..."agapaô e phileò se empregam como sinônimos em Jo 3:35 e 5:20 (cf. 16:27) do amor do Pai para o Filho, e em Jo 21:15 e segs., quando Jesus perguntou a Pedro se este ainda o amava, e na resposta de Pedro. ([F. F. Bruce] As tentativas de B. F. Westcott e outros no sentido de acharem significado nas variações entre os dois verbos em Jo 21:15 e segs. agora têm sido abandonadas, de modo geral — tanto mais porque conclusões opostas e mutuamente inconsistentes têm sido tiradas da variação [como por Westcott, de um lado, e R. C. Trench, de outro]. A variação é um aspecto do estilo de João: nos mesmos três versículos, foram empregadas duas palavras diferentes para “saber”, duas para “apascentar” [ou “pastoreiar”}, e duas para “ovelhas” [ou “cordeiros”]). Em 1 Co 16:22 phileò claramente se emprega para o amor ao Senhor Jesus: “Se alguém não ama ao Senhor, seja anátema. Vem, nosso Senhor!” Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testametno. São Paulo: Vida Nova, p. 117, 2000.
1- O amor ágape é o de Deus?
O termo ÁGAPE é exclusivo para Deus?
Veja os textos abaixo em que o termo usado para o amor de Deus não é AGAPE.
Apocalipse 3:19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo <PHILEO>. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
João 5:20 Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis. PHILEO
João 16:27 Porque o próprio Pai vos ama PHILEO, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus. PHILEO
João 11:3 Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quem amas <PHILEO>.
João 11:36 Então, disseram os judeus: Vede quanto o amava. PHILEO
João 20:2 Então, correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram. PHILEO
João 21:17 Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas <PHILEO>? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas <PHILEO>? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo <PHILEO>. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.
2- Agapao e Phileo- sinônimos. Veja os textos paralelos.
Hebreus 12:6 porque o Senhor corrige a quem ama <AGAPAO> e açoita a todo filho a quem recebe.
Apocalipse 3:19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo <PHILEO>. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
João 11:5 Ora, amava <AGAPAO> Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
João 11:3 Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quem amas <PHILEO>.
João 11:36 Então, disseram os judeus: Vede quanto o amava. PHILEO
Mateus 10:37 Quem ama <PHILEO> seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama <5368> seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim;
Lucas 7:47 Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou <AGAPAO>; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama <AGAPAO>.
Lucas 11:43 Ai de vós, fariseus! Porque gostais <AGAPAO> da primeira cadeira nas sinagogas e das saudações nas praças.
Mateus 6:5 E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam <PHILEO> de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
Lucas 20:46 Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e muito apreciam <PHILEO> as saudações nas praças, as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes;
João 3:35 O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos. AGAPAO
João 5:20 Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis. PHILEO
João 21:15 Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me <25> mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros
João 21:17 Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas <PHILEO>? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas <PHILEO>? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo <PHILEO>. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.3- Amor de nós por Deus (PHILEO E AGAPE)
1 Coríntios 8:3 Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele. AGAPAO
1 Coríntios 16:22 Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata! PHILEO
4- Amor por um conjuge
Efésios 5:28 Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama AGAPAO
5- Amor AGAPE pela fama
João 12:43 porque amaram <AGAPAO> mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
6- Amor AGAPE pelo mundo
2 Timóteo 4:10 Porque Demas, tendo amado <AGAPAO> o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia.
1 João 2:15 Não ameis <AGAPAO> o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar <AGAPAO> o mundo, o amor do Pai não está nele;
7- Amor Agape ao dinheiro
2 Pedro 2:15 abandonando o reto caminho, se extraviaram, seguindo pelo caminho de Balaão, filho de Beor, que amou <AGAPAO> o prêmio da injustiça
citações da LXX (septutaginta)- tradução judaica do hebraico para o grego:
8- Amor Agape com incesto
2 Samuel 13:1 ¶ Tinha Absalão, filho de Davi, uma formosa irmã, cujo nome era Tamar. Amnom, filho de Davi, se enamorou dela.
2 Samuel 13:4 E ele lhe disse: Por que tanto emagreces de dia para dia, ó filho do rei? Não mo dirás? Então, lhe disse Amnom: Amo Tamar, irmã de Absalão, meu irmão.
