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sábado, 22 de fevereiro de 2020

O culto ao imperador e a perseguição aos cristãos - carta de Plínio a Trajano





Ap 17:3  Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
4  Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição.
5  Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA.
6  Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto.
9  Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis,


A mulher sentada sobre sete montes é a representação do império romano, o qual estava perseguindo os cristãos na época de João. Esta mulher é retratada no At como sendo a prostituta Israel, que por sua vez também perseguiu os cristãos no primeiro século.Ou seja, a fonte primária da imagem da grande prostituta
de Apocalipse 17 é a descrição que Ezequiel faz da Jerusalém apóstata, em Ezequiel 16 e 23
(observe-se que Ap 17.2 = Ez 16.15,25,39; Ap 17.4a = Ez 16.13; Ap 17.4b = Ez 23.31,32;
Ap 17.6 = Ez 16.38; 23.45).  A grande cidade é ao mesmo tempo Jerusalém, Roma e Babilônia:
 
 “De Villiers (1988:133-35) afirma que, se há um referente histórico, este deve ser Roma, visto
que Jerusalém havia sido destruída 25 anos antes de o livro ser escrito. Porém, isso é principalmente simbólico e, portanto, a prostituta, Babilônia, Jerusalém, Sodoma, Egito e Roma tornam-se um único símbolo que tipifica “as forças do mal responsáveis pela perseguição da igreja”.
A identificação da grande cidade) é bem problemática. Em outras passagens de Apocalipse, a expressão faz referência a Roma (16.19; 17.18; 18.10,16,18,19,21 = “a grande Babilônia”, um eufemismo para Roma; cf. lPe 5.13). Entretanto, neste contexto deve ser uma referência a Jerusalém, pois 11.8 a descreve como o lugar “onde também seu Senhor foi crucificado” e, em 11.13, a população da cidade é de 70 mil, o tamanho de Jerusalém, não de Roma.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, pp. 480

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moeda cunhada em 71 d.C. na Ásia, durante o reinado de Vespasiano
(pai de Domiciano), assentada sobre os sete montes de Roma. João parece usar esta imagem (Roma) como símbolo da prostituta espiritual





Em Apocalipse está claro que um dos maiores problemas dos cristãos na província da Ásia é uma forma de adoração ao imperador (13.4,14-17; 14.9; 15.2; 16.2; 19.20; 20.4). No mundo romano, isso começou cedo, com a deificação de Júlio César e Augusto, seguidos por Cláudio e Vespasiano. Mas o costume dessa época era deificar o imperador após sua morte, e não adorar um soberano que ainda estivesse vivo.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 7
"Vespasiano...Ele foi somente o segundo imperador a ser deificado desde Augusto e Cláudio. Inimaginável. O que o nosso mundo seria sem o Cristianismo. Jeremiah J. Johnston. Rio de Janeiro CPAD, 2018,p. 54.

 Calígula exigiu ser adorado, mas não foi reconhecido como divino pelo senado. Tibério e Cláudio não aceitaram ser deificados durante a vida. O que mais nos interessa com relação ao nosso assunto é que Nero não foi deificado, embora haja indícios de que este fosse seu desejo.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 7

Todavia, esse era o caso em Roma, pois as províncias com frequência deificavam o imperador ainda vivo, provavelmente para indicar a presença do imperador também nas próprias terras.3 A província da Ásia era especialmente famosa pela proliferação desses templos em honra ao imperador. Ainda assim, o senado romano normalmente restringia o uso dos títulos para os imperadores, reservando o termo “deus” para  os falecidos. Domiciano, no entanto, mudou as leis e exigiu esse título para si, fazendo inclusive convocações para o oferecimento de sacrifícios para si mesmo na cidade de Roma
. Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 551-552
“comuna da Ásia”, um conselho que representava as principais cidades da província da Ásia, cujo presidente era chamado de asiarca. Esse grupo promovia especialmente o culto ao imperador e exigia que os cidadãos participassem dele. De todos os imperadores, Domiciano encorajou de forma especial essa ação, assumindo o título de Dominus et Deus noster (“nosso Senhor e Deus”).Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 575
Além disso, o imperador Domiciano (possivelmente o governante de Roma na época
da escrita de Apocalipse) via a si mesmo como Apolo encarnado
.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova,p. 420
imperadores como Calígula, Nero e, especialmente, Domiciano, que exigiamser adorados como deuses.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova,p. 558

