Pesquisar e

domingo, 22 de março de 2020

Psicologia, Psiquiatria e Cristianismo, compatíveis ou incompatíveis?


Erros de Jay Adams e seus seguidores
Jay e seus seguidores tem uma visão ultrapassada e/ou distorcida da psiquiatria e psicologia , como por exemplo ao dizer que o conceito de transtorno ou doença mental anula a responsabilidade.

A homossexualidade deixou de ser classificada com transtorno em 1973 pela Assocciação Americana de Psiquiatria, mas mesmo ante dessa data a psicologia e psiquiatria não diziam que a prática do ato sexual com pessoas do mesmo sexo era desprovida de escolha ou livre arbítrio (chamado por ele de livre agencia). A pedofilia (transtorno pedofílico) é um transtorno, ou seja, a atração sexual por crianças é uma doença mental,. mas isso não significa que a pessoa deixa de ter responsabilidade por seus atos.

Jay diz que a base da psiquiatria é a psicanálise, mas isto não é verdade: 

"observamos, no momento atual, um movimento de consolidação do conhecimento psiquiátrico, a partir do estudo da neurobiologia das patologias mentais. A psiquiatria ganhou avanço
importante com o advento de novas tecnologias de neuroimagem que permitiu o estudo do sistema nervoso central in vivo. As neurociências também trouxeram contribuições inestimáveis para a compreensão do sistema nervoso, seus aspectos fisiológicos, bioquímicos,
genéticos e moleculares. A década de 1990 foi considerada pela Organização Mundial de Saúde como a “década do cérebro”, com a ambição de compreender a fisiopatologia cerebral e até desvendar a etiologia das doenças mentais. A necessidade do estudo continuado do cérebro é convincente: centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo são afetadas a cada ano por doenças mentais e cerebrais, extendendo-se desde doenças neurogenéticas até distúrbios
degenerativos, tais como doença de Alzheimer, esquizofrenia, autismo, abuso de substâncias, epilepsia, acidente vascular cerebral e outras condições neuropsiquiátricas fatais. 
 Psiquiatria básica [recurso eletrônico] / Mario Rodrigues Louzã Neto, Hélio Elkis e colaboradores. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed,
2007.

A- Teoria da incompatibilidade
Esta teoria é defendida por Jay Adams e seus seguidores como John F. MacArthur Jr. e Wayne A. Mack
Jay Adams, defende a incompatibilidade.

A análise extraordinariamente precisa de Adams a respeito do estado do aconselhamento no evangelicalismo tem agora mais de 25 anos de idade, mas está ainda mais pertinente. Ele deu à Igreja um corretivo indispensável para as várias tendências que devoram a vitalidade espiritual da Igreja. Os líderes cristãos fariam muito bem em considerar sua admoestação ainda tão atual  MACARTHUR, John F. & MACK, Wayne A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico. São Paulo: Hagnos, 2004, p. 25
Enquanto o mundo secular tem se tornado crescentemente inimigo da indústria psicoterápica profissional, o povo evangélico freneticamente procura conciliar a psicologia secular com a verdade bíblica [...] a Psicologia e o Cristianismo são antagônicos desde o princípio.A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico. São Paulo: Hagnos, 2004, p.15 
não há como se misturar a Psicologia moderna e a Bíblia sem um sério prejuízo, ou o completo abandono do princípio da suficiência das Escrituras”John F. & MACK, Wayne A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico. São Paulo: Hagnos, 2004, p.36
Após analisar os dois modos de aconselhamento bíblico, um proposto por Jay Adams, na década de 70, e o outro por John MacArthur Jr. e Wayne Mack, na década de 90, observa-se grandes semelhanças nos dois autores e constante citação a Jay Adams como precursor desta metodologia de aconselhamento.  Conclui-se que ambos tratam das questões fundamentais do aconselhamento bíblico da mesma maneira, demonstrando ter o mesmo ponto de vista em relação à ciência de um modo geral, principalmente à Psicologia, bem como sua utilidade e proveito para os cristãos e o aconselhamento bíblico; as definições de doença mental; a evangelização como parte indispensável no aconselhamento dirigido a não crentes; a crítica generalizada à psicologia a partir das críticas feitas a Freud; mesmo destaque na utilização da Bíblia dentro do aconselhamento; o papel da instrução e da confrontação.
Uma análise teológica e psicológica do aconselhamento bíblico de Jay Adams e seguidores Eliezer Victor Pereira Ramos – 2008. 97 f. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2008, p. 42 http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/2520

1- A psicologia ensina que o homem é intrinsecamente bom?
o verdadeiro estado do homem diante de Deus nesse ponto a bíblia não deixa qualquer
dúvida e ela contrasta com a visão que é ensinada na nossa cultura pela psicologia moderna pelos defensores do pensamento positivo ou da auto-ajuda de que o homem é intrinsecamente bom e que ele pode encontrar dentro dele mesmo os recursos que ele precisa para resolver os seus problemas se realizar e ser feliz 
(Video: O problema do Coaching Cristão. Augusto Nicodemus https://www.youtube.com/watch?v=txN3dQDVS4A acesso em 21/03/2020

Resposta:
Não. 
1-Existem vários tipos de abordagens psicoterapêuticas (cerca de 400) da psicologia, fora a abordagem biomédica da psiquiatria. Elas podem ser divididas em 4 grupos principais :psicodinâmica, comportamental, cognitiva e humanista
Os terapeutas usam cerca de 400 variedades diferentes de psicoterapia, abordagens de terapia que lidam com os fatores psicológicos....Independentemente do treinamento específico, quase todos os psicoterapeutas empregam uma das quatro principais abordagens de terapia: psicodinâmica, comportamental, cognitiva e humanista. Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 495
• As abordagens psicanalíticas procuram trazer conflitos passados não resolvidos e impulsos inaceitáveis do inconsciente para o consciente, área na qual os pacientes podem lidar com os problemas de modo mais eficaz. Para fazer isto, os terapeutas usam técnicas como a associação livre e a interpretação dos sonhos.
 • As abordagens comportamentais consideram o comportamento anormal como o problema, em vez de encará-lo como sintoma de alguma causa subjacente. Para produzir uma “cura”, essa visão pressupõe que o comportamento exterior deve ser mudado pelo uso de métodos como o condicionamento aversivo, a dessensibilização sistemática, a aprendizagem observacional, o sistema de fichas, o contrato de contingência e a terapia comportamental dialética.
• As abordagens cognitivas têm como objetivo da terapia ajudar uma pessoa a reestruturar seu sistema de crenças falho em uma visão mais realista, racional e lógica do mundo. Dois exemplos de abordagens cognitivas são a terapia comportamental racional-emotiva e a terapia cognitivo-comportamental Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p.505
• A terapia humanista está baseada na premissa de que a pessoas têm controle de seu comportamento, que elas podem fazer escolhas sobre sua vida e que depende delas resolver seus problemas. As terapias humanistas, que adotam uma abordagem não diretiva, incluem a terapia centrada na pessoa  Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p.514
 2-Apenas a abordagem humanista defende a bondade inerente das pessoas, e esse é um ponto que a psicologia em geral contesta:
as abordagens humanistas da personalidade enfatizam a bondade inerente das pessoas e sua tendência a avançar para níveis mais elevados de funcionamento. É essa capacidade consciente e automotivada de mudar e melhorar, junto a impulsos criativos únicos das pessoas, que os teóricos humanistas argumentam que compõem a essência da personalidade. Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 405

Embora as teorias humanistas destaquem o valor de oferecer aceitação positiva incondicional para as pessoas, a aceitação positiva incondicional em relação às teorias humanistas tem estado menos disponível. As críticas centram-se na dificuldade de verificar os pressupostos básicos da abordagem e também na questão de se a aceitação positiva incondicional de fato leva a uma maior adaptação da personalidade.
As abordagens humanistas também foram criticadas por pressupor que as pessoas são basicamente “boas” uma noção que não é verificável – e, igualmente importante, por usar valores não científicos para basear teorias supostamente científicas. No entanto, as teorias humanistas foram importantes para destacar a singularidade dos seres humanos e guiar o desenvolvimento de uma modalidade significativa de terapia designada para aliviar dificuldades psicológicas (Cain, 2002; Bauman & Kopp, 2006; Elkins, 2009; Kogstad, Ekeland, & Hummelvoll, 2011). Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015 p. 406

2- A psicologia não é eficaz?
Segundo Jay Adams e seus seguidores não.
As disciplinas científicas têm mostrado verdades que vão além das verdades da Bíblia e
todos têm se beneficiado deste conhecimento, como por exemplo, a Medicina. Certamente, asEscrituras não alegam ser um livro-texto completo a respeito da medicina, ou física, ou dequalquer uma das ciências. Mas a Psicologia difere-se dessas ciências em suas questõesimportantes. Em primeiro lugar, a Psicologia não é uma ciência verdadeira. Ela não lida com dados objetivos e mensuráveis que podem ser entregues para testes confiáveis e confirmados pelo método científico, ela é uma pseudociência e suas doutrinas são meras especulações. Em segundo, a Psicologia difere de outras ciências porque trata de questões espirituais. A palavra Psicologia significa “estudo da alma”. Mas, o que são as necessidades psicológicas profundas senão as questões espirituais das quais o evangelho se ocupa? As Escrituras certamente reivindicam absoluta suficiência quando tratam dessas questões, como está escrito em 2 Timóteo 3.16-17. Todas as chamadas necessidades psicológicas que não são atribuíveis a causas físicas, são, na realidade, problemas espirituais. Procurar acrescentar teoria psicológica ao testemunho infalível da Palavra de Deus é adulterar a verdade de Deus com opinião humana. John F. & MACK, Wayne A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico. São Paulo: Hagnos, 2004,

