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quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Erros de Tradução- morcego é uma ave, lepra em roupa e nas paredes. Rodrigo Silva está certo e a bíblia errada?

A Bíblia diz que o morcego é uma ave?

A Bíblia está errada como ensina o Rodrigo Silva?




Ambas respostas tem um NÃO como resposta, pois:

1- A categoria (classificação) ave, mamífero, peixes, anfíbios, insetos é do século XVIII, portanto a bíblia não usa essas categorias no seu texto original em hebraico

2- A bíblia usa a categoria da época, logo não distingue por exemplo um golfinho ou baleia (mamíferos) de um tubarão (peixe). Ela a usa  a categoria de criaturas aquaticas. Da mesma forma utiliza termos genéricos para englobar aves, insetos e mamíferos, o termo hebraico Pwe ‘owph (criaturas voadorasprocedente de  Pwe ‘uwph  (voar).

3- Logo, o termo hebraico pode ser traduzido (de acordo com o contexto)como inseto , ave ou o seu significado literal, "criatura que voa".

4- Portanto de maneira alguma pode se dizer que a Bíblia ensina que o morcego é uma ave, pois a categoria (classificação taxonômica não existia)


Vejamos na tradução NVT onde as palavras em negrito (animais voadores e insetos alados) são provenientes do termo acima citado:

13 "Estes são os animais voadores que vocês considerarão detestáveis e não comerão: o abutre-fouveiro, o abutre-barbudo, o abutre-fusco,
14 o milhafre e todas as espécies de falcão,
15 todas as espécies de corvos,
16 a coruja-de-chifres, a coruja-do-campo, a gaivota, todas as espécies de gaviões,
17 o mocho-galego, o cormorão, o corujão,
18 a coruja-das-torres, a coruja-do-deserto, o abutre-do-egito,
19 a cegonha, todas as espécies de garças, a poupa e o morcego.
20 "Não comerão insetos alados que rastejam pelo chão, pois são detestáveis para vocês  

As diversas versões de Almeida (AR- Almeida Revisada), (AC- Almeida Contemporânea), (ARC- Almeida Revista e Corrigida), (ACR- Almeida Corrigida e Revisada -FIEL), (NAA- Nova Almeida Atualizada) e Almeida Séc. 21 usam o termo ave e engloba o morcego na categoria:


Lv 11:13 Das aves, estas abominareis; não se comerão, serão abominação: a águia, o quebrantosso e a águia marinha;
14 o milhano e o falcão, segundo a sua espécie,
15 todo corvo, segundo a sua espécie,
16 o avestruz, a coruja, a gaivota, o gavião, segundo a sua espécie,
17 o mocho, o corvo marinho, a íbis,
18 a gralha, o pelicano, o abutre,
19 a cegonha, a garça, segundo a sua espécie, a poupa e o morcego.
20 ¶ Todo inseto que voa, que anda sobre quatro pés será para vós outros abominação.

Essas traduções tem levado os ateus, e teólogos desinformados a criticarem não a tradução, mas o texto da Bíblia Original, justamente por causa de não examinarem o texto em hebraico. O leitor associa o termo ave ao termo morcego e daí vem a confusão.

Em Deuteronômio a mesma lei é repetida,  temos duas palavras hebraicas para as criaturas voadoras, nos versos v. 11 e 20, e se referem a pássaros e mamíferos . Lembrando que os hebreus ou qualquer outro povo  não distinguia (dentre as criaturas voadoras) mamíferos, de aves, ou de insetos
v. 11     06833 rwpu tsippowr ou  rpu tsippor

 v. 20     05775  Pwe ‘owph (criaturas voadoras) procedente de  Pwe ‘uwph  (voar)

procedente de 06852; DITAT-1959a; n. f.

 

1) pássaro, ave

1a) pássaro (singular)

1b) pássaros (coletivo)


Dt 14:11 "Vocês podem comer qualquer criatura voadora que seja cerimonialmente pura.
12 Estas são as criaturas voadoras que vocês não podem comer: o abutre-fouveiro, o abutre-barbudo, o abutre-fusco,
13 o milhafre, o falcão e todas as espécies de condores,
14 todas as espécies de corvos,
15 a coruja-de-chifres, a coruja-do-campo, a gaivota, todas as espécies de gaviões,
16 o mocho-galego, o corujão, a coruja-das-torres,
17 a coruja-do-deserto, o abutre-do-egito, o cormorão,
18 a cegonha, todas as espécies de garças, a poupa e o morcego.
19 "Todos os insetos alados que rastejam pelo chão são impuros para vocês, de modo que não podem comê-los.
20 Contudo, podem comer qualquer criatura voadora que seja cerimonialmente pura NVT

As versões de Almeida mantém a confusão:
Dt 14:11 Toda ave limpa comereis.
12 Estas, porém, são as que não comereis: a águia, o quebrantosso, a águia marinha,
13 o açor, o falcão e o milhano, segundo a sua espécie;
14 e todo corvo, segundo a sua espécie;
15 o avestruz, a coruja, a gaivota e o gavião, segundo a sua espécie;
16 o mocho, a íbis, a gralha,
17 o pelicano, o abutre, o corvo marinho,
18 a cegonha, e a garça, segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego.
19 Também todo inseto que voa vos será imundo; não se comerá.
20 Toda ave limpa comereis.


Lepra dá em roupas ou em paredes?

Não, se refere a fungos. O termo hebraico pode se referir a qualquer doença de pele, ou fungos em roupas e paredes

 Infelizmente algumas traduções cometem o erro, NVT e NVI e NTLH não:

Levítico 13:47  Quando também em alguma veste houver praga de lepra, veste de lã ou de linho,

Levítico 13:49  se a praga for esverdinhada ou avermelhada na veste, ou na pele, ou na urdidura, ou na trama, em qualquer coisa feita de pele, é a praga de lepra, e mostrar-se-á ao sacerdote.

Levítico 13:51  Então, examinará a praga ao sétimo dia; se ela se houver estendido na veste, na urdidura ou na trama, seja na pele, seja qual for a obra em que se empregue, é lepra maligna; isso é imundo.

Levítico 13:52  Pelo que se queimará aquela veste, seja a urdidura, seja a trama, de lã, ou de linho, ou qualquer coisa feita de pele, em que se acha a praga, pois é lepra maligna; tudo se queimará.

Levítico 13:55  o sacerdote, examinando a coisa em que havia praga, depois de lavada aquela, se a praga não mudou a sua cor, nem se espalhou, está imunda; com fogo a queimarás; é lepra roedora, seja no avesso ou no direito.

Levítico 13:57  Se a praga ainda aparecer na veste, quer na urdidura, quer na trama, ou em qualquer coisa feita de pele, é lepra que se espalha; com fogo queimarás aquilo em que está a praga.

Levítico 14:34  Quando entrardes na terra de Canaã, que vos darei por possessão, e eu enviar a praga da lepra a alguma casa da terra da vossa possessão,
35  o dono da casa fará saber ao sacerdote, dizendo: Parece-me que há como que praga em minha casa.
36  O sacerdote ordenará que despejem a casa, antes que venha para examinar a praga, para que não seja contaminado tudo o que está na casa; depois, virá o sacerdote, para examinar a casa,
37  e examinará a praga. Se, nas paredes da casa, há manchas esverdinhadas ou avermelhadas e parecem mais fundas que a parede,
38  então, o sacerdote sairá da casa e a cerrará por sete dias.
39  Ao sétimo dia, voltará o sacerdote e examinará; se vir que a praga se estendeu nas paredes da casa,
40  ele ordenará que arranquem as pedras em que estiver a praga e que as lancem fora da cidade num lugar imundo;
41  e fará raspar a casa por dentro, ao redor, e o pó que houverem raspado lançarão, fora da cidade, num lugar imundo.
42  Depois, tomarão outras pedras e as porão no lugar das primeiras; tomar-se-á outra argamassa e se rebocará a casa.
43  Se a praga tornar a brotar na casa, depois de arrancadas as pedras, raspada a casa e de novo rebocada,
44  então, o sacerdote entrará e examinará. Se a praga se tiver estendido na casa, há nela lepra maligna; está imunda.
45  Derribar-se-á, portanto, a casa, as pedras e a sua madeira, como também todo o reboco da casa; e se levará tudo para fora da cidade, a um lugar imundo.