proliferação incrível de templos e estátuas que faziam parte do culto ao imperador. Éfeso, por exemplo, tinha templos em homenagem a Júlio César, Augusto, Domiciano e, posteriormente, Adriano. Havia estátuas imperiais em construções, pórticos, fontes, portões das cidades e nas ruas. Muitas ficavam em lugares sagrados, onde eram objetos de veneração. Incenso, vinho e bois eram sacrificados, por exemplo, para selar um casamento. As estátuas imperiais poderiam servir como lugar de refúgio para os escravos que fugiam de seus senhores. Os escravos também recebiam a liberdade diante dessas imagens. Ford (1975: 214) acrescenta que o culto ao imperador era especialmente forte na Ásia Menor, tendo o primeiro templo construído em homenagem a Roma em 195 a.C.; e o primeiro santuário em homenagem a um imperador foi edificado em Pérgamo, em 29 a.C.
Nos tempos de Jesus, havia pelo menos um templo de culto ao imperador em cada uma das sete cidades. Embora Augusto e Tibério tenham proibido a adoração ao imperador, Calígula a encorajou, substituindo a cabeça de muitas imagens pela própria cabeça e
ainda tentou erigir uma estátua de si mesmo no templo de Jerusalém. Depois
dele, somente Domiciano encorajou a adoração da mesma forma. Em Éfeso, um templo importante foi dedicado a Domiciano, com uma estátua de cerca de sete metros de altura predominando nele. Reforçando, o Anticristo será o “oitavo rei” (17.11), que desenvolverá as práticas idólatras romanas e as levará à sua concretização final. E certo que a constante diatribe judaica e cristã contra a idolatria está sendo levada em  consideração.
Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova,p. 577

 Não há evidência de que Domiciano tivesse feito tal decreto (ainda que Antipas tenha sido martirizado em Pérgamo, 2.13) nos dias de João, mas aproximadamente quinze anos depois, Plínio escreveu uma carta a Trajano (112 d.C.) informando que ele tinha executado cristãos que se recusaram a oferecer vinho e incenso diante da estátua do imperador (Ep 96).p. 579

Ásia era o epicentro do culto ao imperador, e as cidades disputavam o privilégio de construir um templo. Depois de uma grande disputa, Pérgamo foi a primeira cidade a construir um templo, em 29 a.C., seguida por Esmirna, em 21 d.C, depois de uma competição acirrada. A terceira foi Éfeso, cidade proximamente vinculada ao estabelecimento da dinastia flaviana na Ásia. Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 7 

Carta de Plínio a Trajano

Caio Plínio Segundo (Plínio o moço), governador da Bitínia entre 111 e 113, enviada a Trajano, imperador de Roma entre 98 e 117 d.C, solicitando instruções de como proceder perante as denúncias contra os cristãos. A epístola, escrita por volta de 112 d.C


