Folha de Sao Paulo
A conversão do pentecostalismo
REGINALDO PRANDI
RESUMO
Depois de trocar o discurso do desapego material pela apologia do consumo, o pentecostalismo brasileiro se vê instado a afrouxar sua moral conservadora para conquistar segmentos mais abastados e escolarizados. Na trilha para se tornar a força religiosa dominante no país, ele terá de se dobrar ao éthos nacional.
*
O avanço acelerado das igrejas evangélicas anuncia para breve um Brasil de maioria religiosa evangélica. Se isso vier a acontecer, o país se tornará também culturalmente evangélico? Traços católicos e afro-brasileiros serão apagados, assim como festas profanas malvistas pela nova religião predominante?
Deixarão de existir o Carnaval, as festas juninas, o famoso São João do Nordeste? Rios, serras, cidades, ruas, escolas, hospitais, indústrias, lojas terão seus nomes católicos trocados? A cidade de São Paulo voltará a se chamar Piratininga? E mais, mudarão os valores que orientam a vida por aqui?
Provavelmente não, porque a religião mudaria antes. Ela se reconfigura em resposta a demandas sociais, e essa recauchutagem é tão mais profunda quanto maiores forem a consolidação e a difusão da crença. Deixa de ser radical e sectária, ajusta-se. Vê-se isso na história recente das próprias religiões evangélicas.
Igrejas pentecostais pregavam uma ética de afastamento do mundo, com profundas restrições ao consumo. Ao preconizar vida simples e despojada, ofereciam um modelo ideal de conduta para uma classe proletária então destinada a ganhar mal e comprar pouco.
Quando a âncora da economia muda do trabalhador que produz para o consumidor (garantidor do crescimento), o pentecostalismo tem de rever sua posição sobre o consumo, até então encarado como ponte para o mundanismo.
Dessa forma, acompanhou a mudança e adotou a teologia da prosperidade -coisa de gênio. Abandonou o princípio de que o dinheiro é do diabo e largou mão do velho ascetismo, mantido na esfera da sexualidade. Adequou-se às aspirações de classe média no que diz respeito a vestir-se, educar os filhos, ter tudo de bom em casa, comprar carro, viajar a turismo e muito mais.
A nova teologia promete que se pode contar com Deus para realizar qualquer sonho de consumo. Em suma, já não se consegue, como antes, distinguir um pentecostal na multidão por suas roupas, cabelo e postura. Tudo foi ajustado a novas condições de vida num país cujo governo se gaba do (duvidoso) surgimento de certa "nova classe média", de fato cliente preferencial das lojas de R$ 1,99.
Incapazes de influir nos grandes temas da sociedade, as igrejas pentecostais ajustaram o foco na velha preocupação com a vida íntima. Agarraram-se a uma moralidade mesquinha e reacionária, tão fácil de impor aos descontentes com sua vida pessoal.
A maioria dos pentecostais é de recém-convertidos, e conversão precisa de motivo forte, subjetivo, que tenha elo direto com felicidade e capacidade de viver bem.
IMPOSIÇÃO DA LEI
A interferência da religião nos costumes poderia vir agora também pela imposição da lei. Para fazer mudanças a seu gosto, o credo da nova maioria contaria com as casas legislativas, onde vai ampliando suas fileiras. Bem no tom de ameaça do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP).
Ao perder uma batalha em sua guerra homofóbica travada nas trincheiras da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que espantosamente continua a presidir, ele acenou para um revide amparado na possibilidade de a bancada evangélica dobrar numericamente na próxima legislatura.
O instituto Datafolha confirma: se dependermos da opinião expressa por pentecostais, o Brasil pode retroceder em matéria de família, sexualidade e liberdade de escolhas e abandonar normas e direitos fixados após longas lutas.
A pesquisa publicada hoje pela Folha mostra que, no continuum da moralidade, as posições estão bem marcadas: os pentecostais formam o segmento mais atrasado. Os católicos são tão avançados quanto a população média do país, maioria que são. Os evangélicos não pentecostais ocupam posição intermediária entre católicos e pentecostais; já tiveram sua fase de sectários e poderiam representar hoje os pentecostais de amanhã.
Os sem religião, espíritas e umbandistas tendem a ter posição condizente com os avanços da sociedade, à frente dos católicos, mas são muito minoritários. Outras religiões, pelo pequeno número de seguidores na população, nem aparecem na amostra.
É preciso lembrar que, independentemente de religião, os mais pobres e os menos escolarizados, camadas em que os pentecostais arregimentam preferencialmente seus adeptos, estão menos afeitos ao avanço dos costumes e direitos.
