A Reforma Protestante foi um movimento religioso que visou trazer a igreja à pureza original do cristianismo conforme o Novo Testamento . Depois do pentecostes, a Reforma do séc. VIfoi o maior movimento espiritual ocorrido na Igreja. Representou uma volta à Bíblia, ao ensino dos apóstolos, por isso a rejeição total a qualquer doutrina sem base nas Escrituras.
CAUSAS POLÍTICAS/ECONOMICAS- Os Estados Nacionais
Começou a surgir na Europa um espírito nacionalista se opondo à centralização estrangeira imposta pela igreja católica . Esse movimento era diferente das lutas medievais entre papas e imperadores. O patriotismo dos povos começou a manifestar-se, mostrando-se inconformados com a autoridade estrangeira sobre suas próprias igrejas nacionais; resistindo à nomeação de bispos, abades e dignitários da igreja feitas por um papa que vivia em um país distante. Não se conformava, o povo, com a contribuição do "óbolo de S. Pedro", para sustentar o papa e para a construção de majestosos templos em Roma. Havia uma determinação de reduzir o poder dos concílios eclesiásticos, colocando o clero sob o poder das mesmas leis e tribunais que serviam para os leigos. Esse espírito nacionalista era um sustentáculo do movimento da Reforma. Além disso esse nacionalismo se opunha ao envio de dinheiro à Igreja Católica em Roma, especialmente incitado pela nova classe social a burguesia.
CAUSAS INTELECTUAIS - Renascença
Durante a Idade Média o interesse dos estudiosos havia sido orientado para a verdade religiosa, com a filosofia relacionada com a religião. Os principais pensadores e escritores eram homens pertencentes à igreja. Porém, no período da Renascença, surgiu um novo interesse pela literatura clássica, pelo grego e pelo latim, pelas artes, de forma inteiramente separada da religião. Por via de tal interesse, apareceram os primeiros vislumbres da ciência moderna. Os dirigentes do movimento, de modo geral, não eram sacerdotes nem monges, e sim leigos, especialmente na Itália, onde teve início a Renascença, não como um movimento religioso, mas literário; não abertamente anti-religioso, porém cético e investigador. A maioria dos estudiosos italianos desse período eram homem destituídos de vida religiosa; até os próprios papas (Nicolau V (1447-1455), Júlio II (1441-1513), Leão X (1475-1521)dessa época destacavam-se mais por sua cultura do que pela fé.
No norte dos Alpes, na Alemanha, na Inglaterra, e na França o movimento possuía sentimento religioso, despertando novo interesse pelas Escrituras, pelas línguas grega e hebraica, levando o povo a investigar os verdadeiros fundamentos da fé, independente dos dogmas de Roma; destacaram-se Erasmo (1466-1536) que publicou um Novo Testamento grego em 1516 e o livro O Elogio da Loucura (1510), além de outras obras importantes. Por toda parte, de norte a sul, a Renascença solapava a igreja católica romana.
CAUSAS MORAIS
- venda de cargos eclesiásticos
- casamentos ilicitos de sacerdotes
- prostituição do clero
CAUSAS TECNOLÓGICAS
Em 1455, em Mogúncia, no Reno, o alemão Johann Gutenberg desenvolveu a tipografia - processo de impressão com tipos móveis de metal- cuja difusão contribuiu para aumentar a produção de livros, entre eles a BÍBLIA, que podia chegar as mãos de um número maior de pessoas e fieis. Isso favoreceu o surgimento de novas interpretações dos textos cristãos, nem sempre em harmonia com a Igreja Católica. Com isso a invenção da imprensa veio a ser um arauto e aliado da Reforma que se aproximava. Antes de se inventar a imprensa, os livros eram copiados a mão. Uma Bíblia, na Idade Média, custava o salário de um ano de um operário. É muito significativo o fato de o primeiro livro impresso por Gutemberg haver sido a Bíblia, demonstrando, assim, o desejo dessa época. A imprensa possibilitou o uso comum das Escrituras, e incentivou a tradução e a circulação da Bíblia em todos os idiomas da Europa. As pessoas que liam a Bíblia, prontamente se convenciam de que a igreja papal estava muito distanciada do ideal do Novo Testamento. Os novos ensinos dos Reformadores, logo que eram escritos, também eram logo publicados em livros e folhetos, e circulavam aos milhões em toda a Europa.
CAUSAS TEOLÓGICAS
Enquanto o espírito de reforma e de independência despertava a Europa, a chama desse movimento começou a arder primeiramente na Alemanha, no eleitorado da Saxônia, sob a direção de Martinho Lutero, monge e professor da Universidade de Wittenberg.
A-Venda de Indulgências
O papa reinante, Leão X, em razão da necessidade de avultadas somas para terminar as obras da Basílica de S. Pedro em Roma, permitiu que um seu enviado, João Tetzel, percorresse a Alemanha vendendo bulas, assinadas pelo papa, as quais, dizia, possuíam a virtude de conceder perdão de todos os pecados, não só aos possuidores da bula, mas também aos amigos, mortos ou vivos, em cujo nome fossem as bulas compradas, sem necessidade de confissão, nem absolvição pelo sacerdote. Tetzel fazia esta afirmação ao povo: "Tão depressa o vosso dinheiro caia no cofre, a alma de vossos amigos subirá do purgatório ao céu." Lutero, por sua vez, começou a pregar contra Tetzel e sua campanha de venda de indulgências, denunciando como falso esse ensino.
