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1. DEFINIÇÃO
A Etmologia da palavra vem de ¹sui- pronome reflexivo e não do ²sui -porco, como erradamente disse o CFP:
"Estou falando em pobreza terminológica porque, em geral, são derivações da palavra suicídio, que viria supostamente do latim clássico, mas que se formos ver, não tem uma relação tão direta assim, já que sui, no latim clássico, não significa ‘de si’, como se entende na formação da palavra suicídio, mas suíno (sus/sui). Se um romano, como Cícero, escutasse o termo suicídio, imaginaria provavelmente que teria carne de porco na refeição. Encontraremos somente no alemão a palavra Freitod, que significa morte livre, e não estabelece uma conotação pejorativa como, por exemplo, auto assassinato (self-killer), assassino de si (self-murderer) e coisas do gênero"😨😨😨😨 CFP, CONSELHOS REGIONAIS DE PSICOLOGIA, CENTRO DE REFERÊNCIA TÉCNICA EM
PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
O SUICÍDIO E OS DESAFIOS
PARA A PSICOLOGIA Brasília, dezembro, 2013
1ª Edição
"¹sui- elemento de composição:
antepositivo, do latim sui, genitivo do pronome reflexivo se, conexo com o gr. autós - ver aut(o)- , de muito maior vitalidade em port.; ocorre nos cultismos suicida, suicidado, suicidante, suicidar, suicídio, suicidomania, suicidomaníaco, suicidômano, do s XIX em diante" Dicionário Houaiss Eletronico
²sui elemento de composição
antepositivo, do lat. sus,suis 'porco', conexo com o gr. hûs,huós - ver hio- ; ocorre em voc. já orign. lat., como suíno (em curso no vern. desde o sXVII), já em cultismos do sXIX em diante, alguns dos quais verdadeiros subcompostos: suida, suídeo, suiforme, suil, suília, suinicídio, suinícola, suinicultura/suinocultura, suinofagia, suinófago, suinofobia, suinófobo Dicionário Houaiss Eletronico
"-cida elemento de composição:
pospositivo, do latim -cída 'que mata, que corta, que deita abaixo' (como em homicída adj.s.2g., de homo,ìnis 'homem' + -cída), der. do radical de caedo,is,cecídi,caesum,caedère 'cortar, deitar abaixo, imolar', com apofonia, ver ces- ; em comp. cultos do s XIV em diante, como: angüicida, animicida, apicida, bactericida, bernicida, calicida, carrapaticida, deicida, ervicida, feticida, filicida, formicida, fradicida, fratricida, fungicida, gaticida, germicida, herbicida, homicida, infanticida, inseticida, liberticida, loculicida ('que rompe, destrói os lóculos', em botânica), lumbricida, mariticida, matricida, microbicida, parasiticida, parricida, poricida, raticida, regicida, republicida, septicida, suicida, tauricida, tiranicida, uxoricida, vermicida; a partir de 1945, com a consagração da pal. genocida/genocídio, a série, até então fiel à vogal -i- lat. de ligação, passou a admitir também a gr. -o-: etnocida/etnocídio, ecocida/ecocídio, fitocida/fitocídio, geocida/geocídio, glotocida/glotocídio, zoocida/zoocídio; a emergência do fr. suicidaire (1901) ensejou pouco tempo depois o adj. suicidário, parcialmente sinônimo (como adj.) de suicida; suicidário passou assim a ser padrão potencial para com todos os casos aqui relacionados" Dicionário Houaiss Eletronico
"suicida adjetivo de dois gêneros, relativo a ou que envolve suicídio
sinônimo de autocida" Dicionário Houaiss Eletronico
" suicidar-se verbo pronominal
1-pôr termo à própria vida; matar-se
Ex.: suicidou-se por não suportar mais a vida" Dicionário Huoaiss Eletronico
O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado
pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte,
de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente,
usando um meio que ele acredita ser letal. Também
fazem parte do que habitualmente chamamos de comportamento
suicida: os pensamentos, os planos e a tentativa
de suicídio. Uma pequena proporção do comportamento
suicida chega ao nosso conhecimento. A figura 1 ilustra a
prevalência de comportamento suicida na população brasileira
ao longo da vida mostrando, por exemplo, que 17%
das pessoas no Brasil pensaram, em algum momento, em
tirar a própria vida. SUICÍDIO:
INFORMANDO PARA PREVENIR
Conselho Federal de Medicina (CFM)
Brasília, 2014
2-TIPOS DE SUICÍDIO
"O risco de morte intencional autoinfligida é classificada na sociologia
como:
- altruísta (por uma causa tida como nobre e importante),
- fatalista (como nos casos do
moribundo que pensa em abreviar o sofrimento antes de uma morte já prevista),
- anômica
(quando o sujeito sente que a sociedade em seu entorno está degenerada a ponto de não mais
haver condições de sobrevivência) e
- egoísta (por motivos pessoais, como nas depressões, nos
transtornos de personalidade borderline e explosiva e outros transtornos psíquicos)1
. "
1
SERRANO, A.I. Suicídio: epidemiologia e fatores de risco. . In: CATALDO NETO, A.; GAUER, AG.J.C.;
FURTADO, N.R. Psiquiatria para estudante de medicina. 1ª. ed.. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2003. Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial,
baseado em evidências, para a abordagem do
risco e das tentativas de suicídio.
Sistema Único de Saúde
Estado de Santa Catarina, 2015.