Religião e posição social se atraem e se somam. Por outro lado, se o pentecostalismo também sonha em ser uma religião de classe média ilustrada, terá de mudar.
Ainda que majoritária, condição aqui apenas hipotética, a religião evangélica, sobretudo pentecostal, seria a crença de indivíduos convertidos um a um, e não a que funda uma nação e fornece os elementos formadores de sua cultura, lugar ocupado pelo velho catolicismo.
O processo que culminaria no redesenho do cenário da fé seria diferente daquele que modelou a cultura no Brasil. Por tudo isso, em vez de o Brasil virar culturalmente evangélico, a religião evangélica pode bem se converter ao Brasil.
REGINALDO PRANDI, 67, é professor sênior do departamento de sociologia da USP e pesquisador do CNPq. Escreveu, entre outros livros, "Mitologia dos Orixás", "Segredos Guardados" (ambos pela Companhia das Letras) e "Os Mortos e os Vivos" (selo Três Estrelas, do Grupo Folha).
"Só uma minoria deles se diz contra a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo (36%) e contra a adoção de crianças por casais homossexuais (42%), índices inferiores ao que pensa a média da população e muito abaixo do registrado entre evangélicos (em torno de 65% e 70%, respectivamente).
Apenas espíritas e umbandistas são mais liberais a respeito desses temas. Mas membros de todas as igrejas cristãs pensam de forma muito parecida sobre o aborto: entre 65% a 70% dizem que a mulher que praticar aborto deve ser processada e presa."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/119929-catolicos-vao-pouco-a-missa-e-contribuem-menos-com-igreja.shtml
“está muito mais centrada na defesa de VALORES, especialmente os ligados à unidade da família. Se é uma igreja que cresce no chamado “Brasil moderno e urbano”, esse crescimento se dá com a pregação de valores que podemos chamar “tradicionais”. O colunista continua: “A Assembleia, infiro, tende a crescer de forma sustentável e consolidada porque opera numa esfera que produz alterações que tendem a ser permanentes. As correntes que dão excessivo valor às relações de troca com Deus podem ter ascensão vertiginosa, mas esbarram, não tem jeito, no peso da realidade. O Altíssimo não sai por aí recompensando quem faz muita bobagem com sua conta bancária. Também não costuma resolver os problemas que estão afeitos à medicina. A força desse tipo de discurso é limitada”.
2-Os Pentecostais tem por princípio a liberdade religiosa;
3- Em segundo lugar, NUNCA em toda a história do protestantismo (mesmo dentro do pentecostalismo) se abriu mão dos valores tradicionais como sexualidade dentro do casamento, heterossexualidade,e outros valores tradicionais, exceto em seitas derivadas do protestantismo, e essas são tidas como movimentos heréticos.
3-Mesmo dentro do movimento Neopentecostal esses valores sempre perduraram, como diz este Sociólogo especializado no assunto:
4- Assim a afirmação que E mais, mudarão os valores que orientam a vida por aqui? Provavelmente não, porque a religião mudaria antes. ... Vê-se isso na história recente das próprias religiões evangélicas." é falsa pois, o que mudou nas igrejas pentecostais foi os chamados "usos e costumes de santidade" (que nada tem de fundamentação bíblica como: uso de saias, cabelos sem cortar, não uso de bermudas, etc.) e mudança para uma liturgia "mais brasileira" com ritmos populares, basicamente isso.
5-Em relação à Teologia da Prosperidade,a maioria dos pentecostais não à adota . O segmento que adota é conhecido como NEOPENTECOSTAIS. A Assembléia de Deus combate o ensino da Teologia da prosperidade ou Teologia da Confissão Positiva.
6-Mas a Igreja Universal do Reino de Deus (maior denominação neopentecostal e a igreja que mais dá ênfase à prosperidade financeira foi a que mais perdeu fiéis (queda de 11% em relação a 2000). A igreja, que nos anos 1990 deu um salto de 269 mil para 2,1 milhões de fiéis, perdeu 228 mil na última década. http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/por-que-edir-macedo-e-a-igreja-catolica-perderam-fieis-e-por-que-a-assembleia-de-deus-ganhou/
7- A afirmação: "Quando a âncora da economia muda do trabalhador que produz para o consumidor (garantidor do crescimento), o pentecostalismo tem de rever sua posição sobre o consumo, até então encarado como ponte para o mundanismo.
