O nervo laríngeo recorrente tem sido usado para provar a Evolução a partir dos peixes e como prova da inexistência de um Designer (Deus):
Livros famosos de Evolução infelizmente tem dado crédito às teses do ateu e biólogo Richard Dawkins:
Entretanto, algumas homologias efetivamente parecem ser desvantajosas (Seção 10.7.4, p. 309). Um dos nervos cranianos, como veremos, vai do cérebro até a laringe através de um tubo próximo ao coração (Figura 10.12, p. 310). Em peixes, essa é uma rota direta. Mas o mesmo nervo segue a mesma rota em todas as espécies e, na girafa, isso resulta em um desvio absurdo, para baixo e depois para cima do pescoço, de modo que o animal tem de desenvolver em torno de 10 a 15 pés (3 a 4,5 m) a mais de nervo do que deveria caso a conexão fosse direta. O nervo laríngeo recorrente, como é chamado, é certamente ineficiente. E é fácil explicar tal ineficiência admitindo-se que as girafas evoluíram em pequenas etapas a partir de um ancestral similar a um peixe. Mas é difícil imaginar por que as girafas deveriam ter tal nervo caso elas tivessem se originado independentemente. Evolução Mark Ridley , 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006
p. 82-83
A recorrência do nervo laríngeo constitui um exemplo notável. Anatomicamente, o nervo laríngeo é o quarto nervo vago, um dos nervos cranianos. Esses nervos surgiram primeiramente nos ancestrais com forma de peixes. Como mostra a Figura 10.12A, nos peixes, ramos sucessivos do nervo vago passam por trás dos arcos arteriais sucessivos que correm em direção às brânquias. Durante a evolução, os arcos branquiais transformaram-se; nos mamíferos, o sexto arco branquial evoluiu para ducto arterial que, anatomicamente, fica próximo ao coração.
O nervo laríngeo recorrente ainda continua passando por trás do “arco branquial” (hoje completamente modificado): por isso, em um mamífero atual o nervo desce do cérebro, passando pelo pescoço, rodeia a aorta dorsal e retorna para a laringe (Figura 10.12b). Em humanos, esse desvio parece absurdo, mas representa uma distância de apenas 30 a 60 cm.
Nas girafas atuais, o nervo faz o mesmo desvio, percorrendo toda a distância abaixo e acima do pescoço. É quase certo que esse desvio é desnecessário e, provavelmente, tem um custo para a girafa (porque ela tem de desenvolver mais nervos do que precisa e os sinais enviados através deles serão mais demorados e consumirão mais energia). Ancestralmente, a rota direta do nervo passava atrás da aorta; à medida que o pescoço encompridava na linhagem evolutiva da girafa, o nervo foi levado a um desvio cada vez mais absurdo. Se surgisse um mutante em que o nervo fosse diretamente do cérebro para a laringe, provavelmente ele seria favorecido (embora essa mutação fosse improvável se exigisse uma grande reorganização embriológica); a imperfeição persiste porque não surgiu uma mutação assim (ou surgiu e foi perdida por acaso). O erro surgiu porque a seleção natural opera no curto prazo e cada passo ocorre como uma modificação do que já existe. Esse processo pode levar facilmente a imperfeições devidas a restrições históricas – embora nem todas sejam tão dramáticas como a recorrência do nervo laríngeo nas girafas. Evolução.Mark Ridley , 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 310-311
O famoso biólogo ateu Richard Dawkins usa este achado biológico como prova da inexistência de Deus no seu livro e vídeo:
Em uma pessoa, a rota adotada pelo nervo laríngeo recorrente representa um desvio de talvez vários centímetros. Mas em uma girafa, está além de uma piada - muitos metros além - fazer um desvio de talvez 15 pés em um adulto grande! No dia seguinte ao dia de Darwin de 2009 (seu 200º aniversário), tive o privilégio de passar o dia inteiro com uma equipe de anatomistas comparados e patologistas veterinários no Royal Veterinary College, perto de Londres, dissecando uma jovem girafa que infelizmente morrera em um zoológico. ...Todos nós, do lado girafa da parede de vidro, estávamos sob ordens estritas de usar macacão laranja e botas brancas, o que de alguma forma aprimorava a qualidade onírica do dia....