3-CLASSIFICAÇÃO NA CID- Código Internacional de Doenças
X60 a X84 Lesões autoprovocadas intencionalmente
X60 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a analgésicos, antipiréticos e antireumáticos,
não-opiáceos
X61 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a drogas anticonvulsivantes
[antiepilépticos] sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos e psicotrópicos não
classificados em outra parte
X62 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a narcóticos e psicodislépticos
[alucinógenos] não classificados em outra parte
X63 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outras substâncias farmacológicas de
ação sobre o sistema nervoso autônomo
X64 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outras drogas, medicamentos e
substâncias biológicas e às não especificadas
X65 Auto-intoxicação voluntária por álcool
X66 Auto-intoxicação intencional por solventes orgânicos, hidrocarbonetos halogenados e
seus vapores
X67 Auto-intoxicação intencional por outros gases e vapores
X68 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a pesticidas
X69 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outros produtos químicos e
substâncias nocivas não especificadas
X70 Lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento e
sufocação
X71 Lesão autoprovocada intencionalmente por afogamento e submersão
X72 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de arma de fogo de mão
X73 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de espingarda, carabina, ou arma
de fogo de maior calibre
X74 Lesão autoprovocada intencionalmente por disparo de outra arma de fogo e de arma de
fogo não especificada
X75 Lesão autoprovocada intencionalmente por dispositivos explosivos
X76 Lesão autoprovocada intencionalmente pela fumaça, pelo fogo e por chamas
X77 Lesão autoprovocada intencionalmente por vapor de água, gases ou objetos quentes
X78 Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto cortante ou penetrante
X79 Lesão autoprovocada intencionalmente por objeto contundente
X80 Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação de um lugar elevado
X81 Lesão autoprovocada intencionalmente por precipitação ou permanência diante de um
objeto em movimento
X82 Lesão autoprovocada intencionalmente por impacto de um veículo a motor
X83 Lesão autoprovocada intencionalmente por outros meios especificados
X84 Lesão autoprovocada intencionalmente por meios não especificados São de baixa urgência os casos em que há ideação suicida mas não há planejamento específico e a intencionalidade é baixa. Nestes casos o paciente ainda vislumbra alternativas para lidar com o sofrimento.
São de média urgência os casos em que o paciente apresenta planos suicidas possíveis, mas não tem acesso fácil aos meios para concretizá-los. Visualiza seu planejamento como algo possível, para o futuro, caso a situação não melhore. Nestes casos o paciente deve ter consulta agendada em serviço especializado de saúde mental, como o CAPS, num período máximo de 7 a 10 dias. Neste interim, a equipe da unidade básica de saúde deve manter contato com ele.
Os casos de urgência elevada são os que há planejamento claro, com convicção, e há intenção de leva-lo a cabo nas próximas horas ou dias. A convicção nunca é absoluta, pois todos os pacientes têm uma ambivalência, que abre possibilidade para a intervenção. Casos com risco muito grave podem exigir internação em serviço de saúde mental de hospital geral ou em hospital psiquiátrico. Em geral é possível montar uma relação boa com o paciente, evitando um desfecho ruim. Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial, baseado em evidências, para a abordagem do risco e das tentativas de suicídio. Sistema Único de Saúde Estado de Santa Catarina, 2015.
4-CLASSIFICAÇÃO DA URGÊNCIA
São de baixa urgência os casos em que há ideação suicida mas não
há planejamento específico e a intencionalidade é baixa. Nestes casos o paciente ainda
vislumbra alternativas para lidar com o sofrimento.
São de média urgência os casos em que o paciente apresenta planos
suicidas possíveis, mas não tem acesso fácil aos meios para concretizá-los. Visualiza seu
planejamento como algo possível, para o futuro, caso a situação não melhore. Nestes casos o
paciente deve ter consulta agendada em serviço especializado de saúde mental, como o
CAPS, num período máximo de 7 a 10 dias. Neste interim, a equipe da unidade básica de
saúde deve manter contato com ele.
Os casos de urgência elevada são os que há planejamento claro, com
convicção, e há intenção de leva-lo a cabo nas próximas horas ou dias. A convicção nunca é
absoluta, pois todos os pacientes têm uma ambivalência, que abre possibilidade para a
intervenção. Casos com risco muito grave podem exigir internação em serviço de saúde mental
de hospital geral ou em hospital psiquiátrico. Em geral é possível montar uma relação boa com
o paciente, evitando um desfecho ruim. Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial, baseado em evidências, para a abordagem do risco e das tentativas de suicídio. Sistema Único de Saúde Estado de Santa Catarina, 2015.
5-PREVALÊNCIA E RISCO DE SUICÍDIO NO BRASIL- revista debates em psiquiatria - Mar/Abr 2017, p. 10-14
- Entre 1980 e 2006, a taxa de suicídio subiu 30%1, e o
número de jovens que o cometeram chegou a 3.590 em
20105.
- Houve um aumento total entre 2000 e 2012 em
todas as faixas etárias, sendo 22,7% entre pessoas de 25 a
59 anos, 21,8% entre jovens de 10 a 24 anos e 16,2% em
maiores de 60 anos ...
- Houve aumento crescente de ideação suicida entre os
homens, pessoas casadas e maiores de 60 anos6,7.
O sexo masculino teve maior prevalência de suicídio8,
com uma razão que variou entre 3:1 e 7,5:13,9.
- No
sexo feminino, ocorreu maior taxa de tentativas,
correspondendo a 66,65% do total5,7.