Censo 2010: número de católicos cai e aumenta o de evangélicos, espíritas e sem religião
Os resultados do Censo Demográfico 2010 mostram o crescimento da diversidade dos grupos religiosos no Brasil. A proporção de católicos seguiu a tendência de redução observada nas duas décadas anteriores, embora tenha permanecido majoritária. Em paralelo, consolidou-se o crescimento da população evangélica, que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Dos que se declararam evangélicos, 60,0% eram de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos de missão e 21,8 %, evangélicos não determinados. A pesquisa indica também o aumento do total de espíritas, dos que se declararam sem religião, ainda que em ritmo inferior ao da década anterior, e do conjunto pertencente às outras religiosidades. http://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?view=noticia&id=1&idnoticia=2170&t=censo-2010-numero-catolicos-cai-aumenta-evangelicos-espiritas-sem-religiao
Apêndice 2
ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/caracteristicas_religiao_deficiencia.pdf
*
O avanço acelerado das igrejas evangélicas anuncia para breve um Brasil de maioria religiosa evangélica. Se isso vier a acontecer, o país se tornará também culturalmente evangélico? Traços católicos e afro-brasileiros serão apagados, assim como festas profanas malvistas pela nova religião predominante?
Deixarão de existir o Carnaval, as festas juninas, o famoso São João do Nordeste? Rios, serras, cidades, ruas, escolas, hospitais, indústrias, lojas terão seus nomes católicos trocados? A cidade de São Paulo voltará a se chamar Piratininga? E mais, mudarão os valores que orientam a vida por aqui?
Provavelmente não, porque a religião mudaria antes. Ela se reconfigura em resposta a demandas sociais, e essa recauchutagem é tão mais profunda quanto maiores forem a consolidação e a difusão da crença. Deixa de ser radical e sectária, ajusta-se. Vê-se isso na história recente das próprias religiões evangélicas.
Igrejas pentecostais pregavam uma ética de afastamento do mundo, com profundas restrições ao consumo. Ao preconizar vida simples e despojada, ofereciam um modelo ideal de conduta para uma classe proletária então destinada a ganhar mal e comprar pouco.
Quando a âncora da economia muda do trabalhador que produz para o consumidor (garantidor do crescimento), o pentecostalismo tem de rever sua posição sobre o consumo, até então encarado como ponte para o mundanismo.
Dessa forma, acompanhou a mudança e adotou a teologia da prosperidade -coisa de gênio. Abandonou o princípio de que o dinheiro é do diabo e largou mão do velho ascetismo, mantido na esfera da sexualidade. Adequou-se às aspirações de classe média no que diz respeito a vestir-se, educar os filhos, ter tudo de bom em casa, comprar carro, viajar a turismo e muito mais.
A nova teologia promete que se pode contar com Deus para realizar qualquer sonho de consumo. Em suma, já não se consegue, como antes, distinguir um pentecostal na multidão por suas roupas, cabelo e postura. Tudo foi ajustado a novas condições de vida num país cujo governo se gaba do (duvidoso) surgimento de certa "nova classe média", de fato cliente preferencial das lojas de R$ 1,99.
Incapazes de influir nos grandes temas da sociedade, as igrejas pentecostais ajustaram o foco na velha preocupação com a vida íntima. Agarraram-se a uma moralidade mesquinha e reacionária, tão fácil de impor aos descontentes com sua vida pessoal.
A maioria dos pentecostais é de recém-convertidos, e conversão precisa de motivo forte, subjetivo, que tenha elo direto com felicidade e capacidade de viver bem.
IMPOSIÇÃO DA LEI
A interferência da religião nos costumes poderia vir agora também pela imposição da lei. Para fazer mudanças a seu gosto, o credo da nova maioria contaria com as casas legislativas, onde vai ampliando suas fileiras. Bem no tom de ameaça do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP).
Ao perder uma batalha em sua guerra homofóbica travada nas trincheiras da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que espantosamente continua a presidir, ele acenou para um revide amparado na possibilidade de a bancada evangélica dobrar numericamente na próxima legislatura.
O instituto Datafolha confirma: se dependermos da opinião expressa por pentecostais, o Brasil pode retroceder em matéria de família, sexualidade e liberdade de escolhas e abandonar normas e direitos fixados após longas lutas.
A pesquisa publicada hoje pela Folha mostra que, no continuum da moralidade, as posições estão bem marcadas: os pentecostais formam o segmento mais atrasado. Os católicos são tão avançados quanto a população média do país, maioria que são. Os evangélicos não pentecostais ocupam posição intermediária entre católicos e pentecostais; já tiveram sua fase de sectários e poderiam representar hoje os pentecostais de amanhã.
Os sem religião, espíritas e umbandistas tendem a ter posição condizente com os avanços da sociedade, à frente dos católicos, mas são muito minoritários. Outras religiões, pelo pequeno número de seguidores na população, nem aparecem na amostra.
