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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Dom de Linguas: Uma análise Bíblica, Histórica, Linguística e Neurológica. Línguas humanas (xenoglossia) ou (glossolalia)sobre-humanas?







1- O termo glossa (língua, idioma, dialeto) elimina a linguagem estática, sempre se refere a um idioma humano?


"glossa- uma declaração que tem a forma de língua, mas que requer um intérprete inspirado para que se entenda seu conteúdo - língua extática, língua, fala em êxtase"... "quem fala em lingua não fala às pessoas, mas a Deus" (1 Co 14:2).
A maioria dos estudiosos entende que os fenômenos descritos em At 2.4 em 1 Co 14.2 são significativamente diferentes, na medida me que naquele caso as pessoas entendiam em sua própria língua ou dialeto regional, ao passo que neste caso era necessária a intervenção de um intérprete. Este é o motivo por que muitos interpretam glossa em 1 Co 14:2 no sentido de fala extática, que era também um elemento que fazia parte das religiões helenísticas e que era símbolo de inspiração divina."Léxico Grego do Novo Testamento baseado em domínios semânticos- Johannes Louw, Eugene NIda. São Paulo:SBB, 2013 p. 349

(b) Conforme a narrativa de Lucas em At cap. 2, a outorga do Espírito em Jerusalém ligava-se com o “falar em outras línguas” ; juntos, os discípulos proclamaram os grandiosos feitos de Deus (At 2:4, 11), e, ao mesmo tempo, o Espírito levou muitos a entenderem no seu próprio idioma esta proclamação. Ainda que a tradição não nos tenha transmitido qualquer quadro totalmente claro dos eventos no Pentecoste, pelo menos deixa claro que o Espírito de Deus levou a efeito um ato excepcional de falar e ouvir o evangelho, o que teve como resultado a formação da comunidade original. Quando, mais tarde em Cesaréia, os primeiros pagãos receberam o Espírito Santo e se tornaram membros da igreja, também compartilharam da graça de adorar e louvar a Deus “em outras línguas” , assim como também ocorreu entre os discípulos de João Batista que vieram a ser crentes em Êfeso (At 10:46; 19:6). (Ver mais -► Pentecoste; Espírito; Outro» art. allos, heteros NT 2).

(c) Estas manifestações eram, sem dúvida, de tipos diferentes, visto que, para Jerusalém, Lucas descreve o falar em línguas como uma pregação do evangelho (apophthmgesthai* “declarar abertamente” , “dirigir-se a alguém com entusiasmo”, At 2:4, 14) dirigida às pessoas em idiomas estrangeiros, ou pelo menos dialetos; em Cesaréia, Êfeso e Corinto, no entanto, tratava-se provavelmente de louvor e adoração que se dirigiam a Deus em tons inarticulados. O que há em comum é a convicção de que estes fenômenos estão arraigados, não na excitabilidade da piedade humana, mas, sim, na obra do Espírito Santo, e que contribuem à glorificação e à adoração a Deus. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 1509-1510.



No mínimo, Paulo certamente considera as línguas como sendo primariamente um assunto particular entre o homem e Deus (14:2-6, 16, 19, 23, 28), mas, como concessão, ele permite um máximo de duas ou três expressões em público, na condição de haver alguém presente para interpretá-las (14:27, 28). O princípio básico que se expressa nestas passagens é a importância da racionalidade e da inteligibilidade no culto público. Somente aquilo que é inteligível pode edificar a igreja (14:1-6, 19, et passim; c f mais em J. P. M. Sweet, “A Sign for Unbelievers: PauFs Attitude to Glossolalia”, NTS 13, 1966-7, 240-57; e comentários sobre 1 Co, ad loc.).Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, p. 780




O resultado de serem cheios do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, foi darem testemunho de Jesus — através das línguas e da pregação de Pedro. Interessante detalhe é que nos outros acontecimentos narrados em Atos nos quais há “glossolalia” , o fenômeno parece ser diferente do de Pentecostes. “Não há sugestão no resto do livro que o dom de línguas foi repetido como uma ajuda lingüística para os esforços missionários da Igreja. Em outras palavras, o dom de línguas não facilitou a subseqüente pregação do evangelho, providenciando um meio de comunicação da mensagem” (D. Guthrie, op. cit, pág. 538). Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, p.727-728


 (a) A citação em 1 Co 14:21, de Is 28:11-12 (en heteroglõssois, “por homens de outras línguas”), que originalmente se referia a um idioma humano estrangeiro, é aplicada por Paulo à “glossolalia”, que os descrentes não entendem. Em Corinto, membros da congregação se sentiam impulsionados pelo Espírito Santo para vociferar orações, louvores e ações de graça no Espírito, de modo desarticulado e entusiástico (1 Co 14; 14 e segs.). Este falar em línguas era o transbordar de uma possessão elemental do indivíduo e uma forma distinta da adoração individual (1 Co 14:2, 28b). Visto que este louvor e estas orações em línguas não eram entendidos por outros, o falar em línguas não contribuía à edificação e ao fortalecimento da congregação (1 Co 14:5). ([Ed.] Paulo pode até dizer que as línguas são um sinal para os descrentes [1 Co 14;22]. A citação de ls 28:11-12 considera a presença de pessoas que falam em línguas estrangeiras como sinal de julgamento, o que poderia subentender julgamento contra a igreja, se todos falassem em línguas sem ninguém para interpretar. De qualquer maneira, os de fora tirariam a conclusão de que se tratava de loucura [v. 23]. A profecia, no entanto, pode operar graciosamente, ao convencer do pecado e ao levar ao arrependimento e à verdadeira adoração [w. 24-25].).1509


No caso da interpretação de línguas, parece que Paulo não está pensando em termos de traduzir um idioma para o outro, o que pressuporia que as “línguas” tinham um esquema coerente de gramática, de sintaxe e de vocabulário. Pelo contrário, parece que a interpretação aqui é mais semelhante ao discernimento daquilo que o Espírito está dizendo através de quem fala em línguas. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento,1509


 A glossolalia se identifica explicitamente como as línguas que falavam estes judeus estrangeiros (2:4, 6, 8, 11; cf. 1 Co 13:1; contrastar, porém, 1 Co 14:2; Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento,1641



"A Pítia era chamada prophètis, mas tinha o título adicional de promantis (Eur., Ton 681; Hdt., 6, 66). Este cargo pertencia originalmente a uma, duas ou três moças tiradas da população local, mas, pelo menos em tempos posteriores, a Pítia era de idade avançada. A Pítia sentava-se num tripé em cima de uma cavidade na terra, de onde emergia um “espírito oracular” (pneuma mantikon) na forma de fumaça, dandolhe a inspiração. Esta aumentava quando ela mastigava folhas de louro (a planta de Apolo). Como resultado, irrompia em sons inarticulados enigmáticos, semelhantes à glossolalia (-* Palavra, art. glóssa).Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 1877


2- Uma língua extática, pode conter uma mensagem, um conteúdo cognitivo?

Sim, a língua extática pode conter uma linguagem codificada. Veja a explicação de D.A Carson

"Pesando tudo isso, então, a evidência favorece a posição de que Paulo considerava o dom de línguas um dom de idiomas existentes, ou seja, de línguas que eram cognitivas, fossem elas de homens ou de anjos. Além disso, se ele sabia dos detalhes de Pentecostes (atualmente, uma opinião impopular no mundo acadêmico, mas totalmente defensável em minha opinião), seu entendimento sobre línguas deve ter sido moldado, até certo ponto, por esse evento.27 28 Certamente as línguas em Atos exerceram algumas funções diferentes das que eram exercidas em ICoríntios; mas não há evidência substancial que sugira que Paulo pensasse as duas como essencialmente diferentes.

Que peso tem a linguística nas avaliações do falar em línguas atual? No meu entendimento, há concordância universal entre os linguistas que gravaram e analisaram milhares de exemplos atuais de pessoas falando em línguas de que o fenômeno contemporâneo não é nenhum idioma humano.29 * Os padrões e as estruturas exigidos por todo idioma humano conhecido simplesmente não estão presentes nesses exemplos. Ocasionalmente, uma palavra reconhecível escapa; mas isso é estatisticamente provável, dado o grande volume de verbalização. A conclusão de Jaquette é inevitável: “Não estamos lidando aqui com idioma, mas sim com verbalizações que superficialmente lembram um idioma em certos aspectos estruturais”.30" 

26Gundry, ‘“Ecstatic Utterance’”, 304.

27Alguns autores, entre eles Jimmy A. Millikin, “The Nature of the Corinthian Glossolalia”, Mid-America TheologicalJournal 8 (1984): 81-107, argumentaram que as línguas em Corinto eram formas degenerativas das línguas em Atos, uma mistura estranha de palavras reais e sons inarticu- lados. Contudo, Paulo, em nenhum lugar de ICoríntios 12—14, trata o dom como se fosse em si degenerativo. Não é o dom, mas o peso dado a ele pelos coríntios que é o foco do ataque de Paulo.

28Ou, mais precisamente, que as línguas carregam conteúdo cognitivo, independentemente de esse conteúdo ser entendido pelo falante ou pelo ouvinte. Veja Abraham Kuyper, The Work 0/ the Holy Spirit, trad. Henri de Vries (edição reimpressa, Grand Rapids: Eerdmans, 1975), 132-38.

29 Veja especialmente os trabalhos muito citados de W J. Samarin, Tongues of Men and Aigels: The Religious Language of Pentecostalism (Nova York: Macmillan, 1972); idem, Variation and Variables in Religious Glossolalia: Language in Society (Londres: Cambridge University Press, 1972).