Tenho por praxe, Senhor, consultar Vossa Majestade nas questões duvidosas. Quem melhor dirigirá minha incerteza e instruirá minha ignorância? Nunca presenciei nenhum julgamento de cristãos. Por isso ignoro as penalidades e investigações costumeiras, bem como as pautas em uso. Tenho muitas dúvidas a respeito de certas questões, tais como: estabelecem-se diferenças e distinções de acordo com a idade? Cabe o mesmo tratamento a enfermos e robustos? Aqueles que se retratam devem ser perdoados? A quem sempre foi cristão, compete gratificar quando deixa de sê-lo? Há de punir-se o simples fato de alguém ser cristão, mesmo que inocente de qualquer crime, o exclusivamente os delitos praticados sob esse nome?
Entretanto, eis o procedimento que adotei nos casos que me foram submetidos sob acusação de cristianismo. Aos incriminados pergunto se são cristãos. Na afirmativa, repito a pergunta segunda e terceira vez, ameaçando condená-los à pena capital. Se persistirem, condeno-os à morte. Não duvido que, seja qual for o crime que confessem, sua pertinácia e obstinação inflexíveis devem ser punidas. Alguns apresentam indícios de loucura; tratando-se de cidadãos romanos, separo-os para enviá-los a Roma.
 Mas o que geralmente se dá é o seguinte: o simples fato de julgar essas causas confere enorme divulgação às acusações, de modo que meu tribunal está inundado com uma grande variedade de casos. Recebi uma lista anônima com muitos nomes. Os que negaram ser cristãos, considerei-os merecedores de absolvição. De fato, sob minha pressão, devotaram-se aos deuses e reverenciaram com incenso e libações vossa imagem colocada, para este propósito, ao lado das estátuas dos deuses, e, pormenor particular, amaldiçoaram a Cristo, coisa que um genuíno cristão jamais aceita fazer.
Outros inculpados da lista anônima começaram declarando-se cristãos e, logo, negaram sê-lo, declarando ter professado esta religião durante algum tempo e renunciando a ela há três ou mais anos; alguns a tinham abandonado há mais de vinte anos. Todos veneraram vossa imagem e as estátuas dos deuses, amaldiçoando a Cristo.
Foram unânimes em reconhecer que sua culpa se reduzia apenas a isso: em determinados dias, costumavam comer antes da alvorada e rezar responsivamente hinos a Cristo, como a um deus; obrigavam-se por juramento não a algum crime, mas à abstenção de roubos, rapinas, adultérios, perjúrios e sonegação de depósitos reclamados pelos donos. Concluído este rito, costumavam distribuir e comer seu alimento. Este, aliás, era um alimento comum e inofensivo.
Eles deixaram essas práticas depois do edito que promulguei, de conformidade com vossas instruções, proibindo as sociedades secretas. Julguei ser mais importante descobrir o que havia de verdade nessas declarações através da tortura a duas moças, chamadas diaconisas, mas nada achei senão superstição baixa e extravagante. Suspendi, portanto, minhas observações na espera do vosso parecer. Creio que o assunto justifica minha consulta, mormente tendo em vista o grande número de vítimas em perigo. Muita gente, de todas as idades e de ambos os sexos, corre o risco de ser denunciada e o mal não terá como parar.
Esta superstição contagiou não apenas as cidades, mas as aldeias e até as estâncias rurais. Contudo, o mal ainda pode ser contido e vencido. Sem dúvida os templos que estavam quase desertos são novamente freqüentados; os ritos sagrados há muito negligenciados, celebram-se de novo; vítimas para sacrifícios estão sendo vendidas por toda a parte, ao passo que, até recentemente, raramente um comprador era encontrado. Esses indícios permitem esperar que legiões de homens sejam susceptíveis de emenda, desde que tenham a oportunidade de se retratar. BETTENSON, H., Documentos da Igreja Cristã, editora ASTE, páginas 28 a 30


Caird (1966: 15) vê aqui uma referência a sete estrelas ou planetas da mitologia pagã, emparalelo com as moedas do reinado de Domiciano, que retratavam seu falecido filho/herdeiro como Zeus que, ainda criança, brincava entre as estrelas. Nesse sentido, João estaria fazendo mais oposição ao culto ao imperador, uma das grandes ênfases do livro..."Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 82


Em termos de contexto, Beasley-Murray (1978: 216-17) fala da “comuna da Ásia”, um conselho que representava as principais cidades da província da Ásia, cujo presidente era chamado de asiarca. Esse grupo promovia especialmente o culto ao imperador e exigia que os cidadãos participassem dele. De todos os imperadores, Domiciano encorajou de forma
especial essa ação, assumindo o título de Dominus et Deus noster (“nosso Senhor e Deus”). Embora esse conselho não fosse o “falso profeta”, ele forneceu a imagem do pano de fundo para a descrição das práticas idólatras da segunda besta, assim como Nero forneceu o contexto para o Anticristo, e os leitores originais certamente perceberam o paralelo
."Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova p. 575

