Introdução
Existem na Internet inúmeros sites sensacionalistas que propagam o terror e a paranoia sobre este tema.
Confundem mensagem SUBLIMINAR, SUBENTENDIDA, EXPLÍCITA E ASSOCIATIVA
Propagam a crença de que mensagens imperceptíveis, ou abaixo do limiar de percepção, chamadas de mensagens subliminares, têm o poder de ditar comportamentos, curar maus hábitos, aumentar o consumo de um determinado produto ou, em resumo, manipular a mente das pessoas. Será que isso é verdade?
Mensagem Associativa
Em muitas ocasiões e em círculos pouco informados se confunde a técnica subliminar com a técnica associativa com exemplos como:
Os anúncios de bebidas alcoólicas se vem acompanhados de grupos de jovens, belos e bem vestidos.
Um automóvel se anuncia e se associa com êxito, beleza e virilidade.
Os produtos para o lar são anunciados por famílias felizes e completas (com pai, mãe e um, dois, três filhos), que vivem em uma casa que indica a sua posição social.
Em muitos dos anúncios de produtos cosméticos, como loções ou perfumes, é uma mulher jovem, sensual, bela, quem vende o produto. Isto apela ao desejo das pessoas de encontrar uma mulher com certas características estéticas e a que quem se sintam identificados.
Estes exemplos não são subliminares porque as imagens, dos ambientes e as situações são conscientemente percebidas, tanto é assim que passado o anuncio se podem resumir e descrever.
Mensagem Subentendia
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AQUI TALVEZ sim se teve a intenção de se parecer com uma mulher até porque os montes estão mais nivelados |
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o time de efeitos especiais na verdade queria acrescentar a sigla “SFX” para deixar sua marquinha no desenho.
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A maioria dos sites considera qualquer imagem que esteja
num segundo plano como subliminar. Claro que a primeira regra para uma imagem ser subliminar é não ser vista, mas os sites e blogs ignoram completamente este fato. Geralmente julgam como subliminar tudo o que não é percebido imediatamente, ou seja, usam a palavra
subliminar como
sinônimo de
subentendido.
Mensagem Explícita
São mensagens que claramente expõe seu conteúdo.
Exemplo: o personagem "Munhá" invoca dizendo: "Antigos espíritos do mal, transformem esta forma decadente em Mun-rá
Mensagem Subliminar
Subliminar significa "abaixo do limiar de percepção". Um som numa freqüência mais alta do que o ouvido pode escutar ou uma imagem tão rápida que o olho não possa captar são exemplos de estímulos subliminares.
Os psicólogos sabem hoje que a percepção de um estímulo (isto é, ver algo e saber que viu) depende de fatores psicológicos e sociais tanto quanto de fatores fisiológicos. Alguém pode ver alguma coisa e simplesmente não se sentir confiante o suficiente de ter visto.
os psicólogos falam em uma faixa de percepção:
1-acima do limite superior, (limiar subjetivo), as pessoas são capazes de notar claramente um estímulo;
2-abaixo do limite inferior, ( limiar objetivo) estão os estímulos que não podem ser percebidos de maneira nenhuma; (menagem subliminar)
3-abaixo do limiar subjetivo, mas acima do limiar objetivo as pessoas percebem os estímulos mas pensam que não perceberam.(mensagem subliminar)
.Acima do limite subjetivo o estímulo é percebido conscientemente pelo observador, sendo chamado de supraliminar. Já abaixo do limite objetivo não há nenhum traço de percepção. Descobrir os limites objetivo e subjetivo de cada pessoa e enquadrar o estímulo nesta estreita faixa para todas as pessoas no experimento é uma dificuldade enorme.
Fascinados pelo mal
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observe a inversão do desenho!! UMA MANIPULAÇÃO |
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Observe que DESPREZARAM a letra C e acrescentaram uma perna no A |
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o que se vê é MANIPULAÇÃO DA IMAGEM |
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Pessoas fascinadas pelo mal enxergam maldade em tudo |
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Veja como o traço da letra "X" é desviado de propósito
para te fazer crer que é um X |
Ignorancia de sites e blogs
A maioria dos sites sobre o assunto não só misturam todos os tipos de mensagens subliminares (subjetivas e objetivas, visuais e auditivas) num mesmo balaio, atribuindo a todas elas poderes fantásticos de persuasão, como a
inda acrescentam ao saco inúmeras coisas que não tem absolutamente nada de subliminar.
