Argumentos Contra o Controle da Natalidade Refutados
Aqueles que se opõem ao controle da natalidade usualmente apelam a um ou mais dos seguintes tipos de argumentos:
1. O Controle da Natalidade é Desobediência ao Mandamento de de Propagar .
Aqueles, portanto, que deliberadamente delimitam a vida desobedecem, assim, o plano de Deus de compartilha-la com tantas pessoas quanto possível.
"Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a" (Gn 1:28).
"Como flechas na mãodo guerreiro assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava!" (Sl 127:5).
E ainda mais: "H erança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre seu
galardo" (v. 3). Realmente, a esterilidade era considerada uma maldição (Gn 20:18; Dt
17:14).
Resposta:
- O mandamento para propagar-se foi dado à Adão e Eva, no princípio da humanidade.
- Se a ordem de propagar-se fosse para cada indiíviduo, então toda pessoa que se recusasse a casar estaria pecando, tanto quanto aqueles que se casassem e recusassem a ter filhos. O estado voluntário de solteiro seria um pecado to grande quanto o uso de contraceptivos por pessoas casadas. Jesus e Paulo por exemplo não eram casados
- Mesmo aqueles que argumentam contra os contraceptivos artificiais, usualmente permitem este métodos naturais como o uso de tabelinha. Ou seja, de fato e de verdade estão lutando contra a "ordem de ter filhos"
Mateus 19:12 Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir admita.
7 Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro.
8 E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo.
2. O controle da natalidade por meio de anticoncepcionais uma tentativa de desempenhar o papel de Deus
Somente Deus tem o direito sobre a vida para determinar quanto existir
e qual existir
. Nenhum homem tem o direito (a não ser conforme Deus o delega) de assumir o poder sobre quais homens viver e quais não viver. O controle da natalidade uma tentativa de desempenhar o papel de Deus (i.e., controlar a vida) e, portanto, moralmente errado.
Deus abre e fecha a madre (Gn 20:18; 29:31).
"Vede agora que Eu sou, Eu somente, e mais nenhum Deus além de mim; eu mato, e eu
faço viver," diz o Senhor (Dt 32:39).
O Senhor d
á vida e o Senhor a tira; a prerrogativa dEle (cf. J 1:21).
Resposta:.
- Os métodos anticoncepcionais por definição impedem a concepção e portanto não tiram a vida de nenhum ser vivo
- O poder de casar ou não e consequentemente ter filhos ou não foi dado ao homem. Decidir não ter filhos então não faz o ser humano assumir o papel de Deus.
- Assim como um agricultor decide plantar ou não, plantar pouco ou não e neste caso não desempenha um papel de Deus, de igual modo o homem pode decidir por ter ou não filhos, ter pouco ou muitos filhos, desde que suas "sementes" (sêmen e óvulo-sistema reprodutivo) sejam "boas". Deve-se esperar a melhor hora de se semear caso decida assim fazê-lo.
"Há uma grande diferença em impedir alguma vida de dar à luz mais vida, e tirar uma vida depois de ter nascido. Este último pode ser assassinato; o primeiro não é assassinato. A seletividade voluntária a respeito do número de filhos não é mais pecaminosa, como tal, do que escolher a limitação do número de árvores que se planta no pomar, ou o número de grãos de trigo que se planta numa fileira .De fato, a semeadura indiscriminada (seja entre as plantas, seja entre os seres humanos) às vezes pode ser mais danosa do que a plantação seletiva. Uma vida bem colocada (humana ou não) é uma coisa bela. E um plantio mal planejado pode ter resultados muito feios. As condições superlotadas podem estrangular ou até mesmo estultificar a vida ao invés de ressaltar seu valor. Noutras palavras, a falta de controlar a quantidade de coisas vivas que nascem pode ser um assassinato. Se não houver cuidado em evitar que um número grande demais de coisas vivas venha a existir, então sua ação indiscriminada pode precipitar condições que realmente tirarão as vidas dalgumas."
Se limitar a quantidade de pessoas que nascem, pode aumentar a qualidade das pessoas que vivem, então certamente não é moralmente errado fazê-lo. Quem votaria a favor de uma magnitude de humanidade que limitasse severamente a personalidade dos homens individuais? A pura quantidade acima da qualidade é uma distorção de valores. Logo, se a qualidade da personalidade pode ser promovida ao impedir uma quantidade indevida de pessoas numa determinada família (ou mundo), então o controle da natalidade para este propósito é justificável.