É preciso lembrar que, independentemente de religião, os mais pobres e os menos escolarizados, camadas em que os pentecostais arregimentam preferencialmente seus adeptos, estão menos afeitos ao avanço dos costumes e direitos.
Religião e posição social se atraem e se somam. Por outro lado, se o pentecostalismo também sonha em ser uma religião de classe média ilustrada, terá de mudar.
Ainda que majoritária, condição aqui apenas hipotética, a religião evangélica, sobretudo pentecostal, seria a crença de indivíduos convertidos um a um, e não a que funda uma nação e fornece os elementos formadores de sua cultura, lugar ocupado pelo velho catolicismo.
O processo que culminaria no redesenho do cenário da fé seria diferente daquele que modelou a cultura no Brasil. Por tudo isso, em vez de o Brasil virar culturalmente evangélico, a religião evangélica pode bem se converter ao Brasil.
REGINALDO PRANDI, 67, é professor sênior do departamento de sociologia da USP e pesquisador do CNPq. Escreveu, entre outros livros, "Mitologia dos Orixás", "Segredos Guardados" (ambos pela Companhia das Letras) e "Os Mortos e os Vivos" (selo Três Estrelas, do Grupo Folha).
"Só uma minoria deles se diz contra a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo (36%) e contra a adoção de crianças por casais homossexuais (42%), índices inferiores ao que pensa a média da população e muito abaixo do registrado entre evangélicos (em torno de 65% e 70%, respectivamente).
Apenas espíritas e umbandistas são mais liberais a respeito desses temas. Mas membros de todas as igrejas cristãs pensam de forma muito parecida sobre o aborto: entre 65% a 70% dizem que a mulher que praticar aborto deve ser processada e presa."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/119929-catolicos-vao-pouco-a-missa-e-contribuem-menos-com-igreja.shtml
RESPOSTA:
1-O colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, diz que a pregação da Assembleia de Deus (Igreja que mais cresceu de acordo com o último censo-2010)
“está muito mais centrada na defesa de VALORES, especialmente os ligados à unidade da família. Se é uma igreja que cresce no chamado “Brasil moderno e urbano”, esse crescimento se dá com a pregação de valores que podemos chamar “tradicionais”. O colunista continua: “A Assembleia, infiro, tende a crescer de forma sustentável e consolidada porque opera numa esfera que produz alterações que tendem a ser permanentes. As correntes que dão excessivo valor às relações de troca com Deus podem ter ascensão vertiginosa, mas esbarram, não tem jeito, no peso da realidade. O Altíssimo não sai por aí recompensando quem faz muita bobagem com sua conta bancária. Também não costuma resolver os problemas que estão afeitos à medicina. A força desse tipo de discurso é limitada”.
2-Os Pentecostais tem por princípio a liberdade religiosa;
- portanto se a maioria fosse evangélica não se proibiria a manifestação de festas católicas, espíritas ou quaisquer outras.
- Basta conhecer que TODOS os países de maioria evangélica, privam pelos direitos à liberdade religiosa.
- Assim estas festas continuarão a existir a menos que toda população se tornasse evangélica!!!
3- Em segundo lugar, NUNCA em toda a história do protestantismo (mesmo dentro do pentecostalismo) se abriu mão dos valores tradicionais como sexualidade dentro do casamento, heterossexualidade,e outros valores tradicionais, exceto em seitas derivadas do protestantismo, e essas são tidas como movimentos heréticos.
3-Mesmo dentro do movimento Neopentecostal esses valores sempre perduraram, como diz este Sociólogo especializado no assunto:
"Mesmo as neopentecostais, embora mais liberais, estabelecem orientações tipicamente puritanas, moralistas: contra o homossexualismo, a pornografia, as drogas, a assistência a programação de tv que exploram a violência e sexualidade, a frequência a bares e danceterias, participação no carnaval" (Neopentecostais- Ricardo Mariano, Edições Loyola, p. 210)
4- Assim a afirmação que E mais, mudarão os valores que orientam a vida por aqui? Provavelmente não, porque a religião mudaria antes. ... Vê-se isso na história recente das próprias religiões evangélicas." é falsa pois, o que mudou nas igrejas pentecostais foi os chamados "usos e costumes de santidade" (que nada tem de fundamentação bíblica como: uso de saias, cabelos sem cortar, não uso de bermudas, etc.) e mudança para uma liturgia "mais brasileira" com ritmos populares, basicamente isso.
5-Em relação à Teologia da Prosperidade,a maioria dos pentecostais não à adota . O segmento que adota é conhecido como NEOPENTECOSTAIS. A Assembléia de Deus combate o ensino da Teologia da prosperidade ou Teologia da Confissão Positiva.
