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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Você sabe o que é Direita e Esquerda?- definição e origem dos termos.



Por que há tanta confusão em classificar a direita da esquerda?
Porque sendo o Espaço Politico pluridimensional, as pessoas tentam jogar todos os aspectos políticos em um único eixo, a divisão linear esquerda direita.



1- Origem dos termos: centro, direita e esquerda.

A classificação direita-esquerda remonta à reunião dos Estados Gerais durante a Revolução Francesa, onde delegados se posicionavam ou direita ou a esquerda ou ao centro da Assembléia Legislativa:
Objetivamente, porém, a definição de Esquerda/Direita nasce com uma opção que jacobinos e girondinos exerceram ao ocupar os assentos à esquerda e à direita do plenário da Assembléia Legislativa da República Francesa em 1792, logo após a vitória da Revolução e a promulgação da histórica Constituição de setembro de 1791.


Os jacobinos representavam a pequena burguesia e o proletariado; os girondinos, a burguesia que desejava resgatar e conservar os antigos privilégios. Certo é que ambas as correntes se insurgiam contra o absolutismo e, no plano político, 
se situavam como liberais. https://norbertobobbio.wordpress.com/2010/06/20/direita-esquerda-e-a-falha-dos-rotulos/

Em 1794 "O poder da Convenção caiu nas mãos do Pântano, formado por representantes da alta burguesia ligados aos girondinos. Instalou-se a Reação Termindoriana. Os clubes jacobinos foram fechados. Preparou-se uma nova Constituição, a do ano III (1795)...
configuração pólítica da Convenção mudou: no centro os girondinos; á direita os realistas, que pregavam a volta da monarquia; a esquerda, os poucos jacobinos que restavam reclamavam medidas de caráter social." Toda a História . 12ª edição. Livro do Professor. São Paulo: Ática, p. 240, 2003.

2- A noção de esquerda e direita varia historicamente:
1-na origem opunha liberais a conservadores;
2-depois passou a opor socialistas a liberais e conservadores; 
3-depois, comunistas, socialistas e socialdemocratas a liberais, conservadores e fascistas

3- O espaço político não se resume a direita, esquerda e centro.
  • Os termos direita, esquerda e centro são conceitos lineares, abrangem apenas uma dimensão do espaço político
  • O espaço político que por sua vez é pluridimensional. Temas ligados a religião, ecologia, moral (sexualidade), etnias, linguistica podem estar ligados tanto à esquerda quanto a direita, embora  possa pender para um dos lados, dentro de cada momento histórico.
  • é um conceito relativo ao momento histórico.
  • é um conceito que pode não abranger certas estratégias do partido
“Direita e Esquerda não são conceitos absolutos. Não são conceitos substantivos ou ontológicos. Não são qualidades intrínsecas no universo político. São lugares do ‘espaço político”. Representam uma determinada topologia política. Que nada tem a ver com a ontologia política”. (Direita e Esquerda. Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995, p. 91)

Podemos ter regimes libertários tanto de direita como de esquerda.
Exemplo: Anarquismo (extrema esquerda) e  capitalismo de centro direita.

Podemos ter regimes autoritários ou ditatoriais tanto de direita como de esquerda.
Exemplo:  Socialismo (extrema esquerda) e Nazismo (Fascismo e regimes autoritários).

Observe o gráfico abaixo, o qual tem dois eixos, um vertical que mede a liberdade individual e o outro  que classifica (diferencia) a direita da esquerda:


Como procurei mostrar, desenvolvendo melhor o argumento nesta nova edição, o contraste entre libertários e autoritários corresponde a uma outra distinção, que não se superpõe à distinção entre direita e esquerda, mas com ela se cruza. Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p. 20
Diagrama Nolan
diagrama de Nolan


 4- Critérios para se diferenciar direita, esquerda

4.1- Direita e esquerda em relação ao status  quo (estado atual)
Direita- grupo desfavorável à mudança.
Esquerda- grupo favorável á mudança.