"...purificação do “leproso” (ou seja, Lv 14.1-20: o termo leproso provavelmente se referia a qualquer um com sinais de doença infecciosa de pele). Milgrom argumenta que o leproso levava uma oferta pela culpa porque sua lepra talvez houvesse profanado o lugar santo de algum modo e em algum momento (Milgrom, 1991, 363-64; cf. 2Cr 26.16-19 e a literatura do OMA citada por ele). No entanto, há uma explicação melhor que leva em conta a estrutura mais ampla e a natureza da aliança estabelecida entre Javé e Israel (ver Ex 19—24) ". Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, p. 547 vol 1


3. A forma reduplicada yeraqraq (tf 3768) é o termo para uma cor secundária na cadeia do claro ou amarelo esverdeado (Brenner, 124). O termo ocorre nas regulamentações sobre o míldio na roupa e na casa (Lv 13.49; 14.37). As manchas dessa cor (esverdeado ou avermelhado, NIV) indicam a presença do míldio, uma contaminação que significava, para as vestimentas, para o couro e para a alvenaria, o mesmo que o $ãra 'at (’’lepra”) significava para os homens. Tendo em vista a dificuldade para a erradicação do míldio, eram tomados cuidados especiais, como o isolamento do material (Lv 13.47-59; 14.33-57). Não era permitida nenhuma situação de contágio ou infecção, que pudesse contaminar a purificação cerimonial da comunidade p. 544 vol 2


 q. sofre de doença de pele; pu. atacado de doença de pele (# 7665); ($ãra'at), subs. doença

AT Esse grupo de palavras forma um termo genérico para várias doenças de pele cuja maioria era benigna, sendo uma delas de caráter maligno. O subs. é usualmente vertido como “lepra”, servindo de designação abrangente para uma ampla variedade de enfermidades da pele, no mesmo sentido geral com o qual o termo “câncer” é empregado para descrever igualmente sarcomas e carcinomas.

As prescrições de higiene concernentes à lepra em Levítico 13-14 empregam terminologia obscura, causando dificuldades na tradução. Hlrtx podia acometer tanto pessoas como objetos materiais como casas (Lv 14.44), artigos de couro (14.55) e vestimentas (13.47, 59). O sacerdote, ao atuar como médico responsável pela saúde da comunidade, seguia um procedimento de diagnóstico criteriosamente definido a fim de isolar as condições benignas, nos casos de acne, psoríase e vitiligo, da forma maligna de conhecida pela medicina moderna como Mal de Hansen (lepra clínica). Quando se descobria em alguém indícios de inflamação localizada, uma área da pele com crosta ou inchação cor-de-rosa tendente a vermelho, a pessoa era trazida ao sacerdote para ser diagnosticada (13.9). Um período de isolamento dava ao sacerdote a condição necessária para considerar os diagnósticos possíveis, o que na prática era mera formalidade, uma vez que a lepra clínica já poderia estar suficientemente avançada para permitir o diagnóstico imediato. Diagnosticava-se como lepra se a área da pele considerada suspeita penetrasse a epiderme e o cabelo do local ficasse branco.

Ao ser diagnosticado, o leproso era declarado cerimonialmente impuro e expelido da comunidade para preservar a santidade dela e limitar a propagação da doença. Embora a maioria da erudição crítica negue a identificação da nsrtx maligna com a lepra clínica, sem, no entanto, propor uma alternativa convincente, uma comparação dos sinais e sintomas de Levítico com os do moderno Mal de Hansen, dissipam qualquer dúvida razoável sobre a questão. O fato é que basta minimamente qualquer um dos dois sintomas para se estabelecer a existência da lepra, antiga ou moderna. Embora os expositores da Bíblia tenham muitas vezes entendido a lepra Idem,vol 3, p. 843 


 Conclusão:

A classificação taxonômica de Lineu não é usada na bíblia, a bíblia usa termo genericos para se referir aos animais que voam, rastejam etc. Ou seja, a classificação de anfíbios, répteis, aves, mamíferos não eram usadas e se constiui erro dizer que um morcego é uma ave.

O pior de tudo é dizer que  A BÍBLIA está errada baseado em premissas falsas

1948 e o falso cumprimento de Is 66:8 -Mito da geração que não passará

Teoria da Geração Que Não Passará como sendo  a geração judaica do Sec. XX

a) data de 1948
  • Isaias 66:8 é tido por muitos como cumprido em 1948 como Fundação do Estado de Israel

  • Israel é a figueira  Mateus 24:32-36 Joel 1:12
  • A figueira floresceu em 1948. Salmos 90:10
  • A geração que viu a figueira florescer não passará até que Jesus volte.
  • Uma geração tem setenta a oitenta anos.
  • Logo: 1948 + 70 ou 80= 2018 a 2028
  • Ou divindo 400 anos por 4 gerações da 100 anos uma geração, o que daria 2048 Gn 15:13-16

 b) data  de 1967

Valnice MIlhomens usa a data de 1967, data que Israel toma para si Jerusalém e outros territórios

Ela toma uma geração como sendo 40 anos

1967 + 40 anos= 2007



Não há de duvidar que alguém usará a data de 1967 e somará 100 anos!!

Veja a refutação destas teorias em https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2015/10/alerta-estudiosos-calculam-que-jesus.html

SOBRE ISAÍAS 66:

Isaías 66:1  Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?
2  Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a existir, diz o SENHOR, mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra.
3  O que imola um boi é como o que comete homicídio; o que sacrifica um cordeiro, como o que quebra o pescoço a um cão; o que oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco; o que queima incenso, como o que bendiz a um ídolo. Como estes escolheram os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações,
4  assim eu lhes escolherei o infortúnio e farei vir sobre eles o que eles temem; porque clamei, e ninguém respondeu, falei, e não escutaram; mas fizeram o que era mau perante mim e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.
5  Ouvi a palavra do SENHOR, vós, os que a temeis: Vossos irmãos, que vos aborrecem e que para longe vos lançam por causa do vosso amor ao meu nome e que dizem: Mostre o SENHOR a sua glória, para que vejamos a vossa alegria, esses serão confundidos.
6  Voz de grande tumulto virá da cidade, voz do templo, voz do SENHOR, que dá o pago aos seus inimigos.
7  Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, nasceu-lhe um menino.
8  Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisa semelhante? Pode, acaso, nascer uma terra num só dia? Ou nasce uma nação de uma só vez? Pois Sião, antes que lhe viessem as dores, deu à luz seus filhos.
9  Acaso, farei eu abrir a madre e não farei nascer? —diz o SENHOR; acaso, eu que faço nascer fecharei a madre? —diz o teu Deus.
10  Regozijai-vos juntamente com Jerusalém e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; exultai com ela, todos os que por ela pranteastes,
11  para que mameis e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis e vos deleiteis com a abundância da sua glória.
12  Porque assim diz o SENHOR: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações, como uma torrente que transborda; então, mamareis, nos braços vos trarão e sobre os joelhos vos acalentarão.
13  Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.
14  Vós o vereis, e o vosso coração se regozijará, e os vossos ossos revigorarão como a erva tenra; então, o poder do SENHOR será notório aos seus servos, e ele se indignará contra os seus inimigos.
15  Porque eis que o SENHOR virá em fogo, e os seus carros, como um torvelinho, para tornar a sua ira em furor e a sua repreensão, em chamas de fogo,
16  porque com fogo e com a sua espada entrará o SENHOR em juízo com toda a carne; e serão muitos os mortos da parte do SENHOR.
17  Os que se santificam e se purificam para entrarem nos jardins após a deusa que está no meio, que comem carne de porco, coisas abomináveis e rato serão consumidos, diz o SENHOR.
18  Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos e venho para ajuntar todas as nações e línguas; elas virão e contemplarão a minha glória.
19  Porei entre elas um sinal e alguns dos que foram salvos enviarei às nações, a Társis, Pul e Lude, que atiram com o arco, a Tubal e Javã, até às terras do mar mais remotas, que jamais ouviram falar de mim, nem viram a minha glória; eles anunciarão entre as nações a minha glória.
20  Trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por oferta ao SENHOR, sobre cavalos, em liteiras e sobre mulas e dromedários, ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o SENHOR, como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas de manjares, em vasos puros à Casa do SENHOR.
21  Também deles tomarei a alguns para sacerdotes e para levitas, diz o SENHOR.
22  Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome.
23  E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR.
24  Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mimporque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne.

 Resposta:
A profecia se refere a eventos passados e futuros, onde Jerusalem e o templo foram reconstruídos-  ver Esdras e Neemias, Em 1948 nem o templo foi construído nem Jerusalém foi dada a Israeal, Israel só teve o controle de Jerusalém em 1967 e até hoje não reconstruiu o templo.. Portanto afirmar que 1948 cumpre a profecia de Is 66 é desconhecer a Bíblia e a história:


1- O texto cita a reconstrução do templo e isso se cumpriu na época de Esdras e Neemias. O templo atualmente de Jersualém está destruido, (70 d.C) e em cima está a Esplanada das Mesquitas, mas especificamente onde está o Domo da Rocha
O livro de Isaías foi escrito no século 8 a.C. O retorno do exílio à terra aconteceu no século VI a.C. O templo foi reconstruído por volta de 516 a.C. (Esdras 6:15). Um segundo retorno ocorreu por volta de 458 a.C., liderado por Esdras (Esdras 7-8; ver Isa. 11:11). Neemias reconstrói os muros ao redor de Jerusalém em 445 a.C. (Neemias 1:1-7:73).