6-Mas a Igreja Universal do Reino de Deus (maior denominação neopentecostal e a igreja que mais dá ênfase à prosperidade financeira foi a que mais perdeu fiéis (queda de 11% em relação a 2000). A igreja, que nos anos 1990 deu um salto de 269 mil para 2,1 milhões de fiéis, perdeu 228 mil na última década. http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/por-que-edir-macedo-e-a-igreja-catolica-perderam-fieis-e-por-que-a-assembleia-de-deus-ganhou/
7- A afirmação: "Quando a âncora da economia muda do trabalhador que produz para o consumidor (garantidor do crescimento), o pentecostalismo tem de rever sua posição sobre o consumo, até então encarado como ponte para o mundanismo.
Dessa forma, acompanhou a mudança e adotou a teologia da prosperidade" tem vários equívocos:
- A teologia da prosperidade começou nos Estados Unidos e iniciou-se no Brasil com a Igreja Nova Vida, da qual saiu a universal e Internacional da Graça de Deus (igrejas neopentecostais)
- O neopentecostalismo é um tipo de pentecostalismo, mas numa 3ª onda, de onde veio a Teologia da Confissão Positiva- ver apêndice 1
- Assim não houve adoção da Teologia da Prosperidade, especialmente por parte majoritária da Assembléia de Deus (a igreja que mais cresceu)
- o autor do texto dá a entender que o fator preponderante do crescimento dos pentecostais seria a teologia da prosperidade, mas desde que surgiu o pentecostalismo sempre foi o ramo evangélico que mais cresceu!!!!! mesmo antes do surgimento da Teologia da Confissão Positiva- ver apêndice 2
8- Sobre homofobia
- O simples fato de ser contra a prática de atos homossexuais não caracteriza homofobia
- O SITE PSIQWEB CITA o dicionário especializado:"Esta expressão significa medo do homossexualismo. O medo do homossexualismo empurra as pessoas em direção ao sexo oposto com objetivos de reprodução e de garantir ao sujeito sua identidade heterossexual.
A Homofobia é típica de pessoas que, consciente ou inconscientemente, ainda têm muitas dúvidas e angústias sobre sua identidade sexual. Como mecanismo de defesa de sua insegurança, estas pessoas costumam ridicularizar e agredir os homossexuais. Casos muitos graves de Homofobia levam o sujeito a fazer investidas como o assassinato de homossexuais. "
http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerDicionario&idZDicionario=382 - Os valores cristãos repudiam atos de violência, ódio aos homossexuais ou qualquer pessoa
- Para haver tolerância aos homossexuais tem que haver discordância, assim os evangélicos tem o dever de amar todas as pessoas, e isso inclui tolerar práticas consideradas pecaminosas pela bíblia.
9- A afirmação "se dependermos da opinião expressa por pentecostais, o Brasil pode retroceder em matéria de família, sexualidade e liberdade de escolhas e abandonar normas e direitos fixados após longas lutas."
- A pesquisa citada da Folha não faz distinção entre praticantes e não praticantes. Existem muitos católicos nominais, como também evangélicos, o que tornaria os 'católicos' mais receptivos a conceitos como aborto, união civil homossexual, etc.
- os valores [em termos de doutrina] de família, sexualidade e liberdade de escolha são os mesmos no catolicismo, evangélicos pentecostais e não pentecostais
- a única diferença é que os evangélicos são a favor dos métodos anticoncepcionais
- Defender o direito à vida por parte de fetos inocentes (ser contra o aborto) não é ser retrógrado.
- Para se evitar as concepções pós estupro (que giram em torno de 1-3%) deve-se implementar políticas de Segurança (garantidas pela constituição) e investir em informação especialmente na pílula do dia seguinte (que impede à fecundação) e assim seria desnecessário o aborto
- em relação a adoção, o número de casais que querem adotar é mais que 5 VEZES o de crianças a serem adotadas http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/05/25/ha-54-vezes-mais-pretendentes-do-que-criancas-aptas-a-adocao-aponta-cnj.htm. Em relação à adoção as opinioes dos evangélicos é dividida.
