do jeito que parece, haveria um efeito benéfico no problema cubano e na situação política do Chile. https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d206

3.4- João Goulart
 não tinha apoio da maioria da população?
A população em geral não aceitava as medidas de João Goulart?
“Naquela noite, as janelas do Rio de Janeiro tinham todas uma vela acesa. Foi um sinal de protesto da população em relação ao que tinha acontecido na Central do Brasil. Era a nação brasileira comunicando que não estava gostando do que estava acontecendo.”
“O Brasil inteiro estava a favor de 1964. Toda a imprensa, igreja, todo mundo.” Documentário '1964:entre armas e livros'

Resposta:

1- As pesquisas da época mostram que ele tinha apoio da maioria da população, se pudesse candidatar.

'Se o presidente João Goulart também pudesse candidatar-se à Presidência:''... pesquisa de 1964 ibope


2- Entre os candidatos possíveis o Juscelino ganharia disparado em relação a Carlos Lacerda (de esquerda)

Fonte: ''Ibope – Boletim de Pesquisas Especiais (1943-1973). Volume ''Ibope – Pesquisas Especiais – 1964 – Vol. 2''.... 


Como uma lavagem cerebral, certa historiografia e certo jornalismo buscaram perpetuar no último meio século a ideia de que as bases populares do presidente João Goulart estavam corroídas quando ele sofreu o golpe de Estado em 1º de abril de 1964. Pesquisa Ibope realizada de 9 a 26 de março daquele ano, às vésperas da deposição, mostra realidade oposta: Jango permanecia com amplos contingentes de eleitores fieis. O levantamento em oito capitais revelou que em cinco, se pudesse ser candidato na eleição presidencial prevista para 1965, Goulart receberia a maioria dos votos (Recife, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Rio de Janeiro). Em outras três (Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte), seu desempenho era expressivo, com percentuais de 41% a 39% dos que responderam que nele votariam. Como a escolha para o Planalto ocorria em turno único, o resultado impressiona ainda mais. Acontece que, conforme a legislação em vigor, inexistia direito à reeleição.
Sem Goulart (PTB) na cédula, na consulta estimulada com oito candidatos, liderava com folga o ex-presidente Juscelino Kubitschek (PSD), de quem Jango fora vice de 1956 a 1961. O oposicionista Carlos Lacerda (UDN) aparecia como segunda força. A sondagem do Ibope não foi divulgada nem antes do golpe, nem nos anos que o sucederam. Ignoro o motivo. Desconheço registros sobre quem a encomendou. Seu objetivo era ''determinar a opinião do eleitorado das principais capitais do país sobre fatos e questões políticas, administrativas e eleitorais''. A primeira notícia que tive dela foi no livro ''A democracia nas urnas'' (Iuperj/Revan), de Antônio Lavareda, publicado em 1999. Busquei mais dados na apuração do meu livro ''Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo'' (Companhia das Letras, 2012). Nos arquivos da Unicamp, anos atrás, uma boa alma copiou tabelas para mim, em antigos alfarrábios do Ibope lá conservados. O instituto constatou que a reforma agrária e a encampação de refinarias particulares de petróleo, que mereciam iniciativas de Jango em março de 1964, tinham aprovação dos eleitores. Ao contrário da legalização do proscrito Partido Comunista Brasileiro, defendida pelo presidente e rejeitada pela maioria dos entrevistados da pesquisa. É evidente que os eleitores das capitais não representam o conjunto do eleitorado, mas parece incontestável que a dita impopularidade de Jango é lenda.

 

Legiões espalharam-se país afora pedindo a cabeça do presidente, nas marchas da família de março de 1964. Os manifestantes expressavam um segmento de opinião, não necessariamente o que ia pela cabeça da maioria dos brasileiros. Naquelas jornadas, a direita foi à luta, confrontando medidas do governo. O presidente, pelo contrário, a não ser em atos pontuais como o Comício da Central em 13 de março, não mobilizou a multidão que o respaldava. As marchas da família enganam, como retrato do Brasil inteiro, feito as urnas eletrônicas da zona sul do Rio: se essa parte da cidade escolhesse sozinha o presidente, a candidata Dilma Rousseff não teria ido nem ao segundo turno em 2010. João Belchior Marques Goulart era o presidente constitucional. Eleito vice-presidente em 1960 (reeleito; para vice a reeleição era autorizada), assumiu a Presidência em setembro de 1961, depois da renúncia de Jânio Quadros e da tentativa de golpe de Estado capitaneada pelo comandantes das Forças Armadas. Em janeiro de 1963, um plebiscito para a escolha entre os sistemas presidencialista, vitorioso, e parlamentarista configurou um eloquente triunfo de Jango. Em suma, o balanço sincero da história é o seguinte: em 1964, os golpistas rasgaram a Constituição e derrubaram o presidente constitucional. E também um governante com imenso apoio popula... -  https://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/03/27/ibope-de-marco-de-1964-mostra-que-joao-goulart-mantinha-alta-popularidade/?cmpid=copiaecola

 https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/07/opinion/1554640987_633381.html?id_externo_rsoc=FB_BR_CM&hootPostID=dfcb1bcfc295fea7e1d2cae5538d1bf7&fbclid=IwAR0eFHkg94ibR15z5s8auaLQwIso-5Pf0DZO9iF_vNCeBPy2GLlEGiD0Bro


3-A frente social e política que se reuniu para derrubar o presidente - formada por empresários, banqueiros, latifundiários, políticos e  uma parcela pequena da população era contra um processo radical de distribuição de renda  e reforma agrária. O apoio desses grupos sociais permitiu uma desestabilização na sociedade que foi decisiva para a conspiração militar ser bem sucedida.

 Essa parcela da população apoiou o golpe, mas não a sociedade na sua maioria.


3.5-Os militares não tinham intenção de golpe? O golpe foi civil?

"Os militares foram entrando de pouquinho na coisa. Só que, no final, eles se precipitaram. Eles nem queriam dar o golpe. Foi o [general] Mourão Filho que se precipitou e obrigou os outros generais a entrarem na coisa. Eles estavam quietinhos, e o Mourão Filho que era um doidão botou os tanques na rua e começou a ir para o Rio de Janeiro. Então eles tiveram que se mobilizar", explica Olavo de Carvalho no documentário
Resposta:
1-Documento da CIA revela atitude do exército brasileiro no dia 31/03/1964, antes do senado destituir ilegalmente o presidente

195. Telegrama da Embaixada no Brasil ao Departamento de Estado 1

Rio de Janeiro , 31 de março de 1964, 9h

2121. Passe Casa Branca, OSD , JCS , CINCSOUTH, CIA .

[ menos de 1 linha do texto fonte não desclassificado ] acaba de receber a notícia de [ menos de 1 linha do texto fonte não desclassificado ] que “o balão subiu” em Minas Gerais e que a revolta contra o governo Goulart deve começar em São Paulo em cerca de duas horas. Não temos confirmação. Nenhum detalhe disponível neste momento além do relatório O general Mourão Filho está no comando. (Mourao Filho é Comandante da 4ª Região Militar com sede em Juiz de Fora.) 2

Gordon

Fonte: National Archives and Records Administration, RG 59, Central Files 1964–66, POL 23–9 BRAZ. Segredo; Clarão; Limdis. Repetido Imediato para Brasília, São Paulo e Recife. Recebido no Departamento às 7h12 e encaminhado à Casa Branca, CIA , JCS , OSD e CINCSO . ↩

Às 10h, a CIA confirmou que “um movimento revolucionário anti-Goulart realmente começou em Minas Gerais e que Mourão Filho está liderando um número não especificado de tropas de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro”. ([ número do telegrama não desclassificado ], 31 de março; Johnson Library, National Security File, Country File, Brazil, Vol. II, 3/64) ↩  https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d195



2-CIA confirma que Goulart não tinha abandonado o país ao contrário do que disse o presidente do Senado. A ilegalidade civil se deu no dia 02/04/1964 

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204. Nota Editorial

Em 2 de abril de 1964 (12h25 EST ), o escritório da Embaixada em Brasília informou que o presidente Goulart havia deixado Brasília de avião. Embora possa pousar primeiro em Porto Alegre, fontes confiáveis ​​do Congresso indicaram que Goulart estava voando para Montevidéu. Enquanto isso, uma sessão especial conjunta do Congresso se reunia para declarar que Goulart havia fugido do país, que a presidência estava vaga e que Paschoal Ranieri Mazzilli, ex-presidente da Câmara dos Deputados, era agora[Página 448] Presidente interino do Brasil. (Telegrama 137 de Brasília; Arquivos Nacionais e Administração de Registros, RG 59, Arquivos Centrais 1964–66, POL 15–1 BRAZ) Às 3h05 EST , o Gabinete da Embaixada informou que o Presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, havia declarado que a presidência estava vaga - apesar de uma declaração oficial de que Goulart estava apenas "ausente no Rio Grande do Sul"Pouco tempo depois, Mazzilli prestou juramento no Planalto, palácio presidencial de Brasília. (Telegrama 138 de Brasília, 2 de abril; ibid.) https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d204

"Vice-presidente do Senado durante os momentos mais tensos que antecederam o golpe de 64, o paulista Auro de Moura Andrade desempenhou um papel relevante no movimento que depôs João Goulart. O cargo que ocupava correspondia na prática à Presidência do Senado  – função formalmente exercida pelo vice-presidente da República – e foi utilizado para conferir aparência de legalidade ao golpe militar.

Foi Moura Andrade que declarou vaga a Presidência, em 2 de abril de 1964, embora Jango permanecesse em território nacional. Com isso, o deputado Ranieri Mazzilli ocupou a presidência da República interinamente, até que o Congresso, já mutilado pelas primeiras cassações, elegesse Castelo Branco. Fonte: Agência Senado https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/03/27/auro-de-moura-andrade-a-servico-do-golpe-declarou-vaga-a-presidencia


 3- CIA confirma o golpe militar

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208. Ata resumida da 526ª Reunião do Conselho de Segurança Nacional com os Líderes do Congresso 1

Washington , 3 de abril de 1964, 14h

Vários Assuntos

O presidente abriu a reunião com os líderes do Congresso dizendo que seu objetivo era atualizá-los sobre os acontecimentos recentes. Vários membros do Conselho relatariam as situações atuais. Ele primeiro pediu ao secretário Rusk um resumo dos acontecimentos no Brasil. 2

O secretário Rusk resumiu nossas relações com Goulart , incluindo a discussão de Goulart com o presidente Kennedy e, posteriormente, no Rio, sua discussão com o procurador-geral. 3 Apesar de nossos esforços para persuadir Goulart a seguir um programa de reforma democrática, e apesar de nossos esforços para apoiar a economia brasileira fazendo grandes empréstimos, Goulart havia caminhado para a criação de um regime autoritário politicamente muito à esquerda.

A atual revolta no Brasil não foi o tradicional “golpe” da variedade latino-americana, mas sim uma combinação de governadores, funcionários do governo e líderes militares que se uniram para derrubar Goulart quando se convenceram de que ele estava levando o Brasil ao desastre econômico e político. . Quanto à situação atual, o governo rebelde agora tem controle total do país. Os líderes militares no Brasil há muito se visualizam como guardiões do processo democrático.  https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d208

CIA reconhecia que os problemas financeiros foram agravados, mas não causados por Goulart

Solução distante

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213. Estimativa Nacional Especial de Inteligência 1

SNIE 93-64

Washington , 27 de maio de 1964 .

A SITUAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL

O problema

Avaliar a estabilidade do regime de Castello Branco e as perspectivas do Brasil durante seu mandato.

Conclusões

A.O presidente Castello Branco , cujo mandato vai até janeiro de 1966, provavelmente fornecerá uma liderança política razoavelmente eficaz em linhas reformistas moderadas. 2 É improvável que os partidários do presidente Goulart deposto sejam capazes de desafiar seriamente a estabilidade do novo regime, embora alguns extremistas de esquerda possam tentar atos de violência demonstrativa para desacreditá-lo. O principal perigo para a estabilidade do novo regime é a possibilidade de um desentendimento entreCastello Branco e alguns grupos militares que querem um expurgo mais completo da velha ordem política. Acreditamos que, com algumas concessões de conveniência, ele conseguirá manter o controle geral da situação. (Parágrafos 2–15)

B.Os problemas econômicos e sociais do Brasil – agravados, mas não causados ​​pelo governo disruptivo de Goulart – não são passíveis de soluções rápidas ou indolores. É provável que o novo regime dê passos construtivos em várias frentes, mas nos próximos anos provavelmente será incapaz de fazer muito mais do que estabelecer uma base para o progresso futuro. É provável que promulgue uma série de reformas sociais como um sinal de sua preocupação com as classes deprimidas do Brasil, mas se concentrará inicialmente no combate à[Página 467]inflação e em outras medidas necessárias para colocar a economia em movimento novamente. Por razões políticas, no entanto, provavelmente não chegará a medidas de austeridade rigorosas. Precisará de considerável assistência econômica externa para reescalonar a enorme dívida de curto prazo do Brasil e ajudar a amortecer o choque das medidas de estabilização econômica que adota. (Parágrafos 16–21)

[Omitido aqui é a seção de discussão da estimativa.]