A maioria dos sites considera qualquer imagem que esteja num segundo plano como subliminar. Claro que a primeira regra para uma imagem ser subliminar é não ser vista, mas os sites e blogs ignoram completamente este fato. Geralmente julgam como subliminar tudo o que não é percebido imediatamente, ou seja, usam a palavra
subliminar como
sinônimo de
subentendido.
Vêem mensagens subliminares nas cores da rede de lanchonetes MacDonald's (o vermelho estimularia a fome, segundo ele - no que mistura o assunto com a pseudociência da cromoterapia) e até nas figuras de linguagem usadas na conversas do dia a dia. Porém nada disso é classificado como subliminar na literatura científica - nem na psicologia, nem na publicidade - conforme resumem Martha Rogers e Christine A. Seiler, PhDs em Marketing, no artigo "The Answer Is No: A National Survey of Advertising Industry Practitioners and Their Clients about Whether They Use Subliminal Advertising", publicado no Journal of Advertising Research:
"(...)
a maioria dos que dizem ter conhecimento do uso de mensagens subliminares em propagandas, na verdade não compartilha um conhecimento científico ou técnico do conceito de propaganda subliminar. Eles parecem possuir uma opinião popular de que qualquer elemento subentendido usado em propagandas (como cores, certos tipos de indíviduos usados para representar conceitos publicitários, etc) representam ‘propaganda subliminar’, quando na verdade estes elementos subentendidos não estão incluídos na discussão técnica de propaganda subliminar."
O que diz a ciência
Antes de mais nada, não existe na psicologia respeitável a noção de subconsciente como uma entidade separada do consciente, com idéias, crenças, desejos e motivações próprios. Este subconsciente "esperto", capaz de tomar suas próprias decisões à revelia do dono, povoa apenas o imaginário popular, não os livros científicos. É importante deixar isto bem claro, pois esta visão popular do subconsciente é a grande responsável pela força do mito das mensagens subliminares. Apesar disso, nenhum psicólogo duvida que é possível perceber um estímulo sem estar consciente dele. O problema é descobrir em que grau isso acontece.
Outro consenso entre os cientistas é que percepção subliminar não significa persuasão subliminar. Ou seja, embora a percepção subliminar possa aumentar o número de respostas certas em questões de múltipla escolha sobre o estímulo, ela não pode fazer que alguém beba mais coca-cola, pare de fumar ou mude de orientação sexual. Não há nenhuma evidência de que as ações de alguém podem ser comandadas por estímulos percebidos inconscientemente (como bem sabem os paranóicos de plantão, as únicas alegações deste tipo vêm de mitos urbanos como o "Experimento Pipoca", de James Vicary). Pelo contrário, todas as
evidências sugerem que para iniciar uma ação baseada em um estímulo, uma pessoa precisa estar ciente dele.
No estudo "Effectiveness of Subliminal in Television Commercials" (Eficácia do Subliminar nos Comerciais de Televisão) de Smith e Rogers (1994), os pesquisadores incluíram em um comercial as palavras "ESCOLHA ESTE" com graus diferentes de contraste de tal maneira que elas fossem perfeitamente claras para um grupo e subliminares para outro e pediram aos expectadores que marcassem num questionário seu interesse nos comerciais. Depois compararam os resultados com os de um grupo de controle, cujos expectadores assistiram comerciais sem nenhuma mensagem. Ao final constataram que os comerciais com as mensagens detectáveis obtiveram mais pontos que aqueles com mensagens subliminares. Para sua surpresa, verificaram que os comerciais com mensagens, subliminares ou não, obtiveram menos pontos do que os do grupo de controle, sem mensagens. Do trabalho os autores concluíram que a mais forte mensagem subliminar ainda é mais fraca que uma mensagem direta e que mesmo que fossem eficazes (e não fossem proibidas por lei, ao menos nos EUA), a inserção deste tipo de mensagens na televisão envolve dificuldades práticas que tornariam a técnica pouco viável.
Efeitos conhecidos no subconsciente neurológico
É unânime entre os neurocientistas e psicólogos que o inconsciente não é facilmente manipulado, como acredita o senso popular. Segundo Henrique Schützer Del Nero, Especialista em Psiquiatria pelo H.C da Faculdade de Medicina da USP, o inconsciente não pode levar o consciente a fazer algo que ele julgue errado ou que realmente não queira:
"O inconsciente como um depósito de complexas decisões, desejos, preferências etc., é, sem dúvida, o principal alicerce [para a crença nas 'mensagens subliminares']. No entanto, esse inconsciente 'esperto', contido na visão popular da psicologia, tem sido rejeitado pelas modernas pesquisas cognitivas", afirmam os psicólogos Birgit Mayer e Harald Merckelbach, através do artigo "Unconscious Processes, Subliminal Stimulation, and Anxiety",
[5] publicado pela Clinical Psychology Review.