O livro Os Fatos Sobre Auto-Estima, Psicologia e o Movimento de Recuperação de John Ankerberg diz que, p.20,  26-35 :
  •  a psicologia tem o mesmo efeito ou menor que obter ajuda de leigos ( de amigos, parentes e pastores. )
  •  não tem respaldo científico
  • pesquisas mostram que a remissão expontânea é frequente (Hans Eysenck)
  • tem teorias de personalidade e psicoterapias são  conflitantes
  •  pode causar danos.
"ela não funciona bem, e quando funciona, isso acontece por razões que frequentemente não estão relacionadas com a terapia em si... 1 compatibilidade com o cliente...,2 empatia, calor humano,,... autenticidade, 3 efeito placebo,...4 remissões espontâneas, ...5 sensação emergente do domínio da situação" Os fatos sobre: Auto-estima, psicologiae o Movimento da Recuperação, Porto Alegre: Obra Missionaria chamada da meia-noite, 1999. p. 28


Resposta:
1- A remissão espontânea existe mas é muito baixa

Até a década de 1950, a maioria das pessoas simplesmente presumia que a terapia era efetiva. Contudo, em 1952, o psicólogo Hans Eysenck publicou um estudo influente questionando esse pressuposto. Ele alegou que as pessoas que receberam intervenção psicodinâmica e terapias relacionadas não estavam em melhor situação do que aquelas que foram colocadas em uma lista de espera para tratamento, mas nunca o receberam. Eysenck concluiu que as pessoas entrariam em remissão espontânea, recuperação sem tratamento formal, se fossem apenas deixadas sozinhas – certamente um processo mais barato e mais simples. Embora outros psicólogos rapidamente tenham questionado as conclusões de Eysenck, sua revisão estimulou uma continuidade de estudos mais bem-controlados e mais cuidadosamente estruturados sobre a eficácia da psicoterapia. Hoje, a maioria dos psicólogos concorda: a terapia realmente funciona. Várias revisões abrangentes indicam que a terapia produz mais melhora do que nenhum tratamento, sendo que a taxa de remissão espontânea é bastante baixa. Na maioria dos casos, então, os sintomas de comportamento anormal não se resolvem sozinhos se permanecerem sem tratamento – embora a questão continue a ser debatida calorosamente (Seligman, 1996; Westen, Novotny, & Thompson-Brenner, 2004; Lutz et al., 2006).   Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015, 511
2- Estudos científicos, incluindo, metanálise indicam que as terapias funcionam numa taxa de 70 a 85%
, um estudo clássico comparando a eficácia de várias abordagens constatou que, embora as taxas de sucesso variem em parte, a maioria dos tratamentos apresenta taxas de sucesso praticamente iguais. ... as taxas variaram cerca de 70 a 85%, com maior sucesso para indivíduos tratados comparados aos não tratados. As abordagens comportamental e cognitiva tenderam a ser um pouco mais bem- -sucedidas, mas esse resultado pode ser devido a diferenças na gravidade dos casos tratados (Smith, Glass, & Miller, 1980; Orwin & Condray, 1984). Outras pesquisas, que se baseiam na metanálise, ou seja, em que os dados de um grande número de estudos são combinados estatisticamente, produzem conclusões gerais similares. Além disso, um grande levantamento com 186 mil indivíduos identificou que os respondentes acreditavam que tinham se beneficiado substancialmente com a psicoterapia.  Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 511
Para a maioria das pessoas, a psicoterapia é efetiva. Essa conclusão abrange diferentes durações de tratamento, tipos específicos de transtornos psicológicos e vários tipos de terapias. Assim, a pergunta “A psicoterapia funciona?” parece ter sido respondida convincentemente: “Funciona” (Seligman, 1996; Spiegel, 1999; Westen, Novotny, & Thompson-Brenner, 2004; Payne & Marcus, 2008).Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 512

3- As terapias apresentam elementos básicos similares, e além disso se completam. Por isso um bom numero de profissionais abordam uma terapêutica eclética 
 Não há uma forma única de terapia que funcione melhor para todos os transtornos e certos tipos específicos de tratamento são melhores, embora não invariavelmente, para tipos específicos de transtornos. Por exemplo, a terapia cognitiva funciona especialmente bem para transtornos de pânico, enquanto a terapia de exposição alivia fobias específicas. No entanto, existem exceções a tais generalizações e, muitas vezes, as diferenças nas taxas de sucesso para tipos de tratamento distintos não são substanciais (Miller & Magruder, 1999; Westen et al., 2004)
A maioria das terapias compartilha vários elementos básicos similares. Apesar do fato de que métodos específicos usados em diferentes terapias são muito distintos uns dos outros, existem vários temas comuns que os tornam eficazes. Esses elementos incluem a oportunidade de um paciente desenvolver uma relação positiva com o terapeuta, uma explicação ou interpretação dos sintomas de um paciente e a confrontação de emoções negativas. O fato de existirem esses elementos comuns à maioria das terapias dificulta a comparação de um tratamento com outro (Norcross, 2002; Norcross, Beutler, & Levant, 2006).Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 512
 Como nenhum tipo de psicoterapia é invariavelmente eficaz para todos os indivíduos, alguns terapeutas adotam uma abordagem terapêutica eclética. Em uma abordagem terapêutica eclética, os terapeutas empregam uma variedade de técnicas, integrando assim várias perspectivas para tratar os problemas de uma pessoa. Ao empregar mais de uma abordagem, os terapeutas podem escolher a mescla apropriada de tratamentos baseados em evidência para adequar às necessidades específicas do indivíduo. Além disso, terapeutas com certas características pessoais podem funcionar melhor com indivíduos e tipos particulares de tratamentos e – como consideraremos a seguir – mesmo fatores raciais e étnicos podem estar relacionados ao sucesso terapêutico (Cheston, 2000; Chambless et al., 2006; Hays, 2008).Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p.513
4- O índice de insucesso no tratamento de transtornos psicologicos gira em torno de 10 por cento, o que inclui a piora, ou seja, a minoria piora.
• Todavia, a psicoterapia não funciona para todos. Cerca de 10% das pessoas tratadas não apresentam melhora ou até pioram (Boisvert & Faust, 2003; Pretzer & Beck, 2005; Coffman et al., 2007; Lilienfeld, 2007).(Cheston, 2000; Chambless et al., 2006; Hays, 2008).Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 512
5- A questão da psicologia ter ou não o mesmo efeito de procurar um amigo, pastor ou parente depende da complexidade do problema. Os estudos reconhecem que no caso de terapias de auto-ajuda (grupos), que compartilham experiências comuns
Em muitos casos, a terapia de grupo não envolve um terapeuta profissional. Em vez disso, pessoas com problemas semelhantes reúnem-se para discutir seus sentimentos e experiências compartilhadas. Por exemplo, pessoas que recentemente vivenciaram a morte de um cônjuge podem encontrar-se em um grupo de apoio ao luto, ou estudantes universitários podem reunir-se para discutir sua adaptação à faculdade. Um dos grupos de autoajuda mais conhecidos é os Alcoólicos Anônimos (AA), concebido para ajudar seus membros a lidar com problemas relacionados ao álcool. Os AA prescrevem 12 passos a que os alcoolistas precisam submeter-se em seu caminho para a recuperação: eles começam com admissão de que são alcoolistas e impotentes em relação ao álcool. Os AA oferecem mais tratamento para os alcoolistas do que qualquer outra terapia; os AA e outros programas de 12 passos (como os Narcóticos Anônimos) podem ter tanto sucesso no tratamento de problemas de abuso de álcool e outras substâncias quanto os tipos tradicionais de terapia (Bogenschutz, Geppert, & George, 2006; Galanter, 2007; Gossop, Stewart, & Marsden, 2008).(Cheston, 2000; Chambless et al., 2006; Hays, 2008). Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 510


3- A psicologia tira a  responsabilidade da pessoa?