Fonte: Agência Central de Inteligência, Trabalho 79–R01012A, Registro O/DDI. Segredo; Disseminação controlada. De acordo com uma nota na folha de rosto, esta estimativa foi elaborada na Agência Central de Inteligência com a participação dos órgãos de inteligência dos Departamentos de Estado e Defesa e da Agência de Segurança Nacional. O Conselho de Inteligência dos Estados Unidos concordou com essa estimativa em 27 de maio. ↩

O Diretor de Inteligência e Pesquisa do Departamento de Estado considera que a força dessa estimativa é excessivamente otimista em vários aspectos. Ele acredita que não leva em conta adequadamente a enorme gravidade e o desafio multifacetado da situação política; o confronto persistente de forças poderosas tanto à direita quanto à esquerda, que impedirá a ação reformista necessária; a inexperiência política do Presidente e da maior parte do seu Gabinete e a ausência de pessoal técnico qualificado de segundo e terceiro níveis; e o possível papel desestabilizador de alguns dos líderes militares da revolução, que enfatizariam a ação repressiva contínua em detrimento de reformas sociais significativas. Por esses motivos, o Diretor acredita que há chances iguais de o regime resvalar para um autoritarismo cada vez maior, precipitando assim outra crise constitucional dentro do período da estimativa. [Nota de rodapé no texto original.]↩ https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d213

4- Desde 1954 já havia mobilização militar

"O golpe civil-militar de 1964 no Brasil não ocorreu de repente. Pelo contrário, os militares brasileiros, apoiados por instituições civis, planejaram sua entrada na cena política. Para alguns estudiosos, desde 1954 já havia indícios claros da insatisfação e mobilização nos quartéis. O final do governo constitucional de Getúlio Vargas (1954) e a tentativa de impedir a posse de Juscelino Kubitschek (1955) levaram certos segmentos das Forças Armadas a avaliar a possibilidade de intervenção direta na política. A reação de grupos legalistas do Exército e o sucesso das negociações políticas conseguiram evitar o golpe nesse período e assegurar o respeito à Constituição.

Após a renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961, a resistência de setores conservadores à posse de João Goulart como presidente provocou uma grave crise no país. Novamente foi possível evitar o golpe: a implantação do parlamentarismo acalmou os ânimos de civis e militares que temiam o governo de Jango. No entanto, o apoio recebido pelo presidente, especialmente de organizações e movimentos sociais que lutavam a favor, por exemplo, da reforma agrária, ameaçou os interesses dos setores conservadores da sociedade brasileira, criando condições favoráveis a uma intervenção militar.

As divisões dos militares

Nessa época, e durante os vinte e um anos de regime militar, as Forças Armadas brasileiras conheceram profundas divisões internas. Os setores legalistas, contrários à participação dos militares na política, perderam grande parte de sua influência durante o governo de Jango.

Os golpistas tampouco compartilhavam as mesmas ideias. De um lado, os grupos ligados à Escola Superior de Guerra (ESG) defendiam a ampliação do poder armado no país, mas não consideravam essencial que o governo brasileiro estivesse nas mãos de militares. Mais ambiciosos e com uma visão mais ampla da política, defendiam a presença militar no comando das comunicações, dos transportes e do planejamento estratégico. Do outro lado, o segmento da chamada linha dura” reagia às discussões teóricas propostas pela ESG. Mais pragmáticos, insistiam no controle direto do Poder Executivo. Apesar dessas divergências, o anticomunismo e a reação ao governo de João Goulart unificavam os três grupos do Exército 
História: das cavernas ao terceiro milênio. Moderna. p. 554

5- O Golpe cívico-militar- exatamente como diz os livros didáticos
O golpe ocorreu no dia 31 de março de 1964. Tropas militares partiram de Minas Gerais em direção à cidade do Rio de Janeiro para depor João Goulart. No dia 2 de abril, com a presidência declarada vaga pelo Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili, assumiu temporariamente o poder no país. O golpe não contou apenas com a iniciativa militar. Pelo contrário, setores da sociedade civil e partidos políticos também participaram da ação. Partes importantes do empresariado brasileiro, pessoas ligadas à imprensa e políticos temiam uma guinada à esquerda de Jango e rejeitavam as reformas nacionalistas e estatizantes que o presidente defendia em seus discursos. A classe média reagia à proximidade de Jango com os sindicatos e os movimentos sociais.

União Democrática Nacional (UDN), adversária da política trabalhista de Getúlio Vargas e Jango, negociou nos quartéis os caminhos para a formação de um novo governo, enquanto setores mais conservadores da sociedade organizaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade contra o governo Jango.

Fora do Brasil, o golpe também era tema de debates e negociações. Os representantes diplomáticos norte americanos no país, por exemplo, acompanharam atentamente o desenrolar da crise política, aconselhando ou oferecendo suporte político aos golpistas. Documentos oficiais da CIA e da Casa Branca, como gravações telefônicas e telegramas, revelam que os Estados Unidos teriam passado a financiar campanhas contra o governo de João Goulart já em 1962. É importante lembrar que o mundo vivia a Guerra Fria e, nesse contexto, os Estados Unidos temiam que o Brasil se aproximasse da União Soviética,como havia acontecido com Cuba.

O golpe ocorreu no dia 31 de março de 1964. Tropas militares partiram de Minas Gerais em direção à cidade do Rio de Janeiro para depor João Goulart. No dia 2 de abril, com a presidência declarada vaga pelo Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili, assumiu temporariamente o poder no país.

Apenas no sul do Brasil houve uma tentativa efetiva de resistência à ação dos militares: Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul e aliado político de João Goulart, conclamou a população a resistir e insistiu para que o próprio Jango liderasse o movimento. Porém, o presidente rejeitou a proposta, convicto de que não conseguiria aglutinar apoio suficiente para defender  e uma reação poderia levar o país a uma guerra civil. Jango acabou seguindo para o exílio no Uruguai. Muitos de seus partidários também seguiram esse mesmo caminho. O Brasil, assim, caía nas mãos dos militares.
Para os defensores da intervenção militar, o que houve em 1964 foi uma “revolução redentora”, que afastou o Brasil dos tortuosos caminhos em que teria enveredado nos anos do governo de João Goulart. Para os oposicionistas, foi um golpe. Mais do que uma disputa em torno de palavras, “revolução” e “golpe” implicam conceitos distintos. “Revolução” sugere um movimento amplo, com apoio popular e capacidade de transformação profunda da sociedade. “Golpe” alude a uma ação de poucos, preocupados em defender interesses específicos e destituídos de propostas efetivamente renovadoras. História: das cavernas ao terceiro milênio. Moderna,.p. 555

Em 31 de março, as tropas golpistas começam a se deslocar de Minas Gerais para o Rio de Janeiro. Na mesma data, teve início a Operação Brother Sam, da Marinha dos EUA, para apoiar o golpe que iria derrubar o governo constitucional. Mas nem foi preciso, pois a situação militar se resolveu internamente, pois não houve resistência organizada aos golpistas.

Esboçou-se alguma resistência no meio sindical e no movimento estudantil, entretanto, essa resistência foi desorganizada e desestimulada pela própria atitude de João Goulart, que por saber da ameaça de intervenção estadunidense no país teria desistido de resistir quando foi do Rio de Janeiro, local estratégico para a resistência, para Brasília e, dali, para o Rio Grande do Sul. Ainda houve alguma discussão entre Jango e Leonel Brizola se era possível resistir a partir do RS, mas o presidente não assumiu esta opção. Como muitos outros, Jango achava que seria um “golpe passageiro”, e dali a alguns anos, novas eleições seriam convocadas. Afinal, fora assim em 1945 e em 1954, por ocasião das intervenções militares para depois Getúlio Vargas.

Desde o início a ditadura militar buscou ter um aparato legal, como forma de se institucionalizar e de se legitimar perante a opinião pública, sobretudo a liberal, que tinha apoiado a destituição de Jango. Nesse sentido, o golpe contou com apoio de setores ancorados no Congresso Nacional e de juristas conservadores. Foi formalizado na madrugada do dia 2 de abril, no Congresso Nacional, mas sem amparo na Constituição, pois o cargo foi declarado vago enquanto o presidente continuava no território nacional e sem ter renunciado nem  sofrido impeachment. Somente numa dessas três circunstâncias, além da morte, isso poderia acontecer. https://memoriasdaditadura.org.br/origens-do-golpe/


3.6-A CIA não teve envolvimento com o golpe?
O livro citado no documentário desmente Olavo de Carvalho ao falar sobre agentes da CIA no Brasil:

 Foram os americanos que planejaram o golpe?

Com base nas informações de documentos a que tivemos acesso (e aqui estamos falando do documento sobre a análise feita para o Comitê Central do PC da Tchecoslováquia - ver Capítulo XX), não é possível concluir que os americanos planejaram o golpe. Vale a pena lembrar que os EUA eram o inimigo principal e a StB dedicava muita atenção a suas atividades. O serviço de inteligência da StB estava sempre tentando descobrir algo sobre a presença da CIA e/ou de agentes americanos, assim como as suas atividades no Brasil na época - existem pastas dedicadas à CIA, serviço de informação americano e à USIS. Não há dúvidas de que os americanos e sua espionagem estiveram no Brasil, mas não sabemos ainda a dimensão desta presença e o alcance de suas atividades. Sinalizamos aqui apenas o caso a respeito da participação dos EUA no golpe (ver Capítulo XX). 1964: o elo perdido — O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista/Mauro “Abranches” Kraenski e Vladimír Petrilák — Campinas, SP: VIDE Editorial, 2017

A CIA  acreditava nos rumores que João Goulart iria se tornar um ditador

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187. Telegrama do Embaixador no Brasil ( Gordon ) ao Departamento de Estado 1

Rio de Janeiro , 28 de março de 1964 .

[ número do telegrama não desclassificado ]. O seguinte é [ número do telegrama não desclassificado ] transmitido a pedido do Embaixador Gordon :

Pessoal do Embaixador Gordon . Por favor, passe imediatamente para o Sec. State Rusk , Secretário Assistente Mann , Ralph Burton , Sec. Defesa McNamara , Assistente Sec. Defesa McNaughton , General Maxwell Taylor , Diretor da CIA John McCone , Coronel JC King , Desmond FitzGerald , Casa Branca para Bundy e Dungan , passagem para Canal Zone para General O'Meara. Outra distribuição somente mediante aprovação acima indicada.

1.Desde que voltei ao Rio em 22 de março, examinei minuciosamente a situação brasileira com os principais funcionários civis e militares aqui, convocando os chefes dos correios de São Paulo e de Brasília para ajudar e também fazendo contatos selecionados com alguns brasileiros bem informados.

2.Minha conclusão ponderada é que Goulart agora está definitivamente engajado em campanha para tomar o poder ditatorial, aceitando a colaboração ativa do Partido Comunista Brasileiro e de outros revolucionários radicais de esquerda para esse fim. Se ele tivesse sucesso, é mais do que provável que o Brasil ficasse sob total controle comunista, mesmo que Goulart esperasse se voltar contra seus partidários comunistas no modelo peronista, que acredito que ele pessoalmente prefere. 

 https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d187


CIA apoiava a intervenção
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189. Telegrama do Assistente Especial do Presidente para Assuntos de Segurança Nacional ( Bundy ) ao Presidente Johnson no Texas 1
Washington , 28 de março de 1964 .
CAP 64100. Ao coronel Connell para o presidente de Bundy . As duas mensagens seguintes são: primeiro, uma longa e importante mensagem do Embaixador Gordon e um resumo de uma resposta que estamos dando.