2 Samuel 13:15 Depois, Amnom sentiu por ela grande aversão, e maior era a aversão que sentiu por ela que o amor que ele lhe votara. Disse-lhe Amnom: Levanta-te, vai-te embora.
8- Amor Agape com incesto
2 Samuel 13:1 ¶ Tinha Absalão, filho de Davi, uma formosa irmã, cujo nome era Tamar. Amnom, filho de Davi, se enamorou dela.
2 Samuel 13:4 E ele lhe disse: Por que tanto emagreces de dia para dia, ó filho do rei? Não mo dirás? Então, lhe disse Amnom: Amo Tamar, irmã de Absalão, meu irmão.
2 Samuel 13:15 Depois, Amnom sentiu por ela grande aversão, e maior era a aversão que sentiu por ela que o amor que ele lhe votara. Disse-lhe Amnom: Levanta-te, vai-te embora.
9- Amor àgape polígamo
2 Crônicas 11:21 Amava Roboão mais a Maaca, filha de Absalão, do que a todas as suas outras mulheres e concubinas; porque ele havia tomado dezoito mulheres e sessenta concubinas; e gerou vinte e oito filhos e sessenta filhas.
10 - Amor àgape ao pecado e ao mal
Salmos 52:3 Amas o mal antes que o bem; preferes mentir a falar retamente
11- Amor á gape a maldição
Salmos 109:17 Amou a maldição; ela o apanhe; não quis a bênção; aparte-se dele.
12- Amor Ágape à morte
Provérbios 8:36 Mas o que peca contra mim violenta a própria alma. Todos os que me aborrecem amam a morte.
13- Amor Agape aos prazeres
Provérbios 21:17 ¶ Quem ama os prazeres empobrecerá, quem ama o vinho e o azeite jamais enriquecerá.
14- Amor Ágape aos idolos
Oséias 9:10 Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como as primícias da figueira nova; mas eles foram para Baal-Peor, e se consagraram à vergonhosa idolatria, e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram.
etc.
2- Os 5 aspectos do amor de Deus (D. A. Carson)
2.1 Amor Intratrinitariano
É o amor demonstrado a todos os seres humanos oferecendo a salvação a todos eles,
Não devemos considerar estas maneiras de falar sobre o amor de Deus, como amores independentes e compartimentados. Não será útil começar a falar com muita freqüência sobre o amor providencial de Deus, seu amor eletivo, seu amor intra-Trinitariano, e assim por diante, como se cada um deles estivesse hermeticamente separado do outro. Nem podemos permitir que qualquer uma destas maneiras de falar sobre o amor de Deus seja diminuída pelas outras, mesmo quando não podemos, com as evidências bíblicas, permitir que qualquer delas domestique todas as outras. Deus é Deus, e Ele é um. Não só devemos agradecidamente reconhecer que Deus na perfeição de sua sabedoria achou melhor nos prover com estas várias maneiras de falar de seu amor, se pensarmos nEle corretamente, mas devemos defender estas verdades e aprender a integrá-las em proporção e equilíbrio bíblicos. Devemos aplicá-las à nossa vida e à vida daqueles a quem ministramos com inspiração e sensibilidade formadas pelo modo como estas verdades funcionam nas Escrituras. A dificil doutrina do amor de Deus A difícil doutrina do Amor de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2007p. 24
2.1 Amor Intratrinitariano
(1) O amor peculiar do Pai pelo Filho, e do Filho pelo Pai. O Evangelho de João é especialmente rico neste tema. Duas vezes somos informados que o Pai ama o Filho, uma vez com o verbo grego agapao (Jo 3.35), e uma vez com philéõ (Jo 5.20). No entanto, o evangelista insiste também que o mundo deve aprender que Jesus ama o Pai (Jo 14.31). Este amor intra-Trinitariano de Deus não só separa o monoteísmo cristão de todos os outros monoteísmos, mas está ligado de maneiras surpreendentes com a revelação e a redenção. Voltarei a este tema no próximo capítulo. A dificil doutrina do amor de Deus A difícil doutrina do Amor de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2007p.. 172.2 Amor Providencial - amor anelante
(2) O amor providencial de Deus sobre tudo o que Ele fez. De um modo geral, a Bíblia não usa a palavra amor neste sentido, mas o tema não é difícil de achar. Deus cria todas as coisas, e, antes que haja um sopro de pecado, Ele anuncia que tudo o que fez foi "bom" (Gn 1). Este é o produto de um Criador amoroso. O Senhor Jesus retrata um mundo no qual Deus veste a erva dos campos com a glória das flores silvestres talvez não vista por seres humanos, mas vista por Deus. O leão ruge e ataca a sua presa, mas é Deus que alimenta o animal. As aves encontram alimento, mas isto é o resultado da providência amorosa de Deus, e nenhuma delas cai sem a autorização do Todo-Poderoso (Mt 6.26; 10.29). Se esta não fosse uma providência benevolente, uma providência amorosa, então a lição moral que Jesus revela, isto é, que podemos confiar que este Deus é capaz de prover o sustento do seu próprio povo, seria incoerente....A dificil doutrina do amor de Deus A difícil doutrina do Amor de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2007p 17