A destruição de Jerusalém em 587 a.C. havia deixado marcas na cidade que não foram removidas até que Neemias reconstruiu os muros em 437 a.C. Neemias levou apenas dois anos para terminar o muro


2- O texto cita Jerusalem por diversas vezes e em 1948 Jerusalém não foi dada a Israel, era cidade internacional. 

Resolução 181 das Nações Unidas , resolução aprovada pelaAssembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 1947, que apelou àpartição da Palestina em estados árabes e judeus, com a cidade de Jerusalém como um corpus separatum (latim: “entidade separada”) a ser governada por um regime internacional especial. A resolução — que foi considerada pela comunidade judaica emA Palestina será uma base legal para o estabelecimento de Israel , que foi rejeitado pela comunidade árabe, foi sucedido quase imediatamente pela violência ( ver Guerra Árabe-Israelense de 1948 ). https://www.britannica.com/topic/United-Nations-Resolution-181

Parte III. - Cidade de Jerusalém (5)
A. REGIME ESPECIAL

A Cidade de Jerusalém será estabelecida como um corpus separatum sob um regime internacional especial e será administrada pelas Nações Unidas. O Conselho de Tutela será designado para desempenhar as responsabilidades da Autoridade Administrativa em nome das Nações Unidas.

 

C. ESTATUTO DA CIDADE

O Conselho de Tutela deverá, no prazo de cinco meses a partir da aprovação do presente plano, elaborar e aprovar um estatuto detalhado da Cidade que deverá conter, inter alia, o conteúdo das seguintes disposições:

Máquinas governamentais; objetivos específicos. A Autoridade Administrativa, no cumprimento de suas obrigações administrativas, deverá perseguir os seguintes objetivos específicos:

Proteger e preservar os interesses espirituais e religiosos únicos localizados na cidade das três grandes religiões monoteístas do mundo: cristã, judaica e muçulmana; para esse fim, garantir que a ordem e a paz, e especialmente a paz religiosa, reinem em Jerusalém;

Promover a cooperação entre todos os habitantes da cidade em seus próprios interesses, bem como para encorajar e apoiar o desenvolvimento pacífico das relações mútuas entre os dois povos palestinos em toda a Terra Santa; promover a segurança, o bem-estar e quaisquer medidas construtivas de desenvolvimento dos moradores, levando em consideração as circunstâncias e os costumes especiais dos vários povos e comunidades.

Governador e equipe administrativa. Um Governador da Cidade de Jerusalém será nomeado pelo Conselho de Tutela e responderá perante ele. Ele será selecionado com base em qualificações especiais e sem levar em conta a nacionalidade. No entanto, não poderá ser cidadão de nenhum dos Estados da Palestina.

O Governador representará as Nações Unidas na Cidade e exercerá em seu nome todos os poderes administrativos, incluindo a condução de assuntos externos. Ele será assistido por uma equipe administrativa classificada como oficiais internacionais, na acepção do Artigo 100 da Carta, e escolhida, sempre que possível, entre os residentes da cidade e do restante da Palestina, de forma não discriminatória. Um plano detalhado para a organização da administração da cidade será submetido pelo Governador ao Conselho de Tutela e devidamente aprovado por este.

3. Autonomia local

As unidades autônomas locais existentes no território da cidade (vilas, vilas e municípios) gozarão de amplos poderes de governo e administração local.

O Governador estudará e submeterá à consideração e decisão do Conselho de Tutela um plano para o estabelecimento de unidades urbanas especiais, constituídas, respectivamente, pelas seções judaica e árabe da Nova Jerusalém. As novas unidades urbanas continuarão a fazer parte do atual município de Jerusalém.

Medidas de segurança

A Cidade de Jerusalém será desmilitarizada; a neutralidade será declarada e preservada, e nenhuma formação, exercício ou atividade paramilitar será permitida dentro de suas fronteiras.

Caso a administração da Cidade de Jerusalém seja seriamente obstruída ou impedida pela falta de cooperação ou interferência de um ou mais setores da população, o Governador terá autoridade para tomar as medidas necessárias para restaurar o funcionamento efetivo da administração.

Para auxiliar na manutenção da lei e da ordem interna, especialmente para a proteção dos Lugares Sagrados e dos edifícios e locais religiosos da cidade, o Governador organizará uma força policial especial com efetivo adequado, cujos membros serão recrutados fora da Palestina. O Governador terá poderes para direcionar as verbas orçamentárias necessárias à manutenção dessa força.

Organização Legislativa.

Um Conselho Legislativo, eleito pelos moradores adultos da cidade, independentemente de nacionalidade, com base no sufrágio universal e secreto e na representação proporcional, terá poderes legislativos e tributários. Nenhuma medida legislativa, contudo, entrará em conflito ou interferirá com as disposições estabelecidas no Estatuto da Cidade, nem qualquer lei, regulamento ou ato oficial prevalecerá sobre elas. O Estatuto concederá ao Governador o direito de vetar projetos de lei inconsistentes com as disposições mencionadas na frase anterior. Também o autorizará a promulgar decretos provisórios caso o Conselho não adote, a tempo, um projeto de lei considerado essencial ao funcionamento normal da administração.

Administração da Justiça.

O Estatuto prevê o estabelecimento de um sistema judiciário independente, incluindo um tribunal de apelação. Todos os habitantes da cidade estarão sujeitos a ele.

União Econômica e Regime Econômico.

A Cidade de Jerusalém será incluída na União Econômica da Palestina e estará vinculada a todas as estipulações do acordo e de quaisquer tratados emitidos a partir dele, bem como às decisões do Conselho Econômico Conjunto. A sede do Conselho Econômico será estabelecida no território da Cidade. O Estatuto disporá sobre a regulamentação de questões econômicas que não se enquadrem no regime da União Econômica, com base na igualdade de tratamento e na não discriminação para todos os membros das Nações Unidas e seus cidadãos.

Liberdade de Trânsito e Visita: Controle de moradores.

Sujeito a considerações de segurança e bem-estar econômico, conforme determinado pelo Governador, sob as instruções do Conselho de Tutela, a liberdade de entrada e residência dentro dos limites da Cidade será garantida aos residentes ou cidadãos dos Estados Árabes e Judeus. A imigração e a residência dentro dos limites da Cidade para cidadãos de outros Estados serão controladas pelo Governador, sob as instruções do Conselho de Tutela.

Relações com os Estados Árabes e Judeus. Representantes dos Estados Árabes e Judeus serão credenciados perante o Governador da Cidade e incumbidos de proteger os interesses de seus Estados e cidadãos em relação à administração internacional da Cidade.

Línguas oficiais.

Árabe e hebraico serão os idiomas oficiais da cidade. Isso não impedirá a adoção de um ou mais idiomas de trabalho adicionais, conforme necessário.

Cidadania.

Todos os residentes se tornarão cidadãos ipso facto da Cidade de Jerusalém, a menos que optem pela cidadania do Estado do qual são cidadãos ou, se forem árabes ou judeus, tenham apresentado notificação de intenção de se tornarem cidadãos do Estado árabe ou judeu, respectivamente, de acordo com a Parte 1, seção B, parágrafo 9, deste Plano.

O Conselho de Tutela tomará providências para a proteção consular dos cidadãos da Cidade fora de seu território.

Liberdades dos cidadãos

Sujeito apenas às exigências da ordem pública e da moral, aos habitantes da Cidade será assegurado o gozo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de consciência, de religião e de culto, de língua, de educação, de expressão e de imprensa, de reunião e de associação, e de petição.

Não haverá discriminação de nenhum tipo entre os habitantes com base em raça, religião, idioma ou sexo.

Todas as pessoas na Cidade terão direito à igual proteção das leis.

O direito de família e o status pessoal das diversas pessoas e comunidades, bem como seus interesses religiosos, incluindo dotações, serão respeitados.

Exceto quando necessário para a manutenção da ordem pública e do bom governo, nenhuma medida será tomada para obstruir ou interferir na iniciativa de entidades religiosas ou de caridade de todas as crenças ou para discriminar qualquer representante ou membro dessas entidades com base em sua religião ou nacionalidade.

A Cidade garantirá educação primária e secundária adequada para as comunidades árabe e judaica, respectivamente, em suas próprias línguas e de acordo com suas tradições culturais.

O direito de cada comunidade de manter suas próprias escolas para a educação de seus membros em sua própria língua, desde que em conformidade com os requisitos educacionais de natureza geral impostos pela Cidade, não será negado nem prejudicado. Os estabelecimentos de ensino estrangeiros continuarão suas atividades com base em seus direitos existentes.

Nenhuma restrição será imposta ao livre uso por qualquer habitante da Cidade de qualquer idioma em relações privadas, no comércio, na religião, na imprensa ou em publicações de qualquer tipo, ou em reuniões públicas.