Texto da Mensagem de Gordon : 2

Após consulta interdepartamental com DOD , JCS , State e CIA , estamos redigindo uma resposta 3 que, em substância, fará o seguinte:

1.Informe a Gordon que nem o desembarque de submarino nem a força-tarefa de porta-aviões parecem adequados para nós e pedimos uma elaboração mais aprofundada de seu pensamento.
2.Diga a ele que achamos que o principal problema em caso de ação do Exército é o abastecimento e estamos preparando ativamente uma capacidade secreta para abastecimento rápido neste campo.
3.Peça a Gordon para revisar nossas relações econômicas e financeiras com o Brasil e recomendar quaisquer ações desejáveis ​​à luz da crise crescente.
4.Instrua-o a garantir o mais alto grau de segurança compatível com a comunicação eficaz com os elementos anti-Goulart .
5.Questione a conveniência de uma declaração pública forte aqui. Em vez disso, estamos explorando a possibilidade de gerar comentários ativos da imprensa contra Goulart , uma vez que isso fortalece seus oponentes sem colocar o USG como alvo de sua demagogia.
6.Deixe claro que basicamente compartilhamos a preocupação de Gordon de que ele pode confiar em nós para uma ação eficaz se o pior acontecer.
Fonte: Johnson Library, National Security File, Country File, Brasil, vol. II, 3/64. Ultra secreto; Prioridade. Nenhum horário de transmissão aparece no telegrama; foi recebido pela Agência de Sinais do Exército da Casa Branca às 18h56. Impresso de uma cópia preliminar que inclui pequenas revisões manuscritas de Bundy . Uma nota indica que a cópia enviada ao presidente foi “recuperada e destruída”. ↩
Documento 187 . Embora o texto não conste aqui, uma cópia do telegrama foi enviada ao Presidente. Uma nota manuscrita indica que a cópia foi devolvida a Dungan em 30 de março . ↩
Ver Documento 190 . ↩  

CIA apoiava o exército brasileiro com armas e dinheiro, neste telegrama dito em moldes constitucionais
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194. Telegrama do Departamento de Estado à Embaixada no Brasil 1

Washington , 30 de março de 1964, 21h52

1296. Para Embaixador de Secretário.

A política dos Estados Unidos em relação ao Brasil é baseada em nossa determinação de apoiar de todas as maneiras possíveis a manutenção de um governo representativo e constitucional no Brasil, livre da contínua ameaça de ditadura da esquerda erguida por um Goulart/Manipulação de Brizzola. É de grande importância que haja uma preempção da posição de legitimidade por aqueles que se opõem às influências comunistas e outros extremistas. É altamente desejável, portanto, que se uma ação for tomada pelas forças armadas, tal ação seja precedida ou acompanhada de uma demonstração clara de ações inconstitucionais por parte de Goulart ou de seus colegas ou que a legitimidade seja confirmada por atos do Congresso (se é livre para agir) ou por expressões dos principais governadores ou por algum outro meio que dê uma reivindicação substancial de legitimidade.


No que diz respeito às capacidades de apoio dos EUA, podemos agir prontamente em medidas financeiras e econômicas. No que diz respeito à assistência militar, os fatores logísticos são importantes. Navios de superfície carregados com armas e munições não poderiam chegar ao sul do Brasil antes de pelo menos dez dias.[Página 430]O transporte aéreo poderia ser fornecido prontamente se um campo intermediário em Recife, ou outros aeródromos no nordeste do Brasil capazes de lidar com transportes a jato de grande porte, for seguro e disponibilizado. Em situações ambíguas, pode ser difícil para nós obter permissão para paradas intermediárias de outros países, como o Peru.

Você deve pedir a seus próprios adidos de serviço, sem consultar as autoridades brasileiras ainda, que preparem recomendações sobre os tipos de armas e munições mais prováveis ​​de serem necessários à luz de seu conhecimento da situação.

Em uma situação de rápida mudança, pedimos a todos os nossos postos no Brasil que forneçam a Washington um fluxo contínuo de informações sobre desenvolvimentos significativos em suas áreas e que permaneçam em alerta 24 horas por dia.

Neste momento é importante que o governo dos Estados Unidos não se coloque em posição que seria profundamente constrangedora se Goulart , Mazzilli, Os líderes do Congresso e a liderança das forças armadas chegam a um acordo nas próximas horas, o que nos deixaria marcados com uma tentativa desajeitada de intervenção. No entanto, toda disposição aqui é para estar pronto para apoiar aqueles elementos que se movem para evitar que o Brasil caia em uma autêntica ditadura de esquerda fortemente infiltrada ou controlada pelos comunistas. Obviamente, em um país com mais de 75 milhões de habitantes, maior que os Estados Unidos continentais, esse não é um trabalho para um punhado de fuzileiros navais dos Estados Unidos. Uma determinação maior da direção autêntica do Brasil e uma preempção da posição de legitimidade são da maior importância possível. Não ficaremos, entretanto, paralisados ​​por sutilezas teóricas se as opções forem claramente entre as forças genuinamente democráticas do Brasil e uma ditadura dominada pelos comunistas.

Como vemos o problema esta noite, o maior perigo pode muito bem ser que Goulart seja capaz de recuar o suficiente dentro de um ou dois dias para confundir a situação, enfraquecer a incipiente ação militar conservadora e ganhar mais tempo para paralisar os elementos que poderiam resistir. um regime autoritário infiltrado pelos comunistas. Relatórios fragmentados chegando aqui esta noite sugerem que forças anti- Goulart  podem estar desenvolvendo um certo momento. Nosso grande problema é determinar se isso representa uma oportunidade que não pode se repetir. Nesse caso, gostaríamos de tomar uma decisão importante sobre se e por quais meios podemos dar um impulso adicional às forças agora em movimento consistente com as considerações expressas acima. Nenhum julgamento que você foi obrigado a fazer se compara a isso em ganhar o salário de um Embaixador mal pago.rusk https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d194


CIA revela apoio ao GOLPE, inclusive chama de GOLPE

RELAÇÕES EXTERIORES DOS ESTADOS UNIDOS, 1964–1968, VOLUME XXXI, AMÉRICA DO SUL E CENTRAL; MÉXICO

196. Nota Editorial

Às 9h46 do dia 31 de março de 1964, o secretário de Estado Rusk ligou para o secretário adjunto Mann para discutir o golpe de estado emergente no Brasil: trabalhando na assistência emergencial pós-golpe para o Brasil.Mais tarde naquela manhã, Rusk presidiu uma reunião interinstitucional sobre o Brasil....o envio de uma força-tarefa naval, petroleiros e um transporte aéreo de munições para o Brasil. (Biblioteca Johnson, National Security File, Country File, Brasil, Vol. II, 3/64) Nenhum registro substancial da discussão na reunião foi encontrado.  https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d196

RELAÇÕES EXTERIORES DOS ESTADOS UNIDOS, 1964–1968, VOLUME XXXI, AMÉRICA DO SUL E CENTRAL; MÉXICO
198. Telegrama do Departamento de Estado à Embaixada no Brasil 1
Washington , 31 de março de 1964, 14h29
1301. Apenas para sua informação pessoal, as seguintes decisões foram tomadas a fim de estar em condições de prestar assistência no momento oportuno às forças anti- Goulart , se for decidido que isso deve ser feito.

[Página 435]
1. Despacho de navios-tanque da US Navy com POL de Aruba, primeiro navio-tanque esperado para Santos entre 8 e 13 de abril; seguindo três petroleiros em intervalos de um dia. 2
2. Envio imediato de força-tarefa naval para exercícios abertos ao largo do Brasil. A força consistirá em porta-aviões (espera-se que cheguem à área em 10 de abril), quatro contratorpedeiros, duas escoltas de contratorpedeiros, navios-tanque da força-tarefa (todos devem chegar cerca de quatro dias depois). 3
3. Montar carregamento de cerca de 110 toneladas de munição, outros equipamentos leves, incluindo gás lacrimogêneo 4 para controle de turba para transporte aéreo para São Paulo (Campinas). O levantamento seria feito dentro de 24 a 36 horas após a emissão das ordens finais e envolveria 10 aviões de carga, 5 6 navios-tanque e 6 caças.
O descarregamento de POL por navios-tanque da Marinha dos EUA (item 1) e envio de transporte aéreo (item 3) exigiria um maior desenvolvimento da situação político-militar para apontar onde algum grupo com reivindicação razoável de legitimidade poderia solicitar formalmente reconhecimento e ajuda de nós e, se possível, de outros Repúblicas Americanas. O envio de petroleiros de Aruba e de força-tarefa naval não nos envolve de imediato na situação brasileira e é considerado por nós como exercício naval normal.Rusk

 

Fonte: National Archives and Records Administration, RG 59, Central Files 1964–66, POL 23–9 BRAZ. Segredo; Clarão; Sem Distribuição. Elaborado por Adams e aprovado por Ball . Posteriormente, o Departamento informou a Gordon sobre várias correções no telegrama; eles estão nas notas de rodapé abaixo. (Telegrama 1305 para o Rio de Janeiro, 31 de março; ibid.) As instruções do JCS implementando as decisões descritas no telegrama, que também estavam de acordo com o Plano de Contingência 2–61 do USCINCSO , são ibid. O JCSatribuiu o codinome “Irmão Sam” à operação. (Telegrama 5591 de JCS para CINCLANT, 31 de março; ibid.) ↩
No telegrama 1305, esta frase foi substituída da seguinte forma: “Envio de navios-tanque da Marinha dos EUA com POL de Aruba, primeiro navio-tanque esperado em Santos em 13 de abril; seguindo três petroleiros em intervalos de um dia.” ↩
A frase foi substituída da seguinte forma: “Força consistirá em porta-aviões e dois contratorpedeiros de mísseis guiados (chegada prevista para 10 de abril), quatro contratorpedeiros, navios-tanque da força-tarefa (todos esperados para chegar cerca de quatro dias depois).” ↩
As palavras “gás lacrimogêneo” foram substituídas pela frase “ agente CS ”. ↩
“10 aviões de carga” foi corrigido para “6 aviões de carga”. ↩ https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d198

RELAÇÕES EXTERIORES DOS ESTADOS UNIDOS, 1964–1968, VOLUME XXXI, AMÉRICA DO SUL E CENTRAL; MÉXICO

199. Conversa telefônica entre o subsecretário de Estado ( Ball ), o secretário adjunto de Estado para Assuntos Interamericanos ( Mann ) e o presidente Johnson 1
31 de março de 1964, 15h38

Presidente: Alô?
Ball : Alô? Oh, Sr. Presidente, este é George Ball .
Presidente: Sim, Jorge.
Ball : Tom Mann está comigo.
Presidente: Olá, Tom.

Mano : Oi.

Ball : Um rápido resumo da situação no Brasil. 
Tivemos uma reunião esta manhã com Bob McNamara e Max Taylor e General O'Meara, que veio durante a noite. E decidimos, com base nas informações que chegaram esta manhã, ir em frente e iniciar uma força-tarefa naval, mas sem compromisso, para que ela vá nessa direção. Não conseguiu entrar na área antes de 10 de abril e, enquanto isso, podemos observar os desenvolvimentos e ver se deve continuar ou não. Mas isso poderia ser feito de uma forma que não criasse nenhum tipo de agitação pública.
 A segunda coisa é: localizei alguns navios-tanque da marinha em Aruba, e a grande coisa que eles vão precisar se tiverem uma revolta bem-sucedida lá, em algum momento, provavelmente, é um pouco de gasolina, tanto para veículos motorizados quanto para a aviação. Os petroleiros vão ser carregados, mas novamente eles não podem estar lá até por volta de 8 a 13 de abril. Mas este é um movimento de precaução que estamos tomando. 

A terceira é: eles estão juntando um carregamento de munição, mas isso vai ter que esperar antes de começarmos a movimentá-la porque provavelmente terá que ser movida de avião e isso só poderá ser feito depois que a situação estiver esclarecida e nós, claro decidir fazer um compromisso na situação. Agora, o que realmente está acontecendo em campo é muito confuso.[Página 437]com Linc Gordon no Rio. 2Parece claro que o estado ao norte do Rio, que é Minas Gerais, está em revolta. Tanto o exército quanto as autoridades civis do estado parecem estar agindo em conjunto e o exército aparentemente se mudou e as autoridades bloquearam a estrada do Rio para que o Primeiro Exército no Rio não pudesse avançar e impedir a revolta. Aguardamos algum esclarecimento sobre a situação de São Paulo, que é a chave da questão. Aparentemente não houve movimento em São Paulo, mas há algum esperado a qualquer momento e devemos saber nas próximas horas o que está acontecendo. A esperança seria que o Segundo Exército se movesse e bloqueasse a estrada do Rio para baixo e isolasse o Rio. E nesse meio tempo eles redigiram um impeachment, nos círculos do Congresso, de Goulart , mas nenhuma providência foi tomada. Mas eles listaram todas as ofensas contra a constituição que alegam. E há muitas brigas por aí para ver o que poderia ser feito presumivelmente no sentido de formar algum tipo de governo civil que reivindicaria legitimidade. O governo anti-Goulart - os governadores vão se reunir na quarta-feira, 3 e, com base nas informações de que Gordon tem, há um número significativo de governadores que estão dispostos a se mover contra Goulart , cerca de 9 deles ao todo, o que é um número muito impressionante.