Ou seja, dentro de um partido ou grupo as pessoas favoráveis a uma revisão ou proposta são de esquerda e as não favoráveis são de direita. O revisionismo marxista apresentou téóricos a favor da revisão (esquerda) e teóricos contra (direita)
 Para Lipset e muitos outros, o divisor de águas entre esquerda e direita está na atitude favorável ou não às políticas de mudança no status quo. Seja qual for a sua interpretação mais correta, não há dúvida de que, nas modernas democracias de massa, as noções de esquerda e direita desempenham um papel importante no âmbito da disputa eleitoral ... Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino;Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998, p.392

4.2 Direita e esquerda em relação a critérios clássicos:

EsquerdaSocialismo/Comunismo e Anarquismo
Fim da Propriedade Privada dos meios de produção
Defesa Coletividade dos meios de produção.
Fim das classes sociais (igualitarismo)

Direita- Capitalismo
Defesa da propriedade privada dos meios de produção.
Inigualitarismo (classes sociais permanecem)- a igualdade entre as classes é inatingível,  Suas diferenças podem ser amenizadas


4.3 Esquerda e direita em relação ao intervencionismo estatal
Esta análise é economicista, reduz todos os aspectos da sociedade apenas aos aspectos econômicos.
Por Espaço político se entende a área de conflito que constitui a base da  Relação entre eleitores e partidos, num dado sistema político e num certo momento histórico....
 O Espaço político mais simples e mais utilizado, tanto no âmbito da pesquisa científica
como no do debate político, é o da dimensão esquerdadireita. Esta dimensão ou continuum tem sido variadamente interpretada:
 Anthony Dows, o primeiro politólogo que usou de maneira sistemática a noção de Espaço político neste sentido, a interpreta como grau de intervenção do Estado na economia, quando uma posição de esquerda se identifica com uma maior propensão a favor de políticas de intervenção.
Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino;Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998, p.392
critério de intervenção estatal tem três problemas:

  • Anarquismo  é considerado  extrema esquerda,não defende nenhum tipo de intervenção estatal, contrariando assim este critério
  • Os regimes totalitários como o Fascismo (e Nazismo) e o Comunismo de Stalin, embora fossem regimes antagônicos e inimigos mortais, apresentavam, ambos,um controle estatal da economia e da sociedade muito forte ,  mas são representantes respectivamente da extrema direita e extrema esquerda, tolindo ou diminuindo assim a liberdade individual
  • Os regimes autoritários de direita também apresentavam uma alta intervenção estatal.
No início do século XX, a Espanha era uma monarquia que havia perdido a riqueza colonial, não tendo desenvolvimento industrial suficiente para se comparar a outras potências europeias. Politicamente,socialistas, anarquistas e comunistas opunham-se à monarquia. Enquanto os socialistas defendiam reformas sociais que garantissem melhores condições de vida aos trabalhadores, os comunistas acreditavam que o Estado burguês deveria ser superado e pregavam a tomada do poder pela força. Os anarquistas, por sua vez, defendiam a extinção do Estado e suas instituições e a criação de comunidades autônomas, que seriam geridas por todos que nela vivessem e trabalhassem.Várias greves e atos terroristas liderados por esses grupos de esquerda ocorreram nos anos 1910, colocando em dúvida a legitimidade da monarquia e reivindicando mudanças na ordem social. Esse contexto favoreceu a intervenção de militares, que, em 1923, sob o comando do general Primo de Rivera, estabeleceram uma ditadura com o apoio real p.  Conexão História. Roberto Catelli Júnior. vol 3.São Paulo: AJS – 2013 1ª- edição p. 105

“Foi em meio a ideologias que mobilizavam multidões que surgiu o Estado Novo no Brasil (1937-45). Estado Novo foi também o nome que receberam outras ditaduras na mesma época: a de Franco, na Espanha, e a de Salazar, em Portugal, por exemplo. O ‘novo’ aqui representava o ideal político de encontrar uma ‘via’ que se afastasse tanto do capitalismo liberal, quanto do comunismo, duas doutrinas políticas que, desde o século XIX, e mais intensamente a partir da revolução soviética, competiam entre si no sentido de oferecer uma nova alternativa política e econômica para o mundo.” Vereda Digital. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 5ª edição , 2017, p. 496

 Na Itália, por exemplo, o governo fascista desenvolveu um modelo de corporativismo em que o Estado mediava as relações entre patrões e empregados para evitar conflitos entre as classes. Esse modelo inspirou o governo brasileiro. Uma das primeiras iniciativas de Vargas para atender a algumas reivindicações dos trabalhadores (e ao mesmo tempo controlá-los) foi a criação do Ministério do Trabalho, em novembro de 1930.  Vereda Digital. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 5ª edição , 2017, p.488