Mas, então, é preciso entender como é o funcionamento da parte não-consciente do cérebro. Subconsciente é um termo utilizado em psicologia para designar aquilo que está situado abaixo do nível da consciência ou que é inacessível à mesma. São todas as lembranças que não podem ser imediatamente recordadas, como também as diversas características de nossa personalidade. O subconsciente não é uma consciência paralela, ele é a "engrenagem" que sustenta a mente consciente, o reservatório de informações e sensações.
Portanto o subconsciente não é capaz de tomar decisões, embora como parte do processamento, seja capaz de responder a estímulos - seja enviados do consciente como também estímulos dos cinco sentidos. (O conceito de subconsciente como uma mente paralela só aparece na
psicanálise, mas não é apoiado pela
psicologia moderna.)
Como Philip M. Merikle, membro do departamento de psicologia da Universidade de Waterloo afirma, testes empíricos demonstram que existe certo nível de percepção inconsciente. No entanto, ele afirma:
"Um tema comum que ligue todas as reivindicações extraordinárias a respeito da percepção subliminar é que a percepção na ausência de uma consciência é de algum modo mais poderosa ou influente do que a percepção que é acompanhada por uma consciência. Esta idéia não é suportada pelos resultados de investigações controladas do laboratório da percepção subliminar. Ao contrário, os resultados dos estudos controlados indicam essa percepção subliminar, quando ocorre, refletem, no máximo, interpretações habituais de uma pessoa a esse estímulo." Esse é também o posicionamento de diversos outros teóricos, como Daneman.
[6]
O nascimento de uma lenda
Em setembro de 1957, o especialista em marketing americano James Vicary convocou a imprensa para anunciar o lançamento de sua empresa, a Subliminal Projection Company, na qual era vice-presidente. Na conferência Vicary revelou ter patenteado uma nova técnica de vendas chamada "projeção subliminar" que consistia em utilizar um taquitoscópio (um dispositivo capaz de projetar imagens numa tela muito rapidamente) para exibir imagens entre os quadros de um filme durante uma fração de segundos (para ser mais preciso, 0.00033s). Como eram projetadas numa velocidade maior que o olho podia captar, estas imagens não eram vistas conscientemente, mas Vicary acreditava que elas atingiam diretamente o subconsciente. Para provar a eficiência de suas propagandas subliminares,
Vicary divulgou o resultado do experimento que teria conduzido num cinema de New Jersey. Ao inserir as frases "Drink Coke" e "Eat Popcorn" durante a projeção do filme (em noites alternadas) ele teria aumentado em 57,7% as vendas de pipoca e em 18,1% as vendas de Coca-Cola às portas de saída do cinema. A experiência foi relatada na revista Advertising Age (Vol 37, pág. 127, 16 de setembro de 1957).
A mídia deu Á esta história tratamento sensacionalista. Um dos artigos, do Wall Street Journal, por exemplo, começava assim:
"Esta história pode soar como se um disco voador espreitasse por detrás das cenas, mas você pode ter certeza que todos os personagens nesta novela são reais. O conto começa alguns meses atrás, quando vários homens silenciosos adentraram um cinema de New Jersey e montaram um estranho mecanismo junto ao projetor."
Desde o início as mensagens subliminares estiveram na mira dos grupos religiosos: logo após o anúncio da experiência de Vicary, a WCTU (Women's Christian Temperance Union) enviou uma nota à imprensa afirmando que técnicas subliminares estariam sendo usadas para aumentar as vendas de cervejas e outras bebidas alcoólicas. Nenhuma evidência que comprovasse a alegação foi apresentada, assim como nenhuma evidência tinha sido apresentada para comprovar o experimento de Vicary, mas juntas as duas alegações deram credibilidade uma à outra ("How a Publicity Blitz Created the Myth of Subliminal Advertising" de Stuart Rogers, publicado em 1992 no Journal "Public Relations Quarterly", Volume 37).
Muitos cientistas tentaram repetir a experiência de Vicary nos anos seguintes, sem sucesso. Mesmo com numerosos trabalhos feitos até hoje, a maioria possui falhas de metodologia que não permitem nenhuma afirmação conclusiva.