(Ética Cristã. Norman Geisler. São Paulo:Vida Nova, 2006)
3. O Propósito do Sexo é a Procriação
O prazer do sexo é concomitante ao propósito procriativo mas o prazer sexual não deve ser um fim em si mesmo. Procurar os prazeres do sexo parte das responsabilidades envolvidas na criação de uma família contrário à ordem natural estabelecida por Deus. O sexo não é recreacional, mas, sim, procriacional, e buscar aquele, sem esta, um distorção do sexo. Logo, os dispositivos do controle da natalidade usados para manter os deleites do sexo ao passo que evitar-se o dever de ter filhos são moralmente errados. O controle da natalidade é um modo egoísta de trabalhar contra a lei da natureza.
Resposta:
- Se o sexo não tivesse razões recreativas o sexo após a menopausa seria pecado!!
- Se o prazer fosse ligado exclusivamente a reprodução, os seres humanos deveriam ser como os animais, ter prazer apenas quando estão férteis. A mulher só fértil por cerca de 7 dias no mês, sendo que nos outros 23 dias continua com o desejo sexual normal, ao contrário dos outros animais
- A Bíblia mostra o sexo pelo sexo dentro do casamento, sem finalidade reprodutiva
1 Co 7:3 O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido.
4 A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher.
5 Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência.
CT 7:7 Esse teu porte é semelhante à palmeira, e os teus seios, a seus cachos.
8 Dizia eu: subirei à palmeira, pegarei em seus ramos. Sejam os teus seios como os cachos da vide, e o aroma da tua respiração, como o das maçãs.
9 Os teus beijos são como o bom vinho, vinho que se escoa suavemente para o meu amado, deslizando entre seus lábios e dentes.
10 ¶ Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim.
11 Vem, ó meu amado, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias.
12 Levantemo-nos cedo de manhã para ir às vinhas; vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; dar-te-ei ali o meu amor
Pv 5:18 Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade,
19 corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias.
20 Por que, filho meu, andarias cego pela estranha e abraçarias o peito de outra?
"..todos os animais tem sua atividade sexual e reprodução disciplinadas rigorosamente pelos mecanismos biológicos hormonais, ativos apenas em períodos determinados pela natureza" p. 19
"A função sexual dos animais é regulamentada estritamente pelos ciclos naturais e só visa a procriar; a humana é uma sexualidade ampla e ilimitada: não tem nenhum equivalente no reino animal" p. 19
"a disponibilidade sexual dos humanos é permanente na vida adulta...O princípio do prazer (constante), e não outros reguladores biológicos, é que determina a sexualidade humana"p. 19
"somente entre os animais irracionais a função sexual é restrita ao objetivo de reprodução da espécie" p. 19
"Desprovida de freios e inibidores biológicos,a sexualidade humana é disciplinada apenas - e não completamente - pelas interdições socioculturais" p. 20
"De fato, desde o nascimento, o sexo anatômico já determina a identidade civil: um nome masculino ou feminino, a que se agregam sucessivos direitos e deveres, regras de comportamento, expectativas..." p. 21
"A sexualidade extrapola os limites da anatomia e fisiologia"p. 25
"O desempenho sexual não depende só de anatomia e da fisiologia, mas também da integração dos fatores biológicos, psicológico, social e cultural" p. 25
"A sexualidade é o principal polo estruturante da identidade e da personalidade do indivíduo" p. 25(Sexualidade Humana e seus Transtornos. Carmita Abdo. 3ª edição atualizada e ampliada. São Paulo: Leitura Médica, 2010)
'A procriação é, obviamente, um (talvez até mesmo o) propósito básico do sexo. Mesmo assim, não é o
único propósito do sexo. O sexo também tem propósitos de unificação e de recreação...Se o sexo visasse apenas à procriação, seria então muito estranho que a natureza permita que as mulheres possam procriar por menos de que metade da sua vida conjugal (i.e., somente até à menopausa) e, depois, somente num período de cada mês. Uma mulher que se casa com a idade de 20 anos terá, digamos, 25 anos de fertilidade em, somente, digamos, três dias por mês, ou seja: 1/10 do tempo. Isto significa que o tempo
propriamente dito da sua capacidade de conceber será menos do que três anos (i.e., e. de 1.000 dias) da sua vida de casada. Ora, pareceria estranho que Deus designasse o sexo com seus impulsos durante várias décadas da sua vida, se fosse designado somente para estes breves períodos procriativos. Está muito mais de acordo com a sabedoria de Deus, com os fatos da natureza, e com a experiência humana, supor que o papel do sexo é mais amplo do que o propósito procriativo. E se o sexo não é meramente para a
propagação, não há razão porque não se possa desfrutar dos demais propósitos do sexo sem produzir filhos." (Ética Cristã. Norman Geisler. São Paulo:Vida Nova, 2006)
4.A Bíblia Condenou Especificamente uma Tentativa de Controle de Natalidade
"Sabia, porém, Onã que o filho não seria tido por seu; e todas as vezes que possua a mulher do seu irmão deixava o sêmem cair na terra, para não dar descendência a seu irmão" (Gn 38:9). "Isso,
porém, que fazia," "era mau perante o SENHOR" (v. 10).