 O fascismo italiano e o nazismo alemão serviram de inspiração para movimentos políticos de extrema direita e a implantação de regimes autoritários em Portugal e na Espanha.A república foi proclamada em Portugal no ano de 1910. No entanto, o governo republicano não conseguiu solucionar seus sérios problemas socioeconômicos, e a experiência republicana parlamentarista foi encerrada com um golpe militar em 1926. Diante do clima de agitação e confronto, a elite portuguesa apoiou as propostas ditatoriais e de forte cunho nacionalista e anticomunista dos militares.
Inspirado no modelo fascista da Itália, o ministro das Finanças António de Oliveira Salazar, nomeado em 1928, adotou uma política econômica rigorosa que equilibrou as contas do país e garantiu sua ascensão ao cargo de chefe do governo em 1932. No ano seguinte, Salazar promulgou uma Constituição de natureza fascista, iniciando uma fase política no país denominada Estado Novo. A política salazarista foi pautada pelo autoritarismo de partido único, pela proibição de sindicatos independentes e pela utilização da imprensa escrita e do rádio como instrumentos de propaganda.
A ditadura portuguesa do Estado Novo foi uma das mais longas do século XX. Ela chegou ao fim somente em abril de 1974, com a deposição do sucessor de Salazar, Marcelo Caetano.
Tal como Portugal, a Espanha enfrentou uma série de perturbações políticas nas décadas de 1920 e 1930. As eleições de 1936 conduziram ao poder a Frente Popular (coligação formada por socialistas, republicanos e comunistas), resultado das alianças de trabalhadores organizadas em todo o país. Essa vitória provocou uma reação violenta dos grupos de direita contra o governo eleito.
Em julho de 1936, um grupo de generais simpatizantes do fascismo, liderado por Francisco Franco, tentou dar um golpe de Estado e derrubar o governo. Os golpistas tinham o apoio do bloco conservador, que se estendia dos monarquistas aos fascistas da Falange, uma facção política conservadora. Porém milícias improvisadas pelos trabalhadores e demais setores populares conseguiram resistir, dando tempo para que as tropas republicanas se organizassem. Iniciou-se, assim, uma guerra civil que se estendeu por três anos.
A Espanha dividiu-se em dois campos político-militares. De um lado, estavam as milícias de trabalhadores, dirigidas por comunistas, socialistas, anarquistas e setores do exército leais ao governo eleito; do outro, os milicianos monarquistas e fascistas e os militares golpistas, que controlavam a maioria do exército, apoiados pelos latifundiários e pela Igreja. O bloco republicano tinha o apoio da União Soviética e das Brigadas Internacionais, organizadas por voluntários de vários países.
Os golpistas, que se autodenominavam nacionalistas, eram apoiados por Salazar, Hitler e Mussolini. Em abril de 1937, a Força Aérea Alemã, a Luftwaffe, bombardeou a cidade de Guernica, com o objetivo de testar a eficiência dos seus equipamentos e apoiar os fascistas na guerra. O conflito chegou ao fim em março de 1939, com a vitória dos nacionalistas do general Franco, que governou o país até 
1975.Vereda Digital. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 5ª edição , 2017, p 462 
.


No que diz respeito à definição de esquerda e direita, a distinção entre as duas díades adquire particular relevância, pois um dos modos mais comuns de caracterizar a direita em relação à esquerda é contrapondo a direita libertária à esquerda igualitária. Não tenho qualquer dificuldade em admitir a existência de doutrinas e movimentos mais igualitários e de doutrinas e movimentos mais libertários,mas teria alguma dificuldade em admitir que esta distinção serve para distinguir a direita da esquerda. Existiram e ainda existem doutrinas e movimentos libertários tanto à direita quanto à esquerda" Direita e Esquerda: Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  pp. 117-118

4.4 Direita e esquerda em relação a questões morais, ecológicas, etc..
Como já vimos o conceito de esquerda é direita è linear, abrange apenas uma dimensão do Espaço Politico, que por sua vez é pluridimensional, composto de muitos aspectos, âmbitos, áreas.