- Porém, a morte
como resultado foi mais frequente no sexo masculino
(76,5%) do que no feminino (23,5%). Os homens ti veram
um risco 6,98 vezes maior de morte durante uma
tentati va do que as mulheres7
. Além disso, a maioria
das mulheres que o fi zeram eram mais jovens que os
homens. A taxa de suicídio para homens e mulheres
no Brasil foi de 5,8 e 2,3 por 100.000 habitantes,
respectivamente10.
- Em relação aos fatores socioambientais, 63% dos
indivíduos que se suicidaram possuíam até 7 anos
de estudo, enquanto apenas 10,5% frequentaram a
escola por 12 anos ou mais.
- No quesito raça/cor, os
indígenas foram os que apresentaram maior taxa de
mortalidade, 8,6/100.000 habitantes, seguidos pelos
amarelos, 6,4/100.000, e pelos brancos, 5,4/100.0001,2.
A desigualdade teve associação positiva com o suicídio;
a renda per capita e o desemprego foram associados
negativamente; e a taxa de indivíduos que se divorciaram
teve associação negativa apenas para as mulheres 2,10.
- Em idosos, a depressão foi o fator de risco mais relevante 9
.
- A frequência do uso de álcool foi maior entre homens
(55,8%) do que entre mulheres (44,2%).
- Dos indivíduos
em tratamento psiquiátrico, 31,4% dos que estavam em
abstinência de drogas (exceto tabaco) já tentaram tirar a
própria vida, assim como 41,7% dos que estavam em uso
de álcool e 46,2% em uso de outras drogas, totalizando
40% do grupo 11...
- A frequência do uso de álcool foi maior entre
homens (55,8%) do que entre mulheres (44,2%), e 9,3%
das tentativas registradas em pronto-socorro ocorreram
sob a influência de álcool7
.
- A decisão de se suicidar tem relação com a organização
e as interações sociais. A sua taxa diminuiu com o
aumento da população, o que sugere que contatos e
interações sociais podem funcionar como um antídoto
para o ato12. Além disso, a diminuição da desigualdade
de renda na Região Sul e na Região Centro-Oeste do
Brasil teve relação com a tendência de diminuição das
suas taxas nas mesmas regiões1"
Referências
1. Machado DB. Santos DN. Suicídio no Brasil, de
2000 a 2012. J Bras Psiquiatr. 2015;64:45-54.
2. Machado DB, Rasella D, Santos DN. Impact of income
inequality and other social determinants on suicide
rate in Brazil. J Plos One. 2015;10:e124934.
3. Faria NMX, Fassa AG, Meucci RD. Associati on
between pesti cide exposure and suicide rates in
Brazil. Neurotoxicology. 2014;45:355-62.
4. Vieira LP, Santana VTP, Suchara EA. Caracterização
de tentati vas de suicídios por substâncias
exógenas. Cad Saude Colet. 2015;23:118-23.
5. Silva LLT, Alvim CGG, Costa CC, Ramos TM, Costa
EE. O suicídio na adolescência nas publicações
da enfermagem brasileira: revisão integrati va da
literatura. R Enferm Cent O Min. 2015;5:1871-84.
6. Pinto LW, Assis SG. Estudo descriti vo das tentati vas
de suicídio na população idosa brasileira, 2000-
2014. Cienc Saude Coleti va. 2015;20:1681-92.
7. Alves Vde M, Silva AM, Magalhães AP, Andrade
TG, Faro ACM, Nardi AE. Suicide att empts
in a emergency hospital. Arq Neuropsiquiatr.
2014;72:123-8.
8. Ceccon RF, Meneghel SN, Tavares JP, Lautert
L. [Suicide and work in Brazilian metropolises:
an ecological study]. Cienc Saude Colet.
2014;19:2225-34.
9. Cavalcante FG, Minayo MCS. Estudo qualitati vo
sobre tentati vas e ideações suicidas em 60
pessoas idosas brasileiras. Cienc Saude Colet.
2015;20:1655-66.
10. Bando DH, Lester D. An ecological study on
suicide and homicide in Brazil. Cienc Saude Colet.
2014;19:1179-89.
11. Formiga MB, Vasconcelos SC, Galdino MKC, Lima
MDC. Presence of dual diagnosis between users
and non-users of licit and ilicit drugs in Brazil. J
Bras Psiquiatr. 2015;64(4):288-95.
12. Melo HP, Moreira AA, Bati sta E, Makse HA,
Andrade JS. Stati sti cal signs of social infl uence on
suicides. Sci Rep. 2014;4:6239.
13. Sgobin SM, Traballi AL, Botega NJ, Coelho OR.
Direct and indirect cost of att empted suicide in a
general hospital: cost-of-illness study. Sao Paulo
Med J. 2015;133:218-26.
14. Oliveira FF, Suchara EA. [Epidemiological profi le of
exogenous poisoning in children and adolescents
from a municipality in the state of Mato Grosso].
Rev Paul Pediatr. 2014;32:299-305.
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SUICÍDIO: INFORMANDO PARA PREVENIR Conselho Federal de Medicina (CFM) Brasília, 2014 |
"Os dois principais fatores de risco são: • Tentativa prévia de suicídio:
É o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que
tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes
mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se
que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado
previamente.
• Doença mental:
Sabemos que quase todos os suicidas tinham uma doença
mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente
não tratada ou não tratada de forma adequada.
17
Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão,
transtorno bipolar, alcoolismo e abuso/dependência
de outras drogas e transtornos de personalidade e
esquizofrenia. Pacientes com múltiplas comorbidades psiquiátricas
têm um risco aumentado, ou seja, quanto mais
diagnósticos, maior o risco. Na figura 2 tem-se os diagnósticos mais frequentemente associados ao suicídio.