[4] No entanto, o efeito
psicológicocausado pela imensa repercussão da experiência foi suficiente para o surgimento de diversas
teorias conspiratórias, mantendo a fama da força das mensagens subliminares até hoje.
Uso da técnica subliminar não surgiu efeito
Ainda em 1957, o ano em que Vicary anunciou seu experimento, surgiram as primeiras tentativas de replicar o efeito subliminar. A rede de televisão WTWO testou a técnica inserindo imagens que diziam "se você viu esta mensagem escreva para a WTWO". A WTWO não reportou nenhum aumento na correspondência. No ano seguinte o próprio Vicary concordou em conduzir um experimento público na rede de televisão canadense. A imagem dizendo "LIGUE AGORA" foi inserida 352 vezes durante meia hora de programa, mas nenhum aumento nas ligações foi registrado. Os telespectadores, que sabiam que alguma imagem estava sendo subliminarmente exibida mas não sabiam qual, escreveram para a rede de TV dizendo que haviam sentido uma vontade irresistível de apanhar uma cerveja ou de trocar de canal.
Lenda desmascarada
Finalmente em 1962, alarmado com a dimensão que a história recebeu,
James Vicary concedeu uma entrevista à revista Advertinsig Age em que
confessou ter sido pressionado pelos investidores a publicar resultados de experimentos que não tinha feito realmente(Fred Danzig, "Subliminal Advertising - Today It's Just Historic Flashback for Researcher Vicary", Advertising Age, September 17, 1962, pp. 72-73). Disse Vicary:
"...nós fomos forçados a divulgar a idéia (da subliminaridade) antes que estivéssemos realmente prontos... nós não havíamos feito nenhuma pesquisa exceto o mínimo necessário para registrar a patente. Eu tinha pouco interesse na companhia (Subliminal Projection) e uma pequena quantidade de dados, muito pequena para ser significativa."
A confissão de Vicary esfriou o assunto mas não o esvaziou. Em 1973, houve um renascimento do interesse pelo tema com o lançamento do livro
"Subliminal Seduction - Ad Media's Manipulation of a Not So Innocent America" (Sedução Subliminar - Manipulação da Mídia Publicitária de uma América Não Tão Inocente). O autor,
Wilson Bryan Key, acusava as agências de publicidade de usar mensagens subliminares em jornais, revistas e na televisão para aumentar suas vendas. No livro, Key fez várias afirmações bombásticas, dizendo, por exemplo, que "as agências de publicidade gastam boa parte de seus recursos em pesquisas, desenvolvimento e aplicação de estímulos subliminares", mas sem apresentar nenhum documento, nem testemunhas, ilustradores, desenhistas, artistas gráficos ou nenhum profissional que admitisse, nem anonimamente, haver inserido deliberadamente mensagens subliminares em propagandas. Claro que, segundo Key, tudo estava sendo mantido em segredo pelas grandes corporações e pelo próprio governo.
Uma marca pitoresca do discurso de Key que foi incorporada ao mito das mensagens subliminares é o apelo sexual. Key afirmava que: "palavras como fuck, ass, whore, cunt são usadas freqüentemente como gatilhos subliminares para motivar comportamentos consumistas". Por exemplo,
no nome da marca de cigarros "Kent", Key via uma similaridade subliminar com a palavra "cunt" (na verdade Kent era o sobrenome do dono da companhia de cigarros Lorillard na época do lançamento da marca). Como palavrões poderiam influenciar os hábitos de consumo de alguém é uma coisa que Key explicava com uma tortuosa psicologia freudiana. Além de palavras de baixo calão,
Key possuía uma habilidade incomum de ver sexo escondido em qualquer coisa. O título de seu livro posterior,
"The Clam-Plate Orgy" (A Orgia no Prato de Moluscos), era uma referência à imagem de um prato de moluscos que ilustrava o menu de um restaurante de frutos do mar; em vez de um punhado de moluscos Key viu uma cena de sexo grupal... que incluía um jumento! E o que dizer da afirmação de que os orifícios dos biscoitos Ritz eram dispostos propositalmente para formar a palavra "SEX"?
Por mais que as alegações de Key fossem desprovidas de evidências, elas revitalizaram o mito e o tornaram muito mais "interessante" (sobre uma coisa Key tinha razão: sexo é sempre um tema popular).