Lugares Sagrados Os direitos existentes em relação a Lugares Sagrados e edifícios ou locais religiosos não serão negados ou prejudicados.

O livre acesso aos Lugares Santos e aos edifícios ou locais religiosos, bem como o livre exercício do culto, serão assegurados em conformidade com os direitos existentes e sujeitos às exigências da ordem pública e do decoro.

Lugares Sagrados e edifícios ou locais religiosos serão preservados. Nenhum ato será permitido que possa, de alguma forma, prejudicar seu caráter sagrado. Se, a qualquer momento, o Governador considerar que algum Lugar Sagrado, edifício ou local religioso específico necessita de reparos urgentes, o Governador poderá convocar a(s) comunidade(s) envolvida(s) para realizar tais reparos. O Governador poderá realizá-los ele mesmo, às custas da(s) comunidade(s) envolvida(s), caso nenhuma providência seja tomada dentro de um prazo razoável.

Não será cobrada nenhuma tributação sobre qualquer Lugar Sagrado, edifício ou local religioso que estivesse isento de tributação na data da criação da Cidade. Não será feita nenhuma alteração na incidência de tal tributação que discrimine entre os proprietários ou ocupantes de Lugares Sagrados, edifícios ou locais religiosos, ou que coloque tais proprietários ou ocupantes em uma posição menos favorável em relação à incidência geral de tributação do que a existente no momento da adoção das recomendações da Assembleia.

Poderes especiais do Governador em relação aos Lugares Sagrados, edifícios religiosos e locais na Cidade e em qualquer parte da Palestina.

A proteção dos Lugares Sagrados, edifícios e sítios religiosos localizados na Cidade de Jerusalém será uma preocupação especial do Governador. Em relação a tais lugares, edifícios e sítios na Palestina fora da cidade, o Governador determinará, com base nos poderes que lhe são conferidos pela Constituição de ambos os Estados, se as disposições da Constituição dos Estados Árabe e Judeu na Palestina que tratam desses lugares, bem como os direitos religiosos a eles pertinentes, estão sendo devidamente aplicadas e respeitadas.

O Governador também terá autoridade para tomar decisões com base nos direitos existentes em casos de disputas que possam surgir entre diferentes comunidades religiosas ou entre os ritos de uma comunidade religiosa em relação aos Lugares Sagrados, edifícios religiosos e locais em qualquer parte da Palestina.

Nessa tarefa, ele pode ser auxiliado por um conselho consultivo de representantes de diferentes denominações, atuando em caráter consultivo.
D. DURAÇÃO DO REGIME ESPECIAL

O Estatuto, elaborado pelo Conselho de Tutela, com base nos princípios acima mencionados, entrará em vigor o mais tardar em 1º de outubro de 1948. Permanecerá em vigor, inicialmente, por um período de dez anos, a menos que o Conselho de Tutela considere necessário reexaminar essas disposições em data anterior. Após o término desse período, todo o projeto será submetido à análise do Conselho de Tutela, à luz da experiência adquirida com seu funcionamento. Os moradores da cidade terão então a liberdade de expressar, por meio de referendo, sua vontade quanto a possíveis modificações no regime da cidade.
Parte IV. Capitulações

Os Estados cujos cidadãos desfrutaram no passado na Palestina dos privilégios e imunidades de estrangeiros, incluindo os benefícios da jurisdição e proteção consular, como anteriormente desfrutados por capitulação ou uso no Império Otomano, são convidados a renunciar a qualquer direito pertencente a eles ao restabelecimento de tais privilégios e imunidades nos propostos Estados Árabes e Judeus e na Cidade de Jerusalém.

Aprovado na 128ª reunião plenária:

A favor: 33

Austrália, Bélgica, Bolívia, Brasil, RSS da Bielorrússia, Canadá, Costa Rica, Tchecoslováquia, Dinamarca, República Dominicana, Equador, França, Guatemala, Haiti, Islândia, Libéria, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, Nicarágua, Noruega, Panamá, Paraguai, Peru, Filipinas, Polônia, Suécia, RSS da Ucrânia, União da África do Sul, EUA, URSS, Uruguai, Venezuela.

Contra: 13

Afeganistão, Cuba, Egito, Grécia, Índia, Irã, Iraque, Líbano, Paquistão, Arábia Saudita, Síria, Turquia, Iêmen.

Abstenção: 10

Argentina, Chile, China, Colômbia, El Salvador, Etiópia, Honduras, México, Reino Unido, Iugoslávia. 
https://docs.un.org/A/RES/181(II)

3- O texto fala de pessoas sendo enviadas às nações, o que aconteceu com os judeus convertidos 
  At 8:4-5Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.
  Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo.

4-O texto cita o juizo futuro do Senhor conhecido como dia do Senhor que ainda não aconteceu

5- O texto fala do Novo Céu e Nova Terra, que também é futuro.



 . 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Noé amaldiçoou os africanos com a pele negra e com a escravidão? Resposta Bíblica a Marco Feliciano ao youtuber Pirula e outros


Até mesmo um deputado federal  e pastor chegou a afirmar:

"Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss"  disse Marco Felciano no Twiter em 2011 https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2011/03/31/deputado-federal-diz-no-twitter-que-africanos-descendem-de-ancestral-amaldicoado.htm

Pirulla num recente video ( 3 de maio de 2025) repetiu o erro e citou o próprio Feliciano

 

Resposta:


Gênesis 9:22  Cam, pai de Canaãvendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos.
Gênesis 9:23  Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviadoscobriram a nudez do pai, sem que a vissem.
Gn 9:24  Despertando Noé do seu vinho, soube o que lhe fizera o filho mais moço
25 e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos.
26 E ajuntou: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo.
27 Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo.
28 ¶ Noé, passado o dilúvio, viveu ainda trezentos e cinqüenta anos.
29 Todos os dias de Noé foram novecentos e cinqüenta anos; e morreu.


10:1 ¶São estas as gerações dos filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé; e nasceram-lhes filhos depois do dilúvio.
2 Os filhos de Jafé são: Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras.
3 Os filhos de Gomer são: Asquenaz, Rifate e Togarma.
4 Os de Javã são: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim.
5 Estes repartiram entre si as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, em suas nações.
6 ¶ Os filhos de Cam: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.

Resposta resumo:

a- Canaã não fica na África e sim no Oriente próximo, africanos não são descendentes dele. (veja na genealogia e no mapa). Os africanos não descendem de Canaã, mas de outros filhos de Cam , pai de Canaã

b- Canaã não é filho de Noé e sim neto.

c- Canaã não recebeu maldição de  pele negra.

d- A profecia preditiva de escravidão foi dada aos descendentes futuros de Canaã  e não dos africanos

Gn 9:29 Todos os dias de Noé foram novecentos e cinqüenta anos; e morreu.
10:1  São estas as gerações dos filhos de Noé, Sem, Cam e Jafé; e nasceram-lhes filhos depois do dilúvio.
2 Os filhos de Jafé são: Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras.
3 Os filhos de Gomer são: Asquenaz, Rifate e Togarma.
4 Os de Javã são: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim.
5 Estes repartiram entre si as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, em suas nações.
6 ¶ Os filhos de Cam: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.





Resposta:
1- A bíblia cita vários motivos da rejeição dos cananeus, além das sexuais de Lv 18 e 20 inclusive por praticas religiosas

Lv 18:17  A nudez de uma mulher e de sua filha não descobrirás; não tomarás a filha de seu filho, nem a filha de sua filha, para lhe descobrir a nudez; parentes são; maldade é.
18  E não tomarás com tua mulher outra, de sorte que lhe seja rival, descobrindo a sua nudez com ela durante sua vida.
19 ¶ Não te chegarás à mulher, para lhe descobrir a nudez, durante a sua menstruação.
20  Nem te deitarás com a mulher de teu próximo, para te contaminares com ela.
21  E da tua descendência não darás nenhum para dedicar-se a Moloque, nem profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o SENHOR.
22  Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação.
23  Nem te deitarás com animal, para te contaminares com ele, nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; é confusão.
24  Com nenhuma destas coisas vos contaminareis, porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que eu lanço de diante de vós.
25  E a terra se contaminou; e eu visitei nela a sua iniqüidade, e ela vomitou os seus moradores.

Dt 18:9 ¶ Quando entrares na terra que o SENHOR, teu Deus, te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos.
10 Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;
11 nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
12 pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR, teu Deus, os lança de diante de ti.
13 Perfeito serás para com o SENHOR, teu Deus.
14 Porque estas nações que hás de possuir ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR, teu Deus, não permitiu tal coisa.

Ez 18:2 Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?
3 Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel.
4 Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.

2- A maldição sobre Canaã não se refere ao indivíduo Canaã, e sim aos descendentes dele, .