Destacam-se outros fatores de risco:
• Desesperança, desespero, desamparo e impulsividade:
Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero
são fortemente associados ao suicídio. É preciso estar
atento, pois a desesperança pode persistir mesmo após
a remissão de outros sintomas depressivos.
Impulsividade, principalmente entre jovens e adolescentes,
figura como importante fator de risco. A combinação
de impulsividade, desesperança e abuso de substâncias
pode ser particularmente letal.
• Idade:
O suicídio em jovens aumentou em todo o mundo nas
últimas décadas e também no Brasil, representando a
terceira principal causa de morte nessa faixa etária no
país. Os comportamentos suicidas entre jovens e adolescentes
envolvem motivações complexas, incluindo
humor depressivo, abuso de substâncias, problemas
emocionais, familiares e sociais, história familiar de transtorno
psiquiátrico, rejeição familiar, negligência, além de
abuso físico e sexual na infância.
O suicídio também é elevado entre os idosos, devido a
fatores como: perda de parentes, sobretudo do cônjuge;
solidão; existência de enfermidades degenerativas e
19
dolorosas; sensação de estar dando muito trabalho à família
e ser um peso morto para os outros.
• Gênero: Os óbitos por suicídio são em torno de três vezes maiores
entre os homens do que entre mulheres. Inversamente,
as tentativas de suicídio são, em média, três vezes mais frequentes entre as mulheres. Papéis masculinos tendem
a estar associados a maiores níveis de força, independência
e comportamentos de risco. O reforço a esse
papel de gênero muitas vezes impede os homens de
procurar ajuda para os sentimentos suicidas e depressivos.
Nos homens, a solidão e o isolamento social são
os principais fatores associados.
Mulheres se suicidam
menos porque têm redes sociais de proteção mais fortes
e se engajam mais facilmente do que os homens em atividades
domésticas e comunitárias, o que lhes confere
um sentido de participação até o final da vida.
Atualmente, há evidências de que os conflitos em torno
da identidade sexual causem um maior risco de comportamento
suicida, fazendo-se necessária a sensibilidade
para estas questões na criação de qualquer programa de
prevenção do suicídio. Entretanto, não se deve perder a
presença de qualquer transtorno mental associado, bem
como abordar as questões mais óbvias dos vários graus
de aceitação social e estar de acordo com os pontos de vista culturais e individuais de cada um. Ressalta-se
que no atestado de óbito não consta orientação sexual,
apenas gênero masculino e feminino.
• Doenças clínicas não psiquiátricas:
Doenças clínicas não psiquiátricas foram associadas ao
suicídio de maneira independente de outros dois fatores
de risco bem estabelecidos, como a depressão e o
abuso de substâncias.
As taxas de suicídio são maiores
em pacientes com câncer; HIV; doenças neurológicas,
como esclerose múltipla, doença de Parkinson, doença
de Huntington e epilepsia; doenças cardiovasculares,
como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular
encefálico; doença pulmonar obstrutiva crônica; além de
doenças reumatológicas, como o lúpus eritematoso sistêmico. Os sintomas não responsivos ao tratamento e os
primeiros meses após o diagnóstico também constituem
situações de risco. Pacientes com doenças clínicas crônicas apresentam comorbidades
com transtornos psiquiátricos, com taxas
variando de 52% a 88%. Portanto, é necessário rastrear
sintomas depressivos e comportamento suicida nesses
pacientes, especialmente diante de problemas de
adesão ao tratamento.
21
• Eventos adversos na infância e na adolescência:
Maus tratos, abuso físico e sexual, pais divorciados, transtorno
psiquiátrico familiar, entre outros fatores, podem
aumentar o risco de suicídio. Na assistência ao adolescente,
os médicos, os professores e os pais devem estar
atentos para o abuso ou a dependência de substâncias
associados à depressão, ao desempenho escolar pobre,
aos conflitos familiares, à incerteza quanto à orientação
sexual, à ideação suicida, ao sentimento de desesperança
e à falta de apoio social.Um fator de risco adicional de adolescentes é o suicídio
de figuras proeminentes ou de indivíduo que o adolescente
conheça pessoalmente. Existe, também, o fenômeno dos suicidas em grupo ou comunidades semelhantes
que emitem o estilo de vida.
• História familiar e genética:
O risco de suicídio aumenta entre aqueles com história
familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio. Estudos
de genética epidemiológica mostram que há componentes
genéticos, assim como ambientais envolvidos. O
risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados
com alguém que se suicidou.
• Fatores sociais:
O sociólogo Emile Durkheim assinalou, no século XIX,
um conceito de laço social que ainda hoje nos é muito
útil. Quanto maiores os laços sociais em uma determinada
comunidade, menores seriam as taxas de mortalidade
por suicídio. Este conceito sociológico pode ser
transposto para o nível individual: quanto menos laços
sociais tem um indivíduo, maior o risco de suicídio. As
pessoas que emigram são, pela sua própria definição privada
de apoios sociais estáveis, mais suscetíveis ao suicídio.
No entanto, novamente o próprio fato de migração
não deve ser utilizado a fim de minimizar a importância
de perturbações mentais, quando estas estão presentes.
Desempregados com problemas financeiros ou trabalhadores
não qualificados têm maior risco de suicídio: a
taxa referente a mortes deste tipo aumenta em períodos
de recessão econômica, principalmente nos três primeiros
meses da mudança de situação financeira ou de desemprego.