Presidente: Quantos eles têm?
Ball : O número total de estados que existe, quantos ao todo? Dezenove.
Presidente: Vinte?
Ball : Não, 21 me dizem, mas esses são os grandes, esses são os estados importantes. Agora, instruímos Gordon não fazer mais contato com os brasileiros até vermos como a situação evolui. Acho que tem que ter mais movimento em São Paulo para garantir que essa coisa vai andar, porque a gente não quer se comprometer antes de saber como a coisa vai ficar. Ele sente que, com base no ímpeto que foi iniciado até agora, pode esperar 12 horas antes que qualquer coisa seja feita, ou durante a noite, antes de tomarmos qualquer decisão sobre se devemos ou não nos mover. E acho que podemos ver os desenvolvimentos e depois fazer um julgamento sobre isso.
Presidente: Sim, estarei aí por volta das 8h30.[Página 438]
Ball : Certo. Podemos ter outra reunião esta tarde com McNamara , 4 mas de qualquer forma vamos mudar a informação, mas eu queria que você soubesse que...
Presidente: Acho que devemos dar todos os passos que pudermos, estar preparados para fazer tudo o que for necessário, assim como fizemos no Panamá, se isso for possível
Ball : Certo. Obrigado, Sr. Presidente. Estamos avaliando todas as possibilidades para garantir que não estamos...
A roupa de Gordon , ou de McCone , ou de todos vocês, ou de McNamara , e simplesmente não podemos aceitar esta, e eu iria direto para cima dela e arriscaria um pouco o pescoço.
Ball : Certo.
Mann : Bem, nós estamos fazendo isso.
Ball : Bem, este é apenas o nosso próprio sentimento sobre isso, e nós nos organizamos bem, eu acho que agora, eu queria que você soubesse— 5
Presidente: Tudo bem. [Omitido aqui está uma breve discussão sobre o Panamá.]
Fonte: Biblioteca Johnson, gravações e transcrições, gravação de conversa telefônica entre o presidente Johnson , Ball e Mann , fita F64.21, lado B, PNO 3. Sem marcação de classificação. Ball e Mann estavam em Washington; o presidente estava no Texas. Esta transcrição foi preparada no Escritório do Historiador especificamente para este volume. Antes de telefonar para o presidente, Ball ligou para Rusk: “B disse que ele e Mann estavam pensando em ligar para o presidente e se perguntou se o Sec tinha. Segundo não. Sec perguntou se havia alguma novidade depois da ligação para o Rio. B não disse muito; é bastante fluido, indefinido; Minas parece estar em revolta. Sec perguntou se Linc estava jogando com cuidado. B mencionou o cabo que saiu.” (31 de março, 15h31, National Archives and Records Administration, RG 59, Rusk Files: Lote 72 D 192, Telefonemas 20/03/64–09/04/64) Bolao relato de ambas as conversas está na Johnson Library, Papers of George W. Ball , Brasil, 30/03/64–21/04/66.
O texto da conversa por teletipo (14h30) é ibid., National Security File, Country File, Brasil, vol. II, 3/64.
1º de abril . ↩
Em conversa telefônica às 16h, Ball informou McNamara sobre a situação no Brasil. Os dois homens concordaram que “nada mais poderia ser obtido neste momento, então a reunião das 17h marcada para hoje foi cancelada”. (Biblioteca Johnson, Papers of George W. Ball , Brasil, 30/03/64–21/04/66) Rusk realizou uma reunião sobre o Brasil às 17h (National Archives and Records Administration, RG 59, U. Alexis JohnsonArquivos: Lote 90 D 408, Date Books, 1964) Nenhum registro substancial da reunião foi encontrado.
Bundy ligou para Ball às 18h40 para explicar que “o presidente preferiria ser atualizado sobre a situação no Brasil pela manhã, a menos que houvesse algum motivo para uma reunião esta noite”. (Biblioteca Johnson, Documentos de George W. Ball , Brasil, 30/03/64–21/04/66) Em um memorando de 31 de março ao presidente, Bundy e Dungan informaram que seriam mantidos informados pela Sala de Situação e notificar o Presidente de quaisquer desenvolvimentos. (Ibid., National Security File, Memos to the President,McGeorge Bundy , vol. eu) ↩https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d199

3.7- Só ouve ditadura militar depois de 1969?

Resposta:

Os Atos Institucionais e toda a história do período mostra o contrário:

1- Os Atos Institucionais

  Através dos Atos Institucionais (leis promulgadas entre 1964 e 1969, sem aprovação do Congresso Nacional, com o objetivo de legitimar a ditadura e centralizar o poder nas mãos dos militares. Ao todo, o governo promulgou dezessete Atos Institucionais.). Com essas houve fechamento do Congresso, proibição de atividades políticas de estudantes, restrição da liberdade de imprensa e práticas de tortura, que já se tornaram presentes nos primeiros momentos após o golpe de 1964 e nova Contituição e eleições indiretas:

"O primeiro ato, o AI-1, promulgado no dia 9 de abril de 1964, deu ao presidente o poder de alterar a Constituição e determinar a cassação de mandatos eleitorais. Também estabeleceu, em caráter de urgência, a realização de eleições indiretas para a escolha de um presidente temporário, que teria a função de controlar a crise pela qual o país passava e conduzi-lo às eleições gerais diretas previstas para o final de 1965.

No dia 15 de abril, o marechal Humberto de Alencar Castello Branco, eleito pelo Congresso Nacional, assumiu a presidência do país. Como as eleições previstas para 1965 nunca foram realizadas, o mandato de Castello Branco se estendeu até 1967.

O governo de Castello Branco não explicitava seus métodos de ação nem reconhecia publicamente as perseguições políticas e a formação de um forte aparelho de vigilância. O Serviço Nacional de Informações (SNI), por exemplo, foi um dos principais órgãos da atuação silenciosa do aparato repressivo do regime militar. Idealizado pelo general Golbery do Couto e Silva e criado logo após o golpe, em junho de 1964, o SNI centralizava as atividades de inteligência e informações, acumulando fichas dos suspeitos de manterem atividades contrárias ao regime. Trabalhadores, sindicalistas, jornalistas, políticos, intelectuais e artistas foram os principais alvos do SNI.

Outra medida do governo de Castello Branco foi a instituição do AI-2, em outubro de 1965. Esse novo ato determinou a extinção dos partidos políticos então existentes e a criação de dois novos: a Arena (Aliança Renovadora Nacional), da situação, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), da oposição consentida. Os dois partidos tinham permissão para enfrentar-se nas eleições parlamentares e nas disputas eleitorais para o Executivo estadual e municipal. Já as eleições para presidente e vice-presidente passaram a ser indiretas.

Em fevereiro de 1966, Castello Branco promulgou ainda o AI-3, que, entre outras medidas, estabeleceu eleições indiretas  para governador, delegando-lhes a função de nomear os prefeitos das capitais e cidades consideradas de segurança nacional. Em seguida, para aprovar um novo texto constitucional convocou o Congresso para uma sessão extraordinária por meio do AI-4. 

A nova Constituição, promulgada em janeiro de 1967, aumentou ainda mais o poder do Executivo e limitou a autonomia dos estados. Além disso, com o objetivo de restringir a liberdade de expressão e de informação, o governo criou a Lei de Imprensa, que entrou em vigor em março de 1967 e só deixou de existir em 2009. História: das cavernas ao terceiro milênio. Moderna. p. 556

2- Os protestos contra a ditadura antes de 1969


Em março de 1967, Arthur da Costa e Silva, representante da “linha dura”nas Forças Armadas, sucedeu a Castello Branco na presidência. Costa e Silva enfrentou os protestos de trabalhadores que estavam insatisfeitos com a redução dos salários por causa da política deflacionária do governo anterior. Para conter as manifestações, o governo realizou intervenções nos sindicatos urbanos e rurais, buscando eliminar as influências do trabalhismo e da esquerda. Novos dirigentes, afinados com o regime, passaram a dirigir as associações sindicais.

Nem todos os sindicatos, porém, silenciaram diante da repressão. Em abril de 1968, milhares de operários de Contagem (MG) cruzaram os braços e reivindicaram 25% de reajuste salarial e liberdade política e civil. Em julho do mesmo ano, o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco (SP) liderou a paralisação dos trabalhadores da região e a ocupação de três fábricas. De imediato, a ação repressiva respondeu: os grevistas foram expulsos das fábricas e os líderes do movimento, presos.

Os estudantes também realizaram diversos protestos para exigir o retorno da democracia plena, a criação de mais vagas nas universidades públicas e a melhoria na qualidade do ensino. Em uma dessas manifestações, a polícia militar reprimiu violentamente os estudantes e matou o jovem Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos. O fato abalou a opinião pública, e as passeatas multiplicaram-se por todas as capitais. A mais conhecida delas, a Passeata dos Cem Mil, ocorreu no Rio de Janeiro, em junho de 1968, e reuniu artistas, intelectuais, trabalhadores, parlamentares, religiosos, entre outros.

Para agravar a situação, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, convocou a população a boicotar as comemorações do 7 de Setembro. Os militares, indignados, alegaram que Moreira Alves havia abusado dos direitos individuais e políticos, praticando um “atentado à ordem democrática”. Temendo a ação do governo, o deputado decidiu exilar-se.

Em dezembro de 1968, o governo fechou o Congresso Nacional e decretou o Ato Institucional nº 5, o AI-5, que reforçou o Poder Executivo e, entre outras medidas, recrudesceu a censura prévia à imprensa, permitiu a suspensão dos direitos constitucionais de qualquer cidadão, cassou os direitos políticos de todos que fossem considerados ameaça à ordem nacional e autorizou a decretação do estado de sítio e o confisco de bens como punição por corrupção
. História: das cavernas ao terceiro milênio. Moderna, p. 557


3.8- Distorção da obra de Antônio Gramsci -os jovens com massa de manobra- marxismo cultural- hegemonia

"O fundador do partido Comunista italiano passa a escrever os cadernos do cárcere onde relata que a estratégia marxista deve acontecer no meio cultural destruindo todos os valores, a moral a religião e a família. E para isso os Comunistas devem ocupar espaço exercer controle dos meios educacionais, das instituições religiosas, dos meios de comunicação a fim de pervertê-los  e criar um novo modo de pensar 1964:Entre armas e livros. 1:36:27 -1:36:42

Flávio Morgenstern tenta explicar o que seria gramscismo: 

"O Brasil vai virar o país mais gramscista do mundo. Itália e França, que são os dois países onde o gramscismo pegou, nunca chegaram ao nível de gramscismo brasileiro. Qual que é a grande questão do gramscismo? É que ninguém entende disso no Brasil. Qual é a melhor forma de você ser um gramscista ortodoxo é nunca tendo ouvido falar em Gramsci. Ele quer hegemonia (..) Ele quer uma cultura que você sempre vai repetir os mesmos termos. Por que que hoje toda esquerda fala de machismo, racismo, homofobia? Isso é gramscismo. 1964:Entre armas e livros. 1:36:27 -1:36:42

Resposta:

 1-Uma leitura das obras de Gramsci verá que essas afirmações de perversão dos valores cristãos e da família nunca fizeram parte da estratégia de Gramsci, ele não era relativista.

https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2020/01/gramsicmo-x-pensamento-gramsciano-uma.html

2- Não existe em Gramsci uma doutrinação sorrateira, inconsciente  https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2020/01/gramsicmo-x-pensamento-gramsciano-uma.html

3- A teoria da conspiração do Marxismo Cultural é uma perversão da doutrina marxista pela falsa direita e divulgada no Brasil por Olavo de Carvalho  https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2020/01/mitos-e-verdades-sobre-marxismo.html


3.9-Justificativa e relativização da tortura


, "foi nesse ambiente de guerra que psicopatas, torturadores e criminosos de ambos os lados se valiam para praticar suas perversidades em nome de uma causa ou de outra". "A guerra travada por terroristas expandia justificativas para a repressão por parte do Exército. Do outro lado, permitia que o movimento estudantil usasse os mortos em combate para construir a ideia de que a tortura era uma política de estado, fazendo dessa bandeira seu instrumento político e sua publicidade."
Resposta:
1-Documento da CIA expõe que a cúpula do Governo militar brasileiro (1964-1985) sabia sobre as ações de exceção tomadas contra adversários do regime ou seja, era um política de estado:

99. Memorando do Diretor da Central de Inteligência Colby ao Secretário de Estado Kissinger 1
Washington , 11 de abril de 1974 .
ASSUNTODecisão do presidente brasileiro Ernesto Geisel de continuar a execução sumária de subversivos perigosos sob certas condições

1. [ 1 parágrafo (7 linhas) não desclassificado ]

2. Em 30 de março de 1974, o presidente brasileiro Ernesto Geisel reuniu-se com o general Milton Tavares de Souza (denominado general Milton) e o general Confúcio Danton de Paula Avelino, respectivamente chefes cessantes e entrantes do Centro de Inteligência do Exército (CIE). Também esteve presente o general João Baptista Figueiredo , chefe do Serviço Nacional de Inteligência (SNI).

3. O General Milton, que mais falou, delineou o trabalho da CIE contra o alvo subversivo interno durante o governo do ex-presidente Emilio Garrastazu Médici . Ele enfatizou que o Brasil não pode ignorar a ameaça subversiva e terrorista e disse que métodos extralegais devem continuar sendo empregados contra subversivos perigosos. A esse respeito, o General Milton disse que cerca de 104 pessoas dessa categoria foram sumariamente executadas pela CIE no último ano. Figueiredo apoiou esta política e insistiu em sua continuidade.