Resposta:
- A desobediência dizia respeito à responsabilidade de um irmão sobrevivente no sentido de suscitar descendência para seu irmão.
- A lei do Levirato como é chamado tinha por finalidade a geração de filhos!!A mulher neste caso estava apenas sendo usada por Onã. O que desagradou ao Senhor Deus. As pessoas não podem ser tratadas como simples objetos.
5 ¶ Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem filhos, então, a mulher do que morreu não se casará com outro estranho, fora da família; seu cunhado a tomará, e a receberá por mulher, e exercerá para com ela a obrigação de cunhado.
6 O primogênito que ela lhe der será sucessor do nome do seu irmão falecido, para que o nome deste não se apague em Israel.
7 Porém, se o homem não quiser tomar sua cunhada, subirá esta à porta, aos anciãos, e dirá: Meu cunhado recusa suscitar a seu irmão nome em Israel; não quer exercer para comigo a obrigação de cunhado.
8 Então, os anciãos da sua cidade devem chamá-lo e falar-lhe; e, se ele persistir e disser: Não quero tomá-la,
9 então, sua cunhada se chegará a ele na presença dos anciãos, e lhe descalçará a sandália do pé, e lhe cuspirá no rosto, e protestará, e dirá: Assim se fará ao homem que não quer edificar a casa de seu irmão;
10 e o nome de sua casa se chamará em Israel: A casa do descalçado
"Em resumo, nada há na natureza que limite necessariamente o sexo à procriação, e nada há na Escritura para proibir o uso dos contraceptivos quando houver uma motivação apropriada (altruísta). A pergunta não é se, mas quando os contraceptivos são moralmente permissíveis." (Ética Cristã. Norman Geisler. São Paulo:Vida Nova, 2006)
Quando o Controle da Natalidade é certo:
"(1) Por exemplo, adiar a família até que se possa cuidar dela melhor pode ser uma ação muito sábia e altruísta. Se razões psicológicas, econômicas, ou educacionais indicassem um tempo futuro melhor para a família, então não será moralmente errado esperar....
(2) Além disto, se o controle da natalidade pode ser usado para limitar o tamanho da família conforme a capacidade dos pais de prover para ela, então a pessoa não peca. As Escrituras conclamam o homem a prover pelos seus (1 Tm 5:8) e planejar para o futuro. "Pois, qual de vós," disse Jesus, "pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?"(Lc 14:28). ..
(3) Além disto, refrear-se de ter filhos por razões da saúde (física ou mental) não é errado como tal. Na realidade, será errado trazer filhos para o mundo se fosse destrutivo para os pais e/ou as condições fossem destrutivas para os filhos.
(4)Finalmente, não é errado evitar ter filhos por algum propósito moral superior tal como Jesus se referiu em Mateus 19:12. Os homens podem dedicar-se voluntariamente ao celibato, ou passar sem filhos em prol do reino de Deus. Enquanto a espécie não estiver sendo ameaçada pela sua abstenção e enquanto a sua dedicação for para o bem dos outros, não é errado usar o controle da natalidade para evitar terem seus próprios filhos."
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Bibliografia:
Ética Cristã. Norman Geisler. São Paulo:Vida Nova, 2006
Sexualidade Humana e seus Transtornos. Carmita Abdo. 3ª edição atualizada e ampliada. São Paulo: Leitura Médica, 2010.