Este trabalho é dividido nas seguintes partes:
1- Introdução
2- Acertos do livro
3- Erros e Contradições do livro
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A hipótese (gradualismo) de que a evolução prossegue através da acumulação lenta de pequenas mutações genéticas e/ou recombinação gênica tem sido contestada por vários biólogos que argumentam que a especiação observada no registro fóssil não parece ser gradual, e que novas espécies podem aparecer repentinamente.
Dando suporte a este ponto de vista, está o fato de que as modificações graduais ou a transição de uma espécie para outra em geral faltam no registro fóssil. Existe com frequência uma lacuna entre formas reconhecidamente aparentadas, porém distintas. Com efeito, nos raros casos em que uma espécie é representada por uma longa seqüência de fósseis, suas características, quase sempre, mostram variação, mas não uma mudança direcional, como esperada, se a seleção natural estivesse operando.
Mais do que progredir através do acúmulo constante de pequenas modificações na estrutura, na fisiologia e no comportamento, a evolução parece alternar-se entre períodos de rápida modificação e períodos nos quais pouca ou nenhuma mudança ocorre (ESTASE ). O equilíbrio pontuado explicaria a existência de espécies reconhecíveis ao longo do tempo. Se espécies aparecem repentinamente através de súbitos ajustes estruturais genéticos, e então permanecem em equilíbrio estável até a próxima pontuação; então, essas espécies representam entidades distintas com estruturas e períodos de existência definidos
Esta controvérsia entre as duas hipóteses está ilustrada na Figura 26.2. Durante o processo de especiação, uma nova espécie diverge como uma pequena população isolada da sua espécie parental. De acordo com o modelo gradualista, as espécies descendentes de um ancestral comum, assim que adquirem adaptações únicas, divergem mais e mais em sua morfologia. Os proponentes do modelo do equilíbrio pontuado acreditam que uma nova espécie se altera muito quando se separa de sua linhagem parental e, depois, se modifica minimamente para o resto de sua existência.
GRADUALISMO
Um dos mais difíceis assuntos da Biologia Evolutiva, ainda um tema polêmico, é o fato de Darwin ter estado ou não certo quando argumentou que a evolução se processa por pequenas mudanças sucessivas. O principal problema reside no fato de que vários táxons superiores (por exemplo: o filo animal, ordens de insetos e de mamíferos) serem muito diferentes e não estarem conectados por estados intermediários. O termo gradualismo tem sido utilizado em dois sentidos distintos.
O primeiro é o sentido que o próprio Darwin originou: a evolução acontece de forma gradual. Assim, a diferença entre organismos evoluiu por meio de formas intermediárias que atuaram como inúmeras pequenas etapas entre um organismo e outro.
SALTACIONISMO
O oposto de evolução gradual é evolução em saltos ou SALTACIONISMO (grandes diferenças evoluíram por saltos, sem intermediários entre os estados ancestrais e os descendentes). Darwin foi obrigado a postular que as formas intermediárias haviam sido extintas e a admitir que o registro fóssil fosse extremamente incompleto, visto que se desconheciam (e permanecem desta forma até o presente) formas intermediárias para diversos organismos vivos e linhagens fósseis.
A gradualidade da evolução darwiniana tem pouca relação com a velocidade ou o ritmo da evolução; é um modo de alteração que depende do fenômeno populacional. A gradualidade diz respeito às mudanças nos organismos, provavelmente genéticas, entre duas gerações consecutivas (essas alterações estariam dentro da faixa de variação normal observada nas populações modernas). As alterações morfológicas podem surgir geologicamente de forma rápida, ainda que gradual. O segundo sentido de "gradualismo" é o de que as velocidades evolutivas são geologicamente lentas, constantes e comumente ORTOGENÉTICAS.
O oposto seria a evolução quântica (alterações morfológicas rápidas em uma escala geológica). Este segundo sentido é equivalente ao GRADUALISMO FILÉTICO denominado por N. Eldredge e S. Gould (ELDREDGE & GOULD, 1972). Esta não é a maneira como Darwin utilizou o termo gradualismo, embora alguns evolucionistas pós-Darwin o tenham feito.
O primeiro sentido lida com a maneira como a evolução ocorre, o segundo trata do ritmo do processo evolutivo. Esta diferença foi apontada por diversos cientistas proeminentes. O trabalho de ERNST MAYR no processo de especiação peripátrica serviu de base para a formulação da hipótese do equilíbrio pontuado. Em seu livro Um argumento extenso (One long argument) de 1997, Mayr afirma: “entender a independência da gradualidade e da velocidade evolutiva é importante para avaliar a hipótese do equilíbrio pontuado”.