30 J. R. jaquette, “Toward a Typology of Formal Communicative Behaviors: Glossolalia”,

Anthropological Linguistics 9 (1967): 6.


Quando se realizaram estudos sobre falar em línguas em diferentes culturas e ambientes linguísticos, diversas conclusões surpreendentes apareceram.31 O fenômeno do falar em línguas relaciona-se com o idioma natural do falante (e.g., um alemão ou um francês que fale em línguas não usará um dos dois sons de “th” do inglês; e um falante de língua inglesa jamais incluirá o som de “u” do francês “cru”). Além disso, o discurso estereotipado de qualquer cultura “reflete o discurso da pessoa que guiou o glossolalista para tal comportamento. Há pouca variação de padrões de som dentro do grupo que se levanta em volta de um guia específico”,32 mesmo quando outros estudos mostram que padrões de línguas de cada falante geralmente são identificáveis em outros oradores e algumas poucas pessoas usam um ou dois padrões mais distintos.33 Seja como for, as línguas atuais, em.termos lexicais, são não comunicativas, e os poucos exemplos de casos de xenoglossia atuais são tão mal atestados que nenhum peso pode ser colocado neles.

O que procede dessa informação? Para alguns, a evidência é tão forte a ponto de concluírem que a única posição bíblica é que nenhum dom de línguas contemporâneo conhecido é biblicamente válido, e o ideal é que toda essa prática deveria parar imediatamente.34 35 Para outros, como Packer, o falar em línguas atual não é como o falar descrito na Bíblia, portanto seus praticantes contemporâneos não deveríam dizer que seu dom está de acordo com o Pentecostes ou com Corinto; contudo, o atual fenômeno parece fazer mais bem do que mal, tem ajudado muitos crentes no que diz respeito a adoração, oração e compromisso, e, por isso, deve- ria talvez ser avaliado como um bom dom de Deus, apesar de não ter nenhuma garantia bíblica explícita.33 Não consigo imaginar uma forma mais adequada para desagradar ambos os lados do atual debate.

Será que conseguimos ir além desse impasse? Acredito que sim, se os argumentos de Poythress forem considerados. Como, pergunta ele, as línguas podem ser percebidas? 

31Veja Felicitas D. Goodman, Speaking in Tongues: A Cross-Cultural Study of Glossolalia (Chicago: University of Chicago Press, 1972).

31Ibid., 123.

33Virginia H. Hine, “Pentecostal Glossolalia: Toward a Functional Interpretation”, Journal for the Scientific Study of Religion 8 (1969): 212.

34E.g., John F. Mac Arthur, Jr., The Charismatics: A Doctrinal Perspective (Grand Rapids: Zondervan, 1978), especialmente 156ss. [Publicado no Brasil por Editora Fiel sob o título Os carismáticos: urn panorama doutrinário.].

35J. I. Packer, Keep in Step with the Spirit (Leicester: Inter-Varsity; Old Tappan, N.J.: Revell, 1984), 207ss, [Publicado no Brasil por Edições Vida Nova sob o título Na dinâmica do Espírito.].


Há três possibilidades: 1-sons desconexos, reprodução exacerbada de palavras e coisas parecidas que não se confundem com idiomas humanos; 2- sequências relacionadas de sons que parecem ser idiomas existentes e desconhecidos ao ouvinte não treinado em linguística, embora não sejam; e 3 - idiomas existentes conhecidos por um ou mais dos ouvintes em potencial, mesmo que sejam desconhecidos do falante.36 Acrescentaria uma quarta possibilidade, que foi tratada posteriormente por Poythress, ainda que não tenha sido classificada por ele até aqui: padrões de fala suficientemente complexos a ponto de poderem carregar todos os tipos de informação cognitiva em algum tipo de ordem codificada, ainda que linguisticamente esses padrões não sejam identificáveis como idioma humano.

O nosso problema até aqui é que as descrições bíblicas de línguas parecem exigir a terceira possibilidade, mas o fenômeno contemporâneo parece se enquadrar melhor na segunda possibilidade; e esse par nunca convergirá. Todavia, a quarta possibilidade é também logicamente possível, ainda que comumente seja ignorada; e ela satisfaz as restrições tanto daquilo que é apresentado nos documentos bíblicos do primeiro século quanto de alguns dos fenômenos atuais. Não entendo como isso possa ser ignorado.

Considere, então, a descrição linguística de Poythress sobre glossolalia:

Vocalização livre (glossolalia) ocorre quando: (1) um ser humano produz uma sequência relacionada de sons pronunciados; (2) não consegue identificar a sequência de som como pertencente a nenhuma língua natural que ele já saiba falar; (3) não consegue identificar e dar o significado das palavras ou morfemas (unidades lexicais mínimas); (4) no caso de falas com mais do que poucas sílabas, ele tipicamente não conseguiría repetir a mesma sequência de sons se lhe pedissem isso; (5) um ouvinte ingênuo pode supor que seja um idioma desconhecido.37 38

36Vern S. Poythress, “The Nature of Corinthian Glossolalia: Possible Options”, Westminster Theological Journal 40 (1977): 131. Veja também o cuidadoso trabalho de Francis A. Sullivan, “Speaking in Tongues”, Lumen Vitae 31 (1976): 145-70.

37Vern S. Poythress, “Linguistic and Sociological Analyses of Modern Tongues-Speaking: Their Contributions and Limitations”, Westminster Theological Journal 42 (1979): 369.

38Ibid., 375.

O passo seguinte é crucial. Poythress nos relembra que tais vocalizações livres ainda podem carregar conteúdo além de uma imagem vaga do estado emocional do falante. Ele oferece sua própria ilustração criativa;3* inventarei outra. Imaginem que a mensagem é:

Louvai ao Senhor, pois seu amor dura para sempre”.

Ao retirarmos as vogais, obtemos:

LV SNHR PS S MR DR PR SMPR.

Isso pode parecer um pouco estranho; contudo, quando nos lembramos que o hebraico moderno é escrito quase sem vogais, podemos imaginar que, com certa prática, isso podería ser lido com bastante tranquilidade. Agora, remova os espaços e, começando pela primeira letra, reescreva a sequência usando cada terceira letra repetidamente por toda a sequência até que todas as letras sejam usadas. O resultado é:

LNPMRSRSRSDRPVHSRPM.

Agora adicione um som de “a” depois de cada consoante e divida arbitraria- mente a unidade em pedaços:

LANAPA MARA SARASARA SADARA PAVA HASARA PAMA.

Acredito que isso não é diferente das transcrições de certas línguas atuais. Certamente é muito parecido com algumas que já ouvi. Mas a questão importante é que isso transmite informação, desde que você conheça o código. Qualquer um que conheça os passos que dei podería revertê-los a fim de voltar à mensagem original. Como Poythress afirma, portanto é sempre possível para a pessoa carismática reivindicar que o falar L [em línguas] é uma linguagem codificada e que somente ao intérprete de línguas é dada a ‘chave’ sobrenatural para decifrá-la. É impossível para um linguista, não somente na prática, mas ainda mais na teoria, encontrar um meio de testar essa reivindicação”.39

39Ibid., 375-76.

Parece, então, que as línguas podem carregar informação cognitiva mesmo sem ser um idioma humano conhecido — assim como a “linguagem” de um programa de computador possui uma grande quantidade de informação, ainda que não seja uma “língua” realmente falada por alguém. Tal padrão de verbalização não podería ser desprezado de forma legítima como se fosse uma linguagem sem nexo. Ele é tão capaz de possuir conteúdo proposicional e cognitivo, assim como qualquer outro idioma humano conhecido. “Língua” e “idioma” ainda parecem ser palavras eminentemente razoáveis para descrever o fenômeno. Isso não significa que todo fenômeno atual do falar em línguas é, portanto, biblicamente autêntico. Significa que há uma categoria de fenômeno linguístico que possui conteúdo cognitivo, que pode ser interpretada e que parece se adequar às características das descrições bíblicas, ainda que não seja um idioma humano conhecido. Claro que isso não se aplica às línguas de Atos 2, em que o dom consistiu de idiomas humanos conhecídos; todavia, em outros lugares, a opção não parece ser tão simples quanto “idioma humano” ou “linguagem sem nexo”, como muitos escritores não carismáticos afirmam. Na verdade, o fato de Paulo poder falar de variedade de línguas (12.10,28) pode sugerir que, em algumas ocasiões, idiomas humanos foram falados (como em Atos 2) e, em outros casos, não — apesar de, no último caso, as línguas ainda serem vistas como carregando conteúdo cognitivo. A manifestação do Espírito. D. A Carson. São Paulo:Vida Nova, 2013,p. 85-89


3- O uso privado (em particular) contradiz a edificação coletiva dos dons?

 1-Paulo diz que o que fala pelo Espírito uma língua é edificado mesmo não conhecendo  o significado da sua fala ou oração:

1 Co 14:2  Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios.

:3  Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando.

4  O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja.

5  Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação.

6 ¶ Agora, porém, irmãos, se eu for ter convosco falando em outras línguas, em que vos aproveitarei, se vos não falar por meio de revelação, ou de ciência, ou de profecia, ou de doutrina?

7  É assim que instrumentos inanimados, como a flauta ou a cítara, quando emitem sons, se não os derem bem distintos, como se reconhecerá o que se toca na flauta ou cítara?

8  Pois também se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?

9  Assim, vós, se, com a língua, não disserdes palavra compreensível, como se entenderá o que dizeis? Porque estareis como se falásseis ao ar.

10  Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo; nenhum deles, contudo, sem sentido.

11  Se eu, pois, ignorar a significação da voz, serei estrangeiro para aquele que fala; e ele, estrangeiro para mim.

12  Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja.