3- A maldição se refere aos descendentes de Canaã existentes num tempo especifico. Se cumpriu depois da quarta geração de Abraão. 
Gn 15:13  então, lhe foi dito: Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos.
14  Mas também eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas.
15  E tu irás para os teus pais em paz; serás sepultado em ditosa velhice.
16  Na quarta geração, tornarão para aqui; porque não se encheu ainda a medida da iniqüidade dos amorreus

4-Os Cananeus que foram amaldiçoados, foram condenados por seus próprios pecados e não por causa do pecado de seu ancestral Canaã ou seu pai Cam. Cam teve 4 filhos 
Gn 10:6 Os filhos de Cam: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.

5-A profecia de Noé exalta a descendência de Sem e Jafé, em especial ao ramo judaico de Sem, os descendentes de Abraão
Dt 9:4  Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, os tiver lançado de diante de ti, não digas no teu coração: Por causa da minha justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir, porque, pela maldade destas gerações, é que o SENHOR as lança de diante de ti.
5  Não é por causa da tua justiça, nem pela retitude do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela maldade destas nações o SENHOR, teu Deus, as lança de diante de ti; e para confirmar a palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.


6- A ligação da profecia aos descendentes de Sem, Canaã e Jafé com o pecado de Cam se refere a uma questão de obediencia ou desobediencia. Os obedientes são recompensados e os desobedientes são punidos. Deus previu a desobediencia dos cananeus e assim de antemão profetizou através de Noé. 


7- Os cananeus da época de Moises foram condenados por causa de inúmeros pecados e não somente sexuais, inclusive praticados por outras nações, mas não no volume deles.

Conclusão:

A maldição do povo Cananeu não tem relação causal com pecado de Cam ou com o indivíduo Canaã, o povo de Canaã foi condenado por seus próprios pecados.


terça-feira, 27 de maio de 2025

WILLIAM LANE CRAIG não é herege, não nega a trindade - MONOTEÍSMO TRIPESSOAL

 


Alguns vídeos e paginas na internet tem distorcido as falas de W. L. Craig sobre a Trindade e o acusam de Heresia. 


Você pode conferir no video abaixo ou na pagina a seguir e em seguida a RESPOSTA:

VÍDEO ACUSATÓRIO:




TEXTO ACUSATÓRIO:
https://reformedarsenal.com/william-lane-craig-unitarianism-4/

"Da última vez , falamos sobre como a posição antirrealista do Dr. Craig mina a unidade fundamental da Divindade. Ela faz isso negando funcionalmente que tais naturezas existam como algo considerado diferentemente de pessoas. Enquanto o trinitarismo ortodoxo clássico se baseia na ideia de que naturezas, ou ousiai , existem e que pessoas, ou hipóstases , são mais ou menos instâncias de uma dada categoria de ousiai ... Craig nega que este seja o caso. Esta negação do realismo (ele hesita em chamá-lo de nominalismo, mas não vejo uma diferença substancial) termina em uma posição que torna a Trindade uma coisa subsistente, e cada pessoa uma parte componente discreta dessa coisa subsistente. Chamamos este erro de Parcialismo, mas, na verdade, é simplesmente uma espécie única de triteísmo que nega a unidade fundamental das pessoas divinas (ou, neste caso, substitui a unidade fundamental por algo insuficiente para tornar as pessoas unidas). No entanto, como mencionei, o Dr. Craig parece reconhecer que esse é um problema em potencial e, para evitar cair nesse fosso, ele volta para o outro lado e cai no fosso do unitarismo.

Embora possa parecer improvável que o Dr. Craig, involuntariamente, afirme tanto o triteísmo quanto o unitarismo, na minha experiência, isso acontece com frequência. Há uma espécie de qualidade esquizofrênica na heresia que frequentemente resulta na pessoa afirmando posições aparentemente opostas. Como mencionei na introdução desta série , a principal apresentação sistemática do Dr. Craig encontra-se em  "Fundamentos Filosóficos para a Cosmovisão Cristã" . Ambas as visões estão presentes em seu capítulo sobre a Trindade, então, por mais estranho que pareça, parece ser o caso.

O Unitarismo Hipotatiza a Trindade
No caso do Dr. Craig, o que vemos é uma consideração errônea da Trindade como algo subsistente... como uma hipóstase . Essa hipostasiação da Trindade resulta em uma forma de unitarismo que compartilha muitas características com o modalismo clássico.

Lembre-se de que, em nossa discussão sobre o antirrealismo do Dr. Craig , ele nega a existência de uma natureza. Embora a linguagem seja inconsistente, na minha opinião, isso o leva a considerar a Trindade como "a única instância da natureza divina". (Moreland e Craig, 2003)

Agora, para entender por que isso é um problema, precisamos voltar à definição de hipóstase . Fundamentalmente, uma hipóstase é uma instância da natureza divina.

[H]ipóstase (uma subsistência individual com características próprias) era a palavra certa para distinguir as três pessoas da essência única. Embora portadora de uma essência compartilhada, uma hipóstase é uma entidade distinta com seus próprios atributos também. (Horton 2011, 97)

O próprio Dr. Craig parece reconhecer que esta também é a definição clássica.

Mesmo que pensemos no universal como a realidade primária, ainda assim é inegável que existem três exemplificações dessa realidade que, em um caso, são três homens distintos, como é óbvio pelo fato de que um homem pode deixar de existir sem que os outros deixem de existir. Da mesma forma, mesmo que a natureza divina seja a realidade primária, ela ainda é inegavelmente exemplificada por três hipóstases, cada uma das quais deveria ser uma instância da divindade. (Moreland e Craig 2003)

Ao explicar uma passagem de Gregório de Nissa, ele reconhece que o Capadócio está articulando que cada hipóstase é uma instância da natureza divina. Portanto, quando argumenta que a Trindade não é apenas uma instância da natureza divina... mas é, de fato, "a única instância da natureza divina" (Moreland e Craig 2003, grifo meu), ele está, na verdade, dizendo, quer pretenda ou não, que a Trindade não é apenas uma hipóstase /pessoa... mas é a única hipóstase /pessoa. As outras três são simplesmente partes componentes dessa única pessoa... de forma análoga a como o esqueleto de um gato é uma parte componente desse único gato. Como há apenas uma coisa em toda a existência que realmente se qualifica para ser chamada de "Deus", isso resulta no erro do unitarismo.

O Unitarismo Rebaixa as Pessoas a Sub Divinas
Não vou me estender no assunto. Isso não é trinitarismo ortodoxo. O Dr. Craig argumentou que cada pessoa não é a plenitude da divindade explicitamentee agora, por implicação, argumentou que cada pessoa não é, de fato, uma pessoa distinta. Em vez de sustentar que adoramos um Deus na Trindade, e a Trindade na unidade... ele articulou que adoramos um Deus na unidade, e a unidade na desunião. Ao afirmar um Deus único (a Trindade), ele considera cada pessoa inferior ao Deus único. Ao argumentar que cada um é parte do Deus único, ele mina e nega a maneira como Deus é de fato um.

Mais poderia ser dito sobre a teologia trinitária do Dr. Craig, e talvez retornemos em breve. No entanto, já dedicamos tempo suficiente por enquanto. Nos próximos posts, voltaremos nossa atenção para a Cristologia do Dr. Craig e como os erros que ele cometeu nessa área da Teologia Sistemática também se transformam em heresia cristológica."