Se o amor de Deus se referir exclusivamente ao seu amor pelos eleitos, é fácil se desviar em direção a uma bifurcação simples e absoluta: Deus ama os eleitos e odeia os reprováveis .i Corretamente posicionada aqui, há uma verdade nesta afirmação; desprovida das verdades bíblicas complementares, esta mesma afirmação gerou o hiper-calvinismoj Eu uso o termo intencionalmente, me referindo a grupos dentro da tradição da Reforma que proibiram a livre oferta do Evangelho. Spurgeon lutou contra eles em seus dias.10 O número deles não é grande na América hoje, mas seus ecos são encontrados em jovens ministros da Reforma que sabem que é certo oferecer o Evangelho gratuitamente, mas que não fazem idéia de como fazê-lo sem infringir algum elemento em sua concepção da teologia da Reforma.11 A dificil doutrina do amor de Deus A difícil doutrina do Amor de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2007p.p. 232.3 Amor Salvador
É o amor demonstrado a todos os seres humanos oferecendo a salvação a todos eles,
(3) A postura salvadora em relação ao seu mundo caído. Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho (Jo 3.16). Eu sei que alguns calvinistas tentam tomar o grego kosmos ("mundo") aqui para se referir aos que eles chamam de eleitos. Mas isto realmente não servirá. Todas as evidências do uso da palavra no Evangelho de João são contrárias a esta sugestão. Para dizer a verdade, mundo em João não se refere tanto a grandeza como a maldade. No vocabulário de João, mundo é primeiramente a ordem moral em rebelião intencional e culpável contra. Deus, Em João 3.16 o amor de Deus ao enviar o Senhor Jesus deve ser admirado, não porque seja estendido a algo tão grande quanto o mundo, mas a algo tão mau; não a tantas pessoas, mas a pessoas tão impiedosas. Entretanto, em outra passagem, João pôde falar de " todo o mundo" (1 Jo 2.2), unindo assim a grandeza com a maldade. Mais importante ainda, na teologia joanina os próprios discípulos pertenciam ao mundo, mas foram tirados dele (por exemplo, João 15.19). Neste eixo, o amor de Deus pelo mundo não pode ser reduzido ao seu amor pelos chamados eleitos» A mesma lição é aprendida em muitas passagens e temas nas Escrituras. Embora Deus se coloque em juízo sobre o mundo, Ele também se apresenta como o Deus que convida e ordena que todos os seres humanos se arrependam. Ele ordena que o seu povo leve o Evangelho até os confins da terra, anunciando-o aos homens e mulheres de toda parte. Aos rebeldes o Senhor soberano diz, "Vivo eu, (...), que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva; convertei-vos, converteivos dos vossos maus caminhos; pois por que razão morrereis, ó casa de Israel?" (Ez 33.11).9 A dificil doutrina do amor de Deus A difícil doutrina do Amor de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2007p. 17-18
2.4 Amor particular
(4) O amor particular, efetivo e seletivo de Deus em relação aos seus eleitos. Os eleitos podem ser toda a nação de Israel, a Igreja como um corpo, ou os indivíduos. Em cada caso, Deus coloca a sua afeição em seus escolhidos, de um modo que Ele não coloque a sua afeição sobre outros. O povo de Israel é informado: "O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em números do que todos os povos, mas porque o Senhor vos amava; e, para guardar o juramento que jurara a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito" (Dt 7.7,8; cf. 4.37). Outra vez: "Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor, teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão somente o Senhor tomou prazer em teus pais para os amar; e a vós, semente deles, escolheu depois deles, de todos os povos, como neste dia se vê" (10.14,15). O mais admirável sobre estas passagens é que quando Israel é contrastado com