Seis idéias básicas para guardar sobre as mensagens subliminares Existem alguns temas nas pseudociências que são como aqueles vilões de filmes de terror dos anos 80. Não interessa de quantas maneiras diferentes os mocinhos os matam, no final eles sempre reaparecem. Assim são as mensagens subliminares. Agora mesmo, enquanto escrevemos este artigo uma marca de cerveja está sendo denunciada à Justiça do Consumidor pela ONG Mensagem Subliminar por incluir num comercial palavrões que só podem ser ouvidos quando a gravação é tocada ao contrário. E lá vem de novo a história do cinema de Vicary para nos lembrar de como são poderosas as mensagens escondidas.
Enquanto isso pessoas ganham dinheiro e projeção com livros, palestras e sites sobre o que pensam ser mensagens subliminares. Fitas de auto-ajuda movimentam um comércio milionário, a despeito das fartas evidências científicas de que não funcionam. Grupos religiosos alimentam a paranóia, denunciando o uso das mensagens subliminares na divulgação da palavra de satã. Amparando tudo isso não há nenhum estudo realmente científico, apenas livros populares escritos pelos leitores de outros livros populares. É... não há dúvida de que estamos no terreno pantanoso de uma legítima pseudociência.
Conclusões:
(1) A história do cinema, da coca-cola e da pipoca é uma farsa, admitida pelo próprio autor em uma entrevista publicada em 1962. E ninguém, nem mesmo o próprio James Vicary, conseguiu reproduzir a experiência até hoje. (Aqui cabe um pensamento: tudo bem que lendas urbanas são extremamente resistentes e costumam sobreviver a todas as evidências contrárias, mas se a própria confissão do autor que fabricou o mito não é capaz de enterrá-lo, o que será?)
(2) Repita : subliminar não é subentendido. Subliminar é o que não é visto conscientemente; se viu, deixou de ser subliminar. Uma imagem ou uma idéia sugerida, nas entrelinhas, sutil ou periférica não é subliminar.
(3) Estímulos sensoriais abaixo do limiar de percepção objetivo, ou seja, fora do alcance dos sentidos, como um som fraco demais para ser captado pelo ouvido ou ininteligível como uma mensagem reversa, ou uma imagem rápida demais que não possa ser captada pelo olho, não causam absolutamente nenhum efeito em quem é sujeito a eles.
(4) Percepção subliminar é um tema amplamente estudado há mais de 100 anos pela psicologia. Embora muitos pontos permaneçam controversos, não há nenhuma evidência científica de que alguém possa ser persuadido por uma mensagem subliminar a iniciar uma ação complexa como consumir um determinado produto ou se suicidar.
(5) Fitas de auto-ajuda com mensagens subliminares não funcionam, a não ser que você considere o efeito placebo. As mensagens subliminares em algumas delas não podem ser detectadas nem por aparelhos, que dirá pelos seus ouvidos.
(6) Procurar mensagens subliminares escondidas em propagandas, como mulheres nuas em copos de vodca e orgias em pratos de moluscos é a mesma coisa que procurar formas familiares em nuvens ou manchas (como bem sabem aqueles que já fizeram exames psicotécnicos que incluíam o teste de Rorschach). Com alguma paciência algumas pessoas são capazes de enxergar animais ou objetos caseiros enquanto outras provavelmente conseguem distinguir diabos chifrudos ou órgãos sexuais. Cada um enxerga o que está acostumado ou predisposto a ver.
Bibliografia recomendada
Psychological Investigations of Unconscious Perception; Merikle, Philip; Journal of Consciouness Studies; 1998.
How a Publicity Blitz Created the Myth of Subliminal Advertising Stuart Rogers; Public Relations Quarterly. Volume: 37. Issue: 4; 1992
Subliminal Stimulation: Some New Data and Interpretation Del I. Hawkins - author. Journal Title: Journal of Advertising. Volume: 18. Issue: 3; 1989.
The Subliminal Persuasion Controversy: Reality, Enduring Fable, and Polonius's Weasel ; LAURA A. BRANNON, TIMOTHY C. BROCK;
Effectiveness of Subliminal Messages in Television Commercials: Two Experiments; Smith, Kirk; Rogers, Martha; Journal of Applied Psychology; 1994.
Subliminal Self-Help Audiotapes: A Search for Placebo Effects; Merikle, Philip; Skanes, Heather; Journal of Applied Psychology;1992
Unconscious Processes, Ssubliminal Stimulation, And Anxiety ;Birgit Mayer and Harald Merckelbach; Clinical Psychology Review; 1999.
Activation by Marginally Perceptible ("Subliminal") Stimuli: Dissociation of Unconscious From Conscious Cognition; Greenwald, Anthony; Klinger, Mark R.2; Schuh, Eric; Journal of Experimental Psychology: General, 1995.