Viver sozinho parece aumentar o risco de suicídio, com
taxas mais elevadas entre indivíduos divorciados ou que
nunca se casaram." SUICÍDIO: INFORMANDO PARA PREVENIR Conselho Federal de Medicina (CFM) Brasília, 2014
7- FATORES PROTETORES
- autoestima elevada;bom suporte familiar;
- laços sociais bem estabelecidos com família e amigos;
- religiosidade independente da afiliação religiosa e razão para viver;
- ausência de doença mental; estar empregado;
- ter crianças em casa; senso de responsabilidade com a família;
- gravidez desejada e planejada;
- capacidade de adaptação positiva;
- capacidade de resolução de problemas e relação terapêutica positiva, além de acesso a serviços e cuidados de saúde mental.
Durante uma avaliação do risco de suicídio em um indivíduo, os fatores de proteção não devem ser usados para obscurecer aqueles fatores que identificam o risco de suicídio.
8- TRATAMENTO
Os pacientes de baixo risco (pensamentos suicidas ocasionais, sem
planos) orienta-se fornecer suporte emocional e encaminhar para acompanhamento com
profissional de saúde mental ou médico. Os de médio risco (pensamento e planos suicidas de caráter não
imediato) também devem ser estimulados quanto a trabalhar seus sentimentos suicidas e sua
possível ambivalência e às alternativas ao suicídio, com encaminhamento o mais breve
possível para acompanhamento de sua saúde mental, assim como a família e amigos devem
ser contatados.
Os de alto risco (plano definido, meios de execução e de caráter
imediato) devem ser acompanhados em tempo integral. Para os mais graves deve se
providenciar hospitalização. A família deve ser contatada e informada, caso não saiba da
situação. Se houver meios de suicídio em posse do paciente, eles devem ser removidos.
Os critérios de hospitalização abrangem, além do quadro clínico em si:
a) Constância de pensamentos autodestrutivos permanentes ou recorrentes;
b) Alto nível de intenção de morrer nas próximas horas ou nos próximos dias;
c) Agitação ou pânico;
d) Existência de plano destrutivo imediato, realista, envolvendo métodos eficazes;
e) Suporte social precário e dificuldades para montar vínculo adequado.
A abordagem psicossocial imediata e sequencial implica:
a) Esforços para reduzir as forças de tensão sobre o mundo psíquico da pessoa
b) Reforço das ligações afetivas positivas, não tanáticas
c) Controle de armas, venenos, remédios, etc.
d) Entender que se deve abordar o transtorno de base, que gera o ímpeto suicida, pois
não há fármaco específico contra suicídio
e) Evitar dar receitas médicas com grande quantidade de remédios, para evitar seu uso
como meio de morte.
f) Discutir os aspectos envolvendo a proteção possível, como nos casos de gravidez na
adolescência e de solidão nos idosos. Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial, baseado em evidências, para a abordagem do risco e das tentativas de suicídio. Sistema Único de Saúde Estado de Santa Catarina, 2015.
9-- O SUICIDA TEM LIVRE ARBÍTRIO?
O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser letal. Também fazem parte do que habitualmente chamamos de comportamento suicida: os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio. Uma pequena proporção do comportamento suicida chega ao nosso conhecimento. A figura 1 ilustra a prevalência de comportamento suicida na população brasileira ao longo da vida mostrando, por exemplo, que 17% das pessoas no Brasil pensaram, em algum momento, em tirar a própria vida. SUICÍDIO: INFORMANDO PARA PREVENIR Conselho Federal de Medicina (CFM) Brasília, 2014
"O suicídio é uma decisão
individual, já que cada um
tem pleno direito a exercitar
o seu livre arbítrio.
FALSO.
Os suicidas estão passando quase
invariavelmente por uma doença mental
que altera, de forma radical, a sua percepção
da realidade e interfere em seu livre
arbítrio. O tratamento eficaz da doença
mental é o pilar mais importante da prevenção
do suicídio. Após o tratamento da
doença mental o desejo de se matar desaparece. SUICÍDIO: INFORMANDO PARA PREVENIR Conselho Federal de Medicina (CFM) Brasília, 2014
Resposta:
O conceito de livre arbítrio não exclui interferências, tendências ou mesmo coações internas ou externas
O conceito de livre arbítrio é que nos leva a agir além da impulsão dos instintos. Um animal age instintivamente, não tem autodeterminismo.
O suicídio na verdade é anti-instintivo, de tal forma que a escolha voluntária da pessoa contraria seu instinto de sobrevivência
A própria classificação do grau de urgência já explicita a intencionalidade da escolha:
São de baixa urgência os casos em que há ideação suicida mas não há planejamento específico e a intencionalidade é baixa. Nestes casos o paciente ainda vislumbra alternativas para lidar com o sofrimento.
São de média urgência os casos em que o paciente apresenta planos suicidas possíveis, mas não tem acesso fácil aos meios para concretizá-los. Visualiza seu planejamento como algo possível, para o futuro, caso a situação não melhore. Nestes casos o paciente deve ter consulta agendada em serviço especializado de saúde mental, como o CAPS, num período máximo de 7 a 10 dias. Neste interim, a equipe da unidade básica de saúde deve manter contato com ele.