4. O Presidente, que comentou a gravidade e os aspectos potencialmente prejudiciais desta política, disse que gostaria de refletir sobre o assunto durante o fim de semana antes de chegar a qualquer decisão sobre[Página 279]se deve continuar. Em 1º de abril, o presidente Geisel disse ao general Figueiredo que a política deveria continuar, mas que muito cuidado deveria ser tomado para garantir que apenas subversivos perigosos fossem executados. O Presidente e o General Figueiredo concordaram que quando a CIE prender uma pessoa que possa se enquadrar nessa categoria, o chefe da CIE consultará o General Figueiredo , cuja aprovação deve ser dada antes da execução da pessoa. O Presidente e o General Figueiredo também concordaram que a CIE dedicará quase todo o seu esforço à subversão interna e que o esforço geral da CIE será coordenado pelo General Figueiredo .

5. [ 1 parágrafo (12½ linhas) não desclassificado ]

6. Uma cópia deste memorando está sendo disponibilizada ao Secretário de Estado Adjunto para Assuntos Interamericanos. [ 1½ linhas não desclassificadas ] Nenhuma outra distribuição está sendo feita.
WE Colby


Resumo: Colby informou que o presidente Geisel planejava continuar a política de Médici de usar meios extralegais contra subversivos, mas limitaria as execuções aos subversivos e terroristas mais perigosos.

Fonte: Agência Central de Inteligência, Escritório do Diretor da Central de Inteligência, Trabalho 80M01048A: Arquivos do Assunto, Caixa 1, Pasta 29: B–10: Brasil. Segredo; [ restrição de manipulação não desclassificada ]. De acordo com uma anotação carimbada, David H. Blee assinou contrato com a Colby . Elaborado por Phillips , [ nomes não desclassificados ] em 9 de abril. A linha para a concordância do Diretor Adjunto de Operações está em branco.
https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1969-76ve11p2/d99


A divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade é um grande passo rumo à reparação das atrocidades cometidas durante a ditadura militar do país (1964 - 1985), declarou hoje a Human Rights Watch.

O relatório final identifica 377 indivíduos, dos quais quase 200 ainda estão vivos, como responsáveis por violações dos direitos humanos consideradas pelo documento como crimes contra a humanidade, incluindo tortura, execuções e desaparecimentos forçados. A Comissão considerou que os abusos constituíram "uma ação generalizada e sistemática", conduzida como parte de uma "política de Estado" concebida e implementada a partir de decisões emanadas do mais alto escalão do governo....

A Comissão da Verdade identificou 434 pessoas mortas ou desaparecidas durante o regime ditatorial, um aumento em relação ao número oficial anterior, que registrava 362 pessoas. O novo número inclui 192 pessoas mortas, 210 desaparecidas e 33 que desapareceram e cujos corpos foram encontrados mais tarde. A Comissão apenas incluiu casos cuja comprovação foi possível em função do trabalho realizado e concluiu que o número real poderia ser ainda maior se tivesse obtido acesso a documentos produzidos pelas Forças Armadas, oficialmente dados como destruídos.

O relatório contém relatos dramáticos do sofrimento de centenas de brasileiros que foram detidos e torturados por membros das Forças Armadas e da polícia, muitos dos quais jamais foram encontrados


2- As forças armadas admitiram as práticas de violação de direitos humanos:

 Oficio nº 10944 /GABINETE 

Brasília, 19 de setembro de 2014.

 À Sua Excelência o Senhor PEDRO BOHOMOLETZ DE ABREU DALLARI Coordenador Comissão Nacional da Verdade Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) 

- 2° andar - Portaria I Setor de Clubes Sul - SCES - Trecho 1 - Lote 22 70200-002 - Brasília - DF Assunto: Resposta ao Oficio nº 585/2014-CNV, de 13 de agosto de 2014.

 Senhor Coordenador, 

1. Em atenção ao Oficio nº 585/2014-CNV, de 13 de agosto de 2014, no qual a Comissão Nacional da Verdade requer manifestação deste Ministério sobre as conclusões das sindicâncias promovidas para apurar os desvios de :finalidade no uso de instalações militares, venho prestar os seguintes esclarecimentos:

 2. Por meio dos Ofícios nº 9377, 9378 e 9379, de 15 de agosto de 2014, solicitei manifestação dos Comandos Militares e informei que: 

[ ... ] 2. [ ... ] desde já, considero oportuno esclarecer que tenciono consignar, em minha manifestação à CNV, que o ordenamento normativo reconheceu a responsabilidade do Estado pela morte e desaparecimento de pessoas durante o regime militar, bem como pelos atos de exceção praticados no período de 18 de setembro de 1946 a 05 de outubro de 1988

3. Nesta perspectiva, o Estado Brasileiro, do qual este Ministério faz parte, por meio das autoridades legalmente instituídas para esse fim, já reconheceu a existência das lamentáveis violações de direitos humanos ocorridas no passado e assumiu sua responsabilidade pelo cometimento desses atos.[ ... ]

4. O Ministério da Defesa, como parte integrante do Estado Brasileiro, compartilha do reconhecimento da responsabilidade estatal pela ocorrência de graves violações de direitos humanos praticadas no período de 18 de setembro de 1946 a 05 de outubro de 1988. Nesse sentido, observo que as conclusões dos oficios dos Comandos Militares não se contrapõem a esse reconhecimento

5. Ademais, registro que esta Pasta, bem como as Forças, têm colaborado com a atuação da Comissão Nacional da Verdade. Essa colaboração vem ocorrendo por meio de iniciativas como a facilitação de amplo acesso às folhas de alterações (registros funcionais) relativas a militares; de visitas solicitadas pela Comissão a diversas organizações militares, além do fornecimento à CNV de inúmeros documentos e informações. 6. Aproveito a oportunidade para reiterar a disposição deste Ministério e das Forças de continuar contribuindo com essa Comissão para a efetivação do direito à memória e à verdade e a promoção da reconciliação nacional. Atenciosamente, CELSO AMORIM Ministro de Estado da Defesa  

http://www.cnv.gov.br/images/pdf/Defesa_FFAA_esclarecimentos_2014_09_19.pdf

3- De acordo com o Human Rights Watch (HRW), 20 mil pessoas foram torturadas no período militar.


3.10- A história oficial não encara a oposição da esquerda como terrorismo.

Quando o Geisel e todos... todo daquele momento da ditadura simplesmente esquecem a cultura
da esquerda, ela vai ser simplesmente perseguir o terrorismo, ela deixou que esquerda cultural contasse a história do terrorismo, da perseguição ao terrorismo,  e nunca mais você vai ouvir uma palavra como terrorismo de esquerda no Brasil. Os professores de história, teoria da panela de pressão do General Golbery, vai dizer exatamente isso, ou seja, lá eles precisam de falar livremente, o que que viraram as universidades brasileiras? Pessoas que falam eu estudei história, sendo que elas estudam historiografia marxista para tudo. 1964: Entre armas e livros 1:44:12-1:44:55


Resposta:
Os livros que narram a história, inclusive os didáticos falam sim de atos terroristas como sequestros, assaltos, luta armada etc.


As primeiras ações armadas dos grupos de esquerda radical começaram em 1968. Foram ações terroristas e assaltos ("expropriações") para obtenção de fundos e armas. Principais atos: bomba no consulado norte-americano em São Paulo; assalto a um trem pagador da Santos-Jundiaí; assalto a um hospital militar em São Paulo, para conseguir armas, munições e medicamentos....A VPR aceitou o desfio: na madrugada de 26 de junho de 1968 jogou um caminhão carregado de dinamite contra o QG do II Exército.... E à radicalização da esquerda o governo respondeu com o AI 5..Após o AI5, mutiplicaram-se as ações armadas, começado com o assalto a um depósito de armas do Exército, em São Paulo, pelo capitão Carlos Lamarca, ligado à VPR. em janeiro de 1969...
No final de 1971 a guerrilha urbana estava praticamente liquidada...Mais uma vez a esquerda radical se equivocava....Algumas dezenas de guerrilheiros não tinham cacife para mobilizar as massas, nem estas percebiam motivos suficientes para embarcar em tal tipo de aventura. Ao radicalizarem-se, os grupos armados isolavam-se da população. A guerrilha se tornou inviável. Desenvolvimento econômico braileiro. argemiro Brum, 30ª edição, Petrópolis, RJ: Vozes,2013, p. 273-274
Com o endurecimento político, alguns grupos opositores decidiram partir para a luta armada. Promoveram diversas ações violentas, incluindo assalto a bancos, com o objetivo de obter dinheiro para financiar a luta, e sequestros de diplomatas estrangeiros, para trocá-los por presos políticos. Dois líderes guerrilheiros desse período, o ex--deputado comunista Carlos Marighella (da Ação Libertadora Nacional – ALN) e o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca (da Vanguarda Popular Revolucionária – VPR), foram mortos. Além deles, milhares de pessoas acusadas de subversão o foram torturadas pelos agentes da repressão; centenas delas foram mortas em todo o país. Cotrim, Gilberto. História global 3 / Gilberto Cotrim. -- 3. ed. --São Paulo : Saraiva, 2016, p. 244
    
Com o endurecimento do regime militar surgiu cerca de uma dúzia de grupos de guerrilheiros o país, abrigando aproximadamente quinhentos combatentes. Inicialmente guerrilheiros assaltavam bancos para arrecadar fundos para suas ações. Depois passaram a sequestrar diplomata estrangeiros, exigindo como resgate, a libertação de presos políticos. Em 1969, o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick foi trocado por quinze presos; me 1970, o embaixador da Alemanha Ocidental, Ehrenride von Hollenben, foi trocado por quarenta presos.
A onda de sequestros levou o governo a acirrar a repressão e, em 1969 o comunista Carlos Marighella, a principal liderança do grupo Ação Libertadora Nacional -ANL-, foi morto em São Paulo, em uma emboscada...
Em 1972 1974, desenvolveu-se na região do Araguaia, na Bacia Amazônica, um importante núcleo guerrilheiro organizado pelo PCB. O exército desarticulou o movimento, torturado, matando ou prendendo os quase 70 guerrilheiros que la estabeleceram. História -Gislaine e Reinaldo.vol. único. São Paulo: Ática, 2008,p. 482

As manifestações públicas e o movimento estudantil não tinham mais lugar no Brasil do AI5. A voz das ruas era silenciada e o espaço institucional de resistência ao regime praticamente se esgotou. Dentro do MDB, políticos da oposição, como o paulista Ulisses Guimarães e o mineiro Tancredo Neves, tentaram contestar algumas medidas governamentais, mas com sucesso restrito. Outros preferiram buscar o exílio ou agir na clandestinidade. Diversos grupos recorreram à luta armada, nas cidades e nos campos, como forma de combater o regime. Entre as principais guerrilhas estavam a Ação Libertadora Nacional (ALN), comandada por Carlos Marighella, a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), liderada por Carlos Lamarca, e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). História: das cavernas ao terceiro milênio, São Paulo: Moderna, p. 174


3.11- A censura na ditadura militar era geral?
O documentário faz um espantalho do regime militar e da censura, como se a história original ensinasse que era geral e era um puro terror

"É óbvio que houve censura no regime militar, mas era uma censura muito pouco profissional.... Se botava um guardinha qualquer, de esquina, e até senhoras para fazer censura. Censuravam besteiras. Pornografia", diz o jornalista Lucas Berlanza. "Eles botavam um censor para cada Redação. Por exemplo, no "Estadão" o censor nem entrava na redação. Os Mesquitas [família dona do jornal] não deixavam. Deixavam ele na portaria. Com um lápis, de vez em quando ele cortava matéria. Matéria ficava duas, três semanas proibidas. Depois passava a atualidade da coisa e podia publicar"....

Essa história do terror era muito exagerada, porque as pessoas falam de regime militar e da ditadura e da censura. Primeira coisa, todas as publicações da teologia da libertação no Brasil foram feitas durante o regime militar É porque ela surge durante os anos 70, é fora do Brasil escorre para todo o Brasil e para as comunidades eclesiais de base durante os anos 70, pôs AI 5.Contamina o Brasil inteiroe nada acontece. Ou seja, que ditadura é essa que todos os livros tem tudo uma publicação imensa todos os mais famosos do  Jesus Cristo Libertador, Igreja, carisma e poder. As cartas da prisão do Frei Betto virando um best-seller no mundo inteiro e no Brasil durante a ditadura militar, eu digo que ditadura é essa cara? Então não há essa dessa censura como se fosse uma censura geral e você tivesse andando na rua e dissesse 'fora regime militar' e imediatamente alguém que levava para o porão do DOPS para botar no pau-de-arara, que porcaria é essa?  Isso não não condiz com os relatos históricos. Precisamos entender aqui no Brasil ,Picasso foi censurado , o balé de Boisoi foi censurado, Nelson Rodrigues foi censurado,a revista Playboy foi censurada enfim existe um certo moralismo na terra da pornochanchada 1:46:00 - 1:48:47

Resposta:

1-A história oficial não diz que tudo era censurado, as leis da época são claras. Havia censura prévia. Não havia censura para obras como da teologia da libertação.