Comments on the Subliminal Psychodynamic Activation Method; Figueroa, Michael; American Psychologist; 1989.
Is the Unconscious Smart or Dumb?; Loftus, Elizabeth; Klinger, Mark; American Psychologist 1992.
SPA Is Subliminal, but Is It Psychodynamically Activating?; Balay, Jennifer; Shevrin, Howard; American Psychologist; 1989
Subliminally Activated Symbiotic Fantasies: Facts and Artifacts; Hardaway, Richard; Psychological Bulletin; 1990.
The Effect of Subliminal Oedipal and Competitive Stimulation on Dart Throwing:Another Miss; Vitiello, Michael; Carlin, Albert; Becker, Joseph; Barris, Bradley; Journal of Abnormal Psychology; 1989.
The Effects of Subliminal Symbiotic Stimulation on Free-Response and Self Report Mood; WEINBERGER, JOEL; KELNER, STEPHEN; McCLELLAND, DAVID; The Journal of Nervous & Mental Disease; 1997.
The Subliminal Psychodynamic Activation Method: A Critical Review; Balay, Jennifer; Shevrin, Howard; American Psychologist; 1988.
Parallels between Perception without Attention and Perception without Awareness; Philip M. Merikle and Steve Joordens; CONSCIOUSNESS AND COGNITION; 1997.
Moderation of Mood Change after Subliminal Symbiotic Stimulation: Four Experiments Contributing to the further Demystification of Silverman's ''Mommy and I Are One'' Findings Staffan Sohlberg, Alexandra Billinghurst, and Sara Nyle; JOURNAL OF RESEARCH IN PERSONALITY; 1998
Sublimminal Mere Exposure: Specific, General and Difuse Effects; Jennifer L. Monahan; Psycological Science; 2000.
Subliminal Perception of Pictures in the Right Hemisfere ; Katharina Henke; CONSCIOUSNESS AND COGNITION; 1993.
Subliminal Visual Priming; Moshe Bar and Irving Biederman;Psycological Science; 1998.
Subliminal Self-help Auditory Tapes: An Empirical Test of Perceptual Consequences;TIMOTHY E. MOORE;
http://www.cpa.ca/cjbs/moore.html
Scientific Knowledge and the Twist in the Tail: The Case of Subliminal Persuasion; Gary P. Radford; Paper presented at the 42nd Annual Conference of the International Communication Association, Miami, Florida May 21-25, 1992.
http://alpha.fdu.edu/~gradford/sublim.html
Subliminal Perception; Philip M. Merikle; Encyclopedia of Psychology (Vol. 7, pp. 497-499). New York: Oxford University Press, 2000.
http://www.arts.uwaterloo.ca/~pmerikle/papers/SubliminalPerception.html
Subliminal Self-help Tapes: Promises, Promises... Barry Beyerstein, Simon Fraser; Eric Eich; Rational Enquirer, Vol 6, No 1, Jul 93.
http://members.aol.com/psychneuro/subliminal/Beyerstein.htm
Effect of Archetypal Embeds on Feelings: An Indirect Route to Affecting Attitudes? Andrew B. Aylesworth , Ronald C. Goodstein , Ajay Kalra, Journal of Advertising. Volume: 28. Issue: 3. Publication Year: 1999. Page Number: 73
Subliminal advertising: the biggest myth of all Max Sutherland - author, Alice K. Sylvester - author. Publisher: Allen & Unwin. Place of Publication: St. Leonards, N.S.W.. Publication Year: 2000. Page Number: 33.
Subliminal stimulation: some new data and interpretation. Sharon E. Beatty - author, Del I. Hawkins - author. Journal Title: Journal of Advertising. Volume: 18. Issue: 3. Publication Year: 1989. Page Number: 4+
The answer is no: a national survey of advertising industry practitioners and their clients about whether they use subliminal advertising.Martha Rogers , Christine A. Seiler, Journal of Advertising Research, Vol. 34, 1994
What You Expect Is What You Believe (But Not Necessarily What You Get): A Test of the Effectiveness of Subliminal Self-Help Audiotapes Jay Eskenazi - author, Anthony G. Greenwald - author, Anthony R. Pratkanis - author. Journal Title: Basic and Applied Social Psychology. Volume: 15. Issue: 3. Publication Year: 1994. Page Number: 27
fonte: http://www.projetoockham.org/pseudo_subliminar_1.html