Os casos de urgência elevada são os que há planejamento claro, com convicção, e há intenção de leva-lo a cabo nas próximas horas ou dias. A convicção nunca é absoluta, pois todos os pacientes têm uma ambivalência, que abre possibilidade para a intervenção. Casos com risco muito grave podem exigir internação em serviço de saúde mental de hospital geral ou em hospital psiquiátrico. Em geral é possível montar uma relação boa com o paciente, evitando um desfecho ruim. Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial, baseado em evidências, para a abordagem do risco e das tentativas de suicídio. Sistema Único de Saúde Estado de Santa Catarina, 2015.
10- MITOS SOBRE SUICÍDIO
Há diversos mitos a respeito do comportamento suicida.
Alguns dos mais comuns são:
Mito 1: As pessoas que falam sobre o suicídio não farão mal a si
próprias, pois querem apenas chamar a atenção. Isto é FALSO.
Um conselheiro deve tomar todas as precauções necessárias
sempre que confrontado com um indivíduo que fale de ideação,
de intenção ou de um plano suicida. Todas as ameaças de se
fazer mal devem ser levadas muito a sério.
Mito 2: O suicídio é sempre impulsivo e acontece sem aviso.
FALSO. Morrer pelas suas próprias mãos pode parecer ter sido
impulsivo, mas o suicídio pode ter sido ponderado durante algum
tempo. Muitos indivíduos suicidas comunicam algum tipo de
mensagem verbal ou comportamental sobre as suas ideações da
intenção de se fazerem mal.
Mito 3: Os indivíduos suicidas querem mesmo morrer ou estão
decididos a matar-se. FALSO. A maioria das pessoas que se
sentem suicidas partilham os seus pensamentos com pelo menos
uma outra pessoa, ou ligam para uma linha telefónica de
emergência ou para um médico, o que constitui prova de
ambivalência, e não de empenhamento em se matar. observação: A pessoa na verdade quer fiar livre na angústia (seja por egoísmo, anomismo ou fatalismo- ver pergunta 2)
Mito 4: Quando um indivíduo mostra sinais de melhoria ou
sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.
FALSO. Na verdade, um dos períodos mais perigosos é
imediatamente depois da crise, ou quando a pessoa está no
hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue
à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está
particularmente fragilizada e em perigo de se fazer mal. Como um
preditor do comportamento futuro é o comportamento passado, a
pessoa suicida muitas vezes continua em risco.
Mito 5: O suicídio é sempre hereditário. FALSO. Nem todos os
suicídios podem ser associados à hereditariedade e estudos
conclusivos são limitados. Uma história familiar de suicídio, no
entanto, é um factor de risco importante para o comportamento
suicida, particularmente em famílias onde a depressão é comum.
Mito 6: Os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm
sempre alguma perturbação mental. FALSO. Os comportamentos
suicidas têm sido associados à depressão, abuso de substâncias,
esquizofrenia e outras perturbações mentais, além de aos
comportamentos destrutivos e agressivos. No entanto, esta
associação não deve ser sobrestimada. A proporção relativa
destas perturbações varia de lugar para lugar e há casos em que
nenhuma perturbação mental foi detectada.
Mito 7: Se um conselheiro falar com um cliente sobre suicídio, o
conselheiro está a dar a ideia de suicídio à pessoa. FALSO. Um
conselheiro obviamente não causa comportamento suicida
simplesmente por perguntar aos clientes se estão a considerar
fazer-se mal. Na verdade, reconhecer que o estado emocional do
indivíduo é real, e tentar normalizar a situação induzida pelo stress são componentes necessários para a redução da ideação
suicida.
Mito 8: O suicídio só acontece “àqueles outros tipos de pessoas,”
não a nós. FALSO. O suicídio acontece a todos os tipos de
pessoas e encontra-se em todos os tipos de sistemas sociais e de
famílias.
Mito 9: Após uma pessoa tentar cometer suicídio uma vez, nunca
voltará a tentar novamente. FALSO. Na verdade, as tentativas de
suicídio são um preditor crucial do suicídio.
Mito 10: As crianças não cometem suicídio dado que não
entendem que a morte é final e são cognitivamente incapazes de
se empenhar num acto suicida. FALSO. Embora seja raro, as
crianças cometem suicídio e, qualquer gesto, em qualquer idade,
deve ser levado muito seriamente.
Dadas estas concepções erróneas acerca do suicídio,
alguns conselheiros podem sentir-se ansiosos ou mal preparados
para trabalhar com indivíduos suicidas e devem desenvolver
competências de aconselhamento eficazes para lidar com esta
população. A informação, a formação, e a experiência de
intervenção em crises contribuem para aumentar a competência
do conselheiro. A formação deve incluir o reforço da capacidade para tolerar os sentimentos intensos de outros, a redução das
reacções de defesa e da passividade do conselheiro, e a
superação de questões de sofrimento ainda por resolver. Para
além disto, estar consciente dos factores de risco e compreender
situações de risco também são actividades essenciais para o
conselheiro. PREVENÇÃO DO SUICÍDIO
UM RECURSO PARA CONSELHEIROS
Departamento de Saúde Mental e de Abuso de
Substâncias
Gestão de Perturbações Mentais e de Doenças do Sistema
Nervoso
Organização Mundial de Saúde — OMS
Genebra
2006
11-EXISTEM CAUSAS ESPIRITUAIS?
Embora haja relatos bíblicos de pessoas endemoniadas que se suicidaram, não se pode afirmar que toda pessoa que tem demônios suicida-se. Assim a presença da perturbação malígna apenas é um agravante perigoso, mas não determinante do suicídio:
Lc 22:2 Preocupavam-se os principais sacerdotes e os escribas em como tirar a vida a Jesus; porque temiam o povo.