Qualquer projetista inteligente teria se livrado do trajeto descendente do nervo da laringe , substituindo uma jornada de muitos metros por um de alguns centímetros. Além do desperdício de recursos envolvidos em causar tanto nervosismo, não consigo deixar de me perguntar se as vocalizações das girafas estão sujeitas a um atraso, como um correspondente estrangeiro falando por um link de satélite. Uma autoridade disse: 'Apesar da posse de uma laringe bem desenvolvida e de uma natureza gregária, a Girafa é capaz de proferir apenas gemidos ou balidos baixos'. Uma girafa com gagueira é um pensamento carinhoso, mas não vou persegui-lo. O ponto importante é que toda essa história do desvio é um exemplo esplêndido de quão longe as criaturas vivas estão de ser bem projetadas. E, para um evolucionista, a questão importante é por que a seleção natural não funciona como um engenheiro: volte para a prancheta e rejeite as coisas de maneira sensata. É a mesma pergunta que estamos enfrentando repetidamente neste capítulo, e tentei respondê-la de várias maneiras. A laringe recorrente se presta a uma resposta em termos do que os economistas chamam de "custo marginal"....
Tudo isso está fora do ponto principal, que é que o nervo laríngeo recorrente em qualquer mamífero é uma boa evidência contra um projetista....Esse desvio bizarramente longo do pescoço da girafa e vice-versa é exatamente o tipo de coisa que esperamos da evolução pela seleção natural e exatamente o tipo de coisa que não esperamos de nenhum tipo de designer inteligente.
Dawkins R. The Greatest Show on Earth: The Evidence for Evolution. New York, NY: Free press, 2009.
Comentários sobre o vídeo:
1- O argumento não se baseia numa predição mas numa constatação.
2- O argumento não é científico e sim teológico ou filosófico, e ainda assim é falho.
3- O argumento das falhas de projeto como o polegar do panda se mostrou até hoje um fracasso.
4- Ainda que se provasse que o nervo laringeo é um mal designe isso não prova que não existe um designer
5- O nervo faríngeo inerva outros órgãos. (ver abaixo) resposta 2
Resposta:
1-Interessante que ao continuarmos a leitura do livro Evolução vemos um princípio interessante de que devemos observar todas as funções do órgão antes de emitir julgamentos:
Muitos órgãos são adaptados para desempenhar mais de uma função e suas adaptações para cada uma são concessões. Se um órgão for estudado isoladamente, como se fosse uma adaptação para uma de suas funções apenas, ele pode parecer malprojetado....
Observado isoladamente, com freqüência um caráter parecerá mal-adaptado; mas o padrão correto para avaliar uma adaptação é sua contribuição para a adaptação do organismo em todas as funções em que ela é utilizada, ao longo de toda a vida do organismo. Evolução Mark Ridley , 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006
p. 312
2- O nervo laríngeo recorrente tem ramos que inervam outros órgãos além da laringe, portanto o desvio não é desnecessário:
Os ramos do nervo laríngeo inferior são: ramos cardíacos para o plexo cardíaco, comunicações para o simpático, ramos traqueal e esofágico (para a membrana mucosa e musculatura), ramos para o constritor inferior e vários ramos terminais para a laringe ....
O nervo recorrente direito deixa o tronco do vago para contornar ao redor da artéria subclávia. No lado esquerdo, o vago descende entre as artérias carótida comum e subclávia, anterior ao ducto torácico. Na parte superior do mediastino, o nervo cruza o frênico. No mesmo local, o nervo cruza a raiz da artéria subclávia e o arco da aorta. Abaixo do arco da aorta, passa dorsal ao brônquio principal esquerdo e divide-se em ramos.