Pouco tempo depois, achei-me perguntando: “Não será que grande parte do que é chamado doença mental não é doença afinal? ” Esta pergunta surgiu primariamente da observação de que, enquanto a Bíblia descreve a homossexualidade e a embriaguez como pecados, a maior parte da literatura especializada em saúde mental as chamava de “doenças’ ou “enfermidades”.Crendo na veracidade da Bíblia, o que me cabia era dizer que os especialistas em saúde mental erravam rotundamente tentando transferir do pecador sua responsabilidade, colocando a fonte do seu problema alcoólico ou sexual em fatores estruturais ou sociais completamente fora do controle dele. Ao invés disso, a Palavra de Deus afirma que a fonte desses problemas jaz na depravação da natureza humana decaída. Isso bem que me pareceu claro.ADAMS, Jay. Conselheiro Capaz. 6. ed. São Paulo: Fiel, 1987, p. 12
Resposta:
1- A psicologia não coloca a pessoa como um ser passivo ou isento de responsabilidades, especialmente nas terapias cognitivas e comportamentais.Até mesmo a abordagem humanista atribui ao homem sua responsabilidade: 


Os psicólogos que seguem a perspectiva humanista enfatizam a responsabilidade das pessoas pelo próprio comportamento, mesmo quando seu comportamento é considerado anormal. Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 457
Na terapia comportamental dialética, o objetivo está em fazer as pessoas mudarem seu comportamento e a visão de si mesmas aceitando quem elas são, independentemente se isso coincide com seu ideal. Mesmo que sua infância tenha sido disfuncional ou que tenham arruinado suas relações com os outros, isso está no passado. O que importa é quem elas desejam tornar-se (Lynch et al., 2007; Wagner, Rizvi, & Hamed, 2007; Robins & Rosenthal, 2001). Assim como as abordagens de tratamento baseadas nos princípios do condicionamento clássico e operante, a terapia comportamental dialética é resultante das abordagens comportamentais, mas ela também inclui componentes de outras perspectivas. Os terapeutas que usam a terapia comportamental dialética procuram fazer os pacientes perceberem que eles basicamente têm duas opções: ou permanecem infelizes ou mudam. Depois que os pacientes concordam que desejam mudar, depende deles a modificação de seu comportamento. Os pacientes são ensinados que, mesmo que sintam infelicidade, raiva ou outra emoção negativa, não é preciso que isso regule seu comportamento: é seu comportamento que conta – não sua vida interior Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 501

Os críticos da terapia comportamental acreditam que, como ela enfatiza a mudança do comportamento externo, as pessoas não têm necessariamente uma percepção dos pensamentos e expectativas que podem estar promovendo o comportamento mal-adaptativo. Todavia, evidências neurocientíficas mostram que os tratamentos comportamentais podem produzir mudanças reais no funcionamento cerebral, o que indica que tais intervenções podem produzir mudanças além do comportamento externo. Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015.p. 502
As abordagens cognitivas ensinam as pessoas a pensar de maneira mais adaptativa, modificando suas cognições disfuncionais sobre o mundo e sobre si mesmas. Diferentemente dos terapeutas comportamentais, que propõem a modificação do comportamento externo, os terapeutas cognitivos tentam modificar o modo como as pessoas pensam, além de seu comportamento. Como frequentemente usam princípios básicos de aprendizagem, os métodos que eles empregam são, por vezes, referidos como abordagem cognitivo-comportamental (Beck & Rector, 2005; Friedberg, 2006; Kalodner, 2011).Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015.p. 503

2- A psicologia analisa fatores biopsicosociais envolvidos por exemplo no habito de fumar e beber;  não trata a pessoa como uma vítima (ver também o ítem 4 doenças mentais)
 No entanto, embora a genética influencie o tabagismo, a maior parte das pesquisas indica que os fatores ambientais são a principal causa do hábito. Fumar pode inicialmente ser visto como “legal” ou sofisticado, como um ato rebelde ou como facilitador de um desempenho calmo em situações estressantes. A maior exposição do tabagismo na mídia, como em filmes, também leva a um  risco mais alto de se tornar um fumante definido. Além disso, fumar um cigarro é, às vezes, considerado com um “rito de passagem” para adolescentes que é assumido devido à insistência dos amigos e como um sinal de crescimento (Sargent et al., 2007; Wills et al., 2008; Heatherton & Sargent, 2009).
Por fim, fumar torna-se um hábito. E trata-se de um hábito fácil de ser adquirido: fumar mesmo um único cigarro leva a uma perda de autonomia quando o fumante pensa que não fumar requer esforço ou envolve desconforto. Posteriormente, as pessoas começam a se rotular como fumantes, e o fumo torna-se parte do autoconceito. Além disso, elas se toram dependentes fisiologicamente como consequência de fumar porque a nicotina, um ingrediente primário do tabaco, é altamente aditiva. Desenvolve-se uma relação complexa entre fumar, os níveis de nicotina e as emoções do fumante em que certo nível de nicotina é associado a um estado emocional positivo. Em consequência disso, as pessoas fumam no esforço de regular tanto os estados emocionais quanto os níveis de nicotina no sangue (Kassel et al., 2007; Ursprung, Sanouri, & DiFranza, 2009; Dennis, 2011).Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015.p.436-437

 Para começar, por que as pessoas usam drogas? Existem muitas razões, as quais vão desde a percepção de prazer da experiência em si, a fuga das pressões cotidianas que o efeito induzido por drogas proporciona, até uma tentativa de alcançar um estado religioso ou espiritual. Contudo, outros fatores que têm pouco a ver com a natureza da experiência em si também levam as pessoas a experimentar drogas (McDowell & Spitz, 1999; Korcha et al., 2011). Por exemplo, o altamente difundido uso de drogas por parte de celebridades, como estrelas de cinema e atletas profissionais, o fácil acesso a algumas drogas ilegais e a pressão social influenciam a decisão de usar drogas. Em alguns casos, a motivação é simplesmente a emoção de experimentar algo novo. Por fim, fatores genéticos podem predispor algumas pessoas a serem mais suscetíveis a drogas e tornarem-se dependentes delas. Sejam quais forem as forças que levam uma pessoa a começar a usar drogas, a adição está entre os comportamentos mais difíceis de modificar, mesmo com tratamento amplo (Lemonick, 2000; Mosher & Akins, 2007; Ray & Hutchison, 2007).Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015.p. 153-154



4- Não existem doenças mentais (não orgânicas)?
"Biblicamente falando, não há base para o reconhecimento da existência de uma disciplina separada e distinta chamada Psiquiatria. Nas Escrituras há somente três fontes originadoras de problemas pessoais na vida diária: a atividade de demônios (sobretudo a possessão), o pecado pessoal e as enfermidades físicas. Essas fontes estão interrelacionadas entre si. Todas as opções podem ser cobertas por esses três fatores, não havendo espaço disponível para um quarto: as enfermidades mentais não orgânicas  O manual do conselheiro cristão. 4. ed. São José dos Campos: Fiel, 1994. p. 22.
 "para colocar a questão em termos simples: (As Escritura, falam claramente de problemas baseados em defeitos orgânicos, bem como os que brotam de conduta e atitudes pecaminosas; mas onde, em toda a Palavra de Deus, há sequer um trecho de alguma terceira fonte de problemas que pudesse aproximar-se do conceito moderno de "doença mental", evidente que a responsabilidade de prova pesa sobre os que alto e bom som afirmam a existência de doença ou enfermidade mental, mas não logram demonstrá-la biblicamente. Enquanto não aparece essa demonstração, ,o único curso seguro a seguir é declarar, seguindo a Bíblia, que a gênese desses problemas é dupla, não tríplice. ADAMS, Jay. Conselheiro Capaz. 6. ed. São Paulo: Fiel, 1987, p. 44
O conceito de doença mental é uma teoria baseada em um modelo médico de doença. No
modelo médico, uma doença orgânica é a causa de vários sintomas no corpo, porque algo
externo o abalou. Essa mesma lógica é usada quando se lida com um comportamento que é
difícil de explicar. Quando uma pessoa tem um comportamento bizarro e, por meio de exame
de laboratórios, nenhuma causa orgânica que justifique seu comportamento é encontrada, os
não cristãos criaram a teoria de que a pessoa está mentalmente enferma. Assim como o corpo
fica doente, a mente fica doente. E já que a mente está doente, a pessoa não pode controlar seu corpo e, portanto, não é responsável por suas ações. A dificuldade desta teoria é que não pode ser comprovada. Existem testes que mensuram o pensamento, mas esses não comprovam que a mente está doente. Mesmo que a mente use o cérebro, ela não é o cérebro. Tumores, doenças severas e outros, podem danificar parte do cérebro e afetar os sentimentos e as ações da pessoa, mas essas coisas não são doenças mentais, são doenças orgânicas que podem ser comprovadas em laboratórios. Há danos cerebrais e não mentais. Se a doença tiver base orgânica, o termo doença mental deve ser substituído pelo nome da doença física existente no corpo. O fato de a psiquiatria melhorar comportamentos com medicamentos, não torna verdadeira a teoria da doença mental. Essa lógica não é científica. Dois eventos simultâneos não significam automaticamente que um foi causado pelo outro. O medicamento pode ter aliviado um sintoma apenas....
O conselheiro bíblico é acusado de negar a realidade. Entretanto, quem disse que essa é a
realidade? O fato de as pessoas aceitarem a doença mental, não faz com que ela seja
efetivamente real. Essa é a mesma lógica que diz que os crentes rejeitam a existência de Papai
Noel ou do coelho da Páscoa. Muitas pessoas crêem que eles existem, mas isto os torna reais?
Já que a doença mental é uma teoria e não um fato, o conselheiro bíblico não nega aexistência de algo cientificamente comprovado.