13  Pelo que, o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar.

14  Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera.

15 ¶ Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.

16  E, se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação de graças? Visto que não entende o que dizes;

17  porque tu, de fato, dás bem as graças, mas o outro não é edificado.

2- Paulo fazia o uso PRIVADO da língua mais que todos

18  Dou graças a Deus, porque falo em outras línguas mais do que todos vós.

19  Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua.

“Todavia”, continua ele, “prefiro falar na igreja cinco palavras que se podem compreender, a fim de também instruir os outros, a falar dez mil palavras em uma língua” (v. 19).
Não há defesa mais firme para o uso privado do falar em línguas do que essa, e tentativas de evitar essa conclusão se tornam marcantemente insignificantes sob exame.9s Se Paulo fala em línguas mais do que todos os coríntios e, mesmo assim, ainda prefere falar na igreja cinco palavras inteligíveis a dez mil palavras em uma língua (um modo de dizer que Ele não falará em línguas na igreja, praticamente em qualquer situação, mesmo sem eliminar totalmente a possibilidade), então onde é que ele as fala?
 A manifestação do Espírito. D. A Carson. São Paulo:Vida Nova, 2013,p. 107.


3- Temos exemplos de outros dons (além dos 9 de 1 Co 12:2-10) como o dom de celibato e as próprias revelações pessoais de Paulo:

 Como veremos, alguns querem desconsiderar a legitimidade de qualquer uso privado do falar em línguas com base nesse texto e em outros similares: “Qual seria o benefício para toda a comunidade”, perguntam eles, “do uso privado do falar em línguas”? Obviamente, não existe nenhum benefício direto: ninguém, a não ser Deus, ouve o que é dito. Todavia, a Paulo foram concedidas visões e revelações extraordinárias que objetivavam somente seu benefício imediato (2Co 12.1-10); contudo, certamente a igreja recebeu ganhos indiretos, pois essas visões e revelações, para não mencionar a questão do espinho na carne, o capacitaram mais para seu ministério e proclamação. Do mesmo modo, é difícil ver como o versículo 7 do capítulo em estudo torna ilegítimo o uso privado do falar em línguas se o resultado é uma pessoa melhor, um cristão com mais consciência espiritual: a igreja pode sim receber benefícios indiretos. O versículo elimina a possibilidade de algum χάρισμα (charisma) para engrandecimento pessoal ou meramente para satisfação pessoal; ele não elimina a possibilidade de benefício individual (assim como o casamento, um dos χαρίσματα [charismata] de acordo com ICo 7.7, pode beneficiar o indivíduo), desde que o resultado final seja o benefício comum. O contexto não demanda nada mais que isso. A manifestação do Espírito. D. A Carson. São Paulo:Vida Nova, 2013,p. 37.


4- O dom de línguas no livro de Atos- evangelização?

Os textos que mencionam claramente e não implicitamente (como At 8) São Atos 2, 10 e 19, e em nenhum deles a pregação foi com dom de línguas:


Em Atos 2  vemos:

  •  os discípulos falando em idioma materno dos peregrinos,
  •  som como de um vento
  • visão de línguas como que de fogo
  • falando das grandezas de Deus.
  • Pedro evangelizando os judeus não por meio do dom de línguas, mas por meio da pregação no vernáculo (língua comum aos ouvintes- aramaico ou grego)

At 2:1 Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;

2  de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados.

3  E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.

4  Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.

5 ¶ Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu.

6  Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7  Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando?

8  E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?

9  Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,

10  da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem,

11  tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?

12  Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer?

13  Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!

14 ¶ Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras.
15  Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia.
16  Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel:
17  E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos;
18  até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.

Em Atos 10 temos:

  • pregação de Pedro
  • dom de línguas engrandecendo a Deus

At 10:44 ¶ Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.

45  E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo;

46  pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus. Então, perguntou Pedro:

At 11:13  E ele nos contou como vira o anjo em pé em sua casa e que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar Simão, por sobrenome Pedro,

14  o qual te dirá palavras mediante as quais serás salvo, tu e toda a tua casa.

15  Quando, porém, comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós, no princípio.

16  Então, me lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo.


Em Atos 19 temos:

Pregação

Dom de línguas e profecia

At 19:3  Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João.
4  Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus.
5  Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus.
6  E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam.
7  Eram, ao todo, uns doze homens.

Ainda que essas línguas tenham sido idiomas humanos reais e mensagens cognitivas comunicadas, não é nada claro que tais mensagens fossem essencialmente evangelísticas. Somos informados de que a multidão ouviu aqueles que falavam em línguas declarando as “grandezas de Deus” (2.11; τά μεγαλεία του θεού, ta mega I ela ton theou). A forma verbal da mesma expressão ocorre em 10.46 (καί μεγαλυνόντων τον θεόν, kai megalynontõn ton theon) e 19.17 (καί έμεγαλύνετο το όνομα του κυρίου ’Ιησού, kai emegalyneto to onoma ton kuriou Iêsou), em que se trata da adoração, e não do evangelismo per sc. De forma semelhante, no capítulo 2, as pessoas ouvem adoração em seu próprio idioma, contudo isso gera questionamentos (simpatizantes e contrários), e não conversões. E a pregação de Pedro, presumivelmente em aramaico, que leva a milhares de conversões;14 as línguas em si, creio, constituem o que o jargão moderno chamaria de pré-evangelismo A manifestação do Espírito. D. A Carson. São Paulo:Vida Nova, 2013, p. 144

 Todavia, as línguas em Atos 2 estão em desigualdade com as de ICoríntios 12—14, pelo fato de os descrentes as entenderem, mesmo que sem nenhuma demonstração do dom de interpretação. Contudo, esse é o único lugar no Novo Testamento em que elas desempenham essa função. O que acredito que fica claro é que não carismáticos que buscam fazer do uso evangelístico das línguas seu propósito normativo e exclusivo estão duplamente enganados: as línguas não são primariamente evangelísticas, mesmo em Atos 2, e, mesmo assim, essa é a única passagem em que línguas não interpretadas são entendidas até pelos que não creemA manifestação do Espírito. D. A Carson. São Paulo:Vida Nova, 2013, p. 145


5- O dom de línguas em Corinto era para pregação do evangelho?

Não,. o dom de línguas era:

  •  dirigido a Deus (em contraste ao dom de profecia v. 3)-  em oração para edificação pessoal v.2,14, 15
  • dirigido a Deus- em  louvor v.2,15, 17
  • em espírito (a inspiração não brota do entendimento /mente) v. 2,14-16
  • edificação coletiva- quando acompanhado de interpretação mediante o dom. Neste caso a mensagem da língua (conteúdo) pode ser a interpretação da oração, louvor, ou mesmo como uma profecia v.5


1 Co 12:1 ¶ Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis.

2  Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios.

3  Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando.

4  O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja.

5  Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação.

6 ¶ Agora, porém, irmãos, se eu for ter convosco falando em outras línguas, em que vos aproveitarei, se vos não falar por meio de revelação, ou de ciência, ou de profecia, ou de doutrina?

7  É assim que instrumentos inanimados, como a flauta ou a cítara, quando emitem sons, se não os derem bem distintos, como se reconhecerá o que se toca na flauta ou cítara?

8  Pois também se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?

9  Assim, vós, se, com a língua, não disserdes palavra compreensível, como se entenderá o que dizeis? Porque estareis como se falásseis ao ar.

10  Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo; nenhum deles, contudo, sem sentido.

11  Se eu, pois, ignorar a significação da voz, serei estrangeiro para aquele que fala; e ele, estrangeiro para mim.

12  Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja.

13  Pelo que, o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar.

14  Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera.

15 ¶ Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.

16  E, se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação de graças? Visto que não entende o que dizes;

17  porque tu, de fato, dás bem as graças, mas o outro não é edificado.

18  Dou graças a Deus, porque falo em outras línguas mais do que todos vós.

19  Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua.

20  Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos.

21 ¶ Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor.

22  De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos; mas a profecia não é para os incrédulos, e sim para os que crêem.

23  Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos?

24  Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou indouto, é ele por todos convencido e por todos julgado;

25  tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós.

26 ¶ Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação.

27  No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete.

28  Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus.


A pessoa que fala em línguas, em um primeiro momento, não fala aos homens, mas com Deus. Ninguém a entende (14.2). Alguns não carismáticos tentam reduzir o escopo desse “ninguém” para “ninguém que não conheça o idioma (humano) que está sendo falado”.“ Isso dificilmente é uma possibilidade; uma vez que a linha anterior [14.2-3] estabelece um contraste entre discursos direcionados a pessoas e discursos direcionados a Deus, parece mais natural entender o “ninguém” de uma forma mais ampla. O conteúdo desse falar em línguas é “mistérios”. A palavra pode ter sido usada aqui de uma maneira não técnica, para sugerir que “o falante e Deus com- partilham verdades escondidas que outros não têm permissão de compartilhar”.86 87 88 Em contraste, quem profetiza edifica, exorta e consola outros. Isso não significa que a profecia é o único dom que possua essas virtudes: o ensino e o falar em línguas que é interpretado também as têm. Em outras palavras, essas funções da profecia não a definem.™ O contexto especifica que a questão é a inteligibilidade: entre os dons espirituais em que o ato de falar está presente (outros como o de contribuição ou de administração não estão sendo considerados), somente aqueles que são inteligíveis levam à edificação imediata da igreja. De fato, aquele que fala em línguas edifica a si mesmo (14.4);89 contudo, essa é uma perspectiva muito estreita para os que meditaram em ICoríntios 13. A manifestação do Espírito. D. A Carson. São Paulo:Vida Nova, 2013,p. 103-104


 O versículo 14 não introduz um novo assunto, uma mudança do falar em línguas para o orar em línguas, pois 14.2 já estabeleceu que falar em línguas é direcionado, sobretudo, a Deus. Em outras palavras, falar em línguas é um tipo de oração. Paulo reconhece que tal oração é uma oração válida — seu espírito está orando — mas sua mente continua “infrutífera”. Isso pode significar que tal oração não oferece benefício mental, intelectual e cognitivo; todavia, pode significar que, sob tais circunstâncias, uma vez que a sua mente não está envolvida na ação, não se produzem frutos nos ouvintes — o que fica pressuposto é que a edificação dos ouvintes requer inteligibilidade de discurso, e a inteligibilidade do discurso, por sua vez, requer que a mente do falante esteja engajada. A manifestação do Espírito. D. A Carson. São Paulo:Vida Nova, 2013

 p. 106


6- Há diferença no cérebro entre orar num idioma usando a linguagem articulada e o falar em linguas?

https://www.youtube.com/watch?v=tDiPCK15P5M

Quando a pessoa fala em línguas (pelo Espírito Santo) o lobo frontal cessa a atividade.