2-O fim da censura prévia iniciou em janeiro de 1979 pelo governo Geisel, assinado em 1978 , apartir dali até o fim do regime militar em 1985  a censura foi diminuindo

O livro Igreja , carisma e poder foi lançado em 1981 https://leonardoboff.org/2021/10/29/igreja-carisma-e-poder-40-anos/


 


DECRETO-LEI Nº 1.077, DE 26 DE JANEIRO DE 1970.

Dispõe sobre a execução do artigo 153, § 8º, parte final, da Constituição da República Federativa do Brasil


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 55, inciso I da Constituição e

CONSIDERANDO que a Constituição da República, no artigo 153, § 8º dispõe que não serão toleradas as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos costumes;

CONSIDERANDO que essa norma visa a proteger a instituição da família, preserva-lhe os valôres éticos e assegurar a formação sadia e digna da mocidade;

CONSIDERANDO, todavia, que algumas revistas fazem publicações obscenas e canais de televisão executam programas contrários à moral e aos bons costumes;

CONSIDERANDO que se tem generalizado a divulgação de livros que ofendem frontalmente à moral comum;

CONSIDERANDO que tais publicações e exteriorizações estimulam a licença, insinuam o amor livre e ameaçam destruir os valores morais da sociedade Brasileira;

CONSIDERANDO que o emprêgo dêsses meios de comunicação obedece a um plano subversivo, que põe em risco a segurança nacional.

DECRETA:

Art. 1º Não serão toleradas as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes quaisquer que sejam os meios de comunicação.

Art. 2º Caberá ao Ministério da Justiça, através do Departamento de Polícia Federal verificar, quando julgar necessário, antes da divulgação de livros e periódicos, a existência de matéria infringente da proibição enunciada no artigo anterior.

Parágrafo único. O Ministro da Justiça fixará, por meio de portaria, o modo e a forma da verificação prevista neste artigo.

Art. 3º Verificada a existência de matéria ofensiva à moral e aos bons costumes, o Ministro da Justiça proibirá a divulgação da publicação e determinará a busca e a apreensão de todos os seus exemplares.

Art. 4º As publicações vindas do estrangeiro e destinadas à distribuição ou venda no Brasil também ficarão sujeitas, quando de sua entrada no país, à verificação estabelecida na forma do artigo 2º dêste Decreto-lei.

Art. 5º A distribuição, venda ou exposição de livros e periódicos que não hajam sido liberados ou que tenham sido proibidos, após a verificação prevista neste Decreto-lei, sujeita os infratores, independentemente da responsabilidade criminal:

I - A multa no valor igual ao do preço de venda da publicação com o mínimo de NCr$ 10,00 (dez cruzeiros novos);

II - À perda de todos os exemplares da publicação, que serão incinerados a sua custa.

Art. 6º O disposto neste Decreto-Lei não exclui a competência dos Juízes de Direito, para adoção das medidas previstas nos artigos 61 e 62 da Lei número 5.250, de 9 de fevereiro de 1967.

Art. 7º A proibição contida no artigo 1º dêste Decreto-Lei aplica-se às diversões e espetáculos públicos, bem como à programação das emissoras de rádio e televisão.

Parágrafo único. O Conselho Superior de Censura, o Departamento de Polícia Federal e os juizados de Menores, no âmbito de suas respectivas competências, assegurarão o respeito ao disposto neste artigo.

Art. 8º Êste Decreto-Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, 26 de janeiro de 1970; 149º da Independência e 82º da República.
EMÍLIO G. MÉDICI
Alfredo Buzaid

OS ABUSOS NO EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO E INFORMAÇÃO


Art . 12. Aquêles que, através dos meios de informação e divulgação, praticarem abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação ficarão sujeitos às penas desta Lei e responderão pelos prejuízos que causarem.

Parágrafo único. São meios de informação e divulgação, para os efeitos dêste artigo, os jornais e outras publicações periódicas, os serviços de radiodifusão e os serviços noticiosos.

Art . 13. Constituem crimes na exploração ou utilização dos meios de informação e divulgação os previstos nos artigos seguintes.

Art . 14. Fazer propaganda de guerra, de processos para subversão da ordem política e social ou de preconceitos de raça ou classe:

Pena: de 1 a 4 anos de detenção.

Art . 15. Publicar ou divulgar:

a) segrêdo de Estado, notícia ou informação relativa à preparação da defesa interna ou externa do País, desde que o sigilo seja justificado como necessário, mediante norma ou recomendação prévia determinando segrêdo confidência ou reserva;

b) notícia ou informação sigilosa, de interêsse da segurança nacional, desde que exista, igualmente, norma ou recomendação prévia determinando segrêdo, confidência ou reserva.

Pena: De 1 (um) a 4 (quatro) anos de detenção.

Art . 16. Publicar ou divulgar notícias falsas ou fatos verdadeiros truncados ou deturpados, que provoquem:

I - perturbação da ordem pública ou alarma social;

II - desconfiança no sistema bancário ou abalo de crédito de instituição financeira ou de qualquer emprêsa, pessoa física ou jurídica;

III - prejuízo ao crédito da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município;

IV - sensível perturbação na cotação das mercadorias e dos títulos imobiliários no mercado financeiro.

Pena: De 1 (um) a 6 (seis) meses de detenção, quando se tratar do autor do escrito ou transmissão incriminada, e multa de 5 (cinco) a 10 (dez) salários-mínimos da região.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, se o crime é culposo:

Pena: Detenção, de 1 (um) a (três) meses, ou multa de 1 (um) a 10 (dez) salários-mínimos da região.

Art . 17. Ofender a moral pública e os bons costumes:

Pena: Detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (um) a 20 (vinte) salários-mínimos da região.

Parágrafo único. Divulgar, por qualquer meio e de forma a atingir seus objetivos, anúncio, aviso ou resultado de loteria não autorizada, bem como de jôgo proibido, salvo quando a divulgação tiver por objetivo inequívoco comprovar ou criticar a falta de repressão por parte das autoridades responsáveis:

Pena: Detenção de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa de 1 (um) a 5 (cinco) salários-mínimos da região.

Art . 18. Obter ou procurar obter, para si ou para outrem, favor, dinheiro ou outra vantagem para não fazer ou impedir que se faça publicação, transmissão ou distribuição de notícias:

Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa de 2 (dois) a 30 (trinta) salários-mínimos da região.

§ 1º Se a notícia cuja publicação, transmissão ou distribuição se prometeu não fazer ou impedir que se faça, mesmo que expressada por desenho, figura, programa ou outras formas capazes de produzir resultados, fôr desabonadora da honra e da conduta de alguém:

Pena: Reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, ou multa de 5 (cinco) a 50 (cinqüenta) salários-mínimos da região.

§ 2º Fazer ou obter que se faça, mediante paga ou recompensa, publicação ou transmissão que importe em crime previsto na lei:

Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa de 2 (dois) a 30 (trinta) salários-mínimos da região.

Art . 19. Incitar à prática de qualquer infração às leis penais:

Pena: Um têrço da prevista na lei para a infração provocada, até o máximo de 1 (um) ano de detenção, ou multa de 1 (um) a 20 (vinte) salários-mínimos da região.

§ 1º Se a incitação fôr seguida da prática do crime, as penas serão as mesmas cominadas a êste.

§ 2º Fazer apologia de fato criminoso ou de autor de crime:

Pena: Detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa de 1 (um) a 20 (vinte) salários-mínimos da região.

Art . 20. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena: Detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa de 1 (um) a 20 (vinte) salários-mínimos da região.

§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, reproduz a publicação ou transmissão caluniosa.

§ 2º Admite-se a prova da verdade, salvo se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

§ 3º Não se admite a prova da verdade contra o Presidente da República, o Presidente do Senado Federal, o Presidente da Câmara dos Deputados, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, Chefes de Estado ou de Govêrno estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos.

Art . 21. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena: Detenção, de 3 (três) a 18 (dezoito) meses, e multa de 2 (dois) a 10 (dez) salários-mínimos da região.

§ 1º A exceção da verdade sòmente se admite:

a) se o crime é cometido contra funcionário público, em razão das funções, ou contra órgão ou entidade que exerça funções de autoridade pública;

b) se o ofendido permite a prova.

§ 2º Constitui crime de difamação a publicação ou transmissão, salvo se motivada por interêsse público, de fato delituoso, se o ofendido já tiver cumprido pena a que tenha sido condenado em virtude dêle.

Art . 22. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou decôro:

Pena: Detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa de 1 (um) a 10 (dez) salários-mínimos da região.

Parágrafo único. O juiz pode deixar de aplicar a pena:

a) quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

b) no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

Art . 23. As penas cominadas dos arts. 20 a 22 aumentam-se de um têrço, se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, Presidente do Senado, Presidente da Câmara dos Deputados, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Chefe de Estado ou Govêrno estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - contra órgão ou autoridade que exerça função de autoridade pública.

Art . 24. São puníveis, nos têrmos dos arts. 20 a 22, a calúnia, difamação e injúria contra a memória dos mortos.

Art . 25. Se de referências, alusões ou frases se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julgar

ofendido poderá notificar judicialmente o responsável, para que, no prazo de 48 horas, as explique.

§ 1º Se neste prazo o notificado não dá explicação, ou, a critério do juiz, essas não são satisfatórias, responde pela ofensa.

§ 2º A pedido do notificante, o juiz pode determinar que as explicações dadas sejam publicadas ou transmitidas, nos têrmos dos arts. 29 e seguintes.

Art . 26. A retratação ou retificação espontânea, expressa e cabal, feita antes de iniciado o procedimento judicial, excluirá a ação penal contra o responsável pelos crimes previstos nos arts. 20 e 22.

§ 1º A retratação do ofensor, em juízo, reconhecendo, por têrmo lavrado nos autos, a falsidade da imputação, o eximirá da pena, desde que pague as custas do processo e promova, se assim o desejar o ofendido, dentro de 5 dias e por sua conta, a divulgação da notícia da retratação.

§ 2º Nos casos dêste artigo e do § 1º, a retratação deve ser feita ou divulgada:

a) no mesmo jornal ou periódico, no mesmo local, com os mesmos caracteres e sob a mesma epígrafe; ou

b) na mesma estação emissora e no mesmo programa ou horário.

Art . 27. Não constituem abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e de informação:

I - a opinião desfavorável da crítica, literária, artística, científica ou desportiva, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;

Il - a reprodução, integral ou resumida, desde que não constitua matéria reservada ou sigilosa, de relatórios, pareceres, decisões ou atos proferidos pelos órgãos competentes das Casas legislativas;

III - noticiar ou comentar, resumida ou amplamente, projetos e atos do Poder Legislativo, bem como debates e críticas a seu respeito;

IV - a reprodução integral, parcial ou abreviada, a notícia, crônica ou resenha dos debates escritos ou orais, perante juízes e tribunais, bem como a divulgação de despachos e sentenças e de tudo quanto fôr ordenado ou comunicado por autoridades judiciais;

V - a divulgação de articulados, quotas ou alegações produzidas em juízo pelas partes ou seus procuradores;

VI - a divulgação, a discussão e a crítica de atos e decisões do Poder Executivo e seus agentes, desde que não se trate de matéria de natureza reservada ou sigilosa;

VII - a crítica às leis e a demonstração de sua inconveniência ou inoportunidade;

VIII - a crítica inspirada pelo interêsse público;

IX - a exposição de doutrina ou idéia.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II a VI dêste artigo, a reprodução ou noticiário que contenha injúria, calúnia ou difamação deixará de constituir abuso no exercício da liberdade de informação, se forem fiéis e feitas de modo que não demonstrem má-fé.

Art . 28. O escrito publicado em jornais ou periódicos sem indicação de seu autor considera-se redigido: I - pelo redator da seção em que é publicado, se o jornal ou periódico mantém seções distintas sob a responsabilidade de certos e determinados redatores, cujos nomes nelas figuram permanentemente;

II - pelo diretor ou redator-chefe, se publicado na parte editorial;

III - pelo gerente ou pelo proprietário das oficinas impressoras, se publicado na parte ineditorial.

§ 1º Nas emissões de radiodifusão, se não há indicação do autor das expressões faladas ou das imagens transmitidas, é tido como seu autor:

a) o editor ou produtor do programa, se declarado na transmissão;

b) o diretor ou redator registrado de acôrdo com o art. 9º, inciso III, letra b , no caso de programas de notícias, reportagens, comentários, debates ou entrevistas;

c) o diretor ou proprietário da estação emissora, em relação aos demais programas.


§ 2º A notícia transmitida por agência noticiosa presume-se enviada pelo gerente da agência de onde se origine, ou pelo diretor da emprêsa.


a1 5:


Art. 1º - São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições estaduais, com as modificações constantes deste Ato Institucional.