A definição de doença mental ignora completamente o que a Bíblia ensina. Quando as
pessoas vivem com base em seus sentimentos, seu comportamento é influenciado. Tentativas
frustradas são feitas para melhorar os sentimentos e, conseqüentemente, melhorar o
comportamento, pois novas dificuldades aparecerão. O problema não decorre dos
sentimentos ou emoções, mas do pensamento e das ações. Quando a Bíblia não é usada para
tratar problemas, pensamento e sentimentos, o resultado será a existência de pensamentos e
ações confusas. As emoções não precisam ser curadas, já que não estão doentes; são simplesmente o resultado natural do pensamento não bíblico. Aqueles que rotulam o
comportamento com doença são cruéis, porque removem a esperança e vitória disponíveis
por meio da aplicação de princípios bíblicos. Quando o modelo médico demonstra que a
pessoa está doente, será que isso pode garantir que uma cura é possível? Como a cura pode
ser definida? Na realidade, já que não existe doença mental, oferecer cura é encorajar uma
esperança fraudulenta e fútil. 
John F. & MACK, Wayne A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico. São Paulo: Hagnos, 2004.

Resposta:
1-A bíblia fala de pelo menos 3 fontes: Doenças orgânicas , demoníacas e mentais. Sendo que as demoníacas causam males físicos e mentais. Observe que Mateus separa o lunático do endemoniado:

Mateus 4:24  E a sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curou.

Demónio causando males mentais:
Mt 17:15  Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e outras muitas, na água.
16  Apresentei-o a teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo.
17  Jesus exclamou: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino.

18  E Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino; e, desde aquela hora, ficou o menino curado
Demônio causando males físicos:
Mateus 9:33  E, expelido o demônio, falou o mudo; e as multidões se admiravam, dizendo: Jamais se viu tal coisa em Israel

2- Existem vários tipos de transtornos mentais como:
Transtornos de ansiedade 

Transtorno obsessivo-compulsivo
Transtornos de sintomas somáticos 
Transtornos dissociativos 
Transtornos do humor 
Transtornos da personalidade 
Transtornos da infância
 Outros transtornos 

5- A psicologia destrona Deus?
Seguindo o pensamento de Cornelius Van Til, ex-professor de apologética do Seminário Teológico de Westminster , Jay Adams defende que a psicoloiga destrona Deus.


Jay Adams cita Cornelius: “todos os sistemas não cristãos exigem autonomia para o homem, procurando, por esse modo, destronar a Deus Conselheiro Capaz. 6. ed. São Paulo: Fiel, 1987, p. 18.
Desde a época de Abraão, tem havido dois conselhos neste mundo: o conselho divino e o conselho demoníaco; os dois estão competindo entre si. A posição da Bíblia é que todo conselho que não é revelacional (bíblico), isto é, baseado na revelação de Deus, é satânico . More than redemption: a theology of christian counseling. Phillipsburg: Presbyterian and reformed, 1979, p. 4.
 “Elas são um emaranhado de idéias humanas que Satanás colocou dentro da Igreja; como se fossem verdades de Deus, transformadoras de vida”  John F. & MACK, Wayne A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico. São Paulo: Hagnos, 2004, p.29

Resposta:
O ser humano não teve a imagem de Deus destruída pela depravação total. Deus dotou o homem de qualidades naturais, estas não foram destruídas, portanto ao usar as qualidades naturais dadas por Deus não necessariamente isso desonra a Deus, ou são obras de Satanás 

Calvino, por outro lado, expressa-se como segue, após afirma que a imagem de Deus abrange tudo aquilo em que a natureza do homem sobrepuja a de todas as outras espécies de animais: ‘Por conseguinte, com esta expressão (‘imagem de Deus’) indica-se a integridade de que Adão foi dotado quando o seu intelecto era límpido, as suas emoções estavam subordinadas à razão, todos os seus sentidos eram regulados devidamente, e  quando ele verdadeiramente atribuía toda a sua excelência aos admiráveis dons do seu Criador. E conquanto a sede primaria da imagem divina estivesse na mente e no coração, ou na alma e suas faculdades, não havia parte nenhuma, mesmo no corpo, em que não fulgissem alguns raios de glória”.1 Ela incluía tanto os dotes naturais como aquelas qualidades espirituais designadas como justiça original, isto é, real conhecimento, justiça e santidade. A imagem foi contaminada pelo pecado, mas somente essas qualidades espirituais foram totalmente perdidas.Teologia Sistemática Louis Berkhof p. 191-192

 Mas não se deve restringir a imagem de Deus ao conhecimento, à justiça e à santidade originais, perdidos devido ao pecado; ela inclui também elementos que pertencem à constituição natural do homem. São elementos que pertencem ao homem como tal, como as faculdades intelectuais, os sentimentos naturais e a liberdade moral. Como um ser cria do à imagem de Deus, o homem tem uma natureza racional e moral, que não perdeu com o pecado e que não poderia perder sem deixar de ser o homem. Esta parte da imagem de Deus de fato foi corrompida pelo pecado, mas ainda permanece no homem, mesmo depois de sua queda no pecado. Note-se que o homem, mesmo após a queda, independentemente da sua condição espiritual, é apresentado como imagem de Deus, Gn 9.6; 1 Co 11.7; Tg 3.9. Deve-se a atrocidade do crime de homicídio ao fato de que é uma agressão à imagem de Deus. À luz destas passagens da Escritura, não há base para dizer que o homem perdeu completamente a imagem de Deus. p. 193 Teologia Sistemática Louis Berkhof
Em conexão com a questão, se a imagem de Deus pertence à essência do homem propriamente dita, a teologia reformada não hesitou em dizer que ela constitui a essência do homem. Todavia, ela distingue entre os elementos da imagem de Deus que o homem não pode perder sem deixar de ser homem, elementos que consistem das qualidades e poderes da alma humana, e aqueles elementos que o homem pode perder e continuar sendo homem, a saber, as boas qualidades éticas da alma e seus poderes. Neste sentido restrito, a imagem de Deus é idêntica ao que se chama justiça original. É a perfeição moral da imagem que podia ser perdida por causa do pecado, e foi. p. 196 Teologia Sistemática Louis Berkhof
Esta tendência herdada para o pecado não quer dizer que os seres humanos são os mais perversos possível. As restrições da lei civil, as expectativas da família e da sociedade, e a condenação da consciência humana (Romanos 2:14-15) nos funcionam como influencias limitantes junto ás tendências pecaminosas íntimas. Portanto, pela a "graça comum" de Deus (isto é, o favor imerecido que ele dispensa a todos os seres humanos), as pessoas puderam  fazer o bem nos campos da educação, do desenvolvimento da beleza e da destreza das artes, do desenvolvimento das leis justas e atos genéricos de  benevolência e bondade humana para com os outros. Teologia Sistemática Wayne Grudem, São Paulo:Vida Nova, 1999, p. 409
 A graça comum de Deus na esfera intelectual também resulta na capacidade de compreender  e distinguir a verdade do erro, e em experimentar crescimento em conhecimento que pode ser utilizada na investigação do universo e na tarefa de dominar a terra. Isso significa que toda a ciência e tecnologia desenvolvida por não-cristãos é um dos resultado da graça comum, que lhes concede  fazer descobertas e invenções inacreditáveis, desenvolver os recursos terrestres em muitos bens materiais, produzir e distribuir tais recursos e ter habilidades em seu trabalho produtivo. Num sentido prático isto significa que cada vez que caminhamos até uma mercearia , andamos de automóvel ou entramos em  uma casa, devemos lembrar que estamos experimentando os resultados da abundante graça comum que Deus derramou tão esplendidamente sobre toda a humanidade. Teologia Sistemática Wayne Grudem, São Paulo:Vida Nova, 1999, p. 551

6- Qual o método de aconselhamento de Jay Adams? 
Ele chamou de confrontação noutética (admoestar, corrigir)

1- Identificação do problema (geralmente um  pecado)
2- Confrontação verbal
3- Mudança comportamental

"Para Adams a confrontação noutética sugere, necessariamente e antes de tudo, que há algo de errado com o indivíduo que precisa ser nouteticamente confrontado. A idéia de alguma coisa errada, algum pecado, alguma obstrução, algum problema, alguma dificuldade, alguma necessidade que precise ser reconhecida e tratada, é uma idéia fundamental. A confrontação noutética põe em relevo uma condição no consultante que faz Deus querer que ele passe por uma transformação.
 Primeiro é necessário saber o que está biblicamente errado na vida do aconselhado para, então, dar continuidade ao propósito básico da confrontação noutética, que é o de efetuar mudança de conduta e de personalidade 39.

2 – Confrontação verbal mediante a Palavra Divina, a fim de alterar suas atitudes e condutas pecaminosas.
As perguntas que Adams orienta seus conselheiros a fazer, para refletir sobre como se formou tal comportamento, são: “o que está errado?” e “o que é que você andou fazendo?” 40.
Adams diz que não há necessidade de se perguntar o porquê, pois “a razão pela qual as pessoas se envolvem em problemas [...] está em sua natureza pecaminosa” 41, mas apenas o que a pessoa fez com sua natureza pecaminosa e quais foram os pecados que ela cometeu para chegar ao estado em que se encontra.
Para Adams “o aconselhamento noutético procura corrigir os esquemas pecaminosos de conduta, mediante a confrontação pessoal e o arrependimento, a ênfase é posta em ‘o quê’” 42.