RESPOSTA:
O livro citado acima de forma descontextualizada segue abaixo em seus trechos que refutam o video e site acima:
  •  Craig acredita que Deus é uma Trindade, ou seja, existe 3 pessoas que são chamadas Deus,
  • Craig não acredita em um triteísmo (3 deuses)
  • Craig não acredita que  Deus não seja mais de uma pessoa como é o caso do Unitarismo (que nega a divindade de Jesus ou do Unicismo que afirma que Deus se manifesta de 3 modos, e que Jesus é  a unica pessoa da divindade. Inclusive o link e o vídeo confundem Unitarismo como Unicismo.
  • Craig mostra que Deus é trino, mas cada pessoa da divindade (Pai, Filho e Espírito Santo) é unitária, ou seja, elas não são trinas. Neste sentido que ele diz que cada pessoa da divindade não é plenamente Deus. Craig afirma que cada pessoa é onisciente , onipresente e onipotente, etc. mas cada pessoa não é trina. A teologia ortodoxa afirma o mesmo. As pessoas da Trindade não possuem a propriedade de serem trinas e sim de serem unas e unidas, formando 3 pessoas
  • Qaundo Craig diz que o Pai não é toda a divindade , ele está dizendo que o Pai não é trino, assim como o Filho não é toda a divindade (TRINDADE) pois também não é trino, do mesmo modo o Espírito Santo. Quem diz que o Pai é toda a divindade ou que o Filho é toda a divindade são os UNICISTAS
  • NENHUM concilio jamais declarou que Jesus é plenamente Deus no sentido de se afirmar que Jesus é trino. Inclusive os concilios declaravam a divindade de Jesus sendo a mesma de Deus Pai, assim como do Espirito.
  • A confusão vem do fato do termo DEUS ser uma polissemia, assim como o termo natureza divina. O termo Deus pode se referir as d 3 pessoas da divindade ao mesmo tempo (TRINDADE)  ou a cada uma delas em separado. O termo natureza divina se refere aos atributos exclusivos da divindade como onisciencia, onipresença, onipotencia, eternidade, etc. mas também alem disso ao fato de so a trindade (as 3 pessoas em conjunto ) ser trina.
  • Por fim Craig não crê na doutrina da eterna geração do filho, assim como o Inácio  e nem no subordinacionismo defendido por Waine Grudem que acredita que Jesus sempre foi submisso ao Pai
  • O Salmo 2:7 em conexão com Hb 1:5,6 mostra que Jesus foi gerado na encarnação recebendo o título de “Filho”(Mt 1:20) ,e em conexão com At 13:31-33 evidencia que Jesus foi gerado na ressurreição com corpo espiritual glorioso (I Co 15:43-45). Isso não quer dizer que Jesus Cristo foi gerado. Inclusive Inácio no ano 110 d.C diz: “Existe apenas um médico, carnal e espiritual, gerado e ingênito (não gerado), Deus feito carne, flho de Maria e Filho de Deus, vida verdadeira na morte, , um tempo passível e agora impassível, Jesus Cristo nosso Senhor." Padres Apostólicos. Inácio aos Efésios 7, São Paulo:Paulus, 2008, p. 84. Aristóteles dizia que nada que é gerado pode ser eterno : E aquilo que é eterno é não gerado e imperecível" Etica a Eudemo livro v, 3, São Paulo:Edipro, 2015,p. 181

"Por que, então, Deus criou o mundo? Tem-se dito que se Deus é essencialmente caracterizado pelo amor que se entrega, então a criação se torna necessária. Mas a doutrina cristã da Trindade sugere outra possibilidade. À medida que ele existe sem a criação, Deus não é, de acordo com a concepção cristã, uma mônada solitária, mas, na triunidade do próprio ser, Deus desfruta da plena e imutável relação amorosa entre as pessoas da Trindade. A criação é, assim, desnecessária para Deus e é um fino presente, concedido a favor das criaturas, para que possamos experimentar a alegria e a satisfação de conhecer a Deus. Como sempre fez, ele nos convida ao relacionamento amoroso intratrinitário na condição de seus filhos adotados. Desse modo, a criação, assim como a salvação, é sola gratia.   p. 680 

Na doutrina cristã, Deus não é uma única pessoao conceito tradicional, mas é tripessoal. Existem três pessoas, chamadas Pai, Filho e Espírito Santo, que merecem ser chamadas Deus e, mesmo assim, existe apenas um Deuse não três. p. 696

Além disso, a igreja neotestamentária, não satisfeita apenas com o uso da nomenclatura divina para Cristo, também atribuía a ele o papel de Deus como Criador e Sustentador de toda realidade à parte de Deus (Cl 1.15-20; Hb 1.1-14; Jo 1.1-3). O que antes era restrito, agora é proclamado aos quatro
ventos, e Jesus é explicitamente certificado como o {ho) theos (Jo 1.1, 18; 20.28; Rm 9.5; T t 2.13; H b 1.8-12; ljo 5.20). Percebendo que o mais antigo sermão cristão, o mais antigo relato de um mártir cristão, o mais antigo relato pagão sobre a igreja e a mais antiga oração litúrgica (IC o 16.22) se referem a Cristo como Senhor e Deus, conclui Jaroslav Pelikan, o grande historiador do pensamento cristão: “Estava claro na mensagem crida pela igreja e no que ela ensinava que ‘Deus’ era um nome adequado para Jesus Cristo”.3 Por fim, o Espírito Santo, também identificado como Deus (At 5.3,4)‘e o Espírito de Deus (M t 12.28; IC o 6.11), é considerado pessoalmente distinto do Pai e do Filho (M t 2 8 .1 9 ; Lc 11.13; Jo 1 4 .2 6 ; 1 5 .2 6 ; Rm 8 .2 6 , 27; 2Co 13.13; IPe 1.1, 2). Como essas e outras passagens deixam claro, o Espírito Santo não é uma força impessoal, mas uma realidade pessoal que ensina e intercede pelos crentes, possui uma mente, pode ser entristecido, que é alguém para quem se pode mentir e é considerado parceiro igual ao Pai e o Filho.
Em resumo, a igreja do Novo Testamento estava certa da existência somente de um Deus. Mas os crentes também acreditavam que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, embora pessoalmente distintos, mereciam ser chamados Deus. p. 698


Monoteísmo Trinitário
Chegamos por fim ao monoteísmo trinitário, que afirma: embora as pessoas da Trindade sejam divinas, a Trindade como um todo é propriamente Deus. Para que essa visão seja considerada ortodoxa, é necessário que ela afirme que  apenas a Trindade seja Deus, e que Pai, Filho e Espírito Santo, embora divinos, não sejam Deuses. Leftow apresenta o seguinte desafio a essa visão:

Ou a Trindade é um quarto caso da natureza divina, em adição às pessoas, ou não é. Caso seja, temos casos de deidade para a ortodoxia. Caso não seja isso, mas permaneça divina, existem duas maneiras de sê-lo: um caso de deidade e um a Trindade desses casos. Se existe mais de uma maneira de ser divino, o monoteísmo trinitário se torna o arianismo de Plantinga. Mas se realmente existe apenas uma maneira de ser divino, então existem duas opções. U m a é que somente a Trindade é Deus, e Deus é com posto de pessoas não  divinas. A outra é que a soma de todas as pessoas divinas é, de alguma maneira, não-
divina. Aceitar a última afirmação seria também abdicar do monoteísmo trinitário.7

O dilema de Leftow é mostrado no diagrama 29.1


De que maneira o defensor do monoteísmo trinitário responderia a este dilema? 
Começando com a primeira disjunção, ele claramente quererá dizer que a Trindade não é o quarto exemplo da natureza divina, pois não existem quatro pessoas divinas. Caminhando na direção do próximo conjunto de opções, ele deve dizer que a Trindade é divina, uma vez que isto está implicado pelo monoteísmo trinitário. 

Agora, se a Trindade é divina, mas não é um quarto exemplo da natureza divina, isto sugere a existência de mais de uma maneira de ser divino. Diz-se que essa alternativa leva ao arianismo de Plantinga. O que é isso? Leftow o define simplesmente como “a postulação de mais de uma maneira de ser divino”.
7  Anti social trinitarianism. In: D a v is , Stephen T.; K e n d a l l , Daniel; O ’C o l l in s , Gerald
(Eds.) The Trinity. Oxford: Oxford University Press, 1999, p. 221.
8 Ibidem, p. 208.

8 Isto não é instrutivo; o que queremos saber é por que a visão é questionável. Leftow responde: “Se levarmos a  sério a afirmação de que a Trindade é Deus, [...] terminamos degradando a deidade das pessoas e/ou [sendo] não-ortodoxos”.

9 O problema alegado é que, se somente a Trindade exemplifica a completa natureza divina, então a maneira pela qual as pessoas são divinas é menos do que plenamente divina. Contudo, essa seria a inferência a se obter na condição de haver apenas uma maneira de ser divino (a saber, exemplificando a natureza divina); mas a posição assevera mais de uma maneira de ser divino. As pessoas da Trindade não são divinas em virtude da exemplificação da natureza divina pois,  presumivelmente, ser trino é propriedade da natureza divina (Deus não é trino por acaso); contudo, as pessoas da Trindade não possuem essa propriedade. Agora fica claro que a razão pela qual a Trindade não é o quarto exemplo da natureza divina é que não há outros exemplos da natureza divina. O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são exemplos da natureza divina, e por isso não existem três Deuses. A Trindade é o único exemplo da natureza divina e, portanto, existe apenas um Deus. Desse modo, embora a declaração “a Trindade é Deus” seja uma declaração de identidade, declarações sobre as pessoas — como “o Pai é Deus” — não são declarações de identidade. Em vez disso, elas
realizam outras funções, tais como atribuir um título ou um ofício a uma pessoa (tal como “Belsazar é rei”, fato que não é incompatível com a existência de co-regentes) ou atribuir uma propriedade a uma pessoa (uma maneira de dizer “o Pai é divino”, do mesmo modo como alguém poderia dizer “Belsazar
é da realeza”). 