Quando a pessoa ora, ou medita, ou inventa sons (controle intencional) ela usa o lobo frontal.

Em 2006, o Dr. Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, usando tomografia computadorizada de emissão de fóton único (SPECT), descobriu que o lobo frontal de indivíduos que falavam em línguas era muito menos ativo. Esse perfil cerebral contrastava com as freiras franciscanas na oração contemplativa e os monges budistas na meditação, em que a atividade do lobo frontal é aumentada. Uma vez que a atividade do lobo frontal é aumentada quando estamos focados no que estamos dizendo, esse achado confirma os autorrelatos do que as pessoas que falaram em línguas experimentaram, implicando que as palavras faladas na glossolalia se originam de uma fonte diferente da mente do indivíduo falando em línguas.

Testamos várias hipóteses sobre glossolalia: (1) sabe-se que os lobos frontais estão envolvidos em controle intencional de comportamentos (Frith et al., 1991; Pardo et
al., 1991).....É interessante que os lobo frontais mostraram diminuição da perfusão durante a glossolalia, mas isso é consistente com a descrição dos sujeitos de um falta de controle intencional sobre o desempenho de glossolalia. ... Andrew B. Newberg et al., The measurement of regional cerebral blood flow during glossolalia: A preliminary SPECT study, Psychiatry Research: Neuroimaging (2006), doi:10.1016/j.pscychresns.2006.07.001.

A glossolalia produziu um padrão significativamente diferente de atividade cerebral em comparação ao canto, relata a equipe na edição de novembro da Psychiatry Research: Neuroimaging. Talvez a diferença mais importante seja a diminuição da função do lobo frontal, diz Newberg. "A parte do cérebro que normalmente os faz sentir no controle foi essencialmente desligada." Outra mudança notável foi o aumento da atividade na região parietal - a parte do cérebro que "recebe informações sensoriais e tenta criar um senso de identidade e de como você se relaciona com o resto do mundo", diz Newberg. As descobertas fazem sentido, diz Newberg, porque falar em línguas envolve abrir mão do controle enquanto obtém uma "experiência muito intensa de como o eu se relaciona com Deus". Curiosamente, ele observa, as respostas da glossolalia foram o oposto daquelas vistas em indivíduos em um estado meditativo. Quando as pessoas meditam sobre um determinado objeto sagrado, Newberg descobriu que a atividade do lobo frontal aumenta, enquanto sua atividade parietal diminui. Isso está de acordo com a noção de que na meditação a pessoa tem um foco controlado enquanto perde o senso de identidade. https://www.sciencemag.org/news/2006/11/tongues-mind acesso em 01/01/2021


7- O dom de línguas cessou? Os dons cessaram? 

Como vimos acima o dom de linguas basicamente é um dom para oração, será que as pessoas hoje precisam deste dom menos que nos dias de Cristo?

http://averacidadedafecrista.blogspot.com/2014/07/batismo-no-espirito-santo-o-carater.html


sábado, 5 de dezembro de 2020

Revolução Científica- contribuição cristã





Por que a ciência moderna surgiu somente no século XVI?


Fundação do método científico
"Francis Bacon (1561-1626) e Galileo Galilei (1564-1642) são considerados fundadores do método científico - a confiança na observação empírica sobre lógica humana ou autoridade.34 Ambos sustentavam a verdade dos dois livros de Deus - o livro da natureza e o livro da Palavra de Deus, a Bíblia. Ambos os livros tinham que ser estudou para entender melhor a Deus. Em 1603, Francis Bacon, Lord Chanceler de Inglaterra e um dos  fundadores da Royal Society, escreveu, citando Jesus: Pois nosso Salvador disse: “Você erra, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”, [Mateus 22:29 KJV] colocando diante de nós dois livros ou volumes para estudar, se formos protegidos do erro: primeiro o Escrituras, revelando a vontade de Deus, e então as criaturas [ciências naturais] expressando seu poder, do qual o último é uma chave para o primeiro: não apenas abrindo nosso entendimento para conceber o verdadeiro sentido das Escrituras pelas noções gerais de razão e regras de linguagem, mas principalmente abrindo nosso crença, em nos levar a uma devida meditação da onipotência de Deus, que é principalmente assinada e gravado em Suas obras. 35

 Da mesma forma, em 1615 Galileu escreveu: Pois a Bíblia Sagrada e os fenômenos da natureza procedem igualmente da palavra divina, a primeira como o ditame do Espírito Santo e este último como o executor observador da ordem de Deus.36
35. Francis Bacon, The Advancement of Learning (London: Henrie Tomes, 1605). The 1893 edition by
David Price (Cassell & Company) is online at www.fullbooks.com.
36. Galileo Galilei, “Letter to the Grand Duchess Christina of Tuscany, 1615.” O livro que fez o  seu mundo. Vishal Mangalwadi. São Paulo:Vida, 2012 p. 281

A Reforma Protestante despertou o interesse popular em descobrir e conhecer a verdade, e isso impulsionou a ciência. Os Reformadores levaram a sério a exortação de Cristo que o conhecimento da verdade libertaria.59 Lutero enfatizou a ideia bíblica do sacerdócio de todos os crentes.60 Consequentemente, todos os seres humanos devem fazer tudo para a glória de Deus.61 Uma vez que tudo existe para a glória de Deus, 62 e os céus declaram sua glória, 63 é direito do  povo de Deus estudar todas as coisas, incluindo os céus. Assim, quase todos os pioneiros da ciência eram cristãos e a maioria deles eram devotos Cristãos. Eles estavam trabalhando para a glória de Deus. Idem , p. 287

"Quando os antigos tentaram explicar o mundo, eles usaram a intuição, a lógica, criação de mitos, misticismo ou racionalismo - separado da observação empírica. Por exemplo, a lógica baseada na intuição de Aristóteles (384-322 aC) postulou que se você derrubar duas pedras de um penhasco, então uma pedra duas vezes mais pesada cairia duas vezes mais rápido como a pedra mais leve. Nenhum erudito aristotélico - grego, egípcio, romano, Cristão ou Muçulmano - realmente testou a teoria de Aristóteles, descartando dois pedras. Finalmente, Galileo Galilei (1564-1642 DC) fundamentado na Bíblia, na verdade testou e refutou a suposição de Aristóteles, mostrando que duas bolas de massa diferente pousou junto. * Intuição, lógica, observação, experimentação, informação, técnicas, especulação, e o estudo de textos oficiais existiam antes do século XVI.

Por si só, não constituem ciência sustentável. Se alguém insiste que as descobertas antigas provam que a ciência antecede a Bíblia, então é preciso Admita que as culturas não-bíblicas sufocaram e mataram esse começo louvável. Somente na Europa a astrologia se transformou em astronomia, a alquimia em química e matemática na linguagem da ciência. Então, apenas nos séculos XVI e XVII - depois que a mente cristã ocidental levou a sério o mandamento da parte de Deus: “Sede fecundos e multiplicai-vos e enchei a terra e subjugai-a: e tem domínio sobre os peixes do mar, e sobre as aves do ar, e sobre toda coisa vivente que se move sobre a terra. ”13 A ordem de governar sobre a terra estava na Bíblia por alguns milhares anos. Por que não havia ciência sustentável até o século XVI? 

O professor Harrison disse que a ciência começou quando os cristãos começaram a ler a Bíblia literalmente: Somente quando a história da criação foi despojada de seus elementos simbólicos, a ordem de Deus para Adão esteja relacionado às atividades mundanas. Se o Jardim do Éden fosse apenas uma alegoria elevada, como Filo, Orígenes, e mais tarde Hugo de São Victor sugeriram, não haveria muito sentido em tentar restabelecer um paraíso na terra. Se a ordem de Deus a Adão para cuidar do jardim teve principalmente significado simbólico, como Agostinho acreditava, então a ideia de que o homem deveria restabelecer o paraíso através da jardinagem e agricultura simplesmente não teria se apresentado tão fortemente para o mente do século XVII.14


Perseguição religiosa x científica

A Igreja perseguiu alguns indivíduos, como Galileu, que eram cientistas. Mas a Igreja é muito mais culpada de queimar Bíblias, tradutores da Bíblia e teólogos, do que proibir livros de ciência ou assediar cientistas. É o cristianismo assim, oposto à teologia ou não responsável por compilar, preservar e propagando a Bíblia? Os líderes religiosos em meu país, a Índia, nunca perseguiram um Galileu. Faz isso me dê o direito de me gabar? Bem no século XIX, nossos professores ensinaram - em uma faculdade financiada pela Grã-Bretanha - que a Terra assentou nas costas de uma grande tartaruga! 15 Nunca perseguimos um Galileu porque a Índia hindu, budista ou animista nunca produziu um. Aqueles que não têm filhos nunca experimentam conflito com seus adolescentes.