3 – Interesse.
“O terceiro elemento presente na confrontação noutética implica em mudar aquilo que, em sua vida, fere o consultante” 43. Este interesse se manifesta tanto na postura do conselheiro diante da fala do aconselhado, quanto em verificar na vida dele (aconselhado) o comportamento que ele (conselheiro) reprova e pensa que é importante modificar de acordo com os padrões bíblicos.
39 ADAMS, Jay. O manual do conselheiro cristão. 4. ed. São José dos Campos: Fiel, 1994, p. 58.
40 Id., Conselheiro Capaz. 6. ed. São Paulo: Fiel, 1987, p. 62. 41 Ibid., p. 61. 42 Ibid., p. 62. 43 Ibid., p. 63.

Para executar esta modificação do comportamento, Adams vê a afirmação abrangente de 2 Timóteo 3.15-17 44 como a pedra angular do Aconselhamento Bíblico que propõe. “O processo inteiro do aconselhamento, paralelamente aos recursos e à metodologia a ser usada, fica expresso ou subentendido nessa passagem” 45. "

Uma análise teológica e psicológica do aconselhamento bíblico de Jay Adams e seguidores Eliezer Victor Pereira Ramos – 2008. 97 f. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2008, p. 21 http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/2520

7- O Método de Jay Adams é realmente bíblico?
Resposta:
1- Ele é reducionista: 
Um modelo de confronto não é suficientemente amplo para cobrir todos os componentes do aconselhamento. Mas, “o aconselhamento inclui muito mais do que o confronto e por vezes não pode incluir nenhum confronto, confrontar com rudeza uma pessoa abatida não seria apenas cruel como também bastante prejudicial”
 Em relação à palavra usada por Adams para descrever seu modo de aconselhamento
noutético, ela aparece treze vezes em todo o Novo Testamento. Enquanto noutheteo e seus derivados gregos ocorrem apenas treze vezes em todo o Novo Testamento, parakleo (outra palavra utilizada para descrever o Aconselhamento Cristão, não por Adams) em uma de suas formas, aparece vinte e nove vezes traduzidos como “conforto”, quatorze vezes como “consolar” e quarenta e três vezes como “rogar”.

Citando Larry Crabb
Assim chegamos à interpretação que Adams dá à Escritura. Numa tentativa de desacreditar a Psicologia e edificar um sistema que é consistente com a Bíblia, Adams às vezes dá a impressão de forçar as Escrituras para dentro de seu próprio sistema. Consideremos, por exemplo, a suposição que o comportamento determina os sentimentos, e nunca vice-versa. É verdade, naturalmente, que viver no bem pode produzir bons sentimentos, e que ocomportamento pecaminoso pode criar sentimentos de depressão ou outros problemas. Mesmo assim, Sl 34.12-13; 1 Pe 3; Ef 2.10, 4.19 e 1 Tm 4.2; as passagens que Adams cita, dificilmente dão apoio à conclusão de que os sentimentos sempre brotam do comportamento. Podemos pensar nos fariseus nos dias de Jesus, cujo comportamento era moralmente reto, mas cujas atitudes, reações emocionais e motivos eram claramente impuros e condenados por Jesus (Mt 23). Os conselheiros noutéticos, gastam menos tempo descobrindo como as pessoas se sentem. Estão mais interessados em saber como seus clientes se comportam. Mas, as Escrituras dão importância aos sentimentos e pensamentos e não apenas ao comportamentp. Uma análise teológica e psicológica do aconselhamento bíblico de Jay Adams e seguidores Eliezer Victor Pereira Ramos – 2008. 97 f. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2008, p.80-81  http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/2520 
2- O método dele é centrado no comportamento, o da Bíblia na mudança da mente.
O Aconselhamento Noutético é mais semelhante à Psicologia Comportamental do que àPsicologia Cognitiva. Existem muitas diferenças entre as duas teorias, no entanto, a principal diferença é que a Psicologia Comportamental afirma que os comportamentos problemáticos são o problema e o que deve, então, ser tratado; já a Psicologia Cognitiva diz que o pensamento problemático (como afirma Ellis) é o problema a ser tratado, pois este influencia todo o restante  Jay Adams e a Terapia Comportamental focam seu tratamento e ponto de partida no comportamento problemático, no caso de Adams, no comportamento pecaminoso, como fica claro em toda sua teoria de confrontação com o pecado na vida do aconselhando Uma análise teológica e psicológica do aconselhamento bíblico de Jay Adams e seguidores Eliezer Victor Pereira Ramos – 2008. 97 f. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2008, p.p. 77-78  http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/2520
A bíblia enfatiza primeiro a mudança de mente,, o coportamento é consequencia:
Romanos 12:2  E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Fp 4:6  Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.

7  E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.

Ef 4:22  no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano,
23  e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,

24  e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.


8- Tudo na psicologia é correto?
Resposta:

  • Alguns conceitos tanto na psiquiatria quanto na psicologia mudam com o tempo e não dependem de pesquisas, pois são temporais, como por exemplo o comportamento sexual.No sec. 19 criou-se o conceito de homossexualidade como doença.No séc. 20 esse conceito foi removido. O mesmo se deu em 2013 onde agora a parafilia em si não é um transtorno, a não ser quando causa desconforto (transtorno parafílico).
  • Não cabe a psicologia definir o que é um comportamento moral, portanto a noção por exemplo de erro moral (pecado) cabe por exemplo a religião. Para isto basta observarmos o conceito de Psicologia:  
A psicologia é o estudo científico do comportamento e dos processos mentais...a expressão comportamento e processos mentais na definição da psicologia deve ser compreendida como tendo muitos significados: ela abrange não apenas o que as pessoas fazem, mas também seus pensamentos, emoções, percepções, processos de raciocínio, lembranças e mesmo atividades biológicas que mantêm o funcionamento corporal. Os psicólogos tentam descrever, prever e explicar o comportamento e os processos mentais humanos, além de ajudar a mudar e melhorar a vida das pessoas e do mundo em que elas vivem. Eles empregam métodos científicos para encontrar respostas que são mais válidas e legítimas do que as que resultam da intuição e especulação, que muitas vezes são imprecisas. Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 5

  • A psicologia é uma ciência nova, e tende a fazer novas descobertas
Em termos de ciência, a psicologia é uma recém-chegada. Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 6
 Conforme a base de conhecimentos cresce, a psicologia se tornará cada vez mais especializada e novas perspectivas surgirão. Por exemplo, nossa compreensão do cérebro e do sistema nervoso, aliada aos avanços científicos na genética e na terapia genética, permitirão aos psicólogos focar a prevenção dos transtornos psicológicos, e não apenas seu tratamento (Cuijpers et al., 2008).
• A sofisticação gradual das abordagens neurocientíficas tende a ter uma influência crescente sobre outros ramos da psicologia. Por exemplo, os psicólogos sociais já estão aumentando sua compreensão de comportamentos sociais, tais como persuasão, usando varreduras cerebrais como parte de um campo em desenvolvimento conhecido como neurociência social. Além disso, à medida que as técnicas neurocientíficas tornarem-se mais sofisticadas, haverá novas formas de aplicar o conhecimento, como discutimos em A Neurociência em sua Vida na Fig. 4 (Bunge & Wallis, 2008; Cacioppo & Decety, 2009).
• A influência da psicologia em questões de interesse público também vai crescer. Os principais problemas de nosso tempo – como violência, terrorismo, preconceito racial e étnico, pobreza e desastres ambientais e tecnológicos – contêm importantes aspectos psicológicos (Zimbardo, 2004; Hobfoll, Hall, & Canetti-Nisim, 2007; Marshall, Bryant, & Amsel, 2007).
• À medida que a população torna-se mais diversa, as questões de diversidade Feldman, Robert S. Introdução à psicologia Porto Alegre : AMGH, 2015. p. 23-24

B teoria da compatibilidade 

  • A Bíblia é infalível
  • A Bíblia não contém todas as verdades, mas contém princípios gerais norteadores nas áreas do conhecimento, inclusive da natureza humana (mente e comportamento)
  • A psicologia, especialmente nas abordagens psicoterapêuticas que enfatizam uma mudança de cognição, se aproximam muito do que a Bíblia ensina 
  • A psicologia tem várias comprovações científicas de técnicas psicoterápicas, e que não contrariam a Bíblia,  portanto contém verdades.
  • Logo podemos lançar mãos dos métodos e descobertas da psicologia para ajudar os que necessitam


quinta-feira, 12 de março de 2020

Escatologia do seculo 2 Irineu de Lyon

Image result for irenaeus of lyons

Contra as heresias 180 d.C

Livro V


25,1. Não somente pelo que foi dito até agora, mas também pelo que acontecerá no tempo do Anticristo, manifesta-se que o demônio, enquanto apóstata e ladrão, quer ser adorado como Deus e enquanto escravo quer ser proclamado rei. Com efeito, o Anticristo, depois de ter recebido todo o poder do demônio, virá não como rei justo, submetido a Deus e dócil à sua lei, mas como ímpio, injusto e sem lei, como apóstata, injusto, homicida e ladrão, recapitulando em si toda a apostasia do demônio. Rejeitará os ídolos para fazer acreditar que ele é Deus, mas se levantará como o único ídolo concentrando em si a falsidade de todos os ídolos e para que os que adoram o demônio com a multidão de abominações o sirvam agora através deste único ídolo. O Apóstolo, na segunda carta aos Tessalonicenses, fala assim do Anticristo: “Porque deve vir primeiro a apostasia, e aparecer o homem ímpio, o filho da perdição, o adversário, que se levanta contra tudo que se chama Deus, ou recebe culto, chegando a sentar-se pessoalmente no templo de Deus e querendo passar por Deus”. 104 O Apóstolo se refere claramente à sua apostasia e à sua elevação acima de tudo que se chama deus, ou seja, objeto de culto, isto é, de todos os ídolos — são estes chamados os deuses pelos homens, mas não o são — e à tentativa tirânica de se fazer passar por Deus. 