3 Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze.
4 Este foi entender-se com os principais sacerdotes e os capitães sobre como lhes entregaria a Jesus;
5 então, eles se alegraram e combinaram em lhe dar dinheiro.
6 Judas concordou e buscava uma boa ocasião de lho entregar sem tumulto.
João 13:2 Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus,
Jo 13:27 E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa.
Mateus 27:5 Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.
1 Samuel 18:10 No dia seguinte, um espírito maligno, da parte de Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em casa; e Davi, como nos outros dias, dedilhava a harpa; Saul, porém, trazia na mão uma lança,
1 Samuel 31:4 Então, disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada e atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e me traspassem, e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não o quis, porque temia muito; então, Saul tomou da espada e se lançou sobre ela.
Nenhuma menção de demonio é feita sobre Aitofel e o escudeiro de Saul ou Zinri em todos estes casos eles foram frustrados em seus intentos ou sob iminente morte como no caso do escudeiro de Saul
1 Samuel 31:5 Vendo, pois, o seu escudeiro que Saul já era morto, também ele se lançou sobre a sua espada e morreu com ele.
2 Sm 17:23 Vendo, pois, Aitofel que não fora seguido o seu conselho, albardou o jumento, dispôs-se e foi para casa e para a sua cidade; pôs em ordem os seus negócios e se enforcou; morreu e foi sepultado na sepultura do seu pai.
1 Rs 16:18 Vendo Zinri que a cidade era tomada, foi-se ao castelo da casa do rei, e o queimou sobre si, e morreu,
Os Samurais tinham esta prática:
'Os seppuku voluntários evoluíram durante as guerras do século XII como um método de suicídio usado com frequência por guerreiros que, derrotados em batalha, optaram por evitar a desonra de cair nas mãos do inimigo." https://www.britannica.com/topic/seppuku
12- SUICÍDIO, AUTO SACRIFÍCIO E A ÉTICA CRISTÃ
Tirar uma vida é errado, mesmo que seja a nossa. O suicídio é um ato de ódio contra o “eu”, assim como o homicídio é um ato de ódio contra outrem. O suicídio é tão errado quanto o homicídio porque viola o mandamento de amar a si mesmo, assim como o assassinato viola o mandamento de amar aos outros. O amor se opõe a ambos. O suicídio é um ato egoísta para terminar nossos problemas sem preocupação em ajudar os outros que também têm problemas. Tomar o “caminho fácil” para livrar-se do sofrimento da vida não é a resposta mais amorosa e responsável. O amor nunca perde todo o propósito na vida. A pessoa que se concentra em proteger e ajudar os outros não tem razão para odiar a sua vida. Amar é o antídoto à tentação de autodestruir-se.
Tirar uma vida não demonstra amor, mas salvar uma vida, sim. Jesus declarou: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”(João 15:13). Cristo exemplificou o princípio de sacrificar a própria vida pelos outros. Ele disse: “Eu dou a minha vida […] Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (João 10:17-18). Portanto, um princípio bíblico de valor que governa nossa vida pessoal é: O suicídio é errado, mas sacrificar a vida é justificável e nobre na tentativa amorosa de salvar a vida de outrem.Aos olhos de Deus, um auto-sacrifício que salva vidas é a suprema expressão do amor de Cristo, a própria antítese do suicídio egoísta.
Porém, nem todo aparente sacrifício de nossa vida “a favor de outros” é, um verdadeiro ato de amor. Paulo tornou isto claro no grande capítulo do amor: “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (1 Cor. 13:3). Nem todo mártir morre necessariamente em conseqüência de uma manifestação de amor a outros. Alguns podem estar sacrificando vida pelo seu compromisso obstinado com uma causa egocêntrica. Há vários exemplos de suicídio egoísta na Bíblia. O rei Saul, mortalmente ferido, caiu sobre a sua espada para poupar-se da vergonha de morrer às mãos dos inimigos (1 Sam. 31:4), dificilmente um motivo de amor. O “suicídio assistido” de Abimeleque foi também egoísta e orgulhoso (Juí. 9:54). https://juberdonizete.blogspot.com.br/2018/
O suicídio é uma ato da liberdade (autodeterminação) que tira a liberdade. Uma contradição. (Sartre)
O suicídio é uma ato de descrença em si, nas promessas de Deus.
O suicídio é um ato de irresponsabilidade e indiferença das obrigações e sentimentos de /e perante Deus, da família ,da profissão e dos amigos.
O suicídio é a negação da fé, da esperança, da ajuda médica, da ajuda de Deus, da ajuda psicológica, da ajuda dos amigos, da ajuda dos parentes,...
O suicídio via de regra é uma escolha de fechar-se em si e para si, um ato egocêntrico
O suicídio, especialmente ao que diz professar a fé cristã, é a negação do amor de Deus derramado no coração, capacitando o homem a amar ao próximo como a si mesmo.
13- SUICIDIO É APENAS UM PECADO ISOLADO?
O suicídio é um processo de morte da fé, da esperança, do amor, da gratidão, das potencialidades individuais. Enfim, suicidar é a consequencia de tomar um caminho perigoso e não aceitar ajuda para sair dele, mesmo sabendo que o fim é a morte. É se matar a cada dia, até o ponto de perder toda a vida.