Os argumentos utilizados pelos gradualistas contemporâneos em defesa desta hipótese são baseados: 1. na real existência, para alguns taxa, de intermediários entre espécies atuais e extintas; 2. em considerações funcionais a respeito da intrincada e harmoniosa construção dos organismos. Darwin acreditava que se um caráter evolui, a seleção natural deve causar alterações compensatórias nos caracteres com funções interativas, equilibrando o dano da mutação; 3. nos efeitos adaptativos das mutações. Muitas mutações discretas (por exemplo, cor do olho ou forma de asa em Drosophila) apresentam efeitos pleiotrópicos diversos (no exemplo de Drosophila essas mutações afetam a forma da espermateca – parte do sistema reprodutivo das fêmeas – diminuindo sua viabilidade); 4. na genética das diferenças das espécies: a impossibilidade de cruzamento entre espécies distintas (por não deixarem descendentes férteis) impede a determinação do número e do efeito fenotípico dos genes que resultam nas diferenças fenotípicas entre taxa mais primitivos
EQUILÍBRIO PONTUADO
Em 1972, NILES ELDREDGE e STEPHEN J AY GOULD publicaram sua hipótese do equilíbrio pontuado ou intermitente. Eles observaram que, na história de muitas linhagens fósseis, períodos longos, sem alterações – chamados estase – eram quebrados por curtos momentos de modificações rápidas, que não podiam ser observadas nos fósseis devido à sua velocidade, e que estes períodos menores estavam associados a eventos de especiação. Eles excederam tais observações, inferindo que a maior parte das alterações morfológicas ocorreu durante eventos de especiação.
Outra extrapolação derivada por Eldredge e Gould foi afirmarem que a maioria das espécies não se modificou muito durante a maior parte de suas vidas (diversos milhões de anos) e que quando houve modificações evolutivas, boa parte era CLADOGENÉTICA(ocorrendo durante eventos de especiação) em vez de ANAGENÉTICA(ocorrendo dentro de uma espécie).
As afirmações de Eldredge e Gould contradizem o gradualismo darwiniano, iniciando uma controvérsia que persiste até hoje. Seu efeito positivo foi o revigoramento da Paleontologia (lembre-se de que ambos possuem esta formação científica!), demonstrando que essa área de estudos revela padrões não previstos por processos microevolutivos, e que tinha contribuições singulares a fazer. Seu efeito negativo foi o exagero de diferenças entre os neontólogos e os paleontólogos, inibindo sua comunicação.
A hipótese do equilíbrio pontuado (EP) equipa os paleontólogos com uma explicação para os padrões que eles encontram no registro fóssil. Esse padrão inclui o característico surgimento abrupto de novas espécies, a relativa estabilidade da morfologia em espécies amplamente disseminadas, a distribuição de formas transicionais (quando estas são encontradas), as diferenças aparentes na morfologia entre espécies ancestral e filha, além do padrão de extinção das espécies.
As características principais do EP são:
• A Paleontologia deve se basear na Neontologia (estudo de espécies viventes ou recentemente extintas).
• A maior parte dos eventos de especiação ocorre por cladogênese.
• A maior parte dos eventos de especiação ocorre por especiação peripátrica.
• Espécies amplamente distribuídas modificam-se lentamente durante seu tempo de existência;
• As espécies-filhas desenvolvem-se em região geograficamente limitada.
• As espécies-filhas desenvolvem-se em limitada extensão estratigráfica, que é pequena em relação ao tempo total de existência da espécie ancestral;
• A amostragem do registro fóssil revela determinado padrão de estase para a maioria das espécies. O aparecimento repentino de novas espécies derivadas é conseqüência de sucessão ecológica e dispersão;
• As mudanças adaptativas nas linhagens ocorrem, na maior parte das vezes, durante períodos de especiação.
• As tendências adaptativas acontecem através de um mecanismo de seleção de espécies.