Art. 2º - O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sitio ou fora dele, só voltando os mesmos a funcionar quando convocados pelo Presidente da República.

§ 1º - Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios.

§ 2º - Durante o período de recesso, os Senadores, os Deputados federais, estaduais e os Vereadores só perceberão a parte fixa de seus subsídios.

§ 3º - Em caso de recesso da Câmara Municipal, a fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios que não possuam Tribunal de Contas, será exercida pelo do respectivo Estado, estendendo sua ação às funções de auditoria, julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos.

Art. 3º - O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição.

Parágrafo único - Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e vantagens fixados em lei.


Art. 4º - No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.


Parágrafo único - Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, determinando-se o quorum parlamentar em função dos lugares efetivamente preenchidos.
Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em: (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)

I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;
II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;
III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;
IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:

a) liberdade vigiada;
b) proibição de freqüentar determinados lugares;
c) domicílio determinado,

§ 1º - O ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados. (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)

§ 2º - As medidas de segurança de que trata o item IV deste artigo serão aplicadas pelo Ministro de Estado da Justiça, defesa a apreciação de seu ato pelo Poder Judiciário. (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)

Art. 6º - Ficam suspensas as garantias constitucionais ou legais de: vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo.


§ 1º - O Presidente da República poderá mediante decreto, demitir, remover, aposentar ou pôr em disponibilidade quaisquer titulares das garantias referidas neste artigo, assim como empregado de autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista, e demitir, transferir para a reserva ou reformar militares ou membros das polícias militares, assegurados, quando for o caso, os vencimentos e vantagens proporcionais ao tempo de serviço.

§ 2º - O disposto neste artigo e seu § 1º aplica-se, também, nos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
Art. 7º - O Presidente da República, em qualquer dos casos previstos na Constituição, poderá decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo prazo.

Art. 8º - O Presidente da República poderá, após investigação, decretar o confisco de bens de todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no exercício de cargo ou função pública, inclusive de autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, sem prejuízo das sanções penais cabíveis. (Regulamento)

Parágrafo único - Provada a legitimidade da aquisição dos bens, far-se-á sua restituição.
Art. 9º - O Presidente da República poderá baixar Atos Complementares para a execução deste Ato Institucional, bem como adotar, se necessário à defesa da Revolução, as medidas previstas nas alíneas d e e do § 2º do art. 152 da Constituição.

Art. 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.

Art. 11 - Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.

Art. 12 - O presente Ato Institucional entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.


Brasília, 13 de dezembro de 1968; 147º da Independência e 80º da República.



3.12 Militares não eram a direita ?

´e que hoje a narrativa é de que  os militares eram a direita  e o que no meu entender errado os militares eles eram um movimento revolucionário 1:44:00 -1:49:00
Resposta:
Os documentos da CIA e da polícia secreta Tcheca, apresentados acima estão de acordo com a história oficial, ou seja, os militares no governo eram de direita.


3.13- Eleições Diretas tinha motivação econômica
O movimento que pedia a volta das eleições gerais para presidente do Brasil é contestado no filme, que dá a entender que a forte adesão popular teve motivos econômicos:
 Conforme afirma o historiador Thomas Giulliano no filme, o 'Diretas já' só 

"foi possível porque o povo estava sentindo a inflação. Se não fosse por isso, a camada de classe média brasileira continuaria apoiando o período militar".
Resposta:
 Na verdade, vários fatores se somaram como divulgação da tortura, da corrupção por causa do fim do AI5, bem como a alta inflação, aumento da dívida externa e interna, os salários atualizados abaixo da inflação, etc. Isso causou um desgaste da imagem dos militares.


3.14- A  história da ditadura militar é propaganda para o Socialismo?

 
"sim impedimos uma revolução foi com ajuda do Quarto Poder do Brasil, o exército. Por 21 anos, essa justificativa manteve o poder na mão dos militares, e foi berço de novas consequências. A revolução se transmutou das armas para os livros. Transformou um lado da guerra em mártir, fez da história propaganda, panfletou nas escolas, na mídia, nas universidades. Formou a nova geração brasileira. Esta geração foi trabalhar nos meios de comunicação, nas editoras, na educação do Brasil. A hegemonia quase apagou o passado e perpetuou uma narrativa. Um lado da guerra foi herói e o outro, opressor. O que fizeram os heróis?

Resposta:

1-A história não transformou os guerrilheiros em mártires ou heróis, nenhum livro didático diz isso, isso é uma distorção intencional para justificar a ação dos militares de 1964-1985.

Como vimos acima ao cometer atos terroristas e partir para a violência a esquerda foi vista com maus olhos pela maioria da população, apenas militantes vêem subversivos como heróis.

No final de 1971 a guerrilha urbana estava praticamente liquidada...Mais uma vez a esquerda radical se equivocava....Algumas dezenas de guerrilheiros não tinham cacife para mobilizar as massas, nem estas percebiam motivos suficientes para embarcar em tal tipo de aventura. Ao radicalizarem-se, os grupos armados isolavam-se da população. A guerrilha se tornou inviávelDesenvolvimento econômico braileiro. argemiro Brum, 30ª edição, Petrópolis, RJ: Vozes,2013, p. 273-274

2- Os livros didáticos mostram a derrocada do Socialismo Real (sopcialismo implantado em Cuba, China , URSS etc., não há louvor às milícias de esquerda ou ao socialismo real 

"a implantação do chamado "socialismo real" encontrou dificuldades inúmeras e desembocou em becos sem saída. Se de início a União Soviética conseguira se transformar em uma potência industrializada, com a erradicação do analfabetismo e a resolução de inúmeros problemas sociais como moradia e saúde - o que significa uma forma de democracia substancial, já que os bens produzidos são distribuídos -, por outro lado sempre foi cerceada a liberdade individual, no que se refere ao direito de circulação, expressão e difusão da informação.

Quanto à política, muito cedo a promessa de que o poder deveria ser dado aos sovietes foi desmentida com a crescente identificação entre o Estado e o Partido Unico, que sufocou o pluralismo e a possibilidade de contestação do sistema. 
centralização do poder criou a camada dirigente dos burocratas que mantinham privilégios e não conseguiam evitar a corrupção.
O desenvolvimento da economia militar e espacial, ao sugar enormes recursos, entra em descompasso com a insuficiente produção de bens de consumo. A diminuição do crescimento leva a um período de estagnação, sem condições de evitar a queda da qualidade de vida. Na gestão de Brejnev (de 1964-1982), o gigante soviético começa a perceber nítidos sinais da crise que se avizinha.
Quando Gorbatchev sobe ao poder em 1985, inicia uma série de mudanças. A perestroika, ou "reestruturação da economia", tem por objetivo quebrar a rigidez do planejamento estatal com a introdução de elementos de regulação de mercado. A glasnost, ou "abertura", "transparência", refere-se às reformas nas instituições políticas, visando a renovaçao dos quadros da velha e autoritária elite burocrática dirigente; suas conseqUências foram a libertação dos presos políticos, a garantia da imprensa livre e da liberdade individualA glasnost, por ter sido desencadeada ao mesmo tempo que a perestroika, trouxe ao conhecimento dos soviéticos fatos que aceleraram os anseios de libertação e a impaciência de aguardar as reformas mais lentas da economia.
Em novembro de 1989, a queda do muro de Berlim, símbolo da separação de dois mundos, teve um caráter desencadeador do processo de esfacelamento do Leste Europeu.
Mantida pela força, a antiga "ordem" se desintegra e os países -satélite Tchecoslováquia, Hungria, Polônia, Bulgária, Romênia e Alemanha Oriental proclamam um a um a sua independência. Com exceção da Romênia, onde houve violência na deposição do ditador, nos outros países as revoluções eram chamadas "de veludo", tal a "maciez" das transformações efetuadas, resultantes dos movimentos civis que reuniam pessoas de diversas tendências políticas.
Em pouco tempo a própria URSS se desintegra, incapaz de manter unidas as Repúblicas constituídas por diferentes etnias. É introduzido o pluralismo partidário, a imprensa livre e a economia de mercado. Gorbatchev não realiza a transição gradual que tinha em mente. Quando passa o poder para Ieltsin, encerra-se o capítulo da implantação do "socialismo real" no Leste Europeu.  "Filosofando. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 3ª Edição Revista. Livro do Professor.  p. 281


A excessiva centralização politico-administrativa nos países socialistas gerou problemas que ao longo prazo, contribuíram para o fim do regime soviético: ineficiência do setor público; desperdício de recursos; baixa produtividade nas atividades agropecuárias por causa da falta de investimentos; falta de inovação tecnológica e de capacidade para produzir bens e serviços uma vez que a produção bélica consumia a maior parte dos recursos estatais  História: Das cavernas ao terceiro milênio. Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota. Parte III. São Paulo: moderna, 5ª edição ,2017, p. 579


3.15 - A constituição socialista?

Exige uma sétima constituição para o Brasil ,que não só garante isso eleições diretas para Presidente mas trouxessem todos os valores defendidos por aqueles que queriam fundar o mito de uma nova república. Com a Lei da Anistia e a revolução cultural nas universidades os seus guerreiros intelectuais de esquerda e antigos políticos assumiram o papel de botar em Pauta a nova constituinte. Com Total desgaste das lideranças conservadoras e liberais apenas um lado protagonizou o debate  e a redação que leva a forma o novo estado do Brasil. O entusiasmo de colocar as propostas os movimentos sindicais e da militância organizada de novos partidos como PT, PDT, PMDB deu causa a escrita da segunda maior Constituição do mundo. Propostas que colocaram o Brasil a beira de uma guerra civil, que provocaram uma intervenção militar, voltaram como regras de estado. As antigas reformas de base de João Goulart, a relativização da propriedade privada, e o estado que garantia tudo tornaram-se cláusulas pétreas na vida de todos os brasileiros. Era ela, era aquele texto, aquela carta, aquele documento, existindo e determinando benefícios, direitos, vantagens...É o que amarra o Brasil...

Quando você promete gratuidade para todos o que você vai conseguir entregar é mediocridade para todos. ...
Essa Nova República, no fundo é uma farsa, é uma burocracia tremenda e o povo tá fora. Então você tem essa burocracia tremenda querendo se proteger para se proteger os precisam proteger o que? um mito fundador. Eles precisam insistir na tese de que esta Nova República foi fundada para o cidadão e contra um ditador e qualquer pessoa que os contrarie é ditador  
2:01:14 - 2:03:43


Resposta:

1- Direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais dos cidadãos estão no texto constitucional. Resguardados pela Carta Magna, os direitos fundamentais colocam o Brasil como um dos países com o mais completo ordenamento jurídico em relação aos direitos humanos. A constituição se inspira na Declaração Universal dos direitos Humanos.

2- Reino Unido, Canadá, Dinamarca, Suécia, Espanha, etc.são países reconhecidos por possuírem sistema de saúde público e universal.

3- Vários países desenvolvidos tem sistema de ensino gratuito
Há pouquíssimas universidades particulares na Dinamarca, na Finlândia, na Islândia, na Noruega e na Suécia. Mesmo as que existem, e que atendem a menos de 5% do total de alunos, não cobram mensalidades – é o governo que repassa os valores para as instituições privadas. E mais: nos países nórdicos, com exceção da Finlândia, os alunos que não vivem com os pais e não trabalham recebem ajudas de custo mensais.     https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/paises-nordicos-ensino-superior-e-gratuito-e-alunos-ganham-para-estudar/

4- As causas do Brasil não ser um país desenvolvido são conhecidas pelos estudiosos, e a razão disso não está na constituição, ou no tamanho do país e nem mesmo em função de suas riquezas naturais.

https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2018/09/por-que-os-paises-ricos-intervem-na.html