14 - SUICÍDIO NO MUNDO - números e seu impacto
A Organização Mundial da Saúde mostra a posição do Brasil, em 2016, em 113 lugar no ranking mundial de suicídio e uma taxa de 6,5 a cada 100000 habitantes. Esses dados são da Organização Mundial da Saúde
NO BRASIL, A CADA DIA, 32 PESSOAS SE SUICIDAM Coeficientes de mortalidade por suicídio são estimados em número de suicídios para cada 100 mil habitantes, ao longo de um ano. O do Brasil gira em torno de 11,4 (15 em homens; 8,0 em mulheres). Esse índice pode ser considerado baixo, quando comparado aos de outros países. O leste da Europa, por exemplo, possui coeficiente 27, enquanto o mundo apresenta taxa de 14,5.
Se, em vez de coeficiente de mortalidade, considerarmos o número total de mortes
por suicídio, o Brasil atingirá o oitavo lugar numa escala mundial. Isso se dá por sermos um
país populoso. Foram 11.821 suicídios oficialmente registrados em 2012, o que representa,
em média, 32 mortes por dia. Estes dados são encontrados no Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. A base do SIM consolida os registros das certidões
de óbito emitidas no Brasil, de acordo com o local da ocorrência do evento. “Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir”.2017 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP e CFM p. 6-7
15- SUICÍDIO E A INFLUENCIA DA MIDIA
Há vários registros mostrando que, dependendo do foco dado a uma reportagem, pode haver
aumento no número de casos de suicídio ou, ao contrário, pode-se prestar ajudar a pessoas
que se encontram sob risco de suicídio ou mesmo enlutadas pela perda de um ente querido
que pôs fim à vida. ...“Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir”.2017 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP e CFM p. 5
Quando o suicídio for notícia (e esse critério varia entre os órgãos de imprensa) sugerese
reportagem discreta, cuidadosa com parentes e amigos enlutados, sem detalhismo
exagerado do método suicida, notadamente quando o falecido era celebridade ou pessoa
muito estimada localmente. Acredita-se que carregar a reportagem de tensão, por meio de
descrições e imagens de amigos e de familiares impactados, acabe por encorajar algumas
pessoas mais vulneráveis a tomarem o suicídio como forma de chamar a atenção ou
de retaliação contra outros.
O suicídio não deveria ser enaltecido nem tomado como ato de coragem, num processo
de “romantização” do ato, ou de “heroicisação” do falecido. Cuidado para não ressaltar reações
“positivas”, ou o lado “solucionador” de um suicídio, como numa matéria online da revista
Time de 28 de maio de 2007, sobre o suicídio de um ministro japonês, cujo título dizia:
“Suicídio põe fim a escândalo no Japão”.“Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir”.2017 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP e CFM p. 14
DICAS
• Evitar a palavra suicídio em chamadas e manchetes. Melhor incluí-la no corpo do texto.
• Evitar a colocação da matéria em primeira página.
• Evitar chamadas dramáticas ou ênfase no impacto da morte sobre as pessoas próximas.
• Pessoas sob o impacto do suicídio estão à procura de uma “causa” para o ocorrido e podem, nas entrevistas, transmitir sua “teoria” que coloca a culpa em algo ou em alguém.
• Alguns entrevistados, inicialmente, poderão negar que a vítima tivesse dado sinais de que planejava se matar. Essa percepção costuma mudar com o passar do tempo.
• Não repetir a reportagem, nem produzir novas matérias sobre o caso.
• Não fornecer detalhes do método letal nem fotos.
• Evitar termos valorativos, como por exemplo: no lugar de “cometeu” suicídio, utilizar
“infelizmente, interrompeu a sua vida”; em vez de “tentou o suicídio sem sucesso”, usar
“felizmente, não conseguiu realizar o ato” ou, ainda, “felizmente, continua viva”; evitar termos generalizantes, como por exemplo “os suicidas”, ao referir-se a pessoas falecidas
por suicídio, trocando por “as pessoas que morreram por suicídio”.
• Aproveite a oportunidade para conscientizar a população sobre prevenção do suicídio.
• Apenas falar que o suicídio é frequente, dar muitas estatísticas, só colabora para o aumento das taxas de suicídio. O ideal é enfatizar pessoal que enfrentaram problemas
sem suicidarem, focando na superação de problemas.
• Mostrar que ideação suicida é algo frequente em doenças mentais e/ou frente a graves
dificuldades, mas que a imensa maioria das pessoas consegue lidar de modo eficaz com
os problemas e percebem que tem mais “força” do que imaginavam. “Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir”.2017 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP e CFM p. 15
BIBLIOGRAFIA:
WHO http://apps.who.int/gho/data/view.main.MHSUICIDEv?lang=en
Encyclopædia Britannica on line
Dicionário Houaiss Eletronico
Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir”. Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP e CFM. 2017
PREVENÇÃO DO SUICÍDIO UM RECURSO PARA CONSELHEIROS. Departamento de Saúde Mental e de Abuso de Substâncias Gestão de Perturbações Mentais e de Doenças do Sistema Nervoso Organização Mundial de Saúde — OMS Genebra 2006
SUICÍDIO: INFORMANDO PARA PREVENIR Conselho Federal de Medicina (CFM) Brasília, 2014
Protocolo da Rede de Atenção Psicossocial, baseado em evidências, para a abordagem do risco e das tentativas de suicídio. Sistema Único de Saúde Estado de Santa Catarina, 2015.
Revista debates em psiquiatria - Mar/Abr 2017, p. 10-14
https://juberdonizete.blogspot.com.br/2018/
http://thecheesebasket.me/map-of-depression-in-us-2016.html/who-suicide-data-inside-map-of-depression-in-us-2016