 A Igreja não executou cientistas por causa da ciência destes. Os conflitos (“Heresias”) eram teológicas, morais, sociais, pessoais, políticas ou administrativo. A ciência nasceu na universidade, uma instituição inventada por a Igreja. Quase todos os primeiros cientistas trabalharam em universidades relacionadas à Igreja, supervisionadas por bispos. Muitos deles eram teólogos e exegetas bíblicos. Giordano Bruno (1548–1600) é frequentemente considerado um cientista morto pela Igreja. A Igreja o via como um monge renegado e um feiticeiro hermético, que fez um pouco de astronomia, mas não fez nenhuma contribuição para a ciência. Bruno ensinou uma filosofia  especulativa e imanentista * de uma alma do mundo com um número infinito de mundos. Seu o imanentismo, da Grécia e do Islã, atrasou a ciência." O livro que fez o  seu mundo. Vishal Mangalwadi. São Paulo:Vida, 2012 p. 267-270

Galileu, como Copernico e Kepler, era um homem de fé profunda” (O universo numa camiseta. Editora Glogo, p. 77). Galileu Galilei declarou: “Eu acho que... é muito piedoso e prudente afirmar que a Bíblia sagrada jamais pode afirmar inverdades- sempre que o seu verdadeiro sentido é compreendido... Mas acredito que ninguém irá negar que ele é, muito frequentemente, obscuro, e pode  querer dizer coisas muito diferentes do significado das simples palavras.” (idem p. 78)

“A passagem de Josué, disse Galileu, concorda perfeitamente com a descrição copernicana- mas o autor da passagem, tentando manter as coisas simples para os pastores e lavradores que iriam ouvir a narrativa, contou a história como se vivêssemos em um universo cujo centro fosse a Terra. Como poderíamos colocar hoje em dia, eles a ‘tornaram mais acessível às massas’. Como as autoridades da Igreja, Galileu acreditava que a Escritura jamais poderia estar errada.”


“...a experimentação e a análise matemática, em conjunto, seriam a espinha dorsal da ciência. Creditamos a Galileu o nascimento dessa ideia, uma noção que encontraria o sue maior defensor na obra de um inglês- um rapaz de Lincolshire [Newton], nascido um mês apenas após a morte de Galileu. ( Idem p. 82). Essa estratégia, inaugurada por Galileu e firmemente estabelecida por Newton, é agora chamada de método científico” (p.91)



"Que na Escritura Sagrada se obtém muitas proposições falsas quanto ao sentido nu das palavras; Que na disputa natural ela reservada ser reservada no último lugar; Que a Escritura, para acomodar-se a capacidade do povo, não se abstém de perverter seus principais dogmas, atribuindo, assim, ao mesmo Deus condições longínquas e contrárias à sua essência; Quer que, de certo modo, prevaleça nas coisas naturais o argumento filosófico ao fim do sacro; Que o comando feito por Josué ao Sol, que parasse, se deve intender feito não ao Sol, mas ao primeiro móvel, quando não se mantém o sistema de Copérnico 
FAVARO, A. (ed.).Le Opere di Galileo Galilei : Edizione Nazionale sotto gli auspici di Sua  Maestà il Re d„Italia. Florença: Barbèra , 1907. v. XIXFAVARO, A. (ed.).



No Diálogo sobre os Dois Grandes Sistemas Mundiais (1632), Galileu menosprezou os Aristotélicos e defendeu Copérnico  com uma tese, não como uma hipótese. Depois que o  Diálogo recebeu autorização de ser publicado,  a Liga acusou Galileu de ter colocado o tolo Simplicio como  uma figura das opiniões do  Papa Urbano sobre cosmologia. Galileu era amigo pessoal de papa Urbano VIII; no entanto, zombando de seu protetor e rejeitando conselho passou dos limites. Convocado novamente, Galileu voltou a Roma, embora Veneza ofereceu-lhe asilo e a Alemanha poderia tê-lo abrigado. * A Inquisição (1633) encontrou poucos erros teológicos, mas baniu a Diálogo e condenou-o por violar regras não publicadas de 1616. Tradutores da Bíblia como Tyndale foram enforcados e queimados. Galileu, o cientista, teve sua sentença comutada para prisão domiciliar, organizada pelo arcebispo de Siena. Ele voltou para sua própria villa em Arceti sob supervisão, o que lhe permitiu terminar suas Duas Novas Ciências (1638). O Vaticano permitiu que o Diálogo de Galileu fosse impresso em 1743 e retirado formalmente sua proibição em 1822.  O livro que fez o  seu mundo. Vishal Mangalwadi. São Paulo:Vida, 2012 p271

"Entre as diferentes propostas que foram apresentadas ao longo dos anos, estudiosos da história das ciências reconhecem que o cristianismo proporcionou o ambiente ideal para a realização de atividades científicas. Conforme já foi sugerido, a doutrina cristã da criação proporcionou um ambiente favorável para o desenvolvimento da pesquisa científica. Ao contrário das religiões  orientais e politeístas, cujas cosmovisões promovem uma identificação entre a divindade e o mundo físico, o cristianismo estabelece uma distinção entre o Criador e a criação. Além disso, o livro de Gênesis parece ter fornecido o ímpeto religioso e a autorização divina para o domínio humano sobre a natureza, instigando a sociedade a estudar, pesquisar e conhecer os segredos da natureza.Apesar de todos esses fatores favoráveis, a ciência progrediu vagarosamente durante o período medieval. Foi somente durante os séculos 16 e 17 que as ciências passaram por uma transformação drástica na forma e nos métodos empregados para se obter novos conhecimentos do mundo natural. Curiosamente, durante o mesmo período, outra revolução estava acontecendo no mundo religioso – a Reforma Protestante. 

Considerando que “muitos, senão todos os principais filósofos naturais da revolução científica eram cristãos fervorosos (HENRY, 2010, p. 41) e que em seus dias “ciência, filosofia e teologia eram tidos como a mesma atividade” (FUNKENSTEIN, 1986, p. 3), algumas perguntas têm sido levantadas por estudiosos de ambas as áreas: Haveria, por acaso, alguma relação entre essas duas “reformas”? O fato de a ciência moderna ter se originado durante o período de surgimento do protestantismo seria um indicador de que o último foi mais favorável a avanços científicos que o cristianismo medieval? Em outras palavras, teria o surgimento da ciência moderna ocorrido meramente porque o protestantismo era mais receptivo a ideias inovadoras do que o catolicismo? Ou haveria algum elemento essencialmente protestante que não apenas abriu o caminho para o surgimento das ciências modernas como também proporcionou um estímulo intelectual para o avanço do conhecimento científico? Essa relação entre protestantismo e ciência tem sido feita por estudiosos já há algum tempo. Francis Bacon, por exemplo, foi um dos primeiros a perceber a relação entre os dois movimentos: “Quando foi do agrado divino chamar a Igreja de Roma a prestar contas por suas cerimônias e práticas depravadas, assim como suas doutrinas ofensivas, formuladas para promover o mal, foi simultaneamente ordenado pela Providência Divina o surgimento e a renovação de uma nova fonte de todo outro conhecimento” (ROBERTSON, 2011, p. 63)...

Por outro lado, o etos científico era alimentado pela crença calvinista da eleição dos santos. Uma vez eleitos, os calvinistas eram pressionados pela necessidade de saber se haviam sido predestinados. Essa certeza era obtida por meio da execução de boas obras, incluindo atividade científica, considerada benéfica à humanidade (GERRISH, 2004, p. 166). Robert Merton (1970) foi um dos que especialmente avançaram essa tese. Conforme ele alega, o avanço da ciência na Inglaterra se deu, principalmente, graças a ideais calvinistas como diligência, indústria, vocação secular, valorização da educação, e glorificação a Deus por meio de boas obras e do estudo da natureza. Quando consideramos que os “protestantes predominaram, de forma geral, sobre católicos romanos entre os cientistas de renome na Europa moderna, e que dentro do protestantismo, as igrejas reformadas […] desempenharam um papel predominante na fomentação de homens da ciência” (GERRISH, 2004, p. 166; cf. HENRY, 2010, p. 44-45), o argumento de Merton parece merecer consideração. 

Assim, a maioria dos filósofos naturais do século 17 acreditava que Deus havia criado o mundo com um propósito e que pertencia ao ser humano a responsabilidade de descobrir esse propósito. Esse foi, especialmente, um conceito defendido por Francis Bacon. Em sua obra Novum Organum, Bacon argumenta que o ser humano, por meio de sua queda no pecado, perdeu tanto seu estado de inocência quanto seu domínio sobre a criação. “Ambas as perdas, entretanto, podem ser reparadas nessa vida de forma parcial – a primeira, por meio da religião e da fé; a última, por meio das artes e das ciências” (BACON, 1857-74, v.4, p.247). Movido por esse sentimento “restauracionista”, Bacon conseguiu criar uma “reforma das ciências”, fundamentando-a em seu conhecido método de indução, que contrastava com a maneira tradicional de resolver questões – o método dedutivo. 