25,2. Além disso, afirma o que já temos abundantemente demonstrado, isto é, que o templo de Jerusalém foi construído de acordo com a prescrição do verdadeiro Deus. O Apóstolo, manifestando a sua opinião, chama-o propriamente templo de Deus. No terceiro livro dissemos que os apóstolos, falando em seu próprio nome, nunca chamam Deus a ninguém, a não ser ao verdadeiro Deus, o Pai de nosso Senhor, por ordem do qual foi construído o templo de Jerusalém, pelos motivos apresentados acima, no qual se assentará o adversário querendo passar por Deus, conforme diz também o Senhor: “Quando virdes a abominação da desolação, de que fala o profeta Daniel, instalada no lugar santo, que o leitor o entenda, então os que estiverem na Judéia, fujam para as montanhas, aquele que estiver no terraço, não desça para apanhar as coisas da sua casa. Pois naquele tempo haverá tão grande tribulação como não houve desde o princípio do mundo até agora, nem tornará a haver jamais”. 105

 25,3. Daniel, ao contemplar o fim do último reino, isto é, os últimos dez reis entre os quais será dividido o reino, sobre os quais virá o filho da perdição, diz que surgiram dez chifres à besta e depois, entre eles surgia um chifre pequeno, diante do qual foram arrancados três dos primeiros. “E eis, que este chifre, diz ele, tinha olhos como olhos humanos e boca que falava palavras arrogantes, e cujo aspecto era mais majestoso do que o dos outros. Estava eu contemplando: e este chifre fazia guerra aos santos e prevalecia sobre eles até o momento em que veio o Ancião dos Dias e foi feito o julgamento em favor dos santos do Altíssimo. E chegou o tempo em que os santos entraram na posse do reino”. 106 Depois, na explicação da visão, foi-lhe dito: “O quarto animal será um quarto reino na terra, que se elevará sobre todos os outros, devorará a terra inteira, calcá-la-á aos pés e a esmagará. Os dez chifres desta besta são dez reis que surgirão, e outro se levantará depois deles, que superará no mal todos os outros que o precederam, e abaterá três reis; proferirá insultos contra o Altíssimo e oprimirá os santos do Altíssimo e tentará mudar os tempos e a Lei, o que lhe será concedido por um tempo, dois tempos e metade de um tempo”, 107 isto é, por três anos e seis meses, tempo que, ao vir, reinará sobre a terra. O apóstolo Paulo, falando sobre isso na segunda carta aos Tessalonicenses, manifestava também o motivo desta vinda: “Então aparecerá o ímpio, aquele que o Senhor destruirá com o sopro de sua boca, e suprimirá pela manifestação da sua Vinda. Vinda que será assinalada pela atividade de Satanás, com toda sorte de portentos, milagres e prodígios mentirosos e por todas as seduções da injustiça, para os que se perdem, porque não acolheram o amor da verdade, a fim de serem salvos. É por isso que Deus lhes manda o poder da sedução, para acreditarem na mentira e serem condenados todos os que não creram na verdade, mas antes consentiram na injustiça”. 108

 25,4. A mesma coisa dizia o Senhor aos que não acreditavam nele: “Eu vim em nome de meu Pai e não me acolhestes”; quando virá outro em seu próprio nome vós o recebereis. Com este “outro” indicava o Anticristo, que é estranho a Deus. Ele é o juíz iníquo de quem o Senhor disse: “não temia a Deus e não respeitava nenhum homem”, 109 ao qual recorreu a viúva esquecida de Deus, isto é, a Jerusalém terrena, reclamando justiça contra o seu inimigo. É exatamente isto que fará o Anticristo no tempo de seu reinado: transferirá o seu reinado para Jerusalém, assentar-se-á no templo de Deus, enganando os seus adoradores, fazendo com que creiam que é o Cristo. Eis por que Daniel diz ainda: “O santuário será de-vastado; o sacrifício foi trocado pelo pecado e a justiça foi lançada por terra; ele fez e conseguiu fazer isso”. E o anjo Gabriel explicando-lhe as visões, dizia a respeito do Anticristo: “E no fim do seu reinado levantar-se-á um rei de olhar arrogante, capaz de penetrar os enigmas. Seu poder será considerável; ele tramará coisas inauditas, prosperará em suas empresas, arruinando poderosos e o próprio povo dos santos; o jugo de sua coleira se apertará; a perfídia terá êxito em suas mãos; ele se exaltará em seu coração, e, supreendendo-os, destruirá a muitos; causará a ruína de muitos e esmagá-los-á com as mãos, como ovos”. Depois o anjo indica o tempo de sua dominação tirânica durante o qual os santos que oferecerão ao Senhor sacri-fícios puros serão perseguidos: “Durante o tempo de meia semana, diz, serão abolidos o sacrifício e a oblação, e no templo haverá a abominação da desolação e até a consumação do tempo a consumação será dada acima da desolação”. 110 A “metade da semana” equivale a três anos e seis meses.

 25,5. Em todas estas profecias são indicadas não somente a apostasia e as heresias que recapitulam em si todo erro diabólico, mas ainda se afirma que há um só e idêntico Pai, anunciado pelos profetas e revelado pelo Cristo. Ora, se as profecias de Daniel relativas ao fim dos tempos foram confirmadas pelo Senhor que diz: “Quando virdes a abominação da desolação predita pelo profeta Daniel”; 111 se Daniel teve a explicação das visões pelo anjo Gabriel e se este é ao mesmo tempo o arcanjo do Criador e quem anunciou a Maria a boa nova da vinda visível e da encarnação do Cristo, está provado com toda clareza que um só e idêntico é o Deus que enviou os profetas, depois o seu Filho e nos chamou para que o conhecêssemos.

26,1. Uma revelação mais clara ainda acerca dos últimos tempos e dos dez reis, entre os quais será dividido o império que agora domina, foi feita por João, o discípulo do Senhor, no Apocalipse. Explicando o que eram os dez chifres vistos por Daniel, refere o que lhe foi dito: “Os dez chifres que tu viste são dez reis que ainda não receberam o reino, mas que receberão o poder como reis, por uma hora, com a besta. Eles não têm senão um pensamento, o de homenagear a besta com a sua força e o seu poder. Eles combaterão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis”. 112 Está claro, portanto, que aquele que deve vir matará três destes dez reis, que os outros se lhe submeterão e que ele será o oitavo entre eles. Eles destruirão Babilônia, reduzi-la-ão a cinzas, darão o seu reino à besta e perseguirão a Igreja, mas, em seguida, serão destruídos pela vinda de nosso Senhor

sábado, 22 de fevereiro de 2020

O culto ao imperador e a perseguição aos cristãos - carta de Plínio a Trajano





Ap 17:3  Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
4  Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição.
5  Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA.
6  Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto.
9  Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis,


A mulher sentada sobre sete montes é a representação do império romano, o qual estava perseguindo os cristãos na época de João. Esta mulher é retratada no At como sendo a prostituta Israel, que por sua vez também perseguiu os cristãos no primeiro século.Ou seja, a fonte primária da imagem da grande prostituta
de Apocalipse 17 é a descrição que Ezequiel faz da Jerusalém apóstata, em Ezequiel 16 e 23
(observe-se que Ap 17.2 = Ez 16.15,25,39; Ap 17.4a = Ez 16.13; Ap 17.4b = Ez 23.31,32;
Ap 17.6 = Ez 16.38; 23.45).  A grande cidade é ao mesmo tempo Jerusalém, Roma e Babilônia:
 
 “De Villiers (1988:133-35) afirma que, se há um referente histórico, este deve ser Roma, visto
que Jerusalém havia sido destruída 25 anos antes de o livro ser escrito. Porém, isso é principalmente simbólico e, portanto, a prostituta, Babilônia, Jerusalém, Sodoma, Egito e Roma tornam-se um único símbolo que tipifica “as forças do mal responsáveis pela perseguição da igreja”.
A identificação da grande cidade) é bem problemática. Em outras passagens de Apocalipse, a expressão faz referência a Roma (16.19; 17.18; 18.10,16,18,19,21 = “a grande Babilônia”, um eufemismo para Roma; cf. lPe 5.13). Entretanto, neste contexto deve ser uma referência a Jerusalém, pois 11.8 a descreve como o lugar “onde também seu Senhor foi crucificado” e, em 11.13, a população da cidade é de 70 mil, o tamanho de Jerusalém, não de Roma.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, pp. 480

Image result for dea roma coin

moeda cunhada em 71 d.C. na Ásia, durante o reinado de Vespasiano
(pai de Domiciano), assentada sobre os sete montes de Roma. João parece usar esta imagem (Roma) como símbolo da prostituta espiritual





Em Apocalipse está claro que um dos maiores problemas dos cristãos na província da Ásia é uma forma de adoração ao imperador (13.4,14-17; 14.9; 15.2; 16.2; 19.20; 20.4). No mundo romano, isso começou cedo, com a deificação de Júlio César e Augusto, seguidos por Cláudio e Vespasiano. Mas o costume dessa época era deificar o imperador após sua morte, e não adorar um soberano que ainda estivesse vivo.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 7
"Vespasiano...Ele foi somente o segundo imperador a ser deificado desde Augusto e Cláudio. Inimaginável. O que o nosso mundo seria sem o Cristianismo. Jeremiah J. Johnston. Rio de Janeiro CPAD, 2018,p. 54.