Durante o período embrionário, o nervo laríngeo inferior é o nervo do sexto arco branquial e está associado com as artérias do sexto arco arterial. Os ramos dorsais dos seis arcos arteriais e o quinto arco arterial não formam estruturas representativas, fazendo com que o nervo laríngeo inferior se situe livremente no quarto arco arterial. O quarto arco arterial no lado direito se torna a artéria subclávia direita e no lado esquerdo se torna o arco da aorta. Isso explica a variabilidade de trajeto desse nervo nos dois lados do corpo7 . O nervo laríngeo inferior origina-se a diferentes níveis nos dois lados do corpo, uma disposição que se correlaciona com o desenvolvimento dos arcos aórticos no embrião (raramente o nervo pode passar diretamente para a laringe sem recorrer)1 .Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça Pescoço, v.42, nº 4, p. 220-224, outubro / novembro / dezembro 2013
O Nervo Recorrente ( n. Recorrente; nervo laríngeo inferior ou recorrente ) surge, no lado direito, em frente à artéria subclávia; ventos de antes para trás em torno desse vaso e sobem obliquamente para o lado da traquéia atrás da artéria carótida comum e na frente ou atrás da artéria tireoidiana inferior. No lado esquerdo , surge à esquerda do arco da aorta e serpenteia abaixo da aorta no ponto em que o ligamento arterioso está ligado e depois sobe para o lado da traquéia. O nervo de ambos os lados ascende no sulco entre a traquéia e o esôfago, passa sob a borda inferior da constrictor faríngea inferior e entra na laringe por trás da articulação do córnea inferior da cartilagem tireóide com a cricóide; é distribuído a todos os músculos da laringe, exceto o Cricothyreoideus. Ele se comunica com o ramo interno do nervo laríngeo superior e libera alguns filamentos para a membrana mucosa da parte inferior da laringe. | 19 |
À medida que o nervo recorrente gira em torno da artéria ou aorta subclávia, ele libera vários filamentos cardíacos para a parte profunda do plexo cardíaco. À medida que ascende no pescoço, emite ramos, mais numerosos do lado esquerdo do que do lado direito, para a membrana mucosa e o revestimento muscular do esôfago; ramos para a membrana mucosa e fibras musculares da traquéia; e alguns filamentos faríngeos da constrição inferior da faringe. https://www.bartleby.com/107/205.html acesso em 18-09-2019 |
3- O nervo laríngeo inferior só não faz seu longo caminho recorrente em caso de anomalias, o que certamente não favorece o indivíduo ou sua espécie:
O nervo laríngeo inferior não-recorrente apresenta-se mais comumente à direita (0,2 a 4%) e de forma mais rara à esquerda (0,07%). (4) HENRY et al (8), analisando uma série de 3791 cervicotomias, confirmou esta distribuição predominante à direita. Nesta série os autores observaram 17 casos do nervo não-recorrente (0,54%) em 3098 cervicotomias à direita e 2 casos (0,07%) em 2846 cervicotomias à esquerda. A presença de anomalias da artéria subclávia parece estar sempre presente, sendo a causa direta da não recorrência do nervo laríngeo inferior. A artéria subclávia direita, devido alterações de ordem embriogênica, pode ser retroesofageana, impedindo, então, que o nervo seja recorrente. A mesma situação não é observada à esquerda, já que a recorrência ocorre inferiormente ao arco aórtico. Somente na vigência de uma dextrocardia poderemos evidenciar um nervo laríngeo inferior esquerdo não-recorrente, explicando assim o menor número de casos deste lado. (5,9) Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.10, n.4, p. 320, 2006.
Estudos demonstram que a presença do NLINR [Nervo Laríngeo Inferior Não Recorrente] está intimamente correlacionada à ocorrência de uma mal-formação vascular de origem embriológica, denominada artéria lusória. Sua origem deve-se à absorção anormal do quarto arco aórtico. Como a artéria subclávia deixa de ser formada a partir dessa estrutura, o NLI não é conduzido caudalmente quando há o alongamento do pescoço e a descida do coração durante o 9-11,17 desenvolvimento embriológico . Revista Brasileira Cirurgia Cabeça Pescoço, v. 36, nº 2, p. 62 - 64, abril / maio / junho 2007
A anomalia da artéria subclávia direita é a malformação vascular mais comum do arco aórtico, sendo presente em 0,05% a 1% da população, estudos relatam que sua ocorrência se dá principalmente em crianças com síndrome de Down do gênero feminino. Os sintomas digestivos são os mais comuns, como vômito e disfagia, já os respiratórios são poucos descritos na literatura os quais dependem da localização da artéria subclávia e do grau de compressão da via aérea ou do esôfago, tais sintomas podem ser concomitantes nos indivíduos. Tosse, pneumonia, sibilos, roncos, e estridor são consequências causadas pela compressão da parede posterior da traqueia pela passagem do bolo alimentar durante a deglutição. Há uma inversão de fluxo da artéria vertebral devido a uma oclusão ou lesão estenótica na origem da artéria subclávia, sendo mais frequente em sua porção distal esquerda, sendo chamada de Síndrome do Roubo da Subclávia (SRS), onde o indivíduo pode apresentar dor muscular no membro superior, tontura, vertigem, ataxia, síncope, dor torácica e arritmia. Conclusão: A artéria subclávia anômala pode acarretar à sérios problemas digestivos e respiratórios. Para a correção da mesma, é preciso ser feito procedimentos cirúrgicos no qual o indivíduo encontrará alívio para os sintomas decorrentes. https://www.even3.com.br/anais/mpct2017/45443-anomalia-da-arteria-subclavia-direita-e-suas-complicacoes/
Conclusões:
1-O nervo laríngeo recorrente não é uma falha de projeto.
2- O nervo laríngeo faz seu longo trajeto porque inerva outros órgãos além da laringe.
3- O caminho direto para o nervo está ligado a anomalias da artéria subclávia, o que geralmente acarreta danos à saúde.