Bacon também foi a peça central no estabelecimento da Royal Society de Londres, a renomada sociedade que até os dias de hoje patrocina e promove o avanço do conhecimento científico. “O domínio sobre as coisas” se tornou um dos objetivos da sociedade, conforme relata Thomas Sprat (1667, p.62), primeiro historiador da Royal Society. Graças a esse espírito, a Inglaterra foi o berço do empirismo baconiano e das invenções tecnológicas que alimentaram a revolução industrial durante o século 19. “Caso não fora o conhecido empirismo britânico, fundado por Francis Bacon durante a era elisabetana, as ciências modernas teriam permanecido, em grande medida, um ramo especulativo da ‘filosofia natural’” (RASCHKE, 2013, p.1751). Para muitos, portanto, a investigação e a pesquisa científica se tornaram atividades teológicas. Conforme eles entendiam, havia uma convicção de que “o conhecimento poderia proporcionar a reversão da maldição da ignorância e da separação de Deus que dela resultara” (HARRISON, 2001, p.230).

BACON, Francis. Novum Organum, 2.52. In: SPEDDING, James; ELLIS, Robert Leslie; 
FUNKENSTEIN, A. Theology and the scientific imagination from the Middle Ages to the seventeenth century. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1986
GERRISH, B. A. The old protestantism and the new: essays on the reformation heritage. Nova York, NY: T&T Clark, 2004
HARRISON, Peter. The Bible, protestantism, and the rise of natural science. Cambridge: Cambridge
 University Press, 2001.
HENRY, John. Religion and the scientific revolution. In: HARRISSON, Peter (Ed.). The Cambridge companion to science and religion. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
ROBERTSON, John M., ed. The philosophical works of Francis Bacon. London: Routledge, 2011." A hermenêutica protestante e o surgimento da ciência moderna: Glauber Souza Araujo. Revista Caminhando v. 22, n. 2, p. 137-152, jul./dez. 2017



sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Educação, Didática e as Universidades - uma contribuição cristã





1- Bases do sistema educacional do ocidente


"A igreja cristã criou as bases do  sistema de educação do Ocidente..Nos séculos 8 e 9, escolas catedrais foram estabelecidas para fornecer educação básica em gramática latina e doutrina cristã ao clero , e no século 11 essas escolas surgiram como centros de ensino superior. A escola da corte de Carlos Magno (que era dirigida pelo clero), as escolas medievais das ordens religiosas, catedrais, mosteiros, conventos e igrejas, as escolas florescentes dos Irmãos da Vida Comum e os sistemas escolares católicos romanos que surgiram durante a Contra-Reforma sob a liderança dos jesuítas e outras novas ordens de ensino contribuíram muito para a civilização do Ocidente. Igualmente importantes foram as escolas iniciadas pelos reformadores alemães Luther, Philipp Melanchthon , Johann Bugenhagen, John e August Hermann Francke , e os reformadores morávios John Amos Comenius e o Graf von Zinzendorf. A igreja era responsável por supervisionar as escolas, mesmo após a Reforma . Somente no século 18 o sistema escolar começou a se separar de suas raízes cristãs e caiu cada vez mais sob o controle do Estado....


Com o Reforma Havia uma preocupação generalizada com a educação porque os reformadores desejavam que todos pudessem ler a Bíblia . Lutero também argumentou que era necessário para a sociedade que seus jovens fossem educados. Ele sustentava que era dever das autoridades civis obrigar seus súditos a manter seus filhos na escola, de modo que “sempre haja pregadores, juristas, pastores, escritores, médicos, professores e semelhantes, pois não podemos viver sem eles. ” Essa ênfase na educação ficou evidente com a fundação de muitas faculdades na América do Norte nos séculos 17 e 18 por protestantes e por membros da Companhia de Jesus, ou jesuítas , um missionário católico romano e uma ordem educacional.

O conflito aberto entre ciência e teologia ocorreu apenas quando a visão bíblica tradicional do mundo foi seriamente questionada, como no caso do astrônomo italiano Galileu (1633). Os princípios da pesquisa científica de Galileu, no entanto, foram eles próprios o resultado de uma ideia cristã deciência e verdade. A fé bíblica em Deus como Criador e Redentor encarnado é uma afirmação explícita da bondade, realidade e contingência do mundo criado - suposições subjacentes ao trabalho científico. Tendências positivas em relação à educação e ciência sempre foram dominantes na história do Cristianismo, embora a atitude oposta tenha surgido ocasionalmente durante certos períodos. Assim, o astrônomo alemãoJohannes Kepler (1571–1630) falou sobre a celebração de Deus na ciência. No século 20, o Papa João Paulo II afirmou que não via contradição entre as descobertas da ciência moderna e os relatos bíblicos da Criação; ele também declarou que a condenação de Galileu era um erro e encorajou a busca científica pela verdade. ... 
https://www.britannica.com/topic/Christianity/Church-and-education

"As escolas que foram realmente desenvolvidas ficaram aquém dessas demandas com base filosófica. Isso é especialmente verdadeiro para o ensino fundamental . Na Idade Média, as escolas de gramática (especialmente para a educação do clero ) desenvolveram-se, e o humanismo da Renascença fortaleceu essa tendência; apenas aqueles que sabiam latim e grego poderiam ser considerados instruídos. Para a educação popular básica, havia poucos arranjos. Embora escolas de escrita básica e aritmética tenham sido estabelecidas já nos séculos XIII e XIV, elas ficavam quase que exclusivamente nas cidades; a população rural teve que se contentar com a instrução religiosa dentro da estrutura da igreja. Isso mudou como resultado do Protestantismo . John Wycliffe havia exigido que todos se tornassem teólogos, e Martinho Lutero , ao traduzir as Sagradas Escrituras , tornou possível a leitura de obras originais. Todos, afirmou ele, devem ter acesso à fonte da crença e todas as crianças devem ir à escola. Aconteceu então que os regulamentos da igreja dos séculos 16 e 17 passaram a conter itens que regem as escolas e a instrução dos jovens (principalmente em leitura e religião). No início, as escolas protestantes eram dirigidas e apoiadas quase inteiramente pela igreja. Somente no século 18, seguindo a tendência geral para a secularização, o estado começou a assumir a responsabilidade de apoiar as escolas...."

2- Formação das Universidades


"Outro desenvolvimento na história da educação cristã foi a fundação de universidades. As origens da universidade remonta ao século 12 e, no século 13 a universidade medieval atingiu sua forma madura. As universidades foram fundadas durante o resto da Idade Média em toda a Europa e se espalharam por outros continentes após o século XVI. As primeiras universidades surgiram como associações de mestres ou estudantes (o latim universitassignifica “guilda” ou “sindicato”) que se dedicavam à busca de ensino superior. As universidades, que substituíram as escolas catedrais como centros de estudos avançados, passaram a ter uma série de características compartilhadas: os métodos de ensino de palestras e debates, a vida comunitária estendida nas faculdades, a mudança periódica da liderança de um reitor eleito, a estrutura interna de acordo com faculdades ou “nações”, e o reconhecimento europeu de graus acadêmicos. As universidades forneciam instrução em artes liberais e estudos avançados nas disciplinas de direito , medicina e, o mais importante, teologia . Muitos dos grandes teólogos da época, principalmente São Tomás de Aquino, estavam associados às universidades....



Desde o século 18, as atividades das denominações cristãs concorrentes em áreas de missão levaram a uma intensificação do sistema cristão de educação na Asia eAfrica . Mesmo onde os estados africanos e asiáticos têm seu próprio sistema de escolas e universidades, as instituições educacionais cristãs têm desempenhado uma função significativa (a Universidade St. Xavier em Mumbai e a Universidade Sophia em Tóquio são fundações jesuítas; a Universidade Dōshisha em Kyōto é uma fundação presbiteriana japonesa) .

No América do Norte , a educação cristã seguiu um curso diferente. Desde o início, as igrejas assumiram a criação de instituições educacionais gerais, e várias denominações fizeram um trabalho pioneiro no campo da educação. Nas colônias inglesas que mais tarde se tornaram os Estados Unidos, as denominações fundaram faculdades teológicas com o propósito de educar seus ministros e estabeleceram universidades que tratam de todas as disciplinas importantes, incluindo teologia, muitas vezes enfatizando um viés denominacional. A Harvard University foi fundada em 1636 e a Yale University em 1701 como estabelecimentos Congregacionais, e o College of William and Mary foi estabelecido em 1693 como uma instituição anglicana. Eles foram seguidos durante o século 19 por outras universidades protestantes (por exemplo, Southern Methodist University , Dallas, Texas) e faculdades (por exemplo, Augustana College , Rock Island , Illinois) e por universidades católicas romanas (por exemplo, a Universidade de Notre Dame , Notre Dame, Indiana) e faculdades (por exemplo, Boston College , Chestnut Hill, Massachusetts). Além disso, muitas universidades privadas foram baseadas em uma ideia cristã de educação de acordo com os desejos de seus fundadores."  https://www.britannica.com/topic/Christianity/Church-and-education



"A primeira universidade verdadeira, que é uma instituição assim chamada, foi fundada em Bolonha, Itália, em 1088. A frase latina universitas magistrorum et scholariumindicou uma associação de professores e acadêmicos. Nesta data inicial, as universidades eram mais uma associação ou uma guilda para aprender ofícios específicos. No caso de Bolonha, o foco era o direito. A ênfase estava no treinamento de alunos para habilidades mais desenvolvidas dentro de uma profissão específica, para que pudessem servir e desenvolver essas habilidades em níveis mais profissionais. Oxford, a segunda universidade mais antiga e a mais antiga de língua inglesa, foi fundada provavelmente no final do século XI. Tradições como ter um chanceler e dormitórios foram estabelecidas no século XIII. Oxford havia estabelecido suas faculdades mais antigas, Balliol e Merton Colleges, em meados do século 13 (Figura 2). [8]