Censo 2010: número de católicos cai e aumenta o de evangélicos, espíritas e sem religião
Os resultados do Censo Demográfico 2010 mostram o crescimento da diversidade dos grupos religiosos no Brasil. A proporção de católicos seguiu a tendência de redução observada nas duas décadas anteriores, embora tenha permanecido majoritária. Em paralelo, consolidou-se o crescimento da população evangélica, que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Dos que se declararam evangélicos, 60,0% eram de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos de missão e 21,8 %, evangélicos não determinados. A pesquisa indica também o aumento do total de espíritas, dos que se declararam sem religião, ainda que em ritmo inferior ao da década anterior, e do conjunto pertencente às outras religiosidades. http://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?view=noticia&id=1&idnoticia=2170&t=censo-2010-numero-catolicos-cai-aumenta-evangelicos-espiritas-sem-religiao
Apêndice 1
3.2.2- DISCUSSÃO DAS CLASSIFICAÇÕES de PENTECOSTAIS
A classificação de
Bitencourt despreza a ênfase de doutrinas pentecostais dadas por diferentes
igrejas, seja em suas semelhanças ou em suas diferenças, pois se baseia
unicamente na origem das igrejas.
A classificação de
Mendonça cai em um equívoco em afirmar que as igrejas de cura divina não
enfatizam a ética, a santificação e a bíblia, tudo isso a Deus é Amor,
Universal, Internacional da Graça e outras, enfatizam, inclusive a Universal, tem
um programa radiofônico diário “A palavra amiga do bispo Macedo”. Além disso, os
fiéis dessas igrejas, apresenta uma freqüência aos cultos superior às
protestastes históricas, e a maioria delas apresenta rol de membros.
A classificação de
Freston é a que mais se aproxima da realidade, assim utilizaremos sua
classificação acrescida do termo “deuteropentecostalismo” para designar a 2ª
onda, utilizado por Ricardo Mariano
(1999):
1ª onda- Pentecostalismo Clássico: Congregação Cristã (1910, São Paulo e Paraná) por Luigi
Francescon (missionário de origem presbiteriana que se tornou pentecostal
através da Missão Pentecostal de W. H. Durham nos Estados Unidos). Assembléia
de Deus (1911, Belém) (inicialmente chamada de Missão da Fé Apostólica - mesmo
nome do movimento pentecostal inicial da Rua Azuza anteriormente citado)
fundada por dois missionários suecos imigrantes em Chicago que também
freqüentaram a mesma missão que Luigi e tiveram a mesma experiência
pentecostal, Gunnar Vingren e Daniel Berg. Eles inicialmente se estabeleceram
na Igreja Batista de Belém, mas foram expulsos juntamente com mais dezessete
pessoas, fundando então a 2ª igreja pentecostal do Brasil.
2ª onda- Deuteropentecostalismo: O deuteropentecostalismo se
diferencia do clássico por sua implantação posterior e por enfatizar a cura
divina. Esta segunda onda pentecostal tem origem na cidade de São Paulo com a
implantação da Igreja do Evangelho Quadrangular em 1951 por meio do
evangelismo de massa centralizado na mensagem de cura divina. A
quadrangular nos Estados Unidos é uma Pentecostal Clássica, mas na sua
implantação no Brasil já trazia algumas inovações evangelísticas (tendas
cinema, teatros, estádios). Esse movimento de cura trouxe muita repercussão no
país e provocou a formação de novas denominações: A Quadrangular deu origem à O
Brasil para Cristo (1955) e esta à Casa da Bênção (1964). Nesta
classificação entra também a Igreja Pentecostal Deus é Amor (1962) e a Nova
Vida (1960). Esta última foi precursora de alguns aspectos da teologia
neopentecostal: prosperidade financeira, ausência de legalismo em matéria
comportamental, e intenso combate ao Diabo (encontrado também na Casa da Bênção
e Deus é Amor).
3ª onda Neopentecostalismo: A terceira onda começa na segunda metade dos anos 70. Da deuteropentecostal
Nova Vida, saíram: Universal do Reino de Deus (1977, Rio), Igreja
Internacional da Graça de Deus (1980, Rio), e Cristo Vive (Rio,
1986). Surgiram também neste período: a Comunidade Evangélica Sara Nossa
Terra (1976, Goiás); Comunidade da Graça (1979, São Paulo) Renascer
em Cristo (1976, São Paulo), Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo
(1994, São Paulo). Entre as principais características destacam-se: 1-Ausência
de usos e costumes de santidade 2- Teologia da Prosperidade 3-
Teologia do Domínio 4- Exacerbação da guerra contra o reino de
Satanás (Com exceção da Missão Apostólica da Graça de Deus ou Igreja Cristo
Vive). Estas características serão
discutidas posteriormente.
Assim nem toda
denominação surgida depois dos anos 70 é neopentecostal, pois o
neopentecostalismo se caracteriza por distinções teológicas (Teologia do
domínio e da prosperidade) e comportamentais, muito mais do que simplesmente
distinções cronológicas.