REFERÊNCIAS: https://www.youtube.com/watch?v=RzcLFpPDu0k - A União Soviética e sua imensa participação para conter o nazismo: https://www.independent.co.uk/news/world/the-soviet-union-helped-save-the-world-from-hitler-a7020926.html - A vitória dos Soviéticos contra o Nazismo: http://www.historyireland.com/20th-century-contemporary-history/stalins-victory-the-soviet-union-and-world-war-ii/ - Sobre a Crise dos Mísseis: https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2013/01/the-real-cuban-missile-crisis/309190/ - Sobre a Propaganda Nazista: https://blogs.harvard.edu/karthik/files/2011/04/HIST-1572-Analysis-of-Nazi-Propaganda-KNarayanaswami.pdf - Os 21 termos de admissão do Comintern: https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1920/jul/x01.htm - A dissolução do Comintern, a Internacional Comunista: https://www.marxists.org/history/international/comintern/dissolution.htm - Cominform, o sucessor do Comintern: https://www.britannica.com/topic/Cominform - Sobre o Plano Cohen e a fraude da “ameaça comunista”: http://memorialdademocracia.com.br/card/plano-cohen-falsificacao-para-legitimar-ditadura - Constituição de 1891, Artigo 3, sobre a construção de Brasília: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1824-1899/constituicao-35081-24-fevereiro-1891-532699-publicacaooriginal-15017-pl.html - Livro “O Elo Perdido” com documentos da Stb, pdf: https://drive.google.com/file/d/10aLEap-6mAE9kPc3bwCCQ7JnJRuE2qGm/view - Sobre a relação Jânio/Cuba e a igreja católica: https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,papeis-revelam-cobrancas-de-janio-a-fidel-e-apoio-a-anticastristas-presos-imp-,758288 - Discussões sobre a renúncia do Jânio: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/REPORTAGEM-ESPECIAL/401672-JANIO-QUADROS-A-RENUNCIA-FOI-ATO-INTEMPESTIVO-OU-GOLPE-POLITICO-BLOCO-3.html - O governo Jango e os militares: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/Os_militares_e_o_governo_JG - Sobre o bombardeio aéreo do Palácio Piratini: https://oglobo.globo.com/politica/movimento-de-sargentos-evitou-bombardeio-ao-piratini-palacio-do-governo-gaucho-em-1961-2686116 - A emenda constitucional e o parlamentarismo de 61: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/Parlamentarismo_sim_ou_nao - A “Operação Mosquito” para assassinar Jango: https://exame.abril.com.br/brasil/militar-da-reserva-detalha-plano-para-matar-jango/ - As reformas de base do Jango, resumo: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/As_reformas_de_base - A Marcha para o Oeste nos EUA: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/marcha-para-oeste.htm - Análise comparativa de políticas de distribuição de terras no Brasil x EUA: https://revistas.ufpr.br/economia/article/viewFile/6825/4848 - A questão agrária no governo Jango: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/A_questao_agraria_no_governo_Jango - Pouco antes do golpe, reforma agrária esteve no centro dos debates: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/03/24/1964-pouco-antes-do-golpe-reforma-agraria-esteve-no-centro-dos-debates-no-senado - A Política Externa Independente do governo Jango: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/A_politica_externa_independente - Sobre as Ligas Camponesas: https://direitos.org.br/o-que-foram-as-ligas-camponesas/ - Documento ultra secreto da URSS sobre o golpe de 64, Stb: https://stbnobrasil.com/pt/relatorio-ultra-secreto-sobre-o-31-de-marco-de-1964#comments - Sobre as guerrilhas da esquerda: https://portalconservador.com/livros/Denise-Rollemberg-O-Apoio-de-Cuba-a-Luta-Armada-no-Brasil.pdf - Interferência americana no golpe de 64, lista de documentos 1: https://nsarchive2.gwu.edu//NSAEBB/NSAEBB118/index.htm#audio - Interferência americana no golpe de 64, lista de documentos 2: https://nsarchive2.gwu.edu/NSAEBB/NSAEBB465/ - Sobre o Instituto Brasileiro de Ação Democrática, IBAD: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/O_Instituto_Brasileiro_de_Acao_Democratica - Cerca de 130 deputados comprados pela IBAD, criada por um norte americano: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/439840-CPIS-INVESTIGARAM-COMPRA-DE-APOIO-PARLAMENTAR-EM-2005-E-EM-1963.html - Documento sobre o pedido do submarino carregado com armamentos: https://nsarchive2.gwu.edu//NSAEBB/NSAEBB118/bz02.pdf - Sobre a operação Brother Sam: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/03/140327_kennedy_goulart_pai_pu - Globo assume que apoiar o golpe foi um erro: https://oglobo.globo.com/brasil/apoio-editorial-ao-golpe-de-64-foi-um-erro-9771604 - Pesquisa aponta Jango com 70% de aprovação popular no pré-golpe: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/464707-JANGO-TINHA-70-DE-APROVACAO-AS-VESPERAS-DO-GOLPE-DE-64,-APONTA-PESQUISA.html - Outras pesquisas revelando o apoio popular de Jango no pré-golpe: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/07/opinion/1554640987_633381.html?id_externo_rsoc=FB_BR_CM&hootPostID=dfcb1bcfc295fea7e1d2cae5538d1bf7&fbclid=IwAR0eFHkg94ibR15z5s8auaLQwIso-5Pf0DZO9iF_vNCeBPy2GLlEGiD0Bro - Primeira vítima da ditadura foi um militar, 4 dias depois do golpe: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/03/justica-reconhece-1a-vitima-da-ditadura-um-militar-morto-4-dias-depois-do-golpe.shtml - Vítimas da esquerda antes do AI5: https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/todas-as-pessoas-mortas-por-terroristas-de-esquerda-1-os-19-assassinados-antes-do-ai-5/ - Informações sobre os centros de tortura durante o período inicial da ditadura: http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/cnv_parcial.pdf - Atentados de direita fomentaram o AI5: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/02/politica/1538488463_222527.html - O mito sobre a “falta de violência” durante a ditadura militar: https://super.abril.com.br/historia/mito-na-ditadura-militar-as-cidades-nao-eram-violentas/ - Crescimento e queda dos homicídios em SP entre 1960 e 2010: Uma análise dos mecanismos da escolha homicida e das carreiras no crime: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-12122012-105928/publico/2012_BrunoPaesManso.pdf - Análise dos dados de mortalidade https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/24289/26213 - Os 6.5 mil militares perseguidos pela ditadura: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46532955 - Relatório do Programa Nacional dos Direitos Humanos: https://www.ohchr.org/Documents/Issues/NHRA/ProgrammaNacionalDireitosHumanos2010.pdf - Relatório completo da Comissão Nacional da Verdade: http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=571 - Sobre o genocídio indígena na ditadura: http://amazoniareal.com.br/comissao-da-verdade-ao-menos-83-mil-indios-foram-mortos-na-ditadura-militar/ - Queimação de livros e conteúdos considerados “esquerdistas”: https://piaui.folha.uol.com.br/a-grande-fogueira/ - Thread do Guilherme Casarões sobre o documentário: https://twitter.com/GCasaroes/status/1119122243475234817 - Sobre a conspiração do “marxismo cultural”: https://www.theguardian.com/commentisfree/2015/jan/19/cultural-marxism-a-uniting-theory-for-rightwingers-who-love-to-play-the-victim https://spectator.us/whats-wrong-cultural-marxism/ https://www.dailykos.com/stories/2019/1/23/1828527/-How-the-cultural-Marxism-hoax-began-and-why-it-s-spreading-into-the-mainstream - Brasil fica em penúltimo lugar no ranking global de educação: http://www.abe1924.org.br/56-home/257-brasil-fica-em-penultimo-lugar-em-ranking-global-de-qualidade-de-educacao - Brasil fica em 2º lugar no ranking de ignorância sobre a realidade: https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-fica-em-2o-em-ranking-de-ignorancia-sobre-a-realidade/ - Ministro das Relações Exteriores promove seminário sobre teoria da conspiração: https://veja.abril.com.br/blog/radar/ernesto-araujo-promove-seminario-no-itamaraty-sobre-teoria-da-conspiracao/ - Ministro da Educação defende expurgo de “marxismo cultural”: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/04/novo-ministro-da-educacao-weintraub-defende-expurgo-do-marxismo-cultural.shtml - Bolsonaro diz que quer “combater marxismo na educação”: https://oglobo.globo.com/sociedade/bolsonaro-escreve-que-combater-marxismo-solucao-para-melhorar-educacao-no-brasil-23336992 - Sobre a Constituição Federal de 1988: https://jus.com.br/artigos/56301/a-constituicao-de-1988-democracia-e-politica

livros sugeridos


- 1964 - A Conquista do Estado - René Armand Dreifuss) - 1961: O Golpe Derrotado - Flávio Tavares - As Ilusões Armadas (5 volumes, destaco o terceiro) - Elio Gaspari - 1964: O Golpe que Derrubou um Presidente, pôs fim ao Regime Democrático e Instituiu a Ditadura Militar no Brasil - Jorge Ferreira e Ângela Castro Gomes - O Grande Irmão, da Operação Brother Sam aos Anos de Chumbo - Carlos Fico - 1964: História do Regime Militar Brasileiro - Marcos Napolitano (e recomendo a playlist com aulas dele no canal da USP) - Ditadura à Brasileira - Marco Antônio Villa - Jango: Um Perfil - Marco Antônio Villa - História das Constituições - Marco Antonio Villa - O Apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil - Denise Rollemberg - Em Guarda Contra o Perigo Vermelho: O Anticomunismo no Brasil (1917 - 1964) - Rodrigo Patto Sá Motta - As Universidades e o Regime Militar - Rodrigo Patto Sá Motta - Estranhas Catedrais: As Empreiteiras e a Ditadura Civil-Militar - Pedro Henrique Pedreira Campos - 1964: O Elo Perdido - Mauro Kraenski e Vladimir Petrilák Artigos, teses e outros trabalhos acadêmicos: - Ditadura militar brasileira: aproximações teóricas e historiográficas http://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180309202017005/0 - Versões e controvérsias sobre 1964 e a ditadura militar http://www.scielo.br/pdf/rbh/v24n47/a03v2447.pdf - O golpe de 1964 e a ditadura nas pesquisas de opinião http://www.scielo.br/pdf/tem/v20/pt_1413-7704-tem-1980-542X-2014203627.pdf - 1935: ILUSÃO, LOUCURA E HISTÓRIA https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/ael/article/view/2430/1842 - Em Guarda Contra o Perigo Vermelho https://www.academia.edu/12851483/EM_GUARDA_CONTRA_O_PERIGO_VERMELHO_O_ANTICOMUNISMO_NO_BRASIL_1917-1964 Documentários e aulas: - Crise Política e Golpe de Estado (Marcos Napolitano - USP) https://www.youtube.com/watch?v=RfIg881yshg&list=PLAudUnJeNg4s-4VovmXIdTvgsFberfNEq&index=28 - Trilogia “Era Vargas” https://www.youtube.com/watch?v=7pxLebLIoBs&list=PLy3gnITzN46Zcz6pWfGEqgz3QjNjfDrFh - Jango (1984) https://www.youtube.com/watch?v=ZPDrHXuIUu4 - O Dia que Durou 21 Anos https://www.youtube.com/watch?v=nmT6w_k_ciw&t - O Fundo do Ar é Vermelho (Partes 1 & 2) https://www.youtube.com/watch?v=U6_3saD_NSc https://www.youtube.com/watch?v=S9xla1TxZF0 - Cabra Marcado Para Morrer (1984) https://www.youtube.com/watch?v=HGSRLIs8BGw&t Podcasts: - História FM - Revisionismos sobre a Ditadura Militar, Leitura ObrigaHistória: https://www.youtube.com/watch?v=11QgN3IYORc - Fronteiras no Tempo (FnT) - O Golpe de 1964: https://www.youtube.com/watch?v=yJjQPFfkMA8 - FnT - Ditadura Civil-Militar: https://www.youtube.com/watch?v=Nj8mMcKVUJI - FnT - Fim da Ditadura Civil-Militar: https://www.youtube.com/watch?v=Lx6Ml7rRTbo - FnT Historicidade - Histórias da Ditadura Militar no Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=TFVocdOUgzc - Salvo Melhor Juízo (SMJ) - Judiciário e Ditadura https://soundcloud.com/salvo-melhor-ju-zo/smj-8-judiciario-e-ditadura - SMJ - Tanques e Togas: https://soundcloud.com/salvo-melhor-ju-zo/smj-69-tanques-e-togas - SMJ - AI-5: https://soundcloud.com/salvo-melhor-ju-zo/smj-78-ai-5 - Anticast - A Rememoração da Intentona Comunista: http://anticast.com.br/2018/11/anticast/anticast-369-a-rememoracao-da-intentona-comunista/ - Fora de Foco - Intentona Comunista, com Marly Vianna: http://foradefocoblog.com/2018/12/18/podcast-fora-de-foco-25-intentona-comunista-com-marly-vianna/ Matérias, reportagens e sites extras para consultas: Entrevista Lincoln Gordon - Castello Perdeu a Batalha, A Presença da Embaixada Americana na Deposição de João Goulart, em Abril de 1964 http://www.arqanalagoa.ufscar.br/pdf/recortes/R00013.pdf O golpe de 1964 em 3 momentos, 9 personagens e 25 arquivos https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/03/30/O-golpe-de-1964-em-3-momentos-9-personagens-e-25-arquivos O que as pesquisas de 1964 mostram sobre apoio popular e golpe https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/07/opinion/1554640987_633381.html A Direita na Tela: Notas sobre um panfleto audiovisual que revê 1964 https://piaui.folha.uol.com.br/materia/direita-na-tela/ Filme '1964' faz uso indevido de foto de Sebastião Salgado https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/05/filme-1964-faz-uso-indevido-de-foto-de-sebastiao-salgado.shtml Annaes do Congresso Constituinte da Republica. Volume II [1890] http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/13596 Assembléia Nacional Constituinte de 1891 https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/ASSEMBLEIA%20NACIONAL%20CONSTITUINTE%20DE%201891.pdf