Na manhã do dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou na porta da Catedral de Wittenberg um pergaminho que continha noventa e cinco teses ou declarações, quase todas relacionadas com a venda de indulgências; porém em sua aplicação atacava a autoridade do papa e do sacerdócio. Os dirigentes da igreja procuravam em vão restringir e lisonjear Martinho Lutero. Ele, porém, permaneceu firme, e os ataques que lhe dirigiam, apenas serviram para tornar mais resoluta sua oposição às doutrinas não apoiadas nas Escrituras Sagradas. Após longas e prolongadas controvérsias e a publicação de folhetos que tornaram conhecidas as opiniões de Lutero em toda a Alemanha, seus ensinos foram formalmente condenados.
Lutero foi excomungado por uma bula 6 do papa Leão X, no mês de junho de 1520. Pediram então ao eleitor Frederico da Saxônia que entregasse preso Lutero, a fim de ser julgado e castigado. Entretanto, em vez de entregar Lutero, Frederico deu-lhe ampla proteção, pois simpatizava com suas idéias. Martinho Lutero recebeu a excomunhão como um desafio, classificando-a de "bula execrável do anticristo". No dia 10 de dezembro, Lutero queimou a bula, em reunião pública, à porta de Wittemberg, diante de uma assembléia de professores, estudantes e do povo. Juntamente com a bula, Lutero queimou também cópias dos cânones ou leis estabelecidas por autoridades. Os decretos do papa chamavam-se "bulas"; a palavra bula quer dizer "selo". O nome é aplicado a qualquer documento selado com selo oficial. romanas. Esse ato constituiu a renúncia definitiva de Lutero à igreja católica romana.
Em 1521 Lutero foi citado a comparecer ante a Dieta do Concílio Supremo do Reno. O novo imperador Carlos V concedeu um salvo-conduto a Lutero, para comparecer em Worms. Apesar de advertido por seus amigos de que poderia ter a mesma sorte de João Huss, que nas mesmas circunstâncias, no Concílio de Constança, em 1415, apesar de possuir um salvo-conduto, foi morto por seus inimigos, Lutero respondeu-lhes: "Irei a Worms ainda que me cerquem tantos demônios quantas são as telhas dos telhados." Finalmente, no dia 17 de abril de 1521 Lutero compareceu ante a Dieta, presidida pelo imperador. Em resposta a um pedido de que se retratasse, e renegasse o que havia escrito, após algumas considerações respondeu que não podia retratar-se, a não ser que fosse desaprovado pelas Escrituras e pela razão, e terminou com estas palavras: "Aqui estou. Não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém." Instaram com o imperador Carlos para que prendesse Lutero, apresentando como razão, que a fé não podia ser confiada a hereges.
Contudo, Lutero pôde deixar Worms em paz. Enquanto viajava de regresso à sua cidade, Lutero foi cercado e levado por soldados do eleitor Frederico para o castelo de Wartzburg, na Turíngia. Ali permaneceu Lutero guardado, em segurança e disfarçado, durante um ano, enquanto as tempestades de guerra e revoltas rugiam no império. Entretanto, durante esse tempo, Lutero não permaneceu ocioso; nesse período traduziu o Novo Testamento para a língua alemã, obra que por si só o teria imortalizado, pois essa versão é considerada como o fundamento do idioma alemão escrito. Isto aconteceu no ano de 1521. O Antigo Testamento só foi completado alguns anos mais tarde. Ao regressar do castelo de Wartzburg a Wittenberg, Lutero reassumiu a direção do movimento a favor da igreja Reformada, exatamente a tempo de salvá-la de excessos extravagantes. A divisão dos vários estados alemães, em ramos Reformados e romanos, deu-se entre o Norte e o Sul. Os príncipes meridionais, dirigidos pela Áustria, aderiram a Roma, enquanto os do Norte se tornaram seguidores de Lutero. Em 1529 a Dieta reuniu-se na cidade de Espira, com o objetivo de reconciliar as partes em luta. Nessa reunião da Dieta os governadores católicos, que tinham maioria, condenaram as doutrinas de Lutero. Os príncipes resolveram proibir qualquer ensino do luteranismo nos estados em que dominassem os católicos. Ao mesmo tempo determinaram que nos estados em que governassem luteranos, os católicos poderiam exercer livremente sua religião. Os príncipes luteranos protestaram contra essa lei desequilibrada e odiosa. Desde esse tempo ficaram conhecidos como protestantes, e as doutrinas que defendiam também ficaram conhecidas como religião protestante.
b-Comercio de Relíquias sagradas
Todo tipo de relíquias sagradas eram vendidas como pregos, pedaços da cruz, etc.
CAUSAS TECNOLÓGICAS
A utilização da imprensa potencializou a divulgação de bíblias, panfletos e livros fazendo com queas idéias reformistas fossem propagadas de forma intensa e barata.
BIBLIOGRAFIA:
A História da Civilização VI- A Reforma. Will Durant. 2ª edição. Editora Record
História Ilustrada do Cristianismo. Vol. 1. Justo L. Gonzalez. São paulo: Vida Nova, 2ª edição, 2011.
O Cristianismo através dos séculos. Earle E. Cairns. São Paulo: Vida Nova. 2ª edição, 1998.
http://www.newadvent.org/cathen/13490a.htm
http://www.solanoportela.net/artigos/savonarola.htm
https://www.britannica.com/biography/Girolamo-Savonarola
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