O EP depende do estudo de espécies modernas para seus princípios; isso ocorre porque o registro fóssil é incompleto. Essa imperfeição tem muitos fatores contribuintes. Os processos geológicos podem causar confusão ou erro, já que a velocidade de deposição de se dimentos pode variar, a erosão pode provocar o desaparecimento de algumas camadas, a compressão pode transformar os fósseis em um lixo irreconhecível, e vários outros motivos pelos quais um determinado registro fóssil acabe tornando-se o equivalente a um livro parcialmente queimado, totalmente desencadernado, do qual algumas páginas foram possivelmente embaralhadas e poucas permaneceram nas posições corretas. Além da Geologia, existe a Tafonomia – estudo de como os organismos tornam se preservados como fósseis. Aqui, outros fatores importantes estão envolvidos. As partes duras dos organismos fossilizam preferencialmente. As condições sob as quais até mesmo essas partes se fossilizam são bastante especiais. Tudo isso resulta em uma distribuição fortemente distorcida sobre as partes dos organismos que são fossilizadas e afeta o reconhecimento das características morfológicas que estarão disponíveis para uso na classificação das paleoespécies (espécies derivadas do estudo de fósseis). A questão geográfica entra nisso como conseqüência do fato de as linhagens atuais ocuparem nichos ecológicos que estão ligados a certas características geográficas de fossilização. Esses estudos indicam a importância da consideração das interações entre as espécies e as condições geográficas nas predições da distribuição e abundância de espécimes transicionais. Ainda que Eldredge e Gould reconheçam que os processos geológicos contribuem para a existência de "lacunas" no registro fóssil, afIrmam que o EP é notadamente a causa mais importante a ser considerada.
EQUILÍBRIO PONTUADO: A HIPÓTESE E SEUS CRÍTICOS
A Teoria Sintética da Evolução possui menos componentes propensos a má interpretação e crítica do que a hipótese do equilíbrio pontuado. Em alguns casos, afi rmações dos próprios autores, Niles Eldredge e Stephen Jay Gould, podem suscitar desconfianças e agirem como opositoras de si mesmas. O modelo pontuado de Eldredge e Gould foi muito publicado, mas, ironicamente, enquanto a hipótese foi desenvolvida especificamente para justificar a ausência de variedades transicionais entre as espécies, seu maior efeito parece ter sido o de haver chamado mais atenção para as lacunas no registro fóssil. Quando Eldredge aventou a questão com um grupo de escritores científicos, há alguns anos, suas conclusões foram amplamente reproduzidas e chegaram inclusive à primeira página do jornal inglês The Guardian Weekly; todavia, foi a ausência de formas transicionais que chamaram atenção, em particular do repórter, que intitulou o artigo de “Missing believed non-existent” (Ausência, acreditada como não-existente).
RICHARDS DAWKINS foi apelidado de “o menino mau do evolucionismo” devido ao seu espírito combativo em defesa do darwinismo. Valeu-se de sua inteligência e objetividade brilhantes para defender a Teoria da Evolução de Darwin e explicar as controvérsias criadas pelos criacionistas e pelos defensores de outras teorias evolutivas. No seu livro O relojoeiro cego, Richard Dawkins disserta sobre o equilíbrio pontuado: “Esta nova hipótese –equilíbrio pontuado – é a proposta feita pelos cientistas para lidar com o embaraço provocado pelo registro fóssil, de um modo geral, que se mostra na atualidade da mesma forma como foi encontrado em 1859, mesmo tendo-se em vista as "caçadas" intermitentes que lhe são feitas pelos especialistas. O que precisa ser dito agora, alto e bom som, é a verdade: que a teoria do equilíbrio pontuado reside solidamente dentro da síntese neodarwiniana. Sempre residiu. Levará tempo para corrigir o dano causado pela retórica excessiva, mas ele será corrigido” (DAWKINS, 1986).
CONCLUSÃO
As três hipóteses sobre a origem da diversidade das espécies, gradualismo, saltacionismo e equilíbrio pontuado, foram formuladas sobretudo com dados de morfologia e divergem principalmente quanto à forma como vêem o acúmulo de mutações (a velocidade evolutiva). Elas são utilizadas para explicar a diversidade da vida nos vários níveis hierárquicos, de espécies a fi los e reinos. A teoria do saltacionismo, que tem sido desacreditada pela nova Genética Molecular, estabelece que os BURACOS FENOTÍPICOS existam porque os intermediários nunca existiram, já que as espécies se originariam por meio de alterações drásticas (macromutações) que alterariam, e muito, o fenótipo gerando novas espécies." Controvérsias evolutivas III. Gradualismo e equilíbrio pontuado cederj p. 136-147
2- Acertos do livro
2.1 Religião e Ciências não são necessariamente contraditórios
p. 15

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