Apêndice 2
5.2.3- Tese Atual do crescimento pentecostal
A
partir do fato que as igrejas pentecostais apresentam crescimento radicalmente
desigual, as razões de seu sucesso ou fracasso decorrem das diferenças internas
existentes entre elas. Os processos de mudança macroestrutural e os péssimos
indicadores sociais do País não elucidam a enorme diferença entre o crescimento
da Universal (e outras neopentecostais) das demais igrejas. A explicação,
portanto, deve repousar na análise da organização denominacional, das
doutrinas, do clero, da liturgia, da mensagem e das técnicas evangelísticas.
5.2.1- Trabalho Exaustivo
Várias igrejas pentecostais realizam vários cultos
diários, mobilizam os fiéis para evangelizar, espcialmente boca a boca, investem seus recursos na abertura
de templos, na pregação eletrônica e no sustento dos pastores,
que trabalham em período integral.
5.2.2-Anúncio de um Evangelho Pleno / Felicidade presente e futura
As neopentecostais enfatizam que
Jesus é a solução de todos os problemas do homem, oferecendo:
·
Salvação –
pela pregação da mensagem do plano redentor de Cristo
·
Cura física- pela mensagem da cura divina
·
Libertação de vícios e perturbações - por meio de orações e campanhas.
·
Prosperidade financeira - pela pregação da mensagem sobre promessas de prosperidade e da atitude do cristão em
relação a essas promessas.
·
Harmonia familiar - pelo ensino da prática dos princípios bíblicos em associação com os
tópicos anteriores.
“Na verdade vários estudos convergem para afirmar que o pentecostalismo traz soluções reais a situações de pobreza e de atomização social. Ele dá a possibilidade de criar redes de relações primárias. Ele dá aos crentes a reputação de trabalhadores confiáveis que os empregadores procuram e preferem aos outros. Enfim, ele permite dar a populações fortemente desintegradas socialmente uma identidade social, uma dignidade” 4
5.2.3- Liturgia descontraída /Informalidade
O culto pentecostal é de caráter
informal, ao contrário, por exemplo, do catolicismo clássico, religião da qual
mais procede os pentecostais. Como se sabe, em geral, as igrejas que mais
crescem utilizam toda sorte de ritmos incluindo o rock, o funk, o rap e outros
que eram tidos como profanos.
5.2.5- Uso intenso da mídia
Com o surgimento do ramo
neopentecostal inaugurou-se um intenso uso dos mais diversos meios de
comunicação, especialmente a televisão. Através dela são feitos atendimentos de
pessoas, pregações, testemunhos de pessoas, anúncio das programações das
igrejas e outros. A Internacional da Graça possui hoje um canal exclusivo no
qual a maior parte do tempo é ocupado por programações da própria denominação,
em segundo lugar vem a Universal do Reino de Deus, que apesar de ser dona da
Record e da Rede Mulher ficou atrás da Internacional da Graça.
Até
as igrejas que proibiam o uso da televisão no passado, hoje têm seus programas
de televisão, como é o caso das Assembléias de Deus, com o seu programa “Movimento Pentecostal”.
5.2.4- Rapidez na preparação de novos líderes
Enquanto
que nas Igrejas protestantes históricas é requerido um longo tempo em
seminário, a maioria das igrejas pentecostais prepara seus futuros líderes de
uma forma mais rápida, por meio de cursos de formação de obreiros e por meio de
literatura própria da denominação, o que contribui para a expansão destas
denominações.
5.2.5- Sincretismo
litúrgico
Muitas igrejas,especialmente a Universal e Internacional da Graça (neopentecsotaIS) absorvem inúmeras vertentes da religiosidade e do sincretismo
brasileiros numa espécie de efeito
esponja de expressões religiosas que granjearam alguma
popularidade no campo religioso brasileiro, contribuindo para seu crescimento.
Observa-se
elementos simbólicos que contribuem numa inserção nesta igreja sem grandes passagens simbólicas, traumas ou disrupções. Não existe uma inauguração de um novo sistema simbólico, mas sim, um re-arranjo e uma re-significação de elementos já re-conhecidos pelos fiéis dentro
do campo religioso brasileiro.
O que nos remete a uma vivência de sensação de totalidade e não uma construção, mas de re-construção de sentido muito grande.
.