Historicamente, o Marxismo sempre perseguiu os homossexuais, mas no Brasil recentemente os partidos de extrema esquerda e centro esquerda tem assumido a causa LGBTQ.https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2018/03/erros-catolicos-e-evangelicos-sobre.html

 Isso mostra que
não se pode usar questões morais como critério de direita ou esquerda.  Isso acontece porque o espaço político é pluridimensional e não linear . Assim questões religiosas, morais, étnicas, linguisticas e ecologicas dentre outras, podem cruzar a dimensão esquerda direita:  
No interior desta tendência , que vê a natureza..., tendo sido possível, por exemplo, fazer a distinção entre verdes de direita e verdes de esquerda...problemas de ordem moral e jurídica, como acontece no caso  de muitas reivindicações  do movimento feminista, dentre as quais a mais complexa é a do aborto. Mas por um caminho ou outro estas reivindicações acabaram se enquadrando mais à esquerda... Norberto Bobbio e o debate politico contemporâneo. Sérgio Cândido de Mello. São Paulo:Annablume, 2ª edição.  2008, p. 132 
 ...Depois disto, apesar da notável contribuição que o uso da dimensão esquerda-direita trouxe ao estudo da disputa política, não é lícito fazer coincidir com ela, como pretendem alguns investigadores, a noção de Espaço político, pois isso a empobreceria do ponto de vista analítico e fundamental Os espaços lineares são simples e, por isso, fáceis de utilizar e interpretar; mas, devido justamente à sua simplicidade, nem sempre podem explicar certas estratégias de partido ou certos comportamentos de voto, por esquecerem a existência de outras dimensões de identificação e de competição quepodem cruzar-se com a dimensão esquerda-direita, e alterar assim a dinâmica global da luta política. Uma dessas outras dimensões é, por exemplo, a religiosamas podemos citar também a propósito a dimensão étnica, a lingüística e outras. Às vezes, tais dimensões podem sobrepor-se ao continuum esquerda-direita. O mais freqüente é entrecruzarem-se. Neste caso, Espaço político há de ser considerado, para todos os efeitos, como pluridimensional, e não linear.Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino;Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998, p.393 
4.5 Direita e esquerda no aspecto atual- Igualdade x Desigualdade


No que diz respeito à definição de esquerda e direita, a distinção entre as duas díades adquire particular relevância, pois um dos modos mais comuns de caracterizar a direita em relação à esquerda é contrapondo a direita libertária à esquerda igualitária. Não tenho qualquer dificuldade em admitir a existência de doutrinas e movimentos mais igualitários e de doutrinas e movimentos mais libertários, mas teria alguma dificuldade em admitir que esta distinção serve para distinguir a direita da esquerda. Existiram e ainda existem doutrinas e movimentos libertários tanto à direita quanto à esquerda" Direita e Esquerda: Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  pp. 117-118

 "para mim, a liberdade pode ser tanto de direita quanto de esquerda, e a verdadeira disputa entre esquerda e direita repousa em atribuir maior estima à igualdade ou à diversidade "Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p. 12

Mais uma vez não estou dizendo que uma maior igualdade é um bem e uma maior desigualdade um mal. Não desejo sequer dizer que uma maior igualdade seja sempre e
em todos os casos preferível a outros valores como a liber
dade, o bem-estar, a paz. Com estas referências a situações históricas pretendo simplesmente reafirmar minha tese de que o elemento que melhor caracteriza as doutrinas e os movimentos que se chamam de "esquerda" e como tais têm o igualitarismo desde que entendido, repito, não como a utopia de uma sociedade em que todos são iguais em tudo mas como tendência, de um lado, a exaltar mais o que faz os homens iguais do que o que os faz desiguais, e de outro, em termos práticos, a favorecer as políticas que objetivam tornar mais iguais os desiguais. Direita e Esquerda Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p. 20
"Quanto à relação entre direita e desigualdade, disse e repeti várias vezes que a direita é inigualitária não por más intenções- e portanto, para mim, a afirmação de que o inigualitarismo é a característica principal dos movimentos de direita não se mostra como um juízo moral -, mas porque considera que as desigualdades entre os homens são não apenas inelimináveis (ou são elimináveis apenas com o sufocamento da liberdade) como são também úteis, na medida em que promovem a incessante luta pelo melhoramento da sociedade"Direita e Esquerda Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p. 20