As primeiras universidades, como Paris, que mais tarde se tornou a Sorbonne, derivaram das escolas monásticas ou também das catedrais que continuaram no início da era medieval após a queda do Império Romano. Essas primeiras universidades eram, portanto, intimamente afiliadas à Igreja Católica, embora a educação começasse a ser ampla e oferecesse habilidades importantes fora da educação religiosa. Apesar da associação religiosa das escolas, eles também se desenvolveram para serem indivíduos independentes e, às vezes, treinados que entrariam em conflito com a igreja. [9]

Um desenvolvimento importante ocorreu na fundação da Universidade de Nápoles, fundada em 1224, uma vez que foi fundada como uma instituição pública dedicada por um rei, em vez do papa ou da Igreja Católica. Alguns vêem isso como o início do desenvolvimento do conceito de educação secular, embora virtualmente todas as instituições de ensino superior tivessem currículo religioso como parte de sua educação mais ampla. Na Alemanha, onde muitas cidades desenvolveram tradições muito independentes, vemos municípios e governos municipais atuando na fundação de universidades. É o caso da Universidade de Colônia, fundada em 1388. [10]

"No final da Idade Média e no início da Época Moderna, o número de universidades começou a crescer rapidamente na Europa, onde no século 18 existiam provavelmente cerca de 143 universidades. Isso não inclui outras formas de instituições de ensino superior que não se autodenominam universidades, como academias. A Universidade de Paris começou a desenvolver a ideia de faculdades que diferenciavam áreas de estudo. Os temas de enfoque que começaram a se desenvolver nas universidades foram a filosofia, onde ainda o título tradicional dos doutores é doutor em filosofia, medicina, lógica, teologia, direito, matemática, astronomia e gramática. Esses ramos de estudo foram vistos como relacionados a uma perspectiva humanística, já que muitos exigiam tradução de obras antigas, além de um foco na disciplina. [11]


References

9 For more on the early universities, see: Ridder-Symoens, Hilde de, ed. 1992. Universities in the Middle Ages. A History of the University in Europe, v. 1. Cambridge [England] ; New York: Cambridge University Press.
10 For more on the role of the Church in universities, see: Ellis, John Tracy. 1989. Faith and Learning: A Church Historian’s Story. Melville Studies in Church History, v. 1. Lanham, MD : [Washington, D.C.]: University Press of America ; Dept. of Church History, Catholic University of America.
 11 For more on the development of public universities, see: Nicholas, David. 1992. The Evolution of the Medieval World: Society, Government, and Thought in Europe, 312-1500. London ; New York: Longman.


https://dailyhistory.org/How_did_universities_develop%3F#:~:text=The%20first%20true%20university%2C%20that,guild%20for%20learning%20particular%20crafts.




" A primeira verdadeira universidade no Ocidente foi fundada em Bolonha no final do século XI. Tornou-se uma escola amplamente respeitada de direito civil e canônico . A primeira universidade a surgir no norte da Europa foi a Universidade de Paris , fundada entre 1150 e 1170. Tornou-se conhecida por seu ensino de teologia e serviu de modelo para outras universidades no norte da Europa, como a Universidade de Oxford, na Inglaterra, que já estava bem estabelecida no final do século XII. As Universidades de Paris e Oxford eram compostas por faculdades, que na verdade eram residências para estudiosos.

Essas primeiras universidades eram corporações de estudantes e mestres e, por fim, receberam suas cartas de papas , imperadores e reis . A Universidade de Nápoles , fundada pelo imperador Frederico II (1224), foi a primeira a ser estabelecida sob autoridade imperial, enquanto a Universidade de Toulouse, fundada pelo Papa Gregório IX (1229), foi a primeira a ser estabelecida por decreto papal. Essas universidades eram livres para governar a si mesmas, desde que não ensinassem nem ateísmo nem heresia . Alunos e mestres juntos elegeram seus próprios reitores (presidentes). Como o preçoda independência, no entanto, as universidades tiveram que se financiar . Assim, os professores cobraram taxas e, para garantir a sua subsistência, tinham de agradar aos alunos. Essas primeiras universidades não tinham prédios permanentes e poucas propriedades corporativas , e estavam sujeitas à perda de alunos e mestres insatisfeitos que poderiam migrar para outra cidade e estabelecer um local de estudo lá. A história da Universidade de Cambridge começou em 1209 quando vários estudantes insatisfeitos se mudaram para lá vindos de Oxford, e 20 anos depois Oxford lucrou com a migração de estudantes da Universidade de Paris....

No final dos séculos 18 e 19, a religião foi gradualmente substituída como  força dominante à medida que as universidades europeias se tornaram instituições de ensino e pesquisa modernas e foram secularizadas em seu currículo e administração. Essas tendências foram tipificadas pela Universidade de Berlim (1809), em que a experimentação em laboratório substituiu a conjectura; as doutrinas teológicas, filosóficas e outras doutrinas tradicionais foram examinadas com um novo rigor e objetividade; e os padrões modernos de liberdade acadêmica foram os pioneiros. O modelo alemão de universidade como um complexo de escolas de pós-graduação que realizam pesquisas e experimentações avançadas provou ter uma influência mundial....

...Vários países europeus no século 19 reorganizaram e secularizaram suas universidades, notadamente Itália (1870), Espanha (1876) e França (1896). As universidades nestes e em outros países europeus passaram a ser financiadas principalmente pelo Estado
 https://www.britannica.com/topic/university





"A Idade Média foi, portanto, assolada por uma multiplicidade de ideias, cultivadas no país e importadas do exterior. A multiplicidade de alunos e mestres, suas rivalidades e os conflitos em que se opuseram às autoridades religiosas e civis obrigaram o mundo da educação a se reorganizar. Para compreender a reorganização, é necessário rever as várias etapas de desenvolvimento na aproximação de alunos e mestres.
A primeira etapa, já aludida , ocorreu quando o bispo ou alguma outra autoridade passou a conceder a outros mestres permissão para abrir escolas que não fossem a escola episcopal nas proximidades de sua igreja. 

Um estágio posterior foi alcançado quando uma licença para ensinar , o jus ubique docendi - concedida somente após um exame formal - conferia a um mestre a faculdade de exercer sua vocação em qualquer centro semelhante

Um desenvolvimento posterior veio quando começou a ser reconhecido que, sem uma licença do papa, imperador ou rei, nenhuma escola poderia ser formada com o direito de conferir graus , o que originalmente significava nada mais do que licenças para ensinar.

Alunos e professores, como clérigos (“escriturários” ou membros do clero), gozavam de certos privilégios e imunidades, mas, à medida que aumentava o número de viagens para escolas renomadas, eles precisavam de proteção adicional. Em 1158 imperador Frederico I Barbarossa, do Sacro Império Romano, concedeu-lhes privilégios, como proteção contra detenções injustas, julgamento perante seus pares e permissão para "morar em segurança". Esses privilégios foram posteriormente estendidos e incluíram proteção contra extorsão em negociações financeiras e a cessatio - o direito de greve, interromper as palestras e até mesmo de se separar para protestar contra queixas ou interferência com direitos estabelecidos.

No norte da Europa , as licenças para lecionar eram concedidas pelo chanceler, escolástico ou algum outro oficial de uma igreja catedral; no sul, é provável que as guildas de mestres (quando estas vieram a ser formadas) fossem a princípio livres para conceder suas próprias licenças, sem qualquer supervisão eclesiástica ou outra. Gradualmente, porém, no final do século 12, algumas grandes escolas, pela excelência de seu ensino, passaram a assumir mais do que importância local. Na prática, um médico de Paris ou de Bolonha poderia lecionar em qualquer lugar e essas grandes escolas passaram a ser conhecidas como studia generalia- isto é, lugares usados ​​por estudiosos de todas as partes. Por fim, o termo passou a ter um significado mais definido e técnico. O Imperador Frederico II, em 1225, deu o exemplo ao tentar conferir à sua nova escola em Nápoles, por meio de uma bula autorizada , o prestígio que os primeiros studia haviam adquirido por reputação e consentimento geral. O Papa Gregório IX fez o mesmo por Toulouse em 1229 e acrescentou aos seus privilégios originais em 1233 abula pela qual todo aquele que tenha sido admitido para o doutorado ou mestrado naquela universidade terá o direito de lecionar em qualquer lugar, sem necessidade de exames complementares. Outros studia generalia foram posteriormente fundados por bulas papais ou imperiais e, em 1292, mesmo as universidades mais antigas - Paris e Bolonha - acharam desejável obter bulas semelhantes do Papa Nicolau IV . A partir dessa época, começou a prevalecer a noção de que a essência do studium generale era o privilégio de conferir uma licença de ensino universalmente válida e que nenhum novo studium poderia adquirir essa posição sem uma bula papal ou imperial. Havia, no entanto, alguns studia generalia(como Oxford), cuja posição era muito bem estabelecida para ser questionada, embora eles nunca tivessem obtido tal touro; estes eram considerados studia generalia por reputação. Algumas universidades espanholas fundadas por carta real foram consideradas studia generalia para o reino.