5.2.6- Oferta de
sentido psicológico
Principalmente as
Neopentecostais (como, Universal) conseguem, de uma forma própria, responder as
questões que são fundamentais para o ser humano. Como outros grupos religiosos
que conseguiram ganhar universalidade, estas igrejas, combinando aspectos
pré-modernos, modernos, pós-modernos, sincréticos e afinados com a matriz
religiosa brasileira de uma forma peculiar, têm conseguido, numa linguagem
religiosa, restabelecer aquilo que Jung apontou psicologicamente em seus
pacientes como falta:
“não houve um só (paciente) cujo problema mais profundo não fosse o da atitude
religiosa. Aliás, todos estavam doentes, em última análise, por terem perdido
aquilo que as religiões vivas ofereciam em todos os tempos, a seus adeptos, e
nenhum se curou realmente, sem ter readquirido uma atitude religiosa própria, o
que evidentemente, nada tinha a ver com a questão de confissão (credo
religioso) ou com a pertença a uma determinada igreja.” (JUNG,1983:509)
5.2.7- Acesso Direto ao Sagrado
O princípio protestante do “sacerdócio
universal de todos os crentes” é o primeiro fator que favorece um acesso direto
ao sagrado.
O segundo fator são os
dons espirituais, especialmente o falar em novas línguas. Neste fenômeno o fiel
tem certeza que está unido à Divindade, pois é um fenômeno sobrenatural. É
visto em algumas denominações manifestações onde a pessoa que fala em língua
chega quase ao êxtase emocional (embora a maioria condena esta manifestação
emocional em reuniões abertas a pessoas não evangélicas).
REPERCUSSÃO SOCIAL DOS PENTECOSTAIS
“Na verdade vários estudos convergem para afirmar que o pentecostalismo traz soluções reais a
situações de pobreza e de atomização social. Ele dá a possibilidade de criar
redes de relações primárias. Ele dá aos crentes a reputação de trabalhadores
confiáveis que os empregadores procuram e preferem aos outros. Enfim, ele
permite dar a populações fortemente desintegradas socialmente uma identidade social,
uma dignidade”1
Quanto a ênfase na atuação demoníaca,
esta “parece favorecer a maior tolerância
dos fiéis pentecostais que vivem estes problemas com seus familiares, atenuando
a tensão doméstica”2
Quanto à participação da mulher na
religião, cada vez mais se torna evidente sua atuação. Quando a mulher se
converte antes do marido, esta passa a ter a responsabilidade de por fim aos
sofrimentos espirituais aos seus familiares, como diz o provérbio bíblico: “A mulher sábia edifica sua casa, mas a tola
derruba com suas próprias mãos”. Salém diz: “esta responsabilidade delegada ás mulheres provoca uma verdadeira
inversão da auto-imagem feminina, que de frágil e tutelada (SALÉM, 1981, P. 83)
passa a ser responsável pela formação moral da família e pela salvação dos seus
pares e filhos – corroborando assim as teses de que a adesão ao pentecostalismo
fortalece o gênero feminino”3
Quanto ao comportamento
masculino é bom destacar que a doutrina pentecostal apesar de frisar a chefia
do marido, enfatiza a generosidade, humildade, amor, docilidade ao mesmo tempo
em que condena o orgulho, a violência, o suo de álcool e a aspereza das
palavras. Com isso a religião pentecostal serve aos interesses práticos das
mulheres.4 O próprio fato de o marido aceitar a
intervenção da igreja na resolução dos problemas domésticos expressaria também
uma ruptura significativa com os valores tradicionais do patriarcalismo.
CONCLUSÃO
A partir do fato que as
igrejas pentecostais apresentam crescimento radicalmente desigual, mas em geral
muito superior aos protestantes históricos, as razões de seu sucesso ou
fracasso decorrem das diferenças internas existentes entre elas. Os processos
de mudança macroestrutural e os péssimos indicadores sociais do País não
elucidam a enorme diferença entre o crescimento PENTECOSTAL das demais igrejas. A
explicação, portanto, deve repousar na análise da organização denominacional, das
doutrinas, da liturgia, do clero, da mensagem e das técnicas evangelísticas bem
como na história do pentecostalismo e contexto histórico brasileiro. Dentre as
causas do crescimento explosivo podemos destacar: trabalho exaustivo; evangelho
que promete salvação e felicidade presente; liturgia descontraída; uso intenso
da mídia; facilidade de formação de novos líderes; sincretismo litúrgico;
oferta de sentido psicológico e acesso direto ao sagrado. A repercussão social
é positiva e pode-se destacar a diminuição da pobreza, o fortalecimento do
gênero feminino, a diminuição da tensão nos lares.
Portanto o crescimento
explosivo do movimento pentecostal só pode ser explicado levando em conta uma
análise minuciosa tanto interna (doutrinas e práticas), bem como de sua
repercussão social e não por meio de análises puramente teóricas.
1 André
Corten- Os pobres e o Espírito Santo. O pentecostalismo no Brasil, p. 140.
2 Maria das
dores Campos Machado. Carismáticos e pentecostais, 201.
3 Ibid.:
p.129.
4 Ibid: p.
122.
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