"um movimento de esquerda é o fim ou o resultado a que se propõe: derrubada de um regime despótico fundado na desigualdade entre quem está em cima e quem está embaixo na escala social, percebido _como uma ordem injusta, injusta precisamente porque inigualitária, porque hierarquicamente constituída; e a luta contra uma sociedade na qual existem classes privilegiadas e, portanto, em defesa e pela instauração de uma sociedade de iguais juridicamente, politicamente, socialmente, contra as mais comuns formas de discriminação, como são as que estão elencadas no Artigo 3 da Constituição Italiana, corretamente considerado a maior contribuição dada pelos partidos de esquerda à formação da Carta Constitucional da Itália." Direita e Esquerda:Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p. 19
  "O mencionado artigo estabelece... :Todos os cidadãos têm paridade social e são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, língua, religiões, opiniões políticas, condições pessoais e sociais. Cabe à República remover os obstáculos de ordem social e econômica que, limitando de fato a liberdade e a igualdade dos cidadãos, impedem o pleno desenvolvimento da pessoa humana e a efetiva participação de todos os trabalhadores na organização política, econômica e social do país." "Direita e Esquerda:Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p. 108 e 121
"pois são infinitas as possibilidades de serem apresentados exemplos de casos diminutos ou mínimos de medidas igualitárias que limitam a liberdade e, vice-versa, de medidas libertárias que aumentam a desigualdade.aumentam a desigualdade.Uma norma igualitária que impusesse a todos os cidadãos a ultilização unicamente de meios de trasporte públicos para aliviar [alleggerire] o tráfego ofenderia a liberdade de escolher  meio de trasporte preferido" Direita e Esquerda:Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p. 113.
 Uma das mais convincentes provas históricas da tese até aqui defendida, segundo a qual o igualitarismo é  a característica distintiva da esquerda, pode ser deduzida do fato de que um dos temas principais, senão o principal, da esquerda histórica, comum tanto aos comunistas quanto aos socialistas, é a remoção daquilo que se considerou, não só no século \ passado mas desde a antiguidade, um dos maiores, senão o maior, obstáculo à igualdade entre os homens: a propriedade individual, o "terrível direito"
...A luta pela abolição da propriedade individual, pela coletivização, ainda que não integral, dos meios de produção, sempre foi, para a esquerda, uma luta pela igualdadepela remoção do principal obstáculo para a realização de uma sociedade de iguais. Até mesmo a política das nacionalizações, que por um longo período de tempo caracterizou a política econômica dos partidos socialistas, foi conduzida em nome de um ideal igualitário, não tanto no sentido positivo de aumentar a igualdade, mas no sentido negativo de diminuir uma fonte de desigualdade.  Direita e Esquerda:Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p. 121-123
 No entanto, na primeira vez em que uma utopia igualitária entrou na história, passando do reino dos "discursos" para o reino das coisas, acabou por se transformar em seu contrário.  Direita e Esquerda:Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995,  p.124
"Se me for concedido que o critério para distinguir a direita e a esquerda é a diversa apreciação da idéia da igualdade, e que o critério para distinguir a ala moderada da ala extremista, tanto na direita quanto na esquerda, é a diversa postura diante da liberdade, pode-se então repartir esquematicamente o espectro em que se colocam doutrinas e movimentos políticos nas quatro seguintes partes:
a) na extrema-esquerda estão os movimentos simultaneamente igualitários e autoritários, dos quais o jacobinismo é o exemplo histórico mais importante, a ponto de se ter tornado uma abstrata categoria aplicável, e efetivamente aplicada, a períodos e situações históricas diversas;

b) no centro-esquerda, doutrinas e movimentos simultaneamente igualitários e libertários, para os quais podemos empregar hoje a expressão “liberalismo social”, nela compreendendo todos os partidos social-democratas, em que pesem suas diferentes práxis políticas;
c) no centro-direita, doutrinas e movimentos simultaneamente libertário e inigualitários, entre os quais se inserem os partidos conservadores, que se distinguem das direitas reacionárias por sua fidelidade ao método democrático, mas que, com respeito ao ideal de igualdade, se prendem à igualdade diante da lei, que implica unicamente o dever por parte do juiz de aplicar imparcialmente as leis, e à liberdade idêntica, que caracteriza aquilo que chamei de igualitarismo mínimo;
d) na extrema-direita, doutrinas e movimento antiliberais e antiigualitários, dos quais creio ser supérfluo indicar exemplos históricos bem conhecidos como o fascismo e o nazismo. Direita e Esquerda. Razóes e significados de uma distinção política. 2ª reimpressão.Norberto Bobbio, 1995, p.118-119
Para um estudo sobre o Nazismo  click:

https://averacidadedafecrista.blogspot.com/2018/06/o-nazismo-e-o-fascismo-direita-ou.html

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