 Calígula exigiu ser adorado, mas não foi reconhecido como divino pelo senado. Tibério e Cláudio não aceitaram ser deificados durante a vida. O que mais nos interessa com relação ao nosso assunto é que Nero não foi deificado, embora haja indícios de que este fosse seu desejo.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 7

Todavia, esse era o caso em Roma, pois as províncias com frequência deificavam o imperador ainda vivo, provavelmente para indicar a presença do imperador também nas próprias terras.3 A província da Ásia era especialmente famosa pela proliferação desses templos em honra ao imperador. Ainda assim, o senado romano normalmente restringia o uso dos títulos para os imperadores, reservando o termo “deus” para  os falecidos. Domiciano, no entanto, mudou as leis e exigiu esse título para si, fazendo inclusive convocações para o oferecimento de sacrifícios para si mesmo na cidade de Roma
. Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 551-552
“comuna da Ásia”, um conselho que representava as principais cidades da província da Ásia, cujo presidente era chamado de asiarca. Esse grupo promovia especialmente o culto ao imperador e exigia que os cidadãos participassem dele. De todos os imperadores, Domiciano encorajou de forma especial essa ação, assumindo o título de Dominus et Deus noster (“nosso Senhor e Deus”).Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 575
Além disso, o imperador Domiciano (possivelmente o governante de Roma na época
da escrita de Apocalipse) via a si mesmo como Apolo encarnado
.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova,p. 420
imperadores como Calígula, Nero e, especialmente, Domiciano, que exigiamser adorados como deuses.Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova,p. 558

proliferação incrível de templos e estátuas que faziam parte do culto ao imperador. Éfeso, por exemplo, tinha templos em homenagem a Júlio César, Augusto, Domiciano e, posteriormente, Adriano. Havia estátuas imperiais em construções, pórticos, fontes, portões das cidades e nas ruas. Muitas ficavam em lugares sagrados, onde eram objetos de veneração. Incenso, vinho e bois eram sacrificados, por exemplo, para selar um casamento. As estátuas imperiais poderiam servir como lugar de refúgio para os escravos que fugiam de seus senhores. Os escravos também recebiam a liberdade diante dessas imagens. Ford (1975: 214) acrescenta que o culto ao imperador era especialmente forte na Ásia Menor, tendo o primeiro templo construído em homenagem a Roma em 195 a.C.; e o primeiro santuário em homenagem a um imperador foi edificado em Pérgamo, em 29 a.C.
Nos tempos de Jesus, havia pelo menos um templo de culto ao imperador em cada uma das sete cidades. Embora Augusto e Tibério tenham proibido a adoração ao imperador, Calígula a encorajou, substituindo a cabeça de muitas imagens pela própria cabeça e
ainda tentou erigir uma estátua de si mesmo no templo de Jerusalém. Depois
dele, somente Domiciano encorajou a adoração da mesma forma. Em Éfeso, um templo importante foi dedicado a Domiciano, com uma estátua de cerca de sete metros de altura predominando nele. Reforçando, o Anticristo será o “oitavo rei” (17.11), que desenvolverá as práticas idólatras romanas e as levará à sua concretização final. E certo que a constante diatribe judaica e cristã contra a idolatria está sendo levada em  consideração.
Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova,p. 577

 Não há evidência de que Domiciano tivesse feito tal decreto (ainda que Antipas tenha sido martirizado em Pérgamo, 2.13) nos dias de João, mas aproximadamente quinze anos depois, Plínio escreveu uma carta a Trajano (112 d.C.) informando que ele tinha executado cristãos que se recusaram a oferecer vinho e incenso diante da estátua do imperador (Ep 96).p. 579

Ásia era o epicentro do culto ao imperador, e as cidades disputavam o privilégio de construir um templo. Depois de uma grande disputa, Pérgamo foi a primeira cidade a construir um templo, em 29 a.C., seguida por Esmirna, em 21 d.C, depois de uma competição acirrada. A terceira foi Éfeso, cidade proximamente vinculada ao estabelecimento da dinastia flaviana na Ásia. Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 7 

Carta de Plínio a Trajano

Caio Plínio Segundo (Plínio o moço), governador da Bitínia entre 111 e 113, enviada a Trajano, imperador de Roma entre 98 e 117 d.C, solicitando instruções de como proceder perante as denúncias contra os cristãos. A epístola, escrita por volta de 112 d.C


Tenho por praxe, Senhor, consultar Vossa Majestade nas questões duvidosas. Quem melhor dirigirá minha incerteza e instruirá minha ignorância? Nunca presenciei nenhum julgamento de cristãos. Por isso ignoro as penalidades e investigações costumeiras, bem como as pautas em uso. Tenho muitas dúvidas a respeito de certas questões, tais como: estabelecem-se diferenças e distinções de acordo com a idade? Cabe o mesmo tratamento a enfermos e robustos? Aqueles que se retratam devem ser perdoados? A quem sempre foi cristão, compete gratificar quando deixa de sê-lo? Há de punir-se o simples fato de alguém ser cristão, mesmo que inocente de qualquer crime, o exclusivamente os delitos praticados sob esse nome?
Entretanto, eis o procedimento que adotei nos casos que me foram submetidos sob acusação de cristianismo. Aos incriminados pergunto se são cristãos. Na afirmativa, repito a pergunta segunda e terceira vez, ameaçando condená-los à pena capital. Se persistirem, condeno-os à morte. Não duvido que, seja qual for o crime que confessem, sua pertinácia e obstinação inflexíveis devem ser punidas. Alguns apresentam indícios de loucura; tratando-se de cidadãos romanos, separo-os para enviá-los a Roma.
 Mas o que geralmente se dá é o seguinte: o simples fato de julgar essas causas confere enorme divulgação às acusações, de modo que meu tribunal está inundado com uma grande variedade de casos. Recebi uma lista anônima com muitos nomes. Os que negaram ser cristãos, considerei-os merecedores de absolvição. De fato, sob minha pressão, devotaram-se aos deuses e reverenciaram com incenso e libações vossa imagem colocada, para este propósito, ao lado das estátuas dos deuses, e, pormenor particular, amaldiçoaram a Cristo, coisa que um genuíno cristão jamais aceita fazer.
Outros inculpados da lista anônima começaram declarando-se cristãos e, logo, negaram sê-lo, declarando ter professado esta religião durante algum tempo e renunciando a ela há três ou mais anos; alguns a tinham abandonado há mais de vinte anos. Todos veneraram vossa imagem e as estátuas dos deuses, amaldiçoando a Cristo.
Foram unânimes em reconhecer que sua culpa se reduzia apenas a isso: em determinados dias, costumavam comer antes da alvorada e rezar responsivamente hinos a Cristo, como a um deus; obrigavam-se por juramento não a algum crime, mas à abstenção de roubos, rapinas, adultérios, perjúrios e sonegação de depósitos reclamados pelos donos. Concluído este rito, costumavam distribuir e comer seu alimento. Este, aliás, era um alimento comum e inofensivo.
Eles deixaram essas práticas depois do edito que promulguei, de conformidade com vossas instruções, proibindo as sociedades secretas. Julguei ser mais importante descobrir o que havia de verdade nessas declarações através da tortura a duas moças, chamadas diaconisas, mas nada achei senão superstição baixa e extravagante. Suspendi, portanto, minhas observações na espera do vosso parecer. Creio que o assunto justifica minha consulta, mormente tendo em vista o grande número de vítimas em perigo. Muita gente, de todas as idades e de ambos os sexos, corre o risco de ser denunciada e o mal não terá como parar.
Esta superstição contagiou não apenas as cidades, mas as aldeias e até as estâncias rurais. Contudo, o mal ainda pode ser contido e vencido. Sem dúvida os templos que estavam quase desertos são novamente freqüentados; os ritos sagrados há muito negligenciados, celebram-se de novo; vítimas para sacrifícios estão sendo vendidas por toda a parte, ao passo que, até recentemente, raramente um comprador era encontrado. Esses indícios permitem esperar que legiões de homens sejam susceptíveis de emenda, desde que tenham a oportunidade de se retratar. BETTENSON, H., Documentos da Igreja Cristã, editora ASTE, páginas 28 a 30


Caird (1966: 15) vê aqui uma referência a sete estrelas ou planetas da mitologia pagã, emparalelo com as moedas do reinado de Domiciano, que retratavam seu falecido filho/herdeiro como Zeus que, ainda criança, brincava entre as estrelas. Nesse sentido, João estaria fazendo mais oposição ao culto ao imperador, uma das grandes ênfases do livro..."Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, p. 82