A passagem seguinte, em que o Anticristo é mencionado, é 2Tessalonicenses
2.1-12, na qual se fala sobre o “ímpio” (ver Bruce 1982:175-78, esp. seu “Excurso
sobre o Anticristo”, p. 179-88). Cerca de dez anos antes de 2Tessalonicenses ter
sido escrito, o imperador Gaio (Calígula) ameaçou erigir uma estátua a si mesmo

no templo de Jerusalém, porque os judeus não aceitavam seu status divino. Esta

potencial “abominação assoladora” poderia muito bem ter estado na mente de
Paulo quando escreveu a carta. Apesar de Calígula ter sido assassinado em 41
d.C., acabando com seus anseios insanos, outro anticristo viria, cujos propósitos
malignos não seriam averiguados até a chegada do escaton. Em outras palavras,
assim como Nero se tornou um modelo para a besta em Apocalipse 13 (ver
adiante), Calígula veio a ser um modelo para o “mistério da impiedade” em
2Tessalonicenses 2. Paulo fala, nessa passagem, sobre a remoção do “que o detém”
(provavelmente, o governo e seu controle da lei e da ordem), possibilitando que
o “ímpio”, o Anticristo, apareça. Assim como o pequeno chifre de Daniel 7.8
(“falava com arrogância”), de 8.25 (“Fará o engano prosperar sob sua mão com
sutileza; se engrandecerá”) e de 11.36 (“ele se exaltará e se engrandecerá sobre
todo deus, e dirá coisas terríveis contra o Deus dos deuses”), esse homem da
iniqüidade (NVl) “se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é
objeto de adoração, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, apresentando-se
como Deus” (2Ts 2.4). Assim como ocorre em Apocalipse 13.13,14, ele mostrará
todo tipo de milagres que iludem, com base na “obra de Satanás”, para provar
suas reivindicações, e atuará por meio do engano. Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova
554




Lenda do Nero Redivivo

Kreitzer (1988: 97) observa três estágios no desenvolvimento dessa lenda:expectativas pagãs do retorno histórico de Nero; expectativas quase míticas assimiladasà apocalíptica judaica; associações completamente míticas de Nero comBeliar, o adversário de Deus (cf. Or si 5.28-38, 93-110,137-61, 214-27, 361-80).Por causa de seu terrível reinado, Nero foi censurado pelo senado, em 8 de junhode 68 d.C., e declarado inimigo de Roma. No dia seguinte, em seu palácio decampo, nos arredores de Roma, ele tirou sua vida enfiando um punhal no pescoço(cf. Ap 13.14). Muitas pessoas se recusaram a acreditar que ele houvesse morridoe, no final dos anos 80, surgiu uma lenda de que ele ainda estava vivo (algumasversões da história diziam que havia ressuscitado) e que vivia na Pártia, preparandoum exército parto para invadir o império e retomar seu trono. Vários impostorestentaram tomar o poder de Roma reivindicando ser Nero. Durante o reinado deDomiciano, um deles quase teve êxito, mas o imperador romano convenceu ospartos a executá-lo (Tácito, Hist 2.8; Suetônio, Nero 57; cf. Yarbro Collins 1976:176-83; Bauckham 1993b: 423-31; Aune 1998a: 738-40). O principal problemacom essa interpretação de Apocalipse 13 é o pensamento de que João acreditavano mito e considerava Nero o Anticristo. Todavia, não é necessário supor isso.Assim como Deus modelou a visão da mulher, do dragão e da criança (12.1-6)segundo a lenda de Apoio, também modelou a figura da besta segundo a lendade Nero. Nenhuma dessas lendas é verdadeira, mas a forma delas se torna uma“analogia redentora” para comunicar aos leitores que o que eles conheciam comolenda viria a ser história. A besta não era Nero, mas um personagem como Nero. p. 558
E importante observar que, se a identificação com Nero deve ser adotada, isso não significa que João acreditava na lenda do Nero redivivus nem esperava que o ex-imperador voltasse logo. Em vez disso, a vinda do Anticristo seria semelhante à figura de Nero, o qual seria o antítipo desse anticristão maligno. Nesse sentido, o uso de 666 como uma contraparte tríplice (666 sendo usado de forma semelhante a “santo, santo, santo”, em Ap 4.8) da completude do número sete e da perfeição absoluta de “Jesus” como 888 poderia também ser intencional (assim Rowland 1999:355). O Anticristo é “incompleto, incompleto, incompleto” comparado ao completamente perfeito “Jesus” (888). No final das contas, devemos continuar na incerteza quanto ao sentido real de 666. 584