o universo ou com outras nações, a característica distinguível não tem nada de mérito pessoal ou nacional; não é nada além do amor de Deus. Então, na própria natureza do caso, nestas passagens, o amor de Deus é dirigido a Israel de um modo que não é direcionado a outras nações. Obviamente, esta maneira de tratar o amor de Deus é diferente das outras três que observamos até agora. Esta característica aparentemente discriminatória do amor de Deus emerge com certa freqüência. "Amei a Jacó e aborreci a Esaú" (Ml 1.2,3), Deus declara. Permita todo o espaço que você desejar para a natureza semita deste contraste, observando que a forma absoluta pode ser uma maneira de articular uma preferência absoluta; no entanto, o fato é que o amor de Deus nestas passagens é peculiarmente dirigido aos escolhidos. Semelhantemente, no Novo Testamento: Cristo "amou a igreja" (Ef 5.25). De forma repetida, os textos do Novo Testamento nos contam que o amor de Deus (ou o amor de Cristo) é dirigido àqueles que constituem a Igreja. Retomarei a esse assunto no quarto capítulo. A dificil doutrina do amor de Deus A difícil doutrina do Amor de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2007p.p. 182.5 Amor condicional
(5) Finalmente, às vezes é dito que o amor de Deus é dirigido ao seu próprio povo de uma maneira provisional ou condicional condicionado, isto é, à obediência. Isto faz parte da estrutura relacional de conhecer a Deus; não tem a ver com como nos tornamos verdadeiros seguidores do Deus vivo, mas com o nosso relacionamento com Ele uma vez que o conhecemos. "Conservai a vós mesmos na caridade de Deus", Judas exorta os seus leitores (v. 21), deixando a impressão inequívoca de que alguém poderia não se conservar no amor de Deus. Está claro que este não é o amor providencial de Deus; é muito difícil escapar disso. Nem é este o amor anelante de Deus, refletindo a sua postura salvadora em relação à raça caída. Nem é este o seu amor eterno e eletivo. As palavras têm os seus significados; e uma delas, como veremos, também se afasta deste amor. Judas não é o único que fala nestes termos. O Senhor Jesus ordena aos seus discípulos que permaneçam no seu amor (Jo 15.9), e acrescenta, "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor" (Jo 15.10). Permita-me fazer uma fraca analogia: Embora haja um sentido no qual o meu amor pelos meus filhos seja imutável (Deus é testemunha) independentemente do que eles façam, há um outro sentido no qual eles sabem muito bem que devem permanecer no meu amor. Se não houver um bom motivo para que os meus filhos adolescentes não cheguem em casa no horário combinado, o mínimo que eles experimentarão é uma repreensão, e também poderão incorrer em algumas sanções restritivas. Não adianta lembrá-los de que estou agindo assim porque os amo. Isto é verdade, mas a manifestação do meu amor por eles quando os coloco de castigo, e quando saio com eles para comer alguma coisa, ou compareço em uma de suas apresentações musicais, ou levo o meu filho para pescar, ou a minha filha para uma excursão de algum tipo, é bastante distinta nos dois casos. A diferença é apenas que o segundo caso se parecerá muito mais com permanecer no meu amor, do que cair sob a minha ira. Isto também não é apenas um fenômeno da nova aliança. O Decálogo declara que Deus é aquele que mostra o seu amor "a mil gerações daqueles que me amam eguardam os meus mandamentof (Êx 20.6). Sim, "Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade" (SI 103.8). Neste contexto, o seu amor é contrastado com a sua ira. Diferentemente de alguns textos que examinaremos, o seu povo vive debaixo de seu amor ou debaixo de sua ira, em função de sua fidelidade à aliança, pois Ele: "Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniqüidades. Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Mas a misericórdia do Senhor é de eternidade a eternidade sobre aqueles que o temem, (...); sobre aqueles que guardam o seu concerto, e sobre os que se lembram dos seus mandamentos para os cumprirem" (SI 103.9-11,13,17,18; grifos meus). Esta é a linguagem do relacionamento entre Deus e a comunidade da aliança. A dificil doutrina do amor de Deus A difícil doutrina do Amor de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2007p.p. 18