A palavra universitas originalmente aplicada apenas à guilda (ou guildas) escolástica - isto é, a corporação de alunos e mestres - dentro do studium , e sempre foi modificada, como universitas magistrorum, ou universitas scholarium, ou universitas magistrorum et scholarium. Com o passar do tempo, entretanto, provavelmente na última parte do século 14, o termo começou a ser usado por si só, com o significado exclusivo de uma comunidade autorregulada de professores e acadêmicos cuja existência corporativa foi reconhecida e sancionada por autoridade civil ou eclesiástica....
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3- Pedagogia Moderna- Educação Universal- Modernos métodos de ensino

Comenius o pai da pedagogia  moderna

"Nos tratados de História da educação, Comenio tem um lugar de destaque. Ele é considerado o fundador da Pedagogia moderna, profeta da moderna escola  democrática e pai dos modernos métodos de ensino.História da Educação- de Confúcio a Paulo Freire.Cláudio Pilleti e Nelson Pilleti. São Paulo: Contexto, 2016

"Quando se fala de uma escola em que as crianças são respeitadas como seres humanos dotados de inteligência, aptidões, sentimentos e limites, logo pensamos em concepções modernas de ensino. Também acreditamos que o direito de todas as pessoas – absolutamente todas – à educação é um princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos. De fato, essas idéias se consagraram apenas no século 20, e assim mesmo não em todos os lugares do mundo. Mas elas já eram defendidas em pleno século 17 por Comênio (1592-1670), o pensador tcheco que é considerado o primeiro grande nome da moderna história da educação....Comênio era cristão protestante e pertencia ao grupo religioso Irmãos Boêmios, ao qual se manteve vinculado por toda a vida, tornando-se, em 1648, bispo dos morávios. Embora profundamente religioso, o pensador propôs uma ruptura radical com o modelo de escola até então praticado pela Igreja Católica, aquele voltado apenas para a elite e dedicado primordialmente aos estudos abstratos. Ainda vigoravam as doutrinas escolásticas da Idade Média, pelas quais todas as questões teóricas se subordinavam à teologia cristã." ....Comênio não foi o único pensador de seu tempo a combater o pedantismo literário e o sadismo pedagógico, mas ousou ser o principal teórico de um modelo de escola que deveria ensinar "tudo a todos", aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na época alijados da educação." Revista Nova Escola ed. 22  https://web.archive.org/web/20090323103030/http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/pai-didatica-moderna-423273.shtml

"John Amos Comenius (1592-1670) foi, ainda mais do que Ratke, um intelectual importante da teoria educacional europeia no século XVII. Nascido na Morávia, ele foi forçado pelas circunstâncias da Guerra dos Trinta Anos a vagar constantemente de um lugar para outro - Alemanha, Polônia, Inglaterra, Suécia, Hungria, Transilvânia e Holanda - e foi privado de sua esposa, filhos e propriedades . Ele mesmo disse: “Minha vida foi uma longa jornada. Eu nunca tive uma pátria. ”

Como ex-bispo da Irmandade da Boêmia , ele procurou viver de acordo com seu lema, “Longe do mundo em direção ao Céu”. Para se preparar para a vida após a morte, Comenius ensinou que se deve “viver corretamente” - isto é, buscar a devoção erudita vivendo de acordo com os princípios corretos de ciência e moralidade . A filosofia de Comenius era humanitária e universalista. Em sua Pampaedia (“Educação Universal”, descoberta em 1935), ele argumentou que “toda a raça humana pode se tornar educada, homens de todas as idades, todas as condições, ambos os sexos e todas as nações”. Seu objetivo era pansofia (sabedoria universal), que significava que “todos os homens devem ser educados para a humanidade plena” - para a racionalidade, moralidade e felicidade.

Comenius percebeu que, para alcançar a pansofia por meio da educação universal, eram necessárias reformas radicais na pedagogia e na organização das escolas, e concebeu um sistema escolar abrangente para atender a essa necessidade. 

Durante a infância (até os seis anos de idade), a criança na “escola materna”, ou grupo familiar , desenvolveria as faculdades físicas básicas. 

No período seguinte (sete a 12 anos), a criança frequentava a “escola vernácula”, que era dividida em seis turmas de acordo com a idade e podia ser encontrada em todas as cidades. O objetivo principal dessas escolas seria desenvolver a imaginação e a memória da criança por meio de assuntos como religião , ética , dicção, leitura, escrita, matemática básica, música , economia doméstica, cidadania, história , geografia e artesanato.

 Essa escola vernácula formava a etapa final da educação para as vocações técnicas. Depois dessa escola viria a escola secundária (ou escola latina), que os alunos frequentariam durante a juventude (13-18) e que existiria em todas as cidades de cada distrito. Por meio de cursos progressivos de línguas e ciências exatas, os jovens seriam levados a uma compreensão mais profunda das coisas. Finalmente, a universidade (19-24) seria uma continuação desta escola. Cada província deveria ter uma dessas universidades, cuja tarefa central seria a formação de força de vontade e poderes de julgamento e categorização. Além deste sistema escolar de quatro níveis, Comenius também imaginou uma "faculdade de luz", uma espécie de academia de ciências para o agrupamento centralizado de todo o aprendizado. É importante notar, a este respeito, que foi a estadia de Comenius na Inglaterra (1641-42) que iniciou as discussões que levaram à fundação da Royal Society (incorporada em 1662). Além disso, o filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz , influenciado por Comenius, fundou a Academia de Berlim e sociedades semelhantes surgiram em outros lugares.

The Great Didactic (1657) apresenta a metodologia de Comenius - uma para as artes, outra para as ciências. Comenius acreditava que tudo deveria ser apresentado aos sentidos da criança - e ao maior número possível de sentidos, usando imagens, modelos, workshops, música e outros meios “objetivos”. Com uma apresentação adequada, a mente da criança pode se tornar uma contraparte “psicológica” do mundo da natureza. A mente pode absorver o que está na natureza se o método de ensino mais parecido com a natureza for usado. Para os níveis de idade superiores, ele recomendou que o estudo da linguagem e outros estudos fossem integrados . Na verdade, ele empregou este esquema em seu Gate of Tongues Unlocked (1631), um livro de Latim e ciências organizadas por disciplinas, que revolucionaram o ensino do latim e foram traduzidas para 16 idiomas.The Visible World in Pictures (1658), que permaneceu popular na Europa por dois séculos, tentou dramatizar o latim por meio de imagens ilustrando frases em latim, acompanhadas por uma ou duas traduções vernáculas. "    
https://www.britannica.com/topic/education


Comênio é um dos principais pensadores e educadores no campo de desenvolvimento de uma didática planejada, sistematizada e com uma intenção social....

'O educador tcheco João Amós Comenius ou Jan Amos Komenský, seu nome original, nasceu em 28 de março de 1592, na Cidade de Uherský Brod (ou Nivnitz), na Moravia, região da Europa Central pertencente ao Reino da Boêmia (antiga Tchecoslováquia). Seus pais Martinho e Ana, também eslavos, eram cristãos adeptos dos Irmãos Morávios, uma seita cuja história remonta aos tempos de Jan Huss, líder religioso muito popularno século XV, tendo sido padre, professor e reitor da Universidade de  Praga. A seita dos Irmãos Morávios, organizada em 1467, era uma das mais rígidas em doutrina e conduta, destacando-se pelo extremado apego às Sagradas Escrituras, pela humildade e pela profunda piedade, impondo a seus seguidores vida austera, com preces diárias e leitura cotidiana da Bíblia. E diferentemente do costume da época, adotavam como língua literária o checo em vez do latim.  WALKER, D. Comenius: o criador da didática moderna. Juazeiro do Norte, CE: HB, 2001


4- Dignidade Humana de cegos e surdos
"Os gregos costumavam usar meninos cegos como escravos remadores e meninas cegas como prostitutas. Jesus, entretanto, restaurou-lhes a visão. Por volta do século quarto, os cristãos começaram abrindo abrigos para cegos. Em 630 DC, alguns cristãos começaram um tifolocomio (typholos = cego + komeo = cuidar de) em Jerusalém. No século XIII, Luís IX construiu o Hospice des Quinze-Vingts para cegos em Paris. No século XVI, os cristãos começaram a ensinar os cegos a ler, usando letras em relevo em cera ou madeira. A educação para cegos começou seriamente depois de 1834, quando Louis Braille, um organista cego da Igreja, inventou o sistema de letras em relevo. O movimento missionário cristão levou a sua invenção em todo o mundo, desafiando a negligência e o desprezo tradiconais para com os cegos,  inspirando organizações seculares a absorver um pouco do espírito de Cristo.

Todas as  culturas tradicionais deixou-os entregues ao seu destino ou carma. Alguns deliberadamente  expuseram bebês deficientes à morrer. A Bíbliaé a única que apresenta um Deus compassivo que veio para esta terra para nos salvar de nossos pecados e suas consequências - incluindo doenças e morte. Jesus restaurou a visão dos cegos. Ele abriu os ouvidos dos surdos e os bocas dos mudos. Ele deu a seus discípulos o poder de amar o que não era adorável. Os cristãos começaram a entender que a educação desempenha um papel central na restauração do dignidade dos deficientes. 

A educação formal para surdos começou com Charles-Michel de l’Épée (1712- 89). Veio para a América por meio de Thomas Gallaudet (1787–1851). Épée, um padre em Paris, desenvolveu a linguagem de sinais para surdos. Em 1754, ele financiou e fundou em Paris a primeira escola pública de surdos, a “Institution Nationale des Sourds-Muets à Paris ”(Instituto Nacional de Surdos-mudos). Sua linguagem de sinais capacitou os surdos franceses a comunicar palavras e conceitos. Influenciou outras línguas de sinais europeias e se tornou a base para os lingua americana de sinais através de Gallaudet, um egressoda Universidade de Yale e dop Seminário Teológico Andover . Gallaudet trouxe essa inovação para os Estados Unidos em 1817 para ajudar os surdos para “ouvir” o evangelho de Cristo. Ele fundou a Escola Americana para Surdos em Hartford, o que levou à formação da Gallaudet University para surdos em Washington DC." O livro que fez o seu mundo. Vishal Mangalwadi. São Paulo:Vida, 2012,p. 257

Para aporfundar no assunto leia o livro:  O livro que fez o seu mundo. Vishal Mangalwadi. São Paulo:Vida.