 Portanto, a besta é o oitavo imperador (17.11), que na época da composição
da obra ainda não havia aparecido...isso melhor: “O anjo, provavelmente, alude a essa
superstição, não para endossá-la como verdadeira, mas para assinalar que a única
figura da história conhecida com quem a besta poderia ser comparada, em sua
crueldade contra o povo de Deus, era o malvado Nero. O ponto principal não
é que o oitavo rei, de fato, é Nero redivivus, mas que ele é como Nero em seu
caráter e destino
.p. 694



8 1 Nessa época, Acaia e Ásia ficaram aterrorizadas com um falso boato da chegada de Nero. Os relatos sobre sua morte foram variados e, portanto, muitas pessoas imaginaram e acreditaram que ele estava vivo. As forças e tentativas de outros pretendentes contaremos à medida que prosseguirmos; 9mas, naquele momento, um escravo de Pontus ou, como outros relataram, um libertado da Itália, que era habilidoso em tocar no cithara e em cantar, ganhou a crença mais imediata em seu engano por meio dessas realizações e de sua semelhança com Nero. Ele recrutou alguns desertores, pobres vagabundos que ele havia subornado por grandes promessas e colocado no mar. Uma violenta tempestade o levou à ilha de Cythnus, onde convocou alguns soldados que retornavam do leste de licença ou ordenou que fossem mortos se recusassem. Então ele roubou os mercadores e armou todo o corpo de seus escravos. Um centurião, Sisenna, que carregava as mãos direitas entrelaçadas, o símbolo da amizade, para os pretorianos em nome do exército na Síria, o pretendente se aproximou com vários artifícios, até Sisenna, alarmada e temendo a violência, deixar secretamente a ilha e escapar. Então o alarme se espalhou por toda parte. Muitos avançaram ansiosamente pelo nome famoso, motivados pelo desejo de mudar e pelo ódio pela situação atual. A fama do pretendente aumentava dia após dia, quando uma chance a destruía. Tácito História 2:8
Ele morreu no trigésimo segundo ano de sua idade, 1 no mesmo dia em que havia matado Octavia; e a alegria do público foi tão grande na ocasião que as pessoas comuns correram pela cidade com bonés na cabeça. Alguns, no entanto, não estavam querendo, que por muito tempo enfeitaram sua tumba com flores da primavera e do verão. Às vezes, colocavam sua imagem na rostra, vestida com roupas de Estado; em outro, publicaram proclamações em seu nome, como se ele ainda estivesse vivo, e logo retornaria a Roma e se vingaria de todos os seus inimigos. Vologesus, rei dos partos, quando enviou embaixadores ao senado para renovar sua aliança com o povo romano, solicitou sinceramente que a devida honra fosse prestada à memória de Nero; e, para concluir, quando, vinte anos depois, quando eu era jovem, 2 uma pessoa de nascimento obscuro se entregou a Nero, nome que lhe garantiu uma recepção tão favorável dos partos, que ele era muito zeloso apoiado, e foi com muita dificuldade que eles tiveram que desistir dele. 1 A. U. C. 821 - A. D. 69. Suetônio Nero 57

Nero era religioso
Ele desprezava todos os ritos religiosos, exceto os da Deusa Síria; 1 mas, finalmente, prestou-lhe tão pouca reverência, que lhe derramou água; estando agora envolvido em outra superstição, na qual apenas ele persistiu obstinadamente. Por ter recebido de algum plebeu obscuro uma pequena imagem de uma menina, como um preservativo contra conspirações, e descobrindo uma conspiração imediatamente depois, ele adorava constantemente sua protetora imaginária como a maior entre os deuses, oferecendo a ela três sacrifícios diariamente. Ele também estava desejoso de supor que ele tinha, por revelações dessa divindade, um conhecimento de eventos futuros. Alguns meses antes de morrer, ele participou de um sacrifício, de acordo com os ritos etruscos, mas os presságios não eram favoráveis. Suet. Nero 56