Em termos de contexto, Beasley-Murray (1978: 216-17) fala da “comuna da Ásia”, um conselho que representava as principais cidades da província da Ásia, cujo presidente era chamado de asiarca. Esse grupo promovia especialmente o culto ao imperador e exigia que os cidadãos participassem dele. De todos os imperadores, Domiciano encorajou de forma
especial essa ação, assumindo o título de Dominus et Deus noster (“nosso Senhor e Deus”). Embora esse conselho não fosse o “falso profeta”, ele forneceu a imagem do pano de fundo para a descrição das práticas idólatras da segunda besta, assim como Nero forneceu o contexto para o Anticristo, e os leitores originais certamente perceberam o paralelo
."Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova p. 575

A passagem seguinte, em que o Anticristo é mencionado, é 2Tessalonicenses
2.1-12, na qual se fala sobre o “ímpio” (ver Bruce 1982:175-78, esp. seu “Excurso
sobre o Anticristo”, p. 179-88). Cerca de dez anos antes de 2Tessalonicenses ter
sido escrito, o imperador Gaio (Calígula) ameaçou erigir uma estátua a si mesmo

no templo de Jerusalém, porque os judeus não aceitavam seu status divino. Esta

potencial “abominação assoladora” poderia muito bem ter estado na mente de
Paulo quando escreveu a carta. Apesar de Calígula ter sido assassinado em 41
d.C., acabando com seus anseios insanos, outro anticristo viria, cujos propósitos
malignos não seriam averiguados até a chegada do escaton. Em outras palavras,
assim como Nero se tornou um modelo para a besta em Apocalipse 13 (ver
adiante), Calígula veio a ser um modelo para o “mistério da impiedade” em
2Tessalonicenses 2. Paulo fala, nessa passagem, sobre a remoção do “que o detém”
(provavelmente, o governo e seu controle da lei e da ordem), possibilitando que
o “ímpio”, o Anticristo, apareça. Assim como o pequeno chifre de Daniel 7.8
(“falava com arrogância”), de 8.25 (“Fará o engano prosperar sob sua mão com
sutileza; se engrandecerá”) e de 11.36 (“ele se exaltará e se engrandecerá sobre
todo deus, e dirá coisas terríveis contra o Deus dos deuses”), esse homem da
iniqüidade (NVl) “se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é
objeto de adoração, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, apresentando-se
como Deus” (2Ts 2.4). Assim como ocorre em Apocalipse 13.13,14, ele mostrará
todo tipo de milagres que iludem, com base na “obra de Satanás”, para provar
suas reivindicações, e atuará por meio do engano. Comentário exegético apocalipse. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova
554




Lenda do Nero Redivivo

Kreitzer (1988: 97) observa três estágios no desenvolvimento dessa lenda:expectativas pagãs do retorno histórico de Nero; expectativas quase míticas assimiladasà apocalíptica judaica; associações completamente míticas de Nero comBeliar, o adversário de Deus (cf. Or si 5.28-38, 93-110,137-61, 214-27, 361-80).Por causa de seu terrível reinado, Nero foi censurado pelo senado, em 8 de junhode 68 d.C., e declarado inimigo de Roma. No dia seguinte, em seu palácio decampo, nos arredores de Roma, ele tirou sua vida enfiando um punhal no pescoço(cf. Ap 13.14). Muitas pessoas se recusaram a acreditar que ele houvesse morridoe, no final dos anos 80, surgiu uma lenda de que ele ainda estava vivo (algumasversões da história diziam que havia ressuscitado) e que vivia na Pártia, preparandoum exército parto para invadir o império e retomar seu trono. Vários impostorestentaram tomar o poder de Roma reivindicando ser Nero. Durante o reinado deDomiciano, um deles quase teve êxito, mas o imperador romano convenceu ospartos a executá-lo (Tácito, Hist 2.8; Suetônio, Nero 57; cf. Yarbro Collins 1976:176-83; Bauckham 1993b: 423-31; Aune 1998a: 738-40). O principal problemacom essa interpretação de Apocalipse 13 é o pensamento de que João acreditavano mito e considerava Nero o Anticristo. Todavia, não é necessário supor isso.Assim como Deus modelou a visão da mulher, do dragão e da criança (12.1-6)segundo a lenda de Apoio, também modelou a figura da besta segundo a lendade Nero. Nenhuma dessas lendas é verdadeira, mas a forma delas se torna uma“analogia redentora” para comunicar aos leitores que o que eles conheciam comolenda viria a ser história. A besta não era Nero, mas um personagem como Nero. p. 558
E importante observar que, se a identificação com Nero deve ser adotada, isso não significa que João acreditava na lenda do Nero redivivus nem esperava que o ex-imperador voltasse logo. Em vez disso, a vinda do Anticristo seria semelhante à figura de Nero, o qual seria o antítipo desse anticristão maligno. Nesse sentido, o uso de 666 como uma contraparte tríplice (666 sendo usado de forma semelhante a “santo, santo, santo”, em Ap 4.8) da completude do número sete e da perfeição absoluta de “Jesus” como 888 poderia também ser intencional (assim Rowland 1999:355). O Anticristo é “incompleto, incompleto, incompleto” comparado ao completamente perfeito “Jesus” (888). No final das contas, devemos continuar na incerteza quanto ao sentido real de 666. 584

 Portanto, a besta é o oitavo imperador (17.11), que na época da composição
da obra ainda não havia aparecido...isso melhor: “O anjo, provavelmente, alude a essa
superstição, não para endossá-la como verdadeira, mas para assinalar que a única
figura da história conhecida com quem a besta poderia ser comparada, em sua
crueldade contra o povo de Deus, era o malvado Nero. O ponto principal não
é que o oitavo rei, de fato, é Nero redivivus, mas que ele é como Nero em seu
caráter e destino
.p. 694



8 1 Nessa época, Acaia e Ásia ficaram aterrorizadas com um falso boato da chegada de Nero. Os relatos sobre sua morte foram variados e, portanto, muitas pessoas imaginaram e acreditaram que ele estava vivo. As forças e tentativas de outros pretendentes contaremos à medida que prosseguirmos; 9mas, naquele momento, um escravo de Pontus ou, como outros relataram, um libertado da Itália, que era habilidoso em tocar no cithara e em cantar, ganhou a crença mais imediata em seu engano por meio dessas realizações e de sua semelhança com Nero. Ele recrutou alguns desertores, pobres vagabundos que ele havia subornado por grandes promessas e colocado no mar. Uma violenta tempestade o levou à ilha de Cythnus, onde convocou alguns soldados que retornavam do leste de licença ou ordenou que fossem mortos se recusassem. Então ele roubou os mercadores e armou todo o corpo de seus escravos. Um centurião, Sisenna, que carregava as mãos direitas entrelaçadas, o símbolo da amizade, para os pretorianos em nome do exército na Síria, o pretendente se aproximou com vários artifícios, até Sisenna, alarmada e temendo a violência, deixar secretamente a ilha e escapar. Então o alarme se espalhou por toda parte. Muitos avançaram ansiosamente pelo nome famoso, motivados pelo desejo de mudar e pelo ódio pela situação atual. A fama do pretendente aumentava dia após dia, quando uma chance a destruía. Tácito História 2:8
Ele morreu no trigésimo segundo ano de sua idade, 1 no mesmo dia em que havia matado Octavia; e a alegria do público foi tão grande na ocasião que as pessoas comuns correram pela cidade com bonés na cabeça. Alguns, no entanto, não estavam querendo, que por muito tempo enfeitaram sua tumba com flores da primavera e do verão. Às vezes, colocavam sua imagem na rostra, vestida com roupas de Estado; em outro, publicaram proclamações em seu nome, como se ele ainda estivesse vivo, e logo retornaria a Roma e se vingaria de todos os seus inimigos. Vologesus, rei dos partos, quando enviou embaixadores ao senado para renovar sua aliança com o povo romano, solicitou sinceramente que a devida honra fosse prestada à memória de Nero; e, para concluir, quando, vinte anos depois, quando eu era jovem, 2 uma pessoa de nascimento obscuro se entregou a Nero, nome que lhe garantiu uma recepção tão favorável dos partos, que ele era muito zeloso apoiado, e foi com muita dificuldade que eles tiveram que desistir dele. 1 A. U. C. 821 - A. D. 69. Suetônio Nero 57

Nero era religioso
Ele desprezava todos os ritos religiosos, exceto os da Deusa Síria; 1 mas, finalmente, prestou-lhe tão pouca reverência, que lhe derramou água; estando agora envolvido em outra superstição, na qual apenas ele persistiu obstinadamente. Por ter recebido de algum plebeu obscuro uma pequena imagem de uma menina, como um preservativo contra conspirações, e descobrindo uma conspiração imediatamente depois, ele adorava constantemente sua protetora imaginária como a maior entre os deuses, oferecendo a ela três sacrifícios diariamente. Ele também estava desejoso de supor que ele tinha, por revelações dessa divindade, um conhecimento de eventos futuros. Alguns meses antes de morrer, ele participou de um sacrifício, de acordo com os ritos etruscos, mas os presságios não eram favoráveis. Suet. Nero 56