Assim, se as pessoas da Trindade não são divinas em virtude de serem  exemplificações da natureza divina, em razão de quê elas são divinas? Considere a seguinte analogia: Uma maneira de ser felino é exemplificar a natureza de um gato. Mas também existem outras maneiras de ser felino. Tanto o 
DNA de um gato quanto seu esqueleto são felinos, mesmo que não sejam um gato. Isto também não é um tipo de degradação ou de atenuação do carater felídio: o esqueleto de um gato é plena e inequivocamente felino. De fato, um gato simplesmente é um felino, assim como o esqueleto de um gato é um esqueleto felino. Se um gato é felino em virtude de ser um exemplo da natureza do gato, em virtude do quê o DNA ou o esqueleto de um gato são felinos? Uma resposta plausível é que eles são partes de um gato. Isto sugere a possibilidade de pensar nas pessoas da Trindade como divinas por ser parte da Trindade, ou seja, partes de Deus. É óbvio, porém, que as pessoas não são partes de Deus no mesmo sentido em que um esqueleto é parte de um gato, mas, dado que o Pai, por exemplo, não é toda a Divindade, parece inegável que existe algum tipo de relacionamento parte-todo obtido entre as pessoas da Trindade e toda a Divindade.

Longe de diminuir a deidade das pessoas, tal idéia pode ser muito esclarecedora de sua contribuição à natureza divina, pois partes podem possuir propriedades que o todo não tem, e o todo pode ter uma determinada propriedade porque algumas das partes a possuem. Desse modo, quando atribuímos onisciência e onipotência a Deus [trindade], não estamos fazendo da Trindade uma quarta pessoa ou um agente; em vez disso, Deus [trindade]tem essas propriedades porque as pessoas as têm. Atributos divinos como onisciência, onipotência e bondade são fundamentados no fato de as pessoas possuírem essas propriedades, enquanto os atributos divinos como necessidade, asseidade e eternidade não são fundamentados dessa maneira. Com respeito a essa última afirmação, as pessoas possuem essas propriedades porque Deus, como um todo, as tem, pois as partes podem ter algumas propriedades em virtude do todo dos quais elas fazem parte. A questão é que se pensarmos na deidade das pessoas em termos da relação parte— todo que Deus é, então sua deidade não parece de
modo algum diminuída, porque elas não são instâncias da natureza divina.

Essa solução é não ortodoxa? É verdade que os pais da igreja insistiram diversas vezes que a expressão "e da substância do Pai” não deveria ser entendida como indicação de que o Filho fosse formado pela divisão ou separação da substância do Pai. Mas a preocupação aqui era claramente evitar imaginar
a substância divina como um tipo de “objeto” que poderia ser fracionado em pedaços menores. Tal crítica é totalmente compatível com nossa sugestão de que nenhuma pessoa é idêntica à Trindade como um todo, pois o relacionamento parte-todo em questão aqui não envolve partes inseparáveis. É simplesmente dizer que o Pai, por exemplo, não é toda a Divindade. Hilário, o pai da igreja de origem latina, parece captar a idéia muito bem quando afirma que “cada pessoa divina está na Unidade, contudo nenhuma pessoa é o único Deus” (On the Trinity 7,2; cf. 7.13,32).

Deve-se admitir, em contrapartida, que um número de credos pós-nicenos, provavelmente influenciados pela doutrina da simplicidade divina, realmente incluíram afirmações que podem ser construídas para identificar cada pessoa da Trindade como totalmente divina. Exemplos: o 11.° Concilio de Toledo (675) afirma que “Cada pessoa é totalmente Deus em si mesma”; o Credo atanasiano (5.° séc.) concita o cristão a “confessar que cada Pessoa é por si mesma Deus e Senhor” e o 4 .° Concílio de Latrão, ao condenar a idéia da Quaternidade divina, declara que “cada uma das Pessoas é essa realidade, viz, essa substância divina, essência ou natureza [...] o que o Pai é, essa mesma realidade o é também o Filho, essa o Espírito Santo”. Se essas declarações tinham o propósito de implicar que afirmações como “o Pai é Deus” são declarações de identidade, então elas ameaçam a doutrina da Trindade com incoerência lógica, pois a lógica da identidade exige que, se o Pai é idêntico a Deus e se o Filho é idêntico a Deus, então o Pai é idêntico ao Filho, o que os mesmos concílios também negaram.

Peter van Inwagen procurou defender a coerência de tais afirmações dos credos apelando para a identidade relativa. De acordo com essa idéia, a relação de identidade não é absoluta, mas é relativa a um tipo de coisa. Dizemos, por exemplo, “O sofá é da mesma cor da cadeira” (e não “O sofô é a cadeira”) ou “O prefeito João é uma pessoa igual ao aluno Joãozinho” (e não “O prefeito é
o aluno Joãozinho”). Dadas certas pressuposições, Van Inwagen mostra que podemos fàzer de maneira coerente não apenas declarações como “O Pai é o mesmo ser que o Filho”, “O Pai não é a mesma pessoa que o Filho”, mas até mesmo declarações paradoxais como “Deus é uma pessoa”, “Deus é a mesma pessoa que o Pai”, “Deus é a mesma pessoa que o Filho” e “o Filho não é a mesma pessoa que o Pai”. O problema fundamental do apelo à identidade relativa, porém, é que a própria noção de identidade relativa é reconhecida  como espúria. O próprio van Inwagen admite que, à parte da teologia trihitária, não existem casos conhecidos de identidades alegadas relativas que não possam ser analisadas em termos da identidade clássica. Nosso exemplo do sofá e da cadeira não é de modo algum uma declaração de identidade, pois nenhuma das peças de mobília é de feto uma cor; em vez disso, elas possuem a mesma cor como uma propriedade. O exemplo do senhor prefeito é resolvido ao se levar a sério o tempo da sentença. Deveríamos dizer: “O senhor prefeito era o aluno Joãozinho”. Os alegados casos de identidade relativa nãosão apenas espúrios, mas existe um poderoso argumento teórico contrário à criação da identidade relativa. Suponha que duas coisas, x e y, pudessem ser o mesmo N, mas não pudessem ser o mesmo P. Num caso assim, x não poderia deixar de ser o mesmo P como o próprio x, mas y poderia. Portanto, x e y são discerníveis e, assim, não podem ser a mesma coisa. Mas então se segue que eles não podem ser o mesmo N, uma vez que eles não podem ser o mesmo
qualquer coisa. A identidade, portanto, deve ser absoluta.

Por último, mesmo admitindo a identidade relativa, sua aplicação à doutrina trinitária envolve pressuposições altamente dúbias. Deve-se supor, por exemplo, que x ey podem ser idênticos sem ser a pessoa idêntica. Note quão diferente isto é de se dizer que x ey são partes do mesmo ser, mas que são pessoas diferentes. A ultima declaração é semelhante à afirmação de que x e y são partes do 
mesmo corpo, mas são mãos diferentes; a primeira é semelhante à afirmação de que x e y são corpos idênticos, mas são diferentes mãos. Van Inwagen confessa que ele não tem resposta para a pergunta de como x e y podem ser o mesmo ser sem serem a mesma pessoa ou, mais genericamente, de que maneira x ey podem ser o mesmo N sem serem o mesmo P. Parece, portanto, que a habilidade de declarar coerentemente as afirmações trinitárias discutidas que usam o aparato da identidade relativa é uma vitória apenas aparente.

Os protestantes levam diante do tribunal das Escrituras todas as declarações doutrinárias, até mesmo os credos conciliares, especialmente os credos deconcílios não ecumênicos. Nada nas Escrituras nos garante pensar que Deus é simples e que cada pessoa da Trindade é idêntica a toda a Trindade. Nada nas
Escrituras nos proíbe de sustentar que as três pessoas da Divindade se colocam em algum tipo de relação parte— todo com a Trindade. Portanto, o monoteísmo trinitario não pode ser condenado como não-ortodoxo num sentido bíblico. O monoteísmo trinitário parece, portanto, ser bastante justificado.

Tudo isso ainda nos deixa imaginando de que maneira três pessoas podem ser partes do mesmo ser, em vez de três seres separados. Qual é a diferença saliente entre tres pessoas divinas que são, individualmente, um ser, e três pessoas divinas que são juntas um único ser? 716

Talvez possamos dar início a essa questão por meio de uma analogia (não há razão para imaginar a existência de qualquer analogia com a Trindade entre as coisas criadas, mas analogias podem se mostrar úteis como trampolim para reflexões e formulações filosóficas). A mitologia greco-romana afirma que os portões do Hades são guardados por um cão de três cabeças chamado Cérbero. Podemos supor que Cérbero tenha três cérebros e, portanto, três estados distintos de consciência sobre qualquer coisa que venha a ser um cachorro.

Portanto, Cérbero, embora seja perceptivo, não possui uma consciência unificada. Ele tem três consciências. Poderíamos até mesmo atribuir nomes a cada uma delas: Rex, Bidu e Sapeca. O s centros de consciência são totalmente distintos e podem muito bem entrar em conflito um com o outro. Ainda
assim, com o objetivo de que Cérbero seja biologicamente viável — sem mencionar o objetivo de que ele funcione eficazmente como um cão de guarda —deve haver um considerável grau de cooperação entre Rex, Bidu e Sapeca. Apesar da diversidade de seus estados mentais, Cérbero é claramente um cão.
Ele é um organismo biológico único, possuidor da natureza canídea. Pode-se dizer que Rex, Bidu e Sapeca também sejam canídeos, embora não sejam três cachorros, mas partes do cão único Cérbero. Se Hércules tentasse entrar no Hades e Sapeca rosnasse para ele ou mordesse sua perna, Hércules poderia
muito bem relatar o fato dizendo “Cérbero rosnou para mim” ou “Cérbero me atacou”. Embora os pais da igreja respeitassem analogias como essa de Cérbero, uma vez que abandonamos a simplicidade divina, Cérbero parece representar o que Agostinho chamou imagem da Trindade entre as criaturas.

Podemos melhorar a história de Cérbero investindo-o de racionalidade e autoconsciência. Nesse caso, Rex, Bidu e Sapeca são plausivelmente agentes pessoais e Cérbero é um ser tripessoal. Se nos fosse perguntado o que torna Cérbero um ser único apesar de suas múltiplas mentes, sem dúvida
deveríamos responder: porque ele tem um único corpo físico. Mas suponha que Cérbero fosse morto e que suas mentes sobrevivessem à morte do corpo. Em que sentido elas ainda constituiriam um único ser? De que modo elas poderiam diferir intrinsecamente de três mentes exatamente similares sem-
pre corporificadas? Uma vez que, antes da Encarnação, as pessoas divinas são três mentes não corporificadas, em virtude do quê elas são um ser em vez de três seres individuais?

A questão do que faz com que várias partes constituam um único objeto, em vez de vários objetos distintos, é bastante difícil. Contudo, neste caso, talvez possamos ter algum entendimento ao refletir sobre a natureza da alma. Argumentamos que as almas são substâncias imateriais e vimos a possibilidade de os animais terem almas (v. cap. 11). As almas se apresentam em um grande espectro de capacidades e de faculdades variadas. Animais mais elevados, como chimpanzés e golfinhos, possuem almas mais ricamente dotadas de poderes do que a dos iguanas e das tartarugas. O que faz da
alma humana uma pessoa é que a alma humana é equipada com faculdades racionais de intelecto e volição que a capacitam a ser um agente auto-reflexivo autodeterminado. p. 717

 Deus é muito semelhante a uma alma corporificada; o fato é que, como substância mental, Deus simplesmente parece uma alma. Naturalmente igualamos uma alma racional a uma pessoa, uma vez que a alma humana com a qual estamos acostumados são pessoas. Mas a razão de as almas humanas serem pessoas individuais se deve ao fato de que cada alma está equipada com um conjunto de faculdades racionais suficientes para ser uma pessoa. Suponha, então, que Deus é uma alma que recebeu três con-
juntos completos de faculdades cognitivas racionais, cada um deles suficiente para uma personalidade. Desse modo, Deus, embora seja uma alma, não seria uma pessoa, mas três, pois Deus teria três centros de autoconsciência, intencionalidade e volição, como afirmam os defensores do trinitarismo social. Está claro que Deus não seria três almas distintas porque as faculdades cognitivas em questão são todas as faculdades pertencentes a apenas uma alma, uma única substância imaterial. Portanto, Deus seria um ente que dá suporte a três pessoas, assim como nosso próprio ser, individualmente dá
suporte a uma pessoa. Tal modelo do monoteísmo trinitário parece dar um sentido claro à forma clássica “três pessoas em uma substância”. 

Tal modelo, por fim, não caracteriza (embora não impeça) a derivação de uma pessoa da outra, incrustada na confissão de que o Filho é “gerado do Pai antes de todos os séculos, Luz de Luz, Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus, gerado, não feito” (Credo constantinopolitano). Deus poderia simplesmente existir eternamente com suas múltiplas faculdades e capacidades cognitivas. Em nossa visão, isto é o melhor, pois embora afirmada por meio de um credo, a doutrina da geração do Filho (e a processão do Espírito) é uma relíquia da cristologia do Logos que praticamente não encontra garantia no texto bíblico e apresenta a questão do subordinacionismo em relação à divindade a tal ponto que qualquer um que afirme a deidade de Cristo deve considerá-la bastante problemática.10
10 Pode-se encontrar o argumento de um especialista em teologia sistemática favorável ao
abandono da questão da geração eterna do Filho e a processão do Espírito em F e in b e r g , John S.
No one like him : the doctrine o f God. Wheaton, III.: Crossway, 2001, p. 488-92. Feinberg se
coloca ao lado da tradição de teólogos evangelicais como J . Oliver Buswelljr., que têm mostrado
apreensão em relação a essa doutrina.  p. 718


Em conclusão, embora a doutrina da Trindade pertença à teologia revelada, e não à teologia natural, podemos perguntar se existe algum argumento positivo que possa ser oferecido a favor da plausibilidade dessa doutrina. Encerramos com um argumento que um grande número de filósofos cristãos têm 
defendido a fàvor de Deus ser uma pluralidade de pessoas. Por definição, Deus é o maior ser concebível. Como o maior ser concebível, Deus deve ser perfeito. Um ser perfeito deve ser amoroso, pois o amor é uma perfeição moral — é melhor para uma pessoa ser amorosa do que não ser. Portanto, Deus deve ser um ser perfeitamente amoroso. É da própria natureza do amor doar de si mesmo. O amor alcança outra pessoa em vez de centrar-se totalmente em si mesmo. Desse modo, se Deus é perfeitamente amoroso pela própria natureza, ele deve dar de si mesmo em amor a outro. Mas quem é este outro? Não pode ser nenhuma pessoa criada, uma vez que a criação é resultado do livre-arbítrio
divino, não o resultado de sua natureza. Amar pertence à essência de Deus, mas criar, não. Assim, podemos imaginar um mundo possível no qual Deus seja perfeitamente amoroso e, ainda assim, não exista nenhuma pessoa criada. Desse modo, pessoas criadas não podem explicar suficientemente a quem Deus ama. Além do mais, a cosmologia contemporânea torna plausível que pessoas criadas nem sempre tenham existido. Mas Deus é eternamente amoroso. Desse modo, o conjunto de pessoas criadas, tomado isoladamente, não é suficiente para ser responsável pelo fato de Deus ser perfeitamente amoroso. O que 
resulta, portanto, é que “o outro” a quem o amor de Deus é necessariamente direcionado deve ser interior ao próprio Deus.

Em outras palavras, Deus não é uma pessoa única e isolada, como formas unitárias de teísmo afirmam, p. ex., o islã; em vez disso, Deus é uma pluralidade de pessoas, como a doutrina cristã da Trindade afirma. Na visão unitária, Deus é uma pessoa que não dá de si mesmo essencialmente em
amor por outro; ele está concentrado em si mesmo. Conseqüentemente, não é possível que ele seja o ser mais perfeito. Contudo, na visão cristã, Deus é uma tríade de pessoas em relacionamentos eternos de amor altruísta. Desse modo, por ser Deus essencialmente amoroso, a doutrina da Trindade é mais
plausível que a doutrina unitária de Deus.

R e s u m o  d o  c a p í t u l o
A doutrina da Trindade surge da reflexão sobre os dados escriturísticos que estabelecem a distinção pessoal e a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A antiga cristologia do Logos procurou explicar a pessoa do Filho em termos da projeção externa da razão imanente de Deus. Rejeitando a negação que o modalismo faz da distinção das pessoas e a negação ariana da plena deidade das pessoas, a igreja articulou a posição de que em Deus existem três pessoas da mesma substância. O pensamento contemporâneo sobre a Trindade, tende a dividir-se entre dois campos: o trinitarismo social e o trinitarismo anti-social. De acordo com o primeiro, existem três centros de autoconsciência em Deus, e o último tende a pensar em Deus em termos de uma consciência unitária. O trinitarismo anti-social acha difícil evitar o modalismo, ao passo que o perigo assolador do trinitarismo social é o triteísmo. Das várias formas de trinitarismo social — como o monoteísmo funcional, o monoteísmo da  mente grupal e o monoteísmo trinitário — , o último tem as melhores perspectivas para facilitar uma explicação ortodoxa de como o Deus único pode ser três pessoas. Uma vez que Deus é essencialmente amor altruísta, a doutrina da Trindade é mais plausível que a doutrina unitária de Deus." p. 719

Moreland,J.P.
Filosofia e cosmovisão cristã / J . P. Moreland,
W illiam Lane Craig. — São Paulo : Vida Nova, 2005.
Título original: Philosophical Foundations for
a Chistian Worldview.
Vários tradutores.
Bibliografia.
IS B N 978-85-2 7 5 -0 3 3 3 -4
1. Cristianismo - Filosofia 2 . Filosofia e
religião I. Graig, William Lane. II.T ítulo.
  


Conclusão: 

Craig não é herege, a leitura preciptada e parcial de sua obra